A inversão do olhar

June 4, 2017 | Autor: Flora Dutra | Categoria: Communication
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Universidade Federal de Santa Maria
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática


Flora Ardenghi Dutra


Resenha: A inversão do olhar: perspectivas para a análise de discurso nos estudos em comunicação.
MENDONÇA, Kleber. A inversão do olhar: perspectivas para a análise de discurso nos estudos em comunicação. Líbero, São Paulo, v. 14, n. 26, p.39-50, dez. 2010.

Hoje, um dos desafios epistemológicos é redimensionar o estatuto científico da análise do discurso a partir das novas possibilidades e interações comunicacionais. Categorias clássicas como emissor/receptor ou produtor/consumidor se apresentam como desafios em suas relações sociais e discursivas dentro das especificidades teóricas. O artigo busca um novo patamar da análise do discurso em que o processo de efeito de sentido entre os interlocutores não se limitem mais aos conteúdos veiculados, mas sim nas mediações que ficam cada vez mais explícitas. A crise epistemológica e o enfraquecimento da crítica da análise do discurso é que norteiam este artigo.
A inversão do olhar analítico do autor sugere outra forma de interpretação do discurso jornalístico quando se tratado ao MST. Vitimizar o movimento e condenar os meios de comunicação seriam não levar em conta a capacidade ativa de inserção da política contemporânea. Até que ponto as mobilizações e as rotinas produtivas do MST não estariam atreladas a uma visibilidade midiática consciente? Parte do pesquisador a análise para evidenciar os padrões discursivos desenvolvidos pela mídia, mas também pelos interlocutores e suas subjetividades.

Essa nova forma de articulação permite um direcionamento em novos efeitos de sentido evidenciando as estratégias políticas dos atores sociais (MST). A verdade objetiva dá "evidencia para a falsidade da retórica" (pg.42), as respostas midiáticas correspondem e/ou não correspondem com objetivos claramente definidos. É na fraqueza retórica objetiva que somos capazes de ver a dissimulação em seu processo de construção. É nesse cenário que o autor sugere um novo conceito ruína discursiva.
O artigo faz uma retrospectiva histórica do termo ruína e seus significados históricos. Este conceito estaria proposto para um sentido de fragmentação em um fenômeno significativo e pleno de sentidos. Essa fragmentação das estratégias discursivas abre possibilidades de uma visão em uma unicidade materializada em aspectos conflitantes, uma oposição que co-existe. Ambientar o plano arquitetônico e simbólico dá passagem à construção de textos midiáticos construídos pelos atores sociais em um campo social e midiático conflitante que a ruína discursiva encontra formas múltiplas de interpretação, uma 'ciência dos vestígios'.
A complexidade propõe análise em oposição hegemônica à objetividade da mídia e constrói desafios para o pesquisador e analista de discurso. Além de evidenciar e desconstruir as formações e sequências discursivas, a ruína discursiva subverte as interpretações estabelecidas pelas relações do campo social.


Flora Dutra é mestranda em Comunicação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do Grupo "Pesquisa em mídias, recepção e consumo cultural". Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) - [email protected].



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