A Lenda da Criação do Mundo e dos Orixás (Animação, 15\', 2013 - NEAB-UERJ, RJ/Brasil) [Link para o vídeo no resumo]

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Descrição do Produto

Reitoria Ricardo Vieiralves de Castro Vice-reitoria Paulo Roberto Volpato Dias Sub-reitoria de Graduação – SR1 Lená Medeiros de Menezes Sub-reitoria de Pós-Graduação – SR2 Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron Sub-reitoria de Extensão e Cultura – SR3 Regina Lúcia Monteiro Henriques Centro de Educação e Humanidades Glauber Almeida de Lemos Faculdade de Educação Rosana Glat Núcleo de Estudos Afro-brasileiros – Neab-Uerj Maria Alice Rezende Gonçalves

Aos orixás que permitiram encontros e concretização de projetos. Aos Ibejis, deuses gêmeos protetores das crianças.

O

Núcleo de Estudos Afro-brasileiros* da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro apresenta o terceiro volume da coleção A Lei 10.639/03 e a Formação de Educadores. Trata-se de um vídeo de animação intitulado A lenda da criação do mundo e dos orixás, baseada em uma fábula de origem iorubá, mantida viva pela tradição oral. O trabalho foi criado e utilizado como material didático-pedagógico no III Curso de Extensão em História e Cultura Negra, oferecido pelo Neab, em 2013.

O Neab-Uerj tem como objetivo desenvolver projetos de pesquisa e extensão sobre a questão étnico-racial na sociedade brasileira. *

Acreditamos que o reconhecimento da produção cultural dos afro-brasileiros é um dos caminhos para a construção de um país verdadeiramente multicultural, que erradique as práticas racistas que sustentam as discriminações, preconceitos e produzem desigualdades. Acreditamos também que o legado afro-brasileiro pertence aos brasileiros de todas as origens. Por isso, a Lei 10.639/03 nos estimulou a apresentar de forma lúdica o tema da criação do mundo e dos orixás, que tanto faz parte da religiosidade brasileira quanto da afro-brasileira. Este vídeo, destinado à educação infantil, tem como objetivo difundir os valores civilizatórios da cultura afro-brasileira, preservar sua memória e combater qualquer tipo de intolerância religiosa.

O candomblé e os orixás O candomblé é um sistema simbólico organizado, cujos símbolos sofrem permanente influência da sociedade que, reciprocamente, os influencia. Portanto, não existem no Brasil “cultos puros”, ou seja, práticas religiosas mais próximas de um modelo africano, em detrimento de outras que seriam classificadas como sincréticas. O candomblé possui um sistema de representações e práticas próprias que estão em permanente adaptação e mutação e que ganham sentido no processo efetivo de nossa vida social, ou seja: trata-se de um fenômeno social genuinamente brasileiro.

As mais antigas casas de candomblé datam da primeira metade do século XIX e existem até hoje na Bahia. Acredita-se que o primeiro terreiro de candomblé, o Ilê Axê Iyá Nassô, foi fundado por três escravas libertas originárias do kêto. No final do século XIX, conflitos na sucessão dessa casa deram origem a uma dissidência, que fez surgir o Ilê Iyá Omi Axê Iyá Massê. Outra desavença na sucessão do Ilê Nassô originou outro terreiro, o Ilê Axê Opô Afonjá. Hoje, os orixás são cultuados em várias religiões de matriz africana existentes no Brasil. A África abriga centenas de orixás. As estimativas calculam que existem entre quatrocentos e seiscentos deuses cultuados naquele continente. Acredita-se que durante o século XIX, os iorubás, vindos para o Brasil na condição de escravos, trouxeram com eles cerca de duas dezenas de orixás, dando início aos cultos afro-brasileiros. Cada orixá é responsável por uma porção do mundo, zelando por uma parte específica da natureza e controlando aspectos do ser humano e das relações sociais. Eles representam as forças da natureza, os fenômenos naturais, as atividades econômicas, os minerais, os conflitos e as doenças epidêmicas. O objetivo do culto é a manutenção do equilíbrio entre os humanos e as forças vitais do universo, em busca de estabilidade, harmonia e desenvolvimento espiritual.

O vídeo Trata-se de uma animação com uma linguagem acessível ao público infantil, com a utilização de materiais presentes no dia a dia da escola – brinquedos, sucatas e papeis de diferentes texturas – que, acreditamos, pode facilitar a comunicação entre alunos e professores e simplificar a transmissão de conhecimento. Nossa expectativa é que este vídeo possa fazer parte das rodas de histórias comuns nas classes da educação infantil.

A lenda No inicio dos tempos não havia nada. Olorum, o deus supremo (energia vital), vivia só. Como ele tinha o dom de dar vida às coisas, criou um ser e, através de seu sopro, concedeu vida à criatura. Assim nasceu Oxalá, o primeiro orixá. Olorum criou também outros orixás. A cada um deles coube uma tarefa específica, tais como zelar pelas forças elementares da natureza – raios, trovões, ventos, águas; pelos fenômenos naturais como o arco-íris; pelas atividades econômicas – como a caça e a agricultura; pelos minerais – como o ferro; pelas guerras; e pelas doenças. Olorum criou também o Orum, o além, o espaço sobrenatural onde viveriam os orixás em paz e harmonia.

Oxalá recebeu de Olorum a tarefa de criar o Ayê, o mundo, universo físico concreto onde vivem os homens. Mas quem cumpriu essa missão foi Odudua. Coube, então, a Oxalá criar os seres que habitam o Ayê – a humanidade. Usando o barro como matéria prima, criou o homem e a mulher, cópias imperfeitas dos deuses, que do barro vieram e ao barro voltarão. No início, os deuses e os homens transitavam livremente entre o Orum e o Ayê, não havendo fronteiras. O Orum – o espaço sobrenatural – é um mundo paralelo que coexiste com todos os conteúdos do mundo real. Por exemplo, cada indivíduo, cada árvore, cada animal, cada cidade possui um duplo espiritual e abstrato no Orum. A separação dos dois mundos se deu depois da violação de uma interdição. Após a violação dessa interdição e a consequente separação dos dois mundos, os seres humanos não mais podiam ir ao Orum e voltarem de lá vivos. Desde então, os dois mundos permanecem separados para sempre. No Orum habitam os orixás e no Ayê vivem os homens. Quem habita no Orum são os deuses, os orixás. Entre os mais conhecidos estão Exu (o mensageiro), Ogum (da guerra), Oxossi (da caça), Nanã (da Terra), Omulu ou Obaluaê (das doenças contagiosas), Xangô (do trovão e da justiça), Iansã ou Oiá (dos raios), Oxum (da água doce), Iemanjá (do

mar) e os Ibejis (gêmeos da infância), Odudua (responsável pelo surgimento da Terra) e Oxalá (pela criação do homem). Há, ainda, muitos deuses que não estão representados em nosso vídeo, como: Oxumaré (do arco-íris), Iroco (das velhas árvores), Euá (das fontes), Ossaim (das folhas), Obá (do rio), Logun Edé (da caça e da pesca) e Ifá ou Orumilá (do jogo de búzios). Depois que Olorum, o deus supremo, criou os orixás, não se intrometeu mais na vida dos homens. Deixou tudo nas mãos dos orixás. Cada ser humano é filho espiritual de um determinado orixá, herdando dele suas características físicas e de personalidade. Quer saber que orixá cuida de você? Os pais ou mães-de-santo, sacerdotes que dirigem os templos dos orixás, podem identificá-los por meio do jogo de búzios.



Axé.

A lenda da criação do mundo e dos orixás Projeto: Neab-Uerj/MEC/Uniafro/FNDE Coordenação: Maria Alice Rezende Gonçalves Produção e pesquisa: Maria Alice Rezende Gonçalves, Ana Paula Alves Ribeiro e Cristiano Cardoso Orientação da pesquisa: Maria Alice Rezende Gonçalves e Ana Paula Alves Ribeiro Orientação de fotografia e câmera: Ana Paula Alves Ribeiro e Cristiano Cardoso Câmera e Fotografia: Cristiano Cardoso, Aline de Oliveira, Dayana Doria, Edna Andrade e Vinicius Oliveira Pereira Edição: Cristiano Cardoso Narração: Zaíra Bosco e Cristiano Cardoso Arte e Bonecas Abayomi: Lena Martins Agradecimentos: Ariana Felipe e Cláudio Café (Bonecas Abayomi); Juliana Corrêa, Juliano Gonçalves e Marcelo Lima (colaboradores); Barbara Morais, Cecília Figueiredo, Luiz Carlos Lima e colegas (Cecip/Megapixel); David Honório, Juliana Freitas, Simone Ribeiro e Sormani Silva (Neab-Uerj)

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Educação Núcleo de Estudos Afro-brasileiros

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