A Leitura Orante da Bíblia

June 8, 2017 | Autor: O. Mariano | Categoria: Bible, Leitura Orante
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O LUTA D OR - 1º A 10 - J UNH O - 2014

A leitura orante da Bíblia

Como surgiu a Lectio Divina De certo modo, a leitura orante é tão antiga quanto a Igreja. O seguimento a Jesus leva os primeiros cristãos a se aproximarem do seu jeito de rezar. Trata-se de rezar a partir da Palavra de Deus. Mas foi Orígenes [séc. III], um dos Padres gregos, quem cunhou esse nome que depois se popularizou e veio dar origem ao Ofício Divino, e também influenciou no estilo de ora-

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ção presente na regra de São Bento. Mas é a partir da Idade Média, com as ordens mendicantes, que ela ganhou uma forma mais definida. Guigo II, abade da Ordem Cartucha, por volta de 1150, estabelece os passos da Lectio Divina. Inspirado na visão de Jacó de uma escada que sobe para Deus, Guigo organiza a leitura orante em quatro passos, como quatro degraus para a aproximação com Deus: leitura, meditação, oração, contemplação. Necessidade da leitura orante O medo das heresias durante a Idade Média levou o povo a deixar de lado a Bíblia e se perdeu a prática dessa leitura orante. Passou-se a buscar leituras piedosas e espirituais, a Palavra de Deus foi trocada por palavras humanas piedosas. Somente a partir do Concílio Vaticano II é que acontece uma retomada da Lectio Divina como método de oração a partir da Bíblia: “Debrucem-se, pois, gostosamente, sobre o texto sagrado, quer através da sagrada liturgia, rica em palavras divinas, quer pela leitura espiritual”. (Dei Verbum, 25.) A necessidade da Leitura Orante vem também como busca de recuperar a ligação entre fé e vida, oração e ação, compromisso com Deus e compromisso com os irmãos. O método do Lectio Divina oferece um caminho seguro e profundo para a busca da intimidade com Deus a partir da Bíblia mantendo a fidelidade ao Projeto do Deus.

mos convidados a deixar o coração falar. Pode ser que nasça uma prece, uma súplica, um pedido de perdão, um louvor ou uma oração espontânea ou até mesmo já decorada. Importa, agora, a partir do texto bíblico e de frente para a realidade da vida, falar a Deus de coração pra coração.

F/REPRODUÇÃO

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ASTA ler algumas linhas do Evangelho que, sem demora, nos encontramos com Jesus em locais retirados, a sós, em oração na intimidade com o Pai, e aí ele passava longa horas. A oração é o segredo da força de Jesus e o sustento de sua fidelidade ao projeto do Pai. Em sua vida Jesus vai crescendo, cada vez mais, no conhecimento e na vivência da Palavra de Deus. Por isso seu ensinamento era revestido de uma autoridade que os doutores da Lei e o fariseus não tinham. Também nós precisamos aprender a rezar, e a rezar como Jesus rezava. Fica claro que não basta rezar de vez em quando. A oração supõe perseverança. Nas palavras de Dom Pedro Casaldáliga, a oração é “o outro pão nosso de cada dia”. Ela é um caminho para a proximidade de Deus que precisa ser cultivado diariamente. E como existem vários caminhos, vários métodos, aqui vamos nos deter sobre o método da leitura orante da Bíblia ou Lectio Divina.

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Quatro passos da Leitura Orante 1º passo: LEITURA – Este momento corresponde à busca: o que o texto diz em si. É a leitura calma e atenta do texto indicado na Sagrada Escritura. Este momento é precedido de uma busca de uma posição do corpo que favoreça à oração, do esforço sincero de um silêncio exterior e interior, e da invocação do Espírito Santo. Depois disso, trata-se de entrar em contato com o texto, perceber a força das palavras e procurar descer à situação mesma que a Escritura apresenta naquele trecho. 2º passo: MEDITAÇÃO – Trata-se de buscar o que o texto diz pra mim. É o momento em que, a partir da leitura feita, voltamos ao texto a fim de obter uma compreensão maior e mais profun-

da do texto bíblico. Guigo orienta a usar a mente e a razão para poder descobrir a “verdade oculta”. Trata-se de estabelecer um diálogo com o texto e, através dele, dialogar com o próprio Deus. É o exercício de buscar no texto a luz para nossa vida. É o momento de deixar o texto falar a nós. “Fala, Senhor, teu servo escuta.” (1Sm 3,10.) 3º passo: ORAÇÃO – Trata-se agora de formular o que o texto me faz dizer a Deus. Esse momento nasce da vontade de abrir o coração e falar com Deus: “A minha alma engrandece o Senhor...” (Lc 1,46.) A meditação conduz a uma admiração silenciosa, uma adoração ao Senhor. Daí brota a oração, a nossa resposta à Palavra de Deus. É passar a Palavra da mente para o coração. So-

4º passo: CONTEMPLAÇÃO – Trata-se, enfim, de buscar o que o texto sugere para o mundo de hoje. O olhar contemplativo vê além das aparências. É usar os “olhos do coração”. Contemplar como seria o mundo transformado pela Palavra de Deus ouvida, meditada e rezada. Qual é o sonho de Deus para nossa vida concreta? É uma inspiração para o nosso agir no mundo. É o momento da passagem da Bíblia para a vida. É perceber a ação de Deus na história e também procurar descobrir que atitude Ele espera de mim, de nós. É procurar comprometer-se com o processo de transformação que a Palavra Deus quer provocar dentro da história. Breve composição Procurando uma forma simples de explicitar esses quatros passos da leitura orante da Bíblia, surgiu esta pequena composição, que nos ajuda a memorizar esse método. Cada verso procura sintetizar um desses quatro passos. 1. A leitura vou fazer, vou rezar e refletir, / devo, então, me perguntar: o que o texto diz em si? / Ler, meditar, rezar e contemplar. / Passos

tão pequenos, fazem a vida transformar. 2. Meditando, passo a passo, vou assim, sem distrair, / perguntando, perguntando: o que o texto diz pra mim? 3. E agora vou rezar, por aqueles que são teus, / abrirei meu coração: o que vou dizer a Deus? 4. Contemplar, enfim, eu vou, sem ter pressa e sem demora. / Meu Senhor já me enviou: o que vou fazer agora? Tendo em vista a importância da leitura orante da Bíblia para a vida e a missão da Igreja, a partir deste número do Jornal O Lutador, procuraremos manter um pequeno roteiro de leitura orante para ajudar o leitor a ter ainda maior intimidade com a Palavra de Deus. De um modo simples, sem perder a profundidade, vamos oferecer uma proposta de leitura orante a partir do Evangelho dominical, em sintonia com a liturgia da Igreja. Este roteiro poderá ser usado para um encontro pessoal, familiar ou comunitário com a Bíblia. O anseio maior é que não sejamos apenas ouvintes, mas verdadeiros praticantes da Palavra. Desejamos ainda fortalecer a iniciativa da Animação Bíblica de toda a Pastoral, como a Igreja nos propõe em suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (DGAE – Doc 94 da CNBB). Que este caminho favoreça que nos debrucemos, gostosamente, sobre a Palavra de Deus, pois “tua Palavra é assim, não passa por mim, sem deixar um sinal”.❚

Ide, fazei discípulos e ensinai! – R ot eiro par a reflex ão ou leit ur a or an t e da B íbli a Evangelho do domingo 01/06/2014 Iniciando o encontro a) Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa, invocação da Trindade. b) Oração do Divino Espírito Santo. A - SITUANDO O TEXTO: Galileia é o lugar da Igreja, onde a comunidade se reencontra com seu Senhor e Mestre, é o lugar onde a comunidade experimenta a presença viva de Jesus. É quando estamos na “Galileia”, celebrando a vida, que sentimos a presença do Senhor. Ele continua no meio de nós e sempre nos anima a ir mais longe. Vamos, com calma e atenção, ouvir o que o Senhor quer nos falar. Canto para a leitura da Bíblia: (à escolha)

B - O QUE O TEXTO DIZ EM SI. Ler na Bíblia: Mateus 28,16-20. Chave de Leitura: 1. Qual a reação dos discípulos quando viram Jesus? 2. O que Jesus ordena a seus discípulos? 3. Qual garantia Jesus deixa com seus discípulos? 4. O que este texto tem a dizer para nós, hoje? C - O QUE O TEXTO DIZ PARA NÓS. Jesus se encontra com seus discípulos no “monte”. Na Bíblia, monte significa o lugar de encontro com Deus. Moisés recebe as tábuas da Lei no monte, Elias experimenta Deus no monte, a transfiguração de Jesus acontece num monte. O monte também relembra a atuação de Jesus, suas lutas,

desafios (monte das tentações), seus ensinamentos e milagres (monte das bem-aventuranças), sua entrega na cruz (monte do Calvário). Os discípulos fazem, no monte, uma experiência de encontro com Deus. Cantando: Eis-me aqui Senhor! / Eis-me aqui Senhor! / Pra fazer Tua Vontade pra viver do Teu Amor ... Todos os evangelistas conferem importante valor à missão dos discípulos. Mas o Evangelho de Mateus, tem uma acentuação particular: “Ide, pois, fazei discípulos...” (Mt 28,19). Esta expressão “fazer discípulos” é um caso único em todo o Novo Testamento. E neste caso a missão fica bem direcionada. Os discípulos são enviados a ajudar outras pessoas a se tornarem também discípulas,

a se “deixar ensinar por Jesus” e a ter amizade com Ele. São enviados a “apresentar” a pessoa de Jesus aos outros. Cantando: Eis-me aqui Senhor! / ... “Toda autoridade me foi dada...” (Mt 28,18). Esta palavra reforça o tom imperativo: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (v.19); É a última frase pronunciada pelo Senhor em sua passagem pela terra. Portanto, jamais deve ser esquecida pelos seus amigos discípulos. É nossa missão formar um povo missionário. Devemos ser discípulos fazedores de novos discípulos de Jesus. E o Evangelista escreveu no tempo presente: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (v. 20). Cantando: Eis-me aqui Senhor! / ... O que mais nos chamou a sua atenção no texto bíblico e no comentário acima?

D - O QUE O TEXTO NOS FAZ DIZER A DEUS. (Preces e Orações) a) Senhor, neste momento em que a Igreja do Brasil reforça o apelo missionário, fazei com que cada batizado assuma a sua missão de discípulo missionário, rezemos: Todos: Ficai conosco, Senhor, todos os dias! b) Senhor, fazei que nossas comunidades sejam capazes de despertar e formar novos discípulos missionários a serviço do Reino de Deus, rezemos: c) Senhor, que este mês da Bíblia nos faça mais ouvintes e praticantes da Palavra, empenhados em levar a boa nova de Jesus aos mais pobres e necessitados, rezemos. (Outras preces espontâneas)

E - O QUE O TEXTO SUGERE PARA O MUNDO HOJE Os discípulos são levados para fora da cidade e

abençoados para a missão. São feitos testemunhas vivas do Evangelho com a missão de levar a Boa Nova a todas as nações. Eis, aí, mais uma vez a missão continental que é confiada à Igreja. “É missão de todos nós. Deus chama, eu quero ouvir a sua voz”. Da Bíblia para a vida: O que podemos fazer para que, mais pessoas se tornem discípulas de Jesus? F – Tarefa Concreta: 1. Rezar Isaías 50,4-9. 2. Participar da vida de sua comunidade Encerramento: Pai nosso e pedido de Bênção a Deus.❚

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