A LEI MORAL E O E CONCEITO DE RETIDÃO À LUZ DE ÊXODO 15:26.

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A LEI MORAL E O E CONCEITO DE RETIDÃO À LUZ DE ÊXODO 15:26: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO

Josimar Coutinho Lisboa1

Resumo: O presente artigo aborda, de uma maneira introdutória, o conceito de retidão do povo de Deus à luz de Êxodo 15:26. Começando com uma visão geral do conceito de retidão em cada um dos cinco livros do Pentateuco, através da análise de alguns versículos dentro desses livros da Bíblia, passa à analisar, num segundo momento, qual a importância de Êxodo 15:26 para a compreensão do conceito de retidão. Após essa análise, o autor do artigo dá o pano de fundo histórico da narrativa do Êxodo em estudo e, finalmente, aborda qual a relação da guarda dos mandamentos de Deus e o andar reto em Sua presença, relacionando-o também com o estilo de vida proposto para o povo de Israel no passado e para o povo de Deus nos dias atuais. Palavras-chave: Pentateuco; Êxodo; Retidão; Guarda dos mandamentos; Estilo de vida. THE MORAL LAW AND RIGHTEOUSNESS CONCEPT IN EXODUS 15: 26: AN INTRODUCTORY STUDY Abstract: This article discusses, in an introductory way, the concept of righteousness of God's people in the text of Exodus 15:26. Starting with an overview of the concept of justice in each of the five books of the Pentateuch through the analysis of some verses within these books of the Bible. Moving on to examine, second, what is the importance of Exodus 15:26 to understanding the concept of righteousness After this analysis, the author of the article gives the historical background of the Exodus narrative study and finally discusses what the relationship of keeping the commandments of God and walk straight in his presence, also relating it with style life proposed to the people of Israel in the past and for the people of God today. Keywords: Pentateuch; Exodus; Righteousness; the commandments Guard; Lifestyle.

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Pós-graduando em Teologia Bíblica, Bacharel em Teologia e Graduando em Licenciatura em História pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho. e-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

Durante o período de peregrinação no deserto, após serem libertos da escravidão do Egito, o povo de Deus passou por um processo de reaprendizagem de Sua vontade antes de entrar na Canaã Terrestre. Nesse período, que durou 40 anos, o Senhor os lembrou de Seu caráter imutável e de Suas leis que refletem o Seu caráter, esperando que o povo seguisse Suas orientações e fossem abençoados. Após chegarem a um lugar que ficou conhecido na época como Mara, murmuraram porque não tinham água para beber (Êx 15:23,24). Então o Senhor, através de Moisés, lhes põe a prova dizendo que se eles dessem ouvido aos Seus mandamentos e andassem reto diante do Senhor, nenhuma enfermidade dos egípcios viria sobre eles (DORNELES, 2011, p. 612). Diante do contexto de Êxodo apresentado, formulam-se as seguintes perguntas: Existe alguma relação entre a Lei Moral dada por Deus, o andar reto do povo e o estilo de vida proposto por Deus em Êxodo 15:26? Qual a relevância desse estilo de vida para o povo de Deus no deserto e para o povo de Deus hoje? Para responder as questões levantadas é preciso analisar o contexto histórico do livro de Êxodo e o conceito de retidão dentro dos livros do Pentateuco e dentro da perícope de Êxodo 15:26. Além disso, verificar através da exegese do texto referido qual a relação entre a Lei Moral dada por Deus, o andar reto diante de Seus olhos e o estilo de vida proposto em Êxodo 15:26. O estudo tomou como base o método gramático-histórico de interpretação textual, bem como a análise do texto original hebraico e das principais palavras da perícope de Êxodo 15:26, corroborando com levantamento bibliográfico.

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1. O CONCEITO DE RETIDÃO NO PENTATEUCO

1.1 O conceito de retidão em Gênesis

É possível que o conceito de retidão apareça pela primeira vez na Bíblia no capítulo seis de Gênesis, onde Noé é descrito como um homem “justo e íntegro entre os seus contemporâneos” (Gn 6:9). A palavra traduzida como íntegro ‫ים‬

(hb.

tamim) traz também o sentido de perfeição, ao passo que, o adjetivo “justo” ‫יק‬

(hb.

tsadiq), se refere a pessoa possuir um caráter justo e uma conduta justa (DAVIDSON, 2011, p. 640, 763). Derek Kidner, em seu comentário, descreve Noé não somente como uma pessoa boa que surge em uma geração má num mundo corrupto, mas o descreve como alguém que andava com Deus e como um que era “repleto” de Deus (KIDNER, 1967). Em Gênesis 6:8, Noé é relatado como sendo alvo da graça de Deus. Porém, isso não acontece por acaso ou por capricho de Deus em relação a ele. Quando o relato de Gênesis descreve Noé como “homem justo”, isso não significa que ele possuía uma inocência ou que ele não tinha que lutar contra as más influências de seu tempo. Significa que, em meio às tentações, ele escolheu viver em retidão. É o que afirma Dorneles (2011): A palavra “justo” não implica inocência imaculada, mas retidão, honestidade e virtude. Ele não é meramente chamado “justo”, mas um “homem justo”. Viver em retidão no tempo de Noé exigia assumir uma atitude destemida e firme contra más influências, tentações e sutis e vil zombaria. Noé não era destituído de discernimento ou força de vontade, mas um homem de convicções fortes e de ideias e ações retas (DORNELES, 2011, p. 240).

A retidão apresentada por Noé no decorrer dos 120 anos que passou construindo a arca foi o suficiente para que, por sua vida e obras, condenasse o mundo (Hb 11:7). Quando Deus decidiu salvar uma família da Terra em detrimento de todas as outras, não significa que Ele estava sendo arbitrário, mas que a retidão de Noé o havia “qualificado para estar no novo mundo que surgiria após a purificação da Terra pela água” (DORNENES, 2011, p. 244).

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1.2 O conceito de retidão em Êxodo

Além do conceito de retidão ser observado dentro no livro de Gênesis, o mesmo pode ser observado também dentro do livro de Êxodo, como por exemplo, em Êxodo 9:27. Esse versículo parece apresentar um contraste entre a justiça de Yahweh e a impiedade de Faraó. Um é apresentado como o Deus dos israelitas e outro como o deus dos egípcios. O contraste é demonstrado através do adjetivo ‫ַּצ ִּדיק‬ (hb. tsadiq), que significa “justo”, “reto”, aparecendo no masculino singular e referindo-se à Yahweh; com o adjetivo ‫( ְר ָׁש ִּ ִֽעים‬hb. rêshaim), significando “malvado”, “criminoso”, aparecendo no plural e referindo-se tanto a Faraó como aos egípcios. Isso significa que, não só a conduta de Faraó não era “reta” diante de um Deus santo, mas que ele era orgulhoso demais para admitir que estivesse errado, dividindo assim a sua culpa com o restante do povo egípcio (PROPP, 2008, p. 334).

1.3 O conceito de retidão em Levíticos

Deus sempre zelou pela justiça e pela igualdade entre os seres humanos. Isso pode ser observado em Sua natureza moral e também deveria se refletir na vida dos israelitas como seus representantes. Por isso, a justiça deveria ser praticada e observada no dia-a-dia de Seu povo. Em Levíticos 19:35-37, por exemplo, existem orientações específicas em relação a como deveria estar refletida a justiça moral de Deus até mesmo nas transações comerciais do povo da aliança. Segundo Dorneles (2011, p. 858), Deus ordena “estrita honestidade nas medidas, no peso e na quantidade. Em todas as transações comerciais deve haver rigorosa justiça”. Isso acontecia porque na antiguidade, as práticas comerciais entre os povos eram frequentemente desleais e eram agravadas pelo fato de não haver um peso e uma medida padrão. Quando Deus orientou os israelitas a terem balanças e pesos justos, estava fornecendo um ambiente para que outros e eles mesmos continuassem a viver e trabalhar sem voltar a serem oprimidos, como haviam sido

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no Egito. E a chave para a bênção na vida era continuar obedecendo aos mandamentos de Deus (HARRISON, 1980, p. 205).

1.4 O conceito de retidão em Números

O livro de Números relata a continuidade da viagem dos israelitas rumo à Prometida Terra de Canaã. A peregrinação pelo deserto não desobrigava os israelitas de seus deveres com o culto a Yahweh, nem dos seus deveres sociais. Na verdade, toda a viagem feita pelos israelitas desde a sua saída do Egito tem uma “significação teológica, pois serve de forma paradigmática como a experiência de todo peregrino que abre o seu caminho da promessa para a possessão” (ZUCK, 2009, p. 76). Mesmo com as dificuldades, Israel era um povo tão abençoado que até mesmo as outras nações reconheciam isso. Em Números 23:10, por exemplo, o relato aponta para a atitude de Balaão que, mesmo a mando de Baraque rei dos moabitas, não quis amaldiçoar os israelitas. Antes ele próprio “orou” querendo para si o destino dos “retos”, querendo para si as bençãos pertencentes aos “filhos de Abraão” (WENHAM, 1981, p. 195).

1.5 O conceito de retidão em Deuteronômio

Assim como nos outros quatro livros do Pentateuco, no livro de Deuteronômio Deus repete Suas promessas de bênçãos ao Seu povo. E, como nas outras vezes, a promessa aparece condicionada à guarda dos mandamentos. Esse fato pode ser observado em Deuteronômio 6:17-19, onde as bênçãos alcançam aqueles que guardam os mandamentos de Deus e fazem o que é reto aos olhos de Yahweh:

Mais uma vez, Israel é exortado a manter diligentemente o pacto de estipulações, e fazer o que é certo aos olhos de Javé (17, 18a). E mais uma vez as bênçãos que seguem a obediência são

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mencionadas; a prosperidade, a ocupação da terra e a derrubada de todos os seus inimigos (18-b, 19; cf. Êx 23: 27-32.) (THOMPSON, 1974, p. 142, tradução própria)2.

Concordando com o pensamento acima, Champlin afirma que o autor de Deuteronômio, assim como no restante do Pentateuco, repete várias vezes sobre a guarda dos mandamentos, dos testemunhos e dos estatutos, reiterando que “a obediência era algo absolutamente necessário para a entrada na Terra Prometida e para o bem-estar dos israelitas ali” (CHAMPLIN, 2001b, p. 787). Portanto, além do conceito de retidão estar presente dentro de todos os livros do Pentateuco, ele aparece também quando os israelitas serem orientados a guardarem os mandamentos de Yahweh. Na tentativa de melhor elucidar esta questão, o autor do presente estudo passa a analisar o conceito de retidão no versículo de Êxodo 15:26, pois o mesmo aparenta conter informações tanto sobre o conceito de retidão, como sobre as orientações de Deus em relação a observância dos Seus mandamentos.

2. O CONCEITO DE RETIDÃO EM ÊXODO 15:26

2.1 A importância de Êxodo 15:26 para a compreensão do tema

O livro de Êxodo apresenta a narrativa da intervenção divina em favor da nação de Israel para libertá-los da escravidão do Egito. Era plano de Deus para Israel que eles seguissem humildemente o Senhor por onde quer que Ele os conduzisse. O propósito de Deus era tão grandioso que nem a “repetida infidelidade do povo escolhido e a oposição da maior nação da Terra puderam frustrar o plano de Deus para Israel” (DORNELES, 2011, p. 523). Na narrativa do livro de Êxodo podem ser observadas sequências de acontecimentos que se contrastam. Esse fato pode ser observado, por exemplo, no 2

“Once again Israel is exhorted to keep the covenant stipulations diligently, and to do what is right in Yahweh’s eyes (17, 18a). And again the blessings that follow obedience are mentioned; prosperity, occupancy of the land and the overthrow of all her enemies (18b, 19; cf. Exod. 23:27–32)”.

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capítulo 15 de Êxodo: as águas amargas de Mara em contraste com a água doce proveniente da orientação do Senhor (Êx 15:23,25); os “resmungos” do povo em contraste com o amor de Deus providente para eles (Êx 15:24,25); a proteção e cura prometida pelo Senhor em contraste com as aflições e doenças que rondavam os egípcios (Êx 15:26); a vida desordenada de acordo com seus próprios caprichos em contraste com o padrão de vida ordenado por Yahweh (Êx 15:26); (DURHAM, 2002, p. 214). Everett Fox, em seu comentário do Pentateuco, afirma que todas as histórias dos israelitas no deserto fazem parte de um processo chave para a história do Pentateuco (Torah), processo esse que se iniciou logo após a libertação do Egito:

As histórias do deserto incorporam um processo fundamental para a história da Torah [...] Este processo inicia-se imediatamente após a libertação; na verdade, este é o resultado direto. Além disso, os três "temas do deserto" proeminente nos capítulos 15-18- "resmungando" contra Deus e Moisés, vizinhos hostis no início do autogoverno, são apropriados para incluir antes da reunião do Sinai, na medida em que demonstram dramaticamente necessidade do povo por confiança restabelecida, proteção, solidariedade de grupo, e instituições (pela qual eles podem viver em harmonia) (FOX, 1995, tradução própria)3.

A narrativa de Êxodo 15:26 retrata o processo pelo qual o povo de Israel tinha que passar. Um processo que envolveria esperança, restauração e cura. Um processo de crescimento no deserto, o qual não poderia ser realizado em uma única geração (FOX, 1995). Se o povo fizesse o que era reto aos olhos de Deus, e guardasse os Seus mandamentos, assim como Ele curou as águas de Mara, Ele poderia curar os males de um Israel doente, pois “Deus é a fonte última de toda a cura” (SARNA, 1991, p. 85, tradução própria)4 Deste modo, o livro de Êxodo apresenta a narrativa de como Deus sempre estava envolvendo Seu povo, em situações no deserto, que contribuiriam para sua restauração e cura. Neste sentido, Êxodo 15:26 parece retratar, de maneira mais

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“The wilderness stories embody a key process for the Torah story [...] This process starts immediately after liberation; indeed, it is its direct result. Further, the three “desert themes” prominent in Chapters 15–18—“grumbling” against God and Moshe, hostile neighbors, and early selfgovernment—are appropriate to include before the meeting at Sinai, in that they demonstrate dramatically the people’s need for reassurance, protection, group solidarity, and institutions (whereby they can live harmoniously)”. “God is the ultimate source of all healing. Just as He cured the waters at Marah, so will He heal the ills of an obedient Israel”.

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direta, o processo de crescimento espiritual que Yahweh esperava que Seu povo passasse. Para que esse processo de restauração do povo seja bem visualizado pelo leitor no livro de Êxodo, o presente estudo passará a analisar algumas questões básicas em relação à autoria, datação e contexto histórico do referido livro, colocando ainda alguns contrapontos em relação a visão dos críticos sobre o êxodo israelita.

2.2 O Autor e a data do Êxodo

Existiram várias escolas críticas do final do século XIX que viam o texto de Êxodo como tendo sido redigido muitas vezes por várias “mãos” diferentes, dividindo assim o texto bíblico em várias fontes. Essas fontes foram catalogadas pelos críticos recebendo letras referentes à sua fonte: “Os hipotéticos documentos recebem o símbolo de ‘J’ (passagens onde ocorre o nome YHWH), ‘E’ (Elohim), ‘D’ (redatores deuteronômicos), ‘P’ (escola sacerdotal) e ‘R’ (vários redatores)” (DOUGLAS, 2006, p. 480). Existe ainda a versão dada pelos críticos que “preferem que não se fale de ‘documentos’ escritos, mas de grandes conjuntos de tradição oral que, no entanto, em sua forma final acabam por ter quase a fixidez de documentos escritos” (COLE, 1981, p. 13). Segundo Cole (1981), esses eruditos lidavam com unidades ainda menores e se preocupavam em descobrir a situação real em que provavelmente surgiram tais unidades. Outros eruditos não se posicionam em relação à autoria, preferindo apenas mostrar os dois pontos de vista existentes sobre o autor do livro de Êxodo: o ponto de vista Conservador, que acredita que Moisés é o único autor de Êxodo e de todo o Pentateuco, utilizando-se de fontes antigas orais e escritas; e o ponto de vista Crítico, que acredita que o Êxodo é “um resultado da compilação dos documentos J.E.D. e P [...] em que cada um desses documentos consistia em uma narrativa e numa série de leis” (CHAMPLIN, 2001a, p. 299).

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Entretanto, para Dorneles (2011, p. 521), a autoria do livro de Êxodo tem uma grande ligação com o resto do Pentateuco porque, além de ser uma continuação do livro de Gênesis, desempenha um papel muito importante não só na identificação do livro de Êxodo como também na autoria dos outros quatro livros do Pentateuco. Ademais, não existe nenhuma menção no Pentateuco que negue a autoria de Moisés. Ao contrário, existem várias passagens nesses livros relatando Moisés como sendo o autor dos registros de batalhas da época, indicando inclusive que Moisés costumava fazer esses registros diariamente: Moisés devia registrar a batalha contra os amalequitas ‘num livro’ (Êx 17:14). Isso, em comparação com Números 33:2, indica que Moisés tinha um diário. Êxodo 24:4 afirma que ele mesmo anotou as orientações contidas em Êxodo 20:21 a 23:33, o ‘livro da aliança’ (Êx 24:7). E, de acordo com Êxodo 34:27, ele foi quem escreveu a revelação registrada nos v. 11-26. A evidência preservada no próprio livro de Êxodo, portanto, indica Moisés como o autor de relatos históricos e de outros registros contidos nele (DORNELES, 2011, p. 521).

Além disso, o livro de Êxodo utiliza-se de várias palavras egípcias e contêm vários detalhes dos costumes do povo egípcio, o que sugere que “o autor foi educado no Egito e estava familiarizado com essa nação e sua cultura” (DORNELES, 2011, p. 521). Lucas confirma no livro de Atos que Moisés havia sido educado “em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras” (At 7:22). Somado-se a essas evidências, a prova mais incisiva da autoria de Moisés encontra-se em Marcos 12:26, quando Jesus cita Êxodo 3:6:

Contudo, a prova mais contundente da autoria de Moisés se encontra no Novo Testamento. Em Marcos 12:26, Cristo cita Êxodo 3:6 e se refere à sua fonte como ‘o livro de Moisés’ [...]. Essas três considerações (o testemunho direto do próprio livro, a evidência indireta de que o autor foi educado no Egito e o testemunho de Cristo) garantem a exatidão da tradição judaica de que Moisés escreveu o livro de Êxodo (DORNELES, 2011, p. 521).

Em relação a datação, Durham (2002, p. xxvi) afirma que a data exata dos eventos do Êxodo é de pouca relevância para a finalidade do livro, pois não afeta a teologia do livro na sua forma atual. As datas mais aceitas são aquelas cujo faraó que oprimiu os hebreus foi Seti I, o faraó do êxodo teria sido Ramsés II e o Faraó das primeiras invasões de Israel em Canaã seria Merneptá. Ademais, existe uma

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discussão sobre a historicidade do livro de Êxodo por parte de “comentaristas do último quarto do século XIX e do primeiro quarto do século XX” (DURHAM, 2002, p. xxv, tradução própria)5. Segundo Champlin (2001a, p. 303), não existe nenhum registro de um grande número de pessoas que saíram do Egito, pois não era comum que grandes derrotas fossem registradas historicamente. No entanto, várias linhas da estrutura histórica “apontam para a 19ª dinastia (cerca de 1350 - 1200 A.C.) como o tempo provável do êxodo, embora os eruditos divirjam muito quanto a essas datas” (CHAMPLIN, 2001a, 303). Além dessas afirmações eruditas sobre a datação do êxodo, existe também a teoria dos dois êxodos. Essa teoria identifica um êxodo ocorrendo na 19ª dinastia egípcia, e o outro na invasão hebreia de Canaã, no século XV a. C. (DORNELES, 2011, p. 170). Porém, os próprios estudiosos da teoria dos dois êxodos divergem em seus pontos de vista em relação à data que as tribos deixaram o país, ou que algumas tribos nem mesmo teriam deixado o Egito:

Há diversos pontos de vista com respeito a que tribos migraram para o Egito e quanto à data em que deixaram o país. Além disso, eles também discordam em relação a que tribos nunca deixaram Canaã ou quais podem ter permanecido no Egito; ou ainda por quais rotas e em que ordem invadiram Canaã (DORNELES, 2011, p. 170).

As cidades armazéns chamadas de Piton e Ramessés que os israelitas construíram para o Faraó, sugerem “Ramessés II (1290-1224 A.C.) como o Faraó em questão. Sua nova capital estava situada na região do delta do Nilo, próximo ao provável local da terra de Gósen” (COLE, 1981, p. 41). Assim, seria ele mesmo ou o seu pai, Seti I (1303-1290 a.C.), o Faraó regente na época e que teria sido responsável pela opressão dos israelitas (COLE, 1981, p. 41). Além do mais, no tempo do Faraó Merneptá (1224-1214 a.C.), Israel parece que já está em Canaã, embora ainda aparentemente considerado como um povo nômade (COLE, 1981, p. 41). Entretanto, a BÍBLIA DE ESTUDO ARQUEOLÓGICA (BEA) afirma que a data dos acontecimentos narrados no livro de Êxodo, bem como a sua escrita, 5

“The problematical question of the historicity of the narratives of the Book of Exodus has been much discussed, particularly by commentators of the last fourth of the nineteenth century and the first fourth of the twentieth century”.

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aconteceram simultaneamente e provavelmente entre os anos de 1440-1400 a.C. (BEA, 2013, p. 84). Do mesmo modo, a cidade ter sido chamada de Ramessés é um evento tardio, pois no tempo da escravidão israelita a cidade era conhecida por outro nome, conforme afirma a Bíblia de Estudo Arqueológica:

A cidade recebeu esse nome por causa de Ramessés II, que viveu entre 1279-1213 a.C., um longo tempo após a data em geral aceita para o Êxodo. É bem provável que a menção dessa cidade na Bíblia tenha sido retroativa (talvez não fosse conhecida por esse nome quando os israelitas moravam ali). Os escritores sagrados podem ter se referido a ela mais tarde pelo nome de Ramessés, pois era assim que seus leitores a conheciam (BEA, 2013, p. 86).

Existem, então, três classes principais de interpretações para se chegar à data do êxodo: a que data o êxodo no século 15 a.C., durante a 18ª dinastia; a que data o êxodo no século 13 a.C., durante a 19ª dinastia; e a teoria dos dois êxodos, sob a 18ª e 19ª dinastias (DORNELES, 2011, p. 169). Porém, existem vários argumentos tanto a favor quanto contra essas datas. A última data mencionada acima, por exemplo, “coloca Josué dois séculos antes de Moisés e contradiz tanto o registro bíblico que está fora de questão para qualquer um que esteja buscando construir uma cronologia consistente com os dados bíblicos” (DORNELES, 2011, p. 169). Já a data do século 15 a. C. pode ser adotada quando se tem como base o contexto histórico e arqueológico, além da narrativa bíblica (DORNELES, 2011, p. 170). A narrativa bíblica afirma que no 480º ano após a saída dos israelitas do Egito Salomão estava no seu 4º ano de reinado, sendo essa data identificada como o mês de zive e como o ano em que Salomão “começou a edificar a Casa do SENHOR” (1Re 6:1). A data judaica do início do 4º ano de Salomão pode ser aceita como o outono de 967 a.C. até o seu término no outono de 966 a.C. Com isso, o começo da construção do templo no mês de zive (aproximadamente maio) haveria “ocorrido na primavera do ano 966 a.C. Então, zive do 1º ano em que os israelitas deixaram o Egito, foi 479 anos antes de 966, que é o ano 1445 a.C.” (DORNELES, 2011, p. 171). Portanto, a confirmação de que o livro de Êxodo foi escrito por Moisés e que sua escrita data de cerca de 1440 a.C., ou seja, uma datação próxima aos acontecimentos com o povo de Deus no deserto, atestam pelo menos para duas

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coisas: primeiro que, tanto Moisés foi aquele que viveu no Egito, como foi aquele que guiou o povo para fora da escravidão no deserto, dá a ele uma grande autoridade em narrar os fatos, sendo que o mesmo foi testemunha ocular desses acontecimentos; segundo, que o relato bíblico de Êxodo, assim como o de Êxodo 15:26, formam uma narrativa confiável de como realmente Yahweh guiou o Seu povo, através de Moisés, pelo deserto.

2.3 O Contexto histórico de Êxodo 15:26

Foi durante o governo dos reis da 18ª dinastia no século XV a.C., que o Egito chegou ao seu auge político, unido-se através de uma monarquia forte. Nessa época desfrutavam de uma autoridade nacional por terem expulsado os hicsos e por estenderem o império egípcio pela África e Ásia (DORNELES, 2011, p. 125). O povo egípcio nunca havia estado tão seguro e poderoso como nesse período em que viviam. Porém, pela primeira vez o Egito começou a viver uma situação singular: os cidadãos que eram nativos foram dispensados de seus serviços rotineiros, dispensados do exército e dispensados das obras públicas, sendo o seu lugar “preenchido por escravos seguidos por meio de campanhas militares em países estrangeiros” (DORNELES, 2011, p. 126). A necessidade de mão de obra escrava se fez presente porque a vida e cultura do Egito havia alcançado um alto nível com várias construções de templos e a presença de vários objetos de arte. Nesse mesmo período, os israelitas haviam se multiplicado e fortalecido muito na terra, e cada vez mais a presença dos hebreus era indesejável, conforme afirma Champlin em seu comentário:

Houve extraordinária multiplicação; e foi precisamente isso que assustou os egípcios [...] Israel se desenvolvera, impondo sua própria identificação e seu poder. Havia muitos jovens em idade de serviço militar. A situação tornara-se explosiva. A hostilidade egípcia tinha sido assim despertada (CHAMPLIN, 2001a, 305).

Como medida de segurança, e para contrabalançar tal eminente ameaça por parte do povo hebreu, o rei egípcio de então, que não conheceu a José (Êx 1:8),

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promulgou três decretos contra os israelitas. Para Douglas (2006, p. 479), o primeiro decreto tinha como objetivo sujeitar os hebreus a trabalhos forçados, sob o comando de capatazes. Deste modo, além do Egito suprir a sua necessidade imediata de mão de obra, era também uma forma de deixar os israelitas sob uma observação mais específica. O segundo decreto teve como finalidade intensificar a dura servidão, provavelmente com a intenção de diminuir o tempo ocioso dos israelitas, diminuindo assim as oportunidades de se traçar planos contra o governo egípcio. E por fim, o terceiro decreto tinha como propósito diminuir a quantidade do povo hebreu mediante a morte de todos os filhos que nasceriam do sexo masculino. Fazendo assim, os egípcios acreditavam que estariam minimizando também aqueles que no futuro seriam os possíveis líderes israelitas de uma revolta dos contra o Egito. Essa escravidão lembra o relato Bíblico de Gênesis, onde o texto afirma que os descendentes de Abraão seriam peregrinos em terra estranha, reduzidos a escravidão e afligidos por um período de 400 anos (Gn 15:13). No livro de Atos existe um relato de Estevão antes de morrer apedrejado. Visto de uma perspectiva posterior ao fato, Estevão relata que os israelitas haviam passado por um período de 400 anos de peregrinação em terra estrangeira, onde haviam sido maltratados como escravos (At 7:6). Entretanto, no relato de Êxodo 12:40, que narra a saída os israelitas do Egito, coloca uma data não arredondada de 430 anos. Comentando sobre esse fato, O NOVO TESTAMENTO INTERPRETADO afirma que, ao relatar o fato, Estevão:

Empregou números redondos, sem fazer tentativa alguma de fornecer dados precisos, exatos. De conformidade com a maneira comum de computar os anos, o intervalo entre o pacto estabelecido com Abraão e o aparecimento libertador de Moisés é de quatrocentos e trinta anos (ver Êxo. 12:40 e Gál. 3:17). E, dentro desse tempo todo, apenas duzentos e quinze anos foram realmente passados pelos seus descendentes, como escravos no Egito. Por conseguinte, estritamente falando, Israel não foi maltratada e escravizada por “quatrocentos anos”, conforme Estêvão declara aqui, mas tão somente uma proporção pequena desse tempo. Porém, em seu sermão, Estêvão não se incomodou em dividir os anos, dando os anos definidos em que os israelitas estiveram escravizados no Egito. O fato é que foram estrangeiros em uma terra estranha, durante todo o tempo (se incluirmos Canaã como uma terra estrangeira). Contudo, não foram escravizados enquanto não subiu ao trono do Egito um Faraó que não conhecia a José. Naturalmente uma parte desse período de tempo foi passada na terra de Canaã, antes de Jacó e seu clã se terem mudado para o Egito; e esse foi outro período de

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tempo que Estêvão não tomou em consideração, em seu sermão (CHAMPLIN, 1995, p. 142).

Harmonizando-se com o com o pensamento de Champlin citado acima, Dorneles (2011, p. 165) explica, através de um gráfico, que os 430 anos de peregrinação dos israelitas se deram entre o chamado de Abraão aos 75 anos de idade e a saída dos hebreus do Egito. Sendo que, destes 430 anos, 215 já haviam se passado em peregrinações quando Jacó chegou ao Egito. Ou seja, passaram-se 25 anos desde o chamado de Abraão até o nascimento de Isaque, mais 60 anos até o nascimento de Jacó, e mais 130 anos até a chegada ao Egito: Figura 1 – Os 430 e os 400 anos de Gênesis 15:13, Êxodo 12:41 e Gálatas 3:17

Aliança com Abraão

Promulgação da Lei

quando ele tinha 75 anos (ver Gn 11:29-12:4)

Ano do êxodo (ver Nm 33:3-15)

Nascimento Nascimento de Jacó de Isaque 25 anos

60 anos

Chegada ao Egito

130 anos

215 anos no Egito

215 anos na Palestina 25 anos

400 anos de Gênesis 15:13 430 anos de Êxodo 12:41 e Gálatas 3:17

Fonte: Comentário Bíblico Adventista, Volume 1, p. 165.

Durante o período de escravidão no Egito, os israelitas clamavam por um libertador. Como resposta ao pedido de ajuda, Deus socorreu os israelitas através de um hebreu que recebeu o nome de Moisés por ter sido retirado das águas pela princesa, filha do Faraó (Êx 2:10). Depois de adulto, de ter fugido do Egito por ter matado um egípcio e ter morado durante quarenta anos no deserto de Midiã, o Senhor chama a Moisés para que definitivamente liderasse a saída dos israelitas de seu cativeiro no Egito. E como primeiro ato com porta-voz de Deus, Moisés deveria “ordenar categoricamente a Faraó; ‘Israel é meu filho, meu primogênito [...] Deixa ir meu filho’ (Êx 4:22-23)”; (KAISER, 2007, p. 106). Ao fazer isso, desafia o poder

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faraônico guiando o povo pelo deserto onde, em três meses, atinge o monte Sinai, ficando acampados aproximadamente durante um ano naquele local (SCHULTZ, 2009, p. 73). Assim que os Israelitas passaram pelo Mar Vermelho e celebraram a vitória sobre o exército de Faraó, caminharam durante três dias até chegar ao deserto de Sur. Esse deserto fica ao norte da península do Sinai e foi “na parte meridional do deserto que Israel marchou, em direção ao sudeste, ao longo das margens do Mar Vermelho” (DORNELES, 2011, p. 611). Cole (1981, p. 124) afirma que não se pode dizer que os israelitas, com o passar do tempo, sabiam a localização exata desses lugares por onde passaram em sua peregrinação do deserto, podendo hoje a rota estar sujeita a especulação. Porém, Champlin (2001a, p. 370) identifica o deserto de Sur como realmente localizado na parte norte do Sinai. Ademais, o nome “Sur” no hebraico significa “fortificação de muro”, que provavelmente referia-se a uma barreira geográfica natural desse deserto que “se estendia pelas grandes estradas do nordeste do Egito próximo à fronteira leste” (CHAMPLIN, 1991b, p. 302). O relato Bíblico também chama o deserto de Sur pelo nome de Etã (Nm 33:8). Esse local é identificado como a segunda estação dos israelitas após deixar o Egito, ficando a cerca de cinco quilômetros do lado ocidental do antigo fundo do golfo de Suez (CHAMPLIN, 1991a, p. 551). Ao chegarem ao deserto de Sur não encontraram água para beber, sendo que já estavam caminhando há três dias. Contando que parte do grupo era composto de mulheres, crianças e animais, mais de três dias sem encontrar água “seria impossível, especialmente para as crianças e animais. A situação só piorou com a decepção de encontrar água amarga (a palavra ‘Mara’ significa ‘amarga’ e está relacionada ao termo ‘mirra’)”; (WIERSBE, 2006, p. 271). Isso não quer dizer que os israelitas estavam caminhando durante três dias sem água, porque certamente ao saírem do Egito levaram um suprimento de água potável em seus odres de couro, pois esse era o costume dos povos orientais da Antiguidade (DORNELES, 2011, p. 612). O que estava acontecendo era que não estavam encontrando fontes ou poços para reabastecerem sua água, sendo que uma “marcha de três dias sem encontrar água era mais ou menos o limite que podia suportar o gado” (DORNELES, 2011, p. 612). Quando chegaram a um lugar que tinha água, encontraram somente águas amargas. Embora as pessoas consigam beber água com gosto ruim quando estão

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como muita sede, existe um limite ao qual não se consegue ir além. Como consequência da falta de água o povo murmurou, “explicitamente contra Moisés, a quem Deus apontara como seu líder, e assim, implicitamente, contra o próprio Deus” (COLE, 1981, p. 124). Então, Deus coloca os israelitas à prova dizendo que se eles fizessem o que fosse reto aos Seus olhos, dessem ouvido aos Seus mandamentos e guardassem Seus estatutos, nenhuma enfermidade dos egípcios viria sobre eles, porque Yahweh é aquele que sara (Êx 15:26). Os israelitas com o tempo, haviam se tornado odiosos na terra do Egito, passando a lidar com trabalhos forçados e, após um período de muitos anos de angustia onde aparentemente seu Deus os havia esquecido, Yahweh cumpre a Sua promessa levantando um libertador para Israel, livrando-os do cativeiro egípcio e guiando-os pelo deserto. Local onde iriam ser provados e desafiados a novamente andarem retamente na presença do Senhor. O presente estudo passará a seguir a uma análise do texto bíblico de Êxodo 15:26 em sua língua original, bem como algumas palavras principais do versículo, na tentativa de melhor compreender o conceito de retidão contido no verso em estudo.

2.4 Tradução do texto hebraico de Êxodo 15:26

Comparado ao alfabeto da língua portuguesa, o alfabeto hebraico é composto por um número menor de letras, constando de apenas 22 consoantes. Apresenta também um vocabulário menos rico do que os milhares de palavras encontradas no português. A raiz das palavras, em sua maioria, é formada por verbos com três consoantes, o que a torna um pouco limitada. Além disso, o vocabulário hebraico utilizado na Bíblia representa somente uma porcentagem (desconhecida) das palavras vivas da língua hebraica utilizadas hoje (HARRIS et al., 1998, p. vi). Para uma melhor compreensão do texto estudado, encontra-se abaixo o conteúdo conforme aparece na Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS), juntamente com uma possível tradução própria, interlinear, do autor do presente trabalho, seguida da mesma tradução proposta, conforme orientações que Davidson (2011) e Mendes (1981) possibilitam:

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‫וְ הי ָׁ֤שר‬

‫ֹלהיָך‬ ֶ֗ ‫ֱא‬

‫הוָ֣ה‬ ָׁ ְ‫י‬

‫ְל ָ֣קֹול‬

‫ִּת ְש ַַּ֜מע‬

‫ם־ש ֙מ ַֹּוע‬ ָׁ ‫ִּא‬

֩‫ויֹּא ֶ ר‬

e reto

Teu Deus

de Yahweh

a voz

ouvires

se certamente

E disse

‫ל־ה ַּ ִֽמ ֲח ָ֞ ָׁלה‬ ַּ ‫ָׁ ִֽכ‬

‫ל־ח ָׁ ָּ֑קיו‬ ֻ ‫ָׁכ‬

‫וְ ָׁש ַּמ ְר ָׁת‬

‫ֹותיו‬ ָָׁ֔ ‫ְל ִּמ ְצ‬

‫וְ ַּ ִֽה ֲאזַּ נְ ָׁ֙ת‬

‫ַּת ֲע ָ֔שה‬

‫ְב ֵעינָׁ ֙יו‬

e deres ouvido

trabalhares

por Seus olhos

toda doença

todos Seus e para Seus estatutos guardares Mandamentos

‫הוה‬ ָׁ ְ‫י‬

‫ֲא ִּנִ֥י‬

‫ִּ ִּ֛כי‬

‫ָׁע ָ֔ליָך‬

‫א־א ִּ ָ֣שים‬ ָׁ ֹ ‫ל‬

‫ְב ִּמ ְצ ַּ ֙ר ֙יִּם‬

‫ר־ש ְמ ִּתי‬ ַׂ֤ ַּ ‫ֲאש‬

Yahweh

Eu

Porque

Sobre

não colocarei

entre os egípcios

a qual coloquei

‫ר ְֹפ ִֽאָך׃‬ sou Teu curador

(Êx 15:26, BHS, p. 112). E disse: Se certamente ouvires a voz de Yahweh, Teu Deus, e reto por Seus olhos trabalhares, e deres ouvido para Seus mandamentos, e guardares todos Seus estatutos, toda doença a qual coloquei entre os egípcios, não colocarei sobre! Porque eu, Yahweh, sou Teu curador (Êx 15:26, BHS, tradução própria).

2.5 Relação entre ouvir os Mandamentos, andar reto e o estilo de vida proposto por Deus em Êxodo 15:26

Através da proposta de tradução do versículo, identifica-se que existem alguns termos que, se estudados com mais atenção, poderão melhor esclarecer o conceito de retidão no versículo em estudo. Por isso, dentre os termos traduzidos e tendo em vista a limitação da presente proposta, foram utilizados os termos haâzantá e hayashar.

2.5.1 O significado de “dar ouvidos” (‫ ַּ ִֽה ֲאזַּ נְ ָׁת‬, haâzantá) aos mandamentos de Deus

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A expressão haâzantá deriva da raiz haâza, que significa literalmente “ouvir” ou “dar ouvidos”. Segundo Harris et al. (1998, p. 45), a maioria das passagens bíblicas referentes a essa expressão tem que ver também com uma resposta do ouvinte. Ou seja, quando a expressão “dar ouvidos” é utilizada, é porque espera-se que exista uma resposta da parte que está ouvindo. Ademais, “ouvir”, “dar ouvidos” ou “inclinar os ouvidos” tem o sentido de que aquele que está ouvindo é aquele que está prestando bastante atenção. Na Bíblia existem vários versículos no qual Deus utiliza-se dessa expressão para advertir os israelitas desobedientes para que ouvissem e atendessem às advertências divinas do juízo iminente (Os 5:1; Jr 13:15). Portanto, quando Yahweh diz ao povo para dar ouvidos aos mandamentos, significa que Ele queria que o povo prestasse bastante atenção aos mandamentos. Se obedecessem, teriam várias bênçãos físicas, mas se desobedecessem, teriam várias aflições físicas (Dt 7:12-15; 28). Além disso, o episódio ocorrido com os israelitas em Mara pode ser entendido como um “link para o futuro”. Para um leitor de “primeira viagem”, que não está acostumado a ler sobre a história do êxodo israelita, não irá perceber que cada sinal que aparece no relato bíblico do êxodo, está ligado ao restante da história que ainda acontecerá com Israel (JANZEN, 2000, p. 198). O fornecimento da água por Deus, a libertação dos israelitas da sede, seguidos por uma proclamação da lei divina e uma exortação de Deus para que os israelitas fossem obedientes a essa lei. Os termos utilizados para a lei de Deus (estatutos, ordenanças e mandamentos) estão associados a uma exortação condicional: Se você ouvir [...], e fizer [...], e der ouvidos [...], e manter, a fim de colocá-los à prova, então [...] Esta é precisamente a terminologia e estilo que aparecem no livro de Deuteronômio, em outros textos do Pentateuco, e no restante do Antigo Testamento, que falam da lei dada a Israel no Monte Sinai (JANZEN, 2000, p. 198). Ademais, a manutenção dessa lei ao longo do texto “irá diferenciar entre Israel e os egípcios, assim como a lei do Sinai será uma marca distintiva de Israel dos outros povos por todo o tempo porvir. Parece que

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temos aqui nada menos do que uma antecipação da aliança do Sinai” (JANZEN, 2000, p. 198)6.

2.5.2 O significado de andar “reto” aos olhos de Deus ( ‫שר‬ ַׂ֤ ָׁ ָׁ‫ ַּהי‬, hayashar) e sua raiz (‫יָׁ ָׁשר‬, yashar)

A palavra traduzida em Êxodo 15:26 como o adjetivo “reto” vem da raiz yashar e pode ser encontrada pelo menos com três sentidos diferentes: o sentido literal, o sentido ético e o sentido idiomático, quando precede o substantivo “olhos” (HARRIS et al., 1998, p. 685). O sentido literal é o de “endireitar o caminho” ou “ir reto pelo caminho”. Esse sentido é apresentado no relato bíblico de 1Samuel 6:12, onde é mostrado que os filisteus haviam levado a arca do Senhor dos israelitas, e estavam transportando a arca em cima de um carro puxado por duas vacas. O texto diz que as vacas que puxavam o carro contendo a arca foram “reto” (ir na direção certa) e sem errar o “caminho sobre a estrada para Bete-Semes, por uma rodovia, ou seja, a estrada direta de Ecrom a Bete-Semes” (DORNELES, 2012, p. 507). Além do exemplo citado acima, o termo yashar também aparece em seu sentido literal no segundo livro de Crônicas, onde é dito que Ezequiel construiu um aqueduto para “canalizar” as águas “para o ocidente da cidade de Davi” (2Cr 32:30). Nesse versículo, yashar, traduzido geralmente por “canalizar”, tem o sentido de “fazer correr em linha reta” (HARRIS et al., 1998, p. 684). Um exemplo do sentido ético do verbo yashar pode ser visto no provérbio “A justiça do íntegro endireita o seu caminho, mas pela sua impiedade cai o perverso” (Pv 11:5). Nesse versículo o verbo yashar é traduzido como endireitar, dando um sentido de retidão ao estilo de vida dos íntegros e apontando essa característica como uma qualidade (HARRIS et al., 1998, p. 684). Esse mesmo conceito de retidão pode ser observado em Eclesiastes 7:29: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”.

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“Further, the keeping of this law in our text will differentiate between Israel and the Egyptians, just as the law of Sinai will be Israel’s distinguishing mark from the other nations for all time to come. It appears that we have here nothing less than an anticipation of the Sinai covenant”.

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Porém, um dos sentidos mais interessantes de yashar é o sentido idiomático quando o mesmo precede o substantivo “olhos”. Nesse caso, a expressão tem o sentido de parecer justo aos olhos de alguém, tendo a “aprovação desse alguém mediante a guarda dos seus mandamentos” (HARRIS et al., 1998, p. 685). Esse mesmo sentido é encontrado também em Deuteronômio 6:17,18 (ARA):

“Diligentemente, guardarás os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e os seus testemunhos, e os seus estatutos que te ordenou. Farás o que é reto e bom aos olhos do SENHOR, para que bem te suceda, e entres, e possuas a boa terra a qual o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a teus pais”.

Segundo o COMENTÁRIO DA SÉRIE CULTURA BÍBLICA, Deuteronômio 6:17,18 liga a questão da retidão do povo em guardar os Mandamentos de Yahweh, às estipulações da aliança e, mais uma vez, “as bênçãos decorrentes da obediência são mencionadas; prosperidades, posses da terra e expulsão de todos os inimigos (18b,19; cf. Êx 23:27-32)”; (THOMPSON, 1982, p. 121). Sendo assim, o termo yashar em Êxodo 15:26 parece abrigar o sentido idiomático da palavra, pois apresenta um convite feito por Yahweh para que Seu povo venha novamente a ter uma vida reta, guardando os Seus Mandamentos e sendo abençoados. Dado o presente significado dessas duas palavras importantes contidas no versículo de Êxodo 15:26, o presente estudo passa a analisar a relevância da retidão para o povo de Deus, tanto no deserto, como nos dias atuais.

3 CONCEITO DE RETIDÃO PARA O POVO DE DEUS

3.1 Relevância do estudo para o povo de Deus no deserto

A promessa feita ao povo de Israel naquela ocasião parecia ter um caráter condicional. Ou seja, se os israelitas cumprissem as orientações descritas em Êxodo 15:26, receberiam a promessa; ao passo que, se não cumprissem as condições, não

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receberiam a promessa (COLE, 1981, 125). Segundo Bruce (2008, p. 230), as doenças dos egípcios não incomodariam os israelitas enquanto eles continuassem obedientes a Deus. Além disso, a promessa é repetida no relato de Deuteronômio 7:15, onde o versículo certifica que o Senhor afastaria toda a enfermidade e não colocaria sobre os israelitas nenhuma das doenças malignas dos egípcios que eles (os israelitas) bem conheciam. Bruce também afirma que as doenças malignas do relato de Deuteronômio 7:15 estão diretamente relacionadas com as pragas que caíram no Egito por ocasião do êxodo israelita (BRUCE, 2008, p. 230). Além das pragas que caíram sobre os egípcios, as doenças dos egípcios que Deus prometeu livrar o Seu povo estão também ligadas à doenças endêmicas costumeiramente encontradas no Egito. Essas doenças foram conhecidas e temidas por Moisés e pelo povo de Israel enquanto escravos egípcios (CHAMPLIN, 2001a, p. 370). Ademais, algumas dessas enfermidades egípcias são mencionadas no texto bíblico como úlcera do Egito, tumores, sarna, prurido e úlceras malignas nos joelhos e nas pernas (Dt 28:27,35). Elas sempre afligiram os egípcios rigorosamente, principalmente “as doenças de pele e oculares. Durante a longa permanência no Egito, os hebreus se familiarizaram com essas doenças” (DORNELES, 2011, p. 613). Além das doenças, Propp argumenta que, por meio da escravidão, os egípcios colocaram dúvidas no povo de Israel em relação ao Seu Deus. O episódio ocorrido em Mara pré-anuncia o Sinai, pois é uma “aliança em miniatura, com um benefício (água), uma estipulação (obediência), uma maldição implícita (doença) e uma bênção explícita (saúde)”; (PROPP, 2008, p. 581, tradução própria)7. Neste sentido, outras bênçãos decorrentes da obediência aos Mandamentos de Yahweh, que são descritas em Deuteronômio 28, aparecem. Como por exemplo, a benção do fruto no ventre materno, do fruto dos animais, de Israel derrotar os inimigos, da chuva no seu tempo, da abundância de frutos do solo, etc (Dt 28:1-12). Yahweh queria que os israelitas entendessem que viver uma vida reta, em conformidade com Seus Mandamentos, traria não só vários benefícios para eles, mas também que seriam exaltados “sobre todas as nações da terra” (Dt 28:1). Além do mais, se o povo de Deus no deserto andasse reto aos Seus olhos e guardassem os Seus mandamentos, teriam saúde, porque assim como as águas de Mara foram 7

“Marah thus foreshadows Sinai [...] It is a covenant in miniature, with one benefit (water), one stipulation (obedience), one implicit curse (disease) and one explicit blessing (health)”.

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“saradas”, os israelitas seriam sarados de seus males físicos também. Sendo que, além dos males físicos, Deus estava disposto a livrá-lo dos males morais também (DORNELES, 2011, p. 613).

3.2 Relevância do estudo para o povo de Deus hoje

Esse princípio de obediência aos mandamentos de Deus para ter saúde não só se aplica aquela época, mas se aplica a todos os tempos, conforme afirma o COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA:

Esse princípio era válido não apenas na época dos hebreus, mas em todos os tempos. O bem-estar físico da raça humana ainda depende em grande parte da obediência à lei divina. Os que obedecem às leis que governam o viver saudável podem culpar apenas a si mesmos pelas consequências. Por outro lado, os que vivem de acordo com as instruções dadas por Deus quanto à saúde estarão livres de enfermidades. Deus não se interessa somente pelo estado espiritual das pessoas, mas também por seu estado físico (DORNELES, 2011, p. 613).

Concordando com o princípio acima apresentado, Ellen White afirma que o nosso primeiro dever é com Deus, conosco mesmo e depois com o próximo. E quando se fala em transgressão às leis de Deus, incluem-se também as leis da saúde, por isso adoecemos, sobrecarregamos a família e “roubamos a Deus do serviço que Ele mesmo reclama de nós para a divulgação de Sua glória” (WHITE, 2007, p. 21). Além do mais, mesmo que hoje a medicina tenha avançado de forma extraordinária, o médico pode administrar o medicamento e o cirurgião pode até operar o paciente, mas as suas contribuições não vão muito mais do que isso. A verdadeira maneira que a cura acontece é realizada “por um poder sobre o qual a ciência humana não tem controle. Somente Deus cura. Isso ainda é verdade no século 21, como o era na época de Moises. O Senhor é o Médico dos médicos” (DORNELES, 2011, p. 613).

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Considerações finais

Após a realização do presente estudo, observou-se que o tema da retidão dentro do livro do Pentateuco mostrou-se bastante recorrente, aparecendo em todos os cinco livros escritos por Moisés. No entanto, o tema parece ter uma ênfase especial no período quando o povo de Deus peregrinava pelo deserto. Aquele período foi um tempo que Deus aproveitou para ensinar os israelitas a dependerem totalmente dEle e confiarem plenamente em Sua direção. Diante do estudo histórico e textual realizado, observou-se ainda que parece existir uma íntima relação entre a guarda dos mandamentos de Deus e uma conduta moral reta que Ele espera ser alcançada pelos israelitas. Isso parece ficar mais nítido inclusive, durante a análise do adjetivo “reto” (yashar) dentro da perícope de Êxodo 15:26, tendo o sentido de alguém (Deus) que observa o andar reto daqueles que guardam os Seus mandamentos. Dando ainda a ideia de que aqueles que guardam os mandamentos de Deus são os mesmos que possuem uma conduta reta em sua vida. Outro ponto destacado foi a relação entre a conduta reta que Deus esperava de Seu povo (incluindo a guarda dos mandamentos, como já dito) com um estilo de vida totalmente diferente do estilo de vida egípcio. Se o povo de Deus andasse “retamente” por Seus Mandamentos, além de não adquirirem as doenças que eram comum aos egípcios, várias outras bênçãos iriam ser derramadas sobre eles, como por exemplo, fertilidade, abundância de animais, de alimento, chuva no tempo certo e um viver livre de seus inimigos. A pesquisa gramático-histórica parece ter sido importante para perceber, de uma forma introdutória, que no meio egípcio existiam doenças que eram próprias daquele povo, pois mantinham um estilo de vida peculiar que entrava em contraste com as orientações dadas por Deus aos israelitas. Por isso, no texto bíblico, o Senhor promete livrar os israelitas que fossem obedientes a Ele. Se isso acontecesse, automaticamente deixariam de viver de acordo com o estilo de vida dos egípcios e consequentemente suportar suas doenças, para viverem o estilo de vida que o Senhor lhes estava propondo.

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Finalmente, se assim como no tempo do êxodo israelita, o povo de Deus dos dias atuais andar retamente, observando os Mandamentos de Yahweh, serão reconhecidos como um povo peculiar, pois as bênçãos provenientes do estilo de vida proposto por Deus para o Seu povo, os acompanharão por onde quer que o Senhor os guiar.

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