A livraria do convento de S. Francisco de Leiria

May 21, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: Bibliotecas, Diocesis history - Leiria-Fátima, Leiria
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EstóriasdanossaHistória Ricardo Charters dAzevedo

A livraria do convento de S. Francisco de Leiria I o convento de S. Francisco de Leiria teria alojamentos para uma trintena de frades, e segundo O Couseiro, em 1474 teria 35. Havia particular cuidado com a formação cultural e teológica dos noviços, pois se preparavam para a ordenação presbiteral. Como escreve o Professor Doutor Saul A. Gomes no seu texto publicado no Itinerarium, XL (1994), os noviços eram oriundos de toda a Província Franciscana de Portugal, mostrando a importância deste convento. Um dos indicadores da qualidade da formação concedida aos noviços, bem como da formação cultural que eles recebiam, são os livros que o convento possuía e as ofertas que lhe chegavam. Não se julgue que havia livros para todos, pois que na pobreza do convento e no espírito seráfico tudo era comum. Por exemplo, não se davam aos frades o uso de breviários que ficavam das ofertas dos defuntos, senão com muitas cautelas e fazendo ver que pertenciam a toda a comunidade. Aos que, por necessidade, faltavam ao coro, expunha-se um "Diurnal" na sacristia e um "Breviário" no claustro, "presos por cadeia", segundo nos relata Frei Manoel da Esperança no livro III da História Serâfica da Ordem dos Frades Menores de S. Francisco. Em 1437,uma boa parte da biblioteca do infante D. Fernando foi entregue no convento. Por volta de 1257,o fisico mestre Gil de Leiria deixa ao convento uma dezena de códices de física e de medicina. Esta doação de livros relacionados com as ciências permite-nos a pressuposição de que o convento desempenhava já uma função cultural \Jomal de Leiria 20 de Abril de 2017

datado de 1795/96, foi oferecido ao convento de S. Francisco de Leiria, pelo Frei André. Consequentemente não é de espantar que se tenha descoberto, este ano, na Academia Nacional de Belas Artes, um livro editado em 1506 que pertenceu ao convento de S. Francisco de Leiria. Esta notícia veio parar-me às mãos por comunicação da Doutora Natália Correia Guedes, indicando que se trata de um volume da obra Argonautica de Caio Valério Flaco. O exemplar não tem página de rosto com o título, mas trata-se de Argonauticon

Em 1437. uma

boa parte da biblioteca do infanteD. Femandofoi entregue no convento [de S. Francisco de LeiriaJ

especializada no seio da comunidade leiriense, como afirma o Professor Doutor Saul A. Gomes na obra citada. No Catalogo de incunábulos da Biblioteca Nacional de Portugal o número 780 é Vita Christi de Ludolfo de Saxónia, de 1486, e tem a indicação manuscrita de ter sido doado por Frei João Neto ao Convento de S. Francisco, de Leiria. O número 152é uma obra de Baptista de Sales, Summa casuum conscientie e pertencia ao Convento de S. Francisco de Leiria, por doação de Frei Henriques de Leiria. Igualmente o número 763, Semonis de Santis, de Leonardo de Utino,

- Liber primus-octavos

daquele autor. No cólofon encontra-se uma inscrição manuscrita "Este Livro he do Real Conv.to de Leiria". Os incunábulos são documentos impressos mediante a utilização de carateres móveis nos primórdios da tipografia (cerca de 1455)até 1500 inclusive (as obras impressas de janeiro de 1501a 1510são denominadas de pós-incunábulos); carateriza-se pela ausência de página de título na maior parte dos casos iniciando-se o texto, geralmente disposto a dias colunas, diretamente na primeira página; os dados relativos ao pé de imprensa encontram-se sempre no cólofon (isto é, no fecho de edição). Interessante notar que os livros que acima mencionamos estavam em outras instituições, pelo que é natural que, emprestados pelo convento de S. Francisco de Leiria, tivessem a indicação do seu proprietário. Quantos haverá em catálogos da BNPque vieram diretamente e que não têm a indicação de posse? Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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