A IRRIGAÇÃO DO DESERTO POLÍTICO

May 30, 2017 | Autor: I. Guedes Alcoforado | Categoria: Policy Makers, Crise Política, Crise Econômica
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A IRRIGAÇÃO DO DESERTO POLÍTICO
Um Desafio para os policy makers
Ihering Guedes Alcoforado


No artigo O deserto e a esquerda de Bruno Cava ( UniNômade), a pretexto da desconstrução do discurso do golpe e do golpismo que, segundo ele, é moeda corrente desde 2005, nos traz uma lúcida analise, que dada sua generosidade política, considera como esquerda, tendo como foco o deserto de ideias e propostas deste campo.

Seu ponto de partida é a evidenciação de uma "esquerda Bruce Lee", para a qual "tudo é golpe", deixando de lado que "[....] se olharmos ao redor, no país e no continente, o que existe a olhos vivos é um desmoronamento irreversível de um longo ciclo que se exauriu principalmente pelos próprios erros, escolhas, alianças e estratégias, do ponto de vista político, econômico, social e até mesmo eleitoral."

As causas do referido viés associa a " um desejo de governismo que veste vermelho" e que, na sua generosidade, não reduz a esquerda incrustada nos "[...] aparelhos e estruturas engrenados nos fundos estatais. Isso seria um explicação moral" para a qual tudo é golpe desde que atente a seus privilégios. Ele prefere escavar camadas mais profundas, e, apoiado na teologia, que tantas contribuições tem dado a reflexão, ver na fé que " consiste em nutrir um vínculo íntimo com o mundo que nos dá força. Isto porque, o objeto da crença " pode até não existir, mas a ação baseada na crença existe e produz efeitos."

Em função disso, a despeito dos fatos, e norteado pela fé cega o desafio da esquerda [...] passa a ser apenas achar a narrativa, a polarização, a história que poderá, apesar de tudo, conferir alguma boa consciência para a crença primária."

E na sua condição de laico que lança a hipótese " [...] ser de esquerda parece ter se transformado num bem em si [...] . É como se, com o fim de qualquer potência da fé, restasse acreditar nos símbolos, nas bandeiras, numa memória fugidia e vaga de tempos melhores. A fé é assim drenada de potência e o vínculo com o mundo se dissolve num plano moral, na justiça da História."

Segundo ele, quanto mais fraco o vínculo, mais drástico e desesperado o apego aos próprios símbolos. [...] . A saída à esquerda não passa de um "abre-te sésamo" [... ] . Decaímos numa espécie de simbolismo místico-romântico, apegados aos derradeiros. Lula hoje não é sobretudo isso: um símbolo?"

Enfim, segundo ele, o caminho é " Assumir o impasse, assumir o campo de problematicidade sem cores delineadas, sem princípios transcendentes, sem sebastianismo. Assumir o deserto, não ter medo da solidão." Enfim, "abandonar a esquerda para resgatar o que importa". E como não diz o que importa, mas apenas aponta um deserto à esquerda, ao qual podemos adicionar um deserto à direita, termina por apresentar uma mensagem paralisante a qual não se coaduna com a ação política que se faz necessária.


Mas, como sabemos que o deserto não é sinônimo de infertilidade, mas apenas falta de água, a situação paralisante pode bem ser potencializada pela irrigação via uma reflexão que gere novas ideias e projetos consistentes, sem a camisa de força direita vs. esquerda.

REFERÊNCIA

O deserto e a esquerda de Bruno Cava ( UniNômade) 
http://uninomade.net/tenda/o-deserto-e-a-esquerda/ 


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