A lógica dos espaços de consumo na transformação da vida urbana contemporânea: o caso da Praia de Iracema em Fortaleza, Brasil

June 20, 2017 | Autor: J. Braga Cavalcante | Categoria: Sociology, Consumer Behavior, Sociologia Urbana, Consumo
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A lógica dos espaços de consumo na transformação da vida urbana contemporânea: o caso da Praia de Iracema em Fortaleza, Brasil FREITAS, Geovani Jacó1; CAVALCANTE, João. P. B2

Introdução Trata-se de um estudo empírico realizado na cidade de Fortaleza, importante capital do Nordeste do Brasil, onde procuramos investigar o impacto do crescimento dos chamados espaços de consumo para a transformação da vida local cotidiana. A abordagem foi qualitativa, centrada na observação do comportamento e da sociabilidade dos indivíduos, no bairro Praia de Iracema. O espaço que foi foco da análise é o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, inaugurado em abril de 1999, trazendo no decorrer da década de 2000 uma nova dimensão para o uso do espaço na Praia de Iracema. Considere-se que, no contexto da expansão da cultura de consumo, os processos urbanos nas grandes metrópoles estão diretamente relacionados à emergência de novos hábitos e anseios sociais, aos efeitos plurais e difusos da globalização, das novas tecnologias de comunicação e informação e do investimento direto, todos trazendo novos parâmetros para a vida local e cotidiana. A análise a partir da observação e do mapeamento de padrões de uso do espaço foi a base empírica para as generalizações que serão aqui apresentadas e divididas em três tópicos importantes, onde se pretendeu, também, discutir de forma articulada algumas teorias importantes acerca do espaço e do consumo. Trata-se de uma estratégia para refletir de forma objetiva os eventos estruturais que modificam a lógica da Cidade, envolvendo processos complexos que têm efeitos diversos para grupos específicos que nela habitam. O crescimento da cultura do consumo e a transformação da vida local A cidade de Fortaleza vem passando por algumas mudanças importantes nos últimos vinte anos. O crescimento do Turismo vem constituindo um fator econômico crucial para o futuro desenvolvimento desta cidade. Por conta disso, hoje o                                                                                                                         1

Doutor em Sociologia; Professor da Universidade Estadual do Ceará. Mestre em Sociologia; estudante do curso de Doutorado da Universidade Federal do Ceará. 3 A população local com alto poder de consumo e as populações em fluxo, os turistas, incrementam 2 Mestre em Sociologia; estudante do curso de Doutorado da Universidade Federal do Ceará. 2

crescimento da infra-estrutura urbana está cada vez mais ligado à proliferação das funções de consumo e entretenimento em grau variado e não restrito à população local, mas também dirigido a populações em fluxos, os turistas de todos os lugares3. A construção de novos shopping centers em pontos estratégicos da cidade é um sintoma de que a lógica do consumo está se generalizando, até mesmo entre os indivíduos de baixa renda, integrando um número maior de grupos sociais. O surgimento de novas zonas de alto valor imobiliário, dentre elas a Varjota e cada vez mais a Washington Soares, assim como o tradicional bairro de Fátima, em processo recente de verticalização, todos indicam especificidades sociais do desenvolvimento urbano em Fortaleza. Estas dizem respeito ao fato de a vida urbana local estar cada vez mais entrecruzada a processos globais, caracterizados pela expansão da cultura do consumo. Antes de tudo, neste trabalho, de um modo geral, A noção de “cultura do consumo” implica que, no mundo moderno, as práticas e os valores culturais, idéias, aspirações e identidades básicos são definidos e orientados em relação ao consumo, e não a outras dimensões sociais como trabalho ou cidadania, cosmologia religiosa ou desempenho militar. Descrever uma sociedade em termos de seu consumo e supor que seus valores essenciais derivam dele é uma postura que não tem precedentes: uma cultura militarista, uma cultura agrária, uma cultura marítima...mas uma cultura do consumo? Portanto, falar da sociedade moderna como uma cultura do consumo, as pessoas não estão se referindo apenas a um determinado tipo de necessidades e objetos – a uma determinada cultura do consumo – mas a uma cultura de consumo (Slater, 2002, p. 32).

Evidentemente, não podemos esquecer que, nas sociedades de países em desenvolvimento ou neo-patrimoniais, a cultura do consumo não é algo tão intenso como nas sociedades superdenvolvidas, pois práticas modernas muitas vezes se misturam com práticas tradicionais de formas muito complexas, seja na cultura política ou na forma de organizar a economia. Por isso, esta noção de cultura de consumo não está posta como uma generalização apressada, mas como um guia inicial para a observação e caracterização de alguns fenômenos no decorrer de nosso percurso.

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A população local com alto poder de consumo e as populações em fluxo, os turistas, incrementam valor social à cidade por meio de seus microcomportamentos, tais como a escolha de certos bairros para morar, a valorização desta região e não daquela para comprar e se encontrar com as outras pessoas. Os novos processos urbanos, assim como o Dragão do Mar, são resultados dessa complexa interação entre o mercado e as diferentes escolhas e práticas de consumo destas populações.

Sendo assim, os acontecimentos acima mencionados apontam que Fortaleza experimenta o crescimento da cultura do consumo de modo muito mais radical do em épocas anteriores, com novas demandas sociais por bem-estar e prazer individual que não tardam em transformar os espaços urbanos, adaptando-os para tais fins. A generalização da cultura de consumo e o processo de individualização, fenômenos centrais que representam o contexto de nossa discussão, estão nos distanciando radicalmente do que muitos estudiosos chamam de primeira modernidade4. Nas palavras do filósofo Lipovetsky, longe de decretar-se o óbito da modernidade, assiste-se a seu remate, concretizando-se no liberalismo globalizado, na mercantilização quase generalizada dos modos de vida, na exploração da razão instrumental até a “morte” desta, numa individualização galopante. Até então, a modernidade funcionava enquadrada ou entravada por todo um conjunto de contrapesos, contramodelos e contravalores. O espírito de tradição perdurava em diversos grupos sociais: a divisão dos papéis sexuais permanecia estruturalmente desigual; a Igreja conservava forte ascendência sobre as consciências; os partidos revolucionários prometiam outra sociedade, liberta do capitalismo e da luta de classes; o ideal de Nação legitimava o sacrifício supremo dos indivíduos; O Estado administrava numerosas atividades da vida econômica. Não estamos mais naquele mundo (Lipovetsky, 2004b, p. 53-54).

A construção de um moderno centro cultural, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em um bairro histórico da Cidade, insere-se de maneira especial no contexto da nova modernidade. Dentre outros fatores, este projeto de modernização evidencia as atuais preocupações do governo do Estado do Ceará e sua relação com os cidadãos locais e com os estrangeiros enquanto clientes. A estratégia frenética do Estado hoje é fornecer a infra-estrutura para o consumo e os prazeres individuais, na perspectiva de que isso dinamiza a Cidade e gera divisas5. Com o Centro Cultural, a Praia de Iracema, patrimônio histórico da Cidade, é hoje um poderoso espaço de atração para os novos valores hedonistas, onde as mais diferentes formas de prazer, desde o consumo das tradições locais ao turismo sexual, são experenciadas. O consumismo está subvertendo a lógica da Praia de Iracema na medida em que o que se proliferam não são identidades historicamente arraigadas, mas práticas                                                                                                                         4

Dentre outros, que se distribuem no percurso deste trabalho, podemos citar Augé (2003); Giddens e Lash (1997). Talvez o trabalho de Harvey (2004), numa perspectiva mais materialista, tenha constituído uma das maiores influências intelectuais sobre os processos atuais que vem transformando as diversas sociedades. Para uma compreensão mais empírica e densa das mudanças atuais, ver Castells (2001), que olha a modernidade atual formada constituída por processos diversos que caracterizam uma sociedade em rede. 5 Para uma compreensão mais profunda sobre as ações, discursos e contradições da modernização conduzida pelo Governo do Estado do Ceará (1987-1994), ver Gondim (2000).

sociais de lazer e entretenimento próprios da cultura global. Este aumento do consumo exacerbado tem expulsado muitos moradores, transformando o bairro não em um lugar da boemia fortalezense e da festividade local dos artistas que lá mantêm seus ateliês. O patrimônio histórico e cultural, composto pelas fachadas recuperadas dos antigos casarões até o Memorial da Cultura Cearense no Dragão do Mar, é apreendido por anseios de consumo nada tradicionais. Trata-se, pois, de um fenômeno aparentemente paradoxal, porque vivemos numa época que respira a preservação do patrimônio histórico juntamente com a destradicionalização da vida urbana. Mas diante destes fatos, temos mais evidências sobre os efeitos da modernidade caracterizada pela cultura do consumo: De igual maneira, o efeito-patrimônio-histórico participa da mesma cultura do bem-estar individualista. Os conjuntos habitacionais modernos, os arranha-céus e blocos de apartamentos e escritórios, o litoral concretado, tudo isso acarreta o desejo de salvaguardar as antigas paisagens e os edifícios do passado como se fossem resistências à feiúra, à uniformização funcional e técnica. Embora a mania do antigo comporte uma dimensão nostálgica, ela também ilustra a intensificação dos desejos individualistas de qualidade de vida, uma cultura hipermoderna do bem-estar indissociável de critérios mais qualitativos e sensoriais, mais estéticos e culturais. Subjacentes ao gosto pelo passado, avançam as paixões hiperindividualistas de “conforto recreativo” e “conforto existencial”, as novas exigências de sensações agradáveis, de qualidade ambiental em todos os sentidos (Ibid., p. 90-91).

Essa necessidade pela preservação e uso individualista dos lugares históricos, readaptados para fins de lazer e consumo, é algo bem mais intenso em sociedades desenvolvidas. Sendo assim, não podemos dizer com segurança que a cidade de Fortaleza tenha uma consolidada política pública de preservação do patrimônio histórico. A busca de conforto, informação e experiências sensoriais não é uma realidade generalizada no contexto de todos os freqüentadores do Centro Cultural Dragão do Mar, principalmente para os vendedores ambulantes e as crianças pobres que lá trabalham vendendo balas e adesivos. Embora a busca de conforto e autenticidade sejam valores que se generalizam entre muitos segmentos sociais, a cidade de Fortaleza, especialmente sua orla marítima, é cada vez mais permeada por espaços especializados que fazem parte do contexto da vida de turistas e de habitantes de condições materiais elevadas. Isso diz respeito ao fato de não sermos tão modernos quanto os espaços como o Dragão do Mar sugerem. Mas a lógica atual de consumismo, no contexto da globalização, não espera. Ela modifica e fragmenta a cidade de Fortaleza em zonas pobres e sem valor e zonas de alto investimento. Muitas pessoas são prejudicadas neste processo devido tanto

à falta de poder para frear as mudanças radicais que ocorrem nos bairros históricos da cidade, como a Praia de Iracema, quanto à impossibilidade de freqüentar certos espaços de consumo por causa das barreiras de preços ou da enorme distância entre o bairro de moradia e o bairro do entretenimento. Apesar disso, o Dragão do Mar, espaço ambíguo, ora público, ora privado, é um fato. Sua dinâmica social irá evidenciar que as mudanças dos lugares urbanos tradicionais não se reduzem apenas ao consumo das elites como nova forma de reprodução capitalista. Mas revela, principalmente, novos valores e anseios sociais percebidos no modo de comportamento e de uso do espaço por parte de diferentes grupos sociais de Fortaleza. A Cidade na ordem dos sistemas globais e da formação das redes De fato, os processos urbanos, não só em Fortaleza, mas no mundo todo, estão diretamente relacionados à emergência de novos hábitos e anseios sociais; são efeitos plurais e difusos da globalização, das novas tecnologias de comunicação e informação e do investimento direto, todos trazendo novos parâmetros para a vida local e cotidiana. São eventos estruturais que modificaram e vão modificar ainda mais a lógica da Cidade, envolvendo processos complexos que têm efeitos diversos para grupos específicos que habitam nela. Uma cidade interconectada com os sistemas globais atuais apresentará cada vez mais – pressupondo que os gestores públicos tenham sucesso na administração e os conflitos sociais não levem ao colapso da vida urbana – novas configurações espaciais que permitam o fluxo de investimento, consumo, informação, inclusive a proliferação de comportamentos e estilos diversos, constituídos por identidades pessoais e de grupos gerados pela cultura global, sem os quais uma cidade tornarse-ia um “sistema urbano opaco”. Por sistemas globais, entendemos tanto as práticas sociais quanto os sistemas materiais e técnicos caracterizados por se ordenarem de forma global. Neste sentido, as práticas de investimento de alto risco em mercados financeiros e em bens imobiliários; o mercado de consumo da alta moda das grandes corporações com sedes em capitais mundiais, como Nova York, Paris, Milão e Tóquio; bem como o turismo internacional são sistemas globais de práticas sociais. As redes de fibra ótica, a Internet, os sistemas digitais de difusão de mensagens e imagens da grande mídia são sistemas globais de suporte material. Ambos se relacionam de perto e, muitas vezes, práticas sociais que se ampliam ao

nível global induzem a modificações tecnológicas que permitem, por sua vez, tal ampliação da ação ou prática social globalmente. O processo contrário também ocorre, quando sistemas digitais de comunicação e troca de informações alteram, mas não determinam, práticas sociais antes restritas ao território, sendo que estas práticas se globalizam quanto mais crônica a relação delas com o meio tecnológico. A Internet e o comportamento da mídia atual são os exemplos mais importantes deste fenômeno6. Por fim, vemos que os sistemas globais não possuiriam valor ou função, como atualmente possuem, se fossem restritos a lugares particulares ou ao território regional ou nacional. O valor desses sistemas humanamente mediados está justamente na capacidade de se espalharem pelo globo sem perder a coesão simbólica e sem gerar inviabilidade material ou tecnológica. Por que trazer, nesta discussão, questões relacionadas aos sistemas globais? Qual a relação entre os fenômenos urbanos de Fortaleza, particularmente a criação de um grande Centro Cultural (CDMAC) num bairro histórico, com processos que envolvem sistemas globais? Qual o impacto da proliferação dos sistemas globais, próprios de grandes metrópoles ricas e complexas, para uma cidade com as características de Fortaleza, ainda longe de se inserir no grupo das megalópoles? A questão não é discutir se Fortaleza é ou não uma grande metrópole permeada por sistemas sofisticados de desenvolvimento que promovem grande prosperidade econômica e cultural ou desigualdades sociais assombrosas. Seria algo absurdo e sem suporte empírico. Na realidade, o que devemos colocar é que, cada vez mais, o que determina o crescimento econômico e a complexidade das cidades no mundo todo não é apenas a função delas no território regional nem a construção de infraestrutura voltada para servir às demandas sociais locais. Não é assim que ocorre num mundo em que a lógica do mercado permeia diversas experiências sociais na vida urbana, onde as cidades são receptáculos de investimentos diretos, dependendo do valor delas para diferentes grupos sociais. Assim, a principal discussão dentro da realidade particular de Fortaleza é entender como ela está se                                                                                                                         6

Uma descrição da relação entre a vida social local e sua transformação pelos sistemas globais da mídia está em Giddens (2002), especialmente o primeiro capítulo. Para uma compreensão mais profunda das transformações induzidas pela Internet e as diferentes práticas sociais que interagem neste meio, ver Castells (2003).

relacionando com os processos inerentes à globalização: a formação de redes7. Temos que estar cientes sobre qual a posição e a função da cidade ou locais específicos dela em relação às redes, entendendo como esta configuração afeta o processo urbano atual desta capital. Para tanto, temos que pensar dentro de uma concepção de geografia que ajude a entender a relação global com o local. As mudanças da infra-estrutura e da produção de novos espaços e funções na malha urbana também reposiciona esta Cidade em uma nova geografia, a geografia de rede. A formação de uma geografia de rede é um fenômeno crucial do atual processo de globalização e ocorre em grau variado dependendo da função que a cidade ocupe na rede global para produção de valor. Evidentemente, não diz respeito apenas à proliferação de espaços de consumo. Envolve também redes internacionais do crime organizado e redes de prostituição que ligam muitas cidades no mundo todo. Muito provavelmente, Fortaleza já seja um nó importante deste segundo tipo de rede. Neste trabalho vamos empregar este termo geografia de rede para designar o processo complexo pelo qual interesses sociais diversos, geralmente ligados a grupos sociais dominantes, tais como investidores, empreendedores imobiliários, empresários do setor turístico, bancos e consumidores de altos níveis de renda que, não importando em qual parte do mundo estejam, selecionam zonas estratégicas dentro de cidades, segundo seu valor de mercado e o potencial simbólico que possam oferecer para o crescimento dos negócios. A implicação óbvia disso é que as transformações dos espaços urbanos em Fortaleza estão estreitamente relacionadas à proliferação do consumismo na sociedade. Fortaleza ainda não se apresenta como um nó de inovação e consumo nas dimensões de outras metrópoles do País e do mundo, como a cidade de São Paulo8. Mas a cidade de Fortaleza, particularmente no contexto desta pesquisa, vem conseguindo se manter conectada à cultura de consumo, especialmente na rede de turismo, algo crucial para que ela possa se modernizar e melhorar sua infraestrutura, tornando-se propícia à consolidação deste ramo de serviços. É                                                                                                                         7

Para uma compreensão mais detalhada e mais ampla dos diferentes processos sociais que caracterizam uma sociedade em rede, ver Castells (2001). Para uma compreensão mais antropológica do mesmo conjunto de discussões sobre as sociedades globais, no âmbito da construção de identidade pelos grupos humanos, ver Augé (1998). Para fins analíticos deste trabalho, vamos utilizar algumas contribuições dessas obras centrando mais em aspectos relativos ao espaço. 8 Castells aponta a região de Nova Faria Lima como um nó que liga São Paulo à rede mundial de infra-estrutura de comércio e inovação mundial. (2001).

exatamente por isso que o Estado e os investidores privados vêm articulando a criação de outros espaços diversificados, como é o próprio Centro Cultural Dragão do Mar. Sem tais investimentos e sem o fornecimento da infra-estrutura necessária ao crescimento do turismo, a Cidade corre o risco de desconexão das redes de valor e investimento dos fluxos globais. Consideremos, então, que As funções a serem preenchidas por cada rede definem as características dos lugares que se tornam seus nós privilegiados. Em alguns casos, os locais mais improváveis tornam-se nós centrais por causa da especificidade histórica que acabou centrando uma rede determinada em torno de uma localidade específica (Castells, 2001, p. 438).

Assim, a rede de turismo e a futura consolidação ou não de Fortaleza como um nó pertencente a esta rede é um dado crucial para entendermos como os sistemas globais modificam as estruturas locais e específicas, tanto em termos de valores, o crescimento da relação individualizada com os espaços públicos, quanto em termos de infra-estrutura urbana. Estes fatos são importantes para o pesquisador que deseja mergulhar nas redes intrincadas da vida urbana. Os efeitos dos processos globais, na vida local, também se manifestam no plano do discurso, principalmente o arquitetado pelo Estado. Entretanto, se olharmos para o Centro Dragão do Mar, não apenas por meio da interpretação do discurso oficial, mas observando o fluxo de pessoas, o comportamento dos consumidores dos serviços, os sons emitidos pelas boates e pelos bares, a estética do usuário, veremos que os fenômenos atuais de remodelação urbana não deveriam ser encarados como resultados exclusivos do discurso oficial e das forças do capital9. A construção de um complexo espaço de cultura e entretenimento, com uma pluralidade de condutas e formas de sociabilidade, não é simplesmente resultado do poder de instituições locais dominantes, como o Estado. Os efeitos globais – a cultura do consumo global e o crescimento do individualismo – sobre a vida cotidiana extrapolam a visão excessivamente mecânica em que a modernidade é algo oficial (ou top-down) e imposto para as pessoas num processo passivo. Nem mesmo a complexidade em que os processos globais se organizam pode ser apreendida e controlada comodamente pelo Estado. No máximo, os governos dos Estados locais, uns mais outros menos, podem criar estratégias de inserção, sem as                                                                                                                         9

Uma leitura mais centrada nos efeitos da reestruturação do capital sobre o planejamento urbano está em Arantes (2000).

quais a cidade é suprimida das redes globais de alto valor econômico e cultural. Isso não significa dizer que hoje o Estado, em sua conseqüente diminuição, não seja importante diante da liberalização do mercado. Pelo contrário, especialmente no contexto do Ceará, ele vem sendo peça-chave para a promoção do turismo. Segundo Dantas, As políticas públicas adotadas, seja pelo governo do Ceará, seja pela municipalidade, tentando adaptar a capital a esta nova racionalidade [promoção de uma imagem turística; destaque nosso], em parceira com políticas privadas, suscitam forte aumento do fluxo turístico dirigido para o Estado, principalmente para Fortaleza, que se torna centro de recepção e de distribuição dos fluxos turísticos. Assiste-se ao sucesso da política de desenvolvimento do turismo, atividade de caráter nacional com forte participação regional, tendo em vista, porém, a inserção no mercado turístico internacional (Dantas, 2002, p.88).

Assim, poderíamos dizer que o que está mudando é a função social básica do Estado, direcionado mais para a privatização e para o fornecimento de infraestrutura necessária para a expansão do consumo na sociedade e menos para a manutenção de serviços públicos há muito já precarizados. O discurso do governo do Estado do Ceará pode ser visto como parte de um comportamento particular; uma unidade que possui poder decisório, embora limitado, que responde e dialoga, no âmbito de suas restrições, frente ao impacto da proliferação dos sistemas globais de criação de valor e função sociais. Os projetos de criação de novos complexos, juntando-se ao CDMAC, são formas de responder às novas necessidades que escapam ao controle do Estado e da sociedade locais. Vejamos um fragmento de texto retirado do Relatório de Impacto Ambiental realizado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) sobre a construção do Museu do Mar10, de fato, outro grande empreendimento de negócios: Um dos objetivos estratégicos do Governo é promover o Ceará como destino preferencial do turismo. Dessa forma, é necessário dar sustentabilidade econômica, financeira, social e ambiental à oferta turística atual e futura do Estado, incluída toda a cadeia produtiva do turismo. Essa cadeia compreende hotéis, pousadas, bares e restaurantes, empresas e espaços de eventos, casas de espetáculos, agências de receptivo e emissivo, transportadores aéreo, rodoviário e marítimo, locadoras de veículos, artesanato, comércio em geral, dentre outros. Sem a implantação do Museu do Mar, o Governo perderia um importante equipamento de caráter cultural e turístico, que comprometeria este objetivo estratégico (SEMACE - Relatório de Impacto Ambiental/RIMA - 17 de março de 2005).

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Atualmente, seguindo a mesma lógica, está em construção o Aquário de Fortaleza, que se localizará na Praia de Iracema. Recentemente também foi inaugurado o Centro Multifuncional de Eventos e Feiras do Ceará.

Diante desta atraente cadeia produtiva do turismo, com espetáculos, restaurantes, bares, hotéis, museus e de algumas práticas advindas do mundo do business para dentro do Estado, somos tentados a ver o Governo, por meio de seu discurso, como principal promotor da sociedade de consumo, simbolizando também uma Fortaleza moderna que nasce do poder público. Contudo, o desenvolvimento da sociedade de consumo é cada vez menos uma questão de imposição unilateral por parte das instituições dominantes, como o Estado, e mais um sintoma revelador de novas relações de troca e poder. Os governos são um dentre vários agentes dominantes que alimentam a criação de redes de consumo e informação. Até mesmo as forças do mercado possuem um poder relativo, e não absoluto, sobre os variados comportamentos de consumo da sociedade. Nesse contexto, o maior dilema que se apresenta para qualquer pesquisador urbano, especialmente em cidades de países pobres ou emergentes, é compreender como uma cidade pode se integrar às redes de consumo e informação, evitando a desconexão social e econômica de outros segmentos de consumidores. Espaços de consumo como cultura material da sociedade contemporânea A cultura material da sociedade de consumo é também uma forma de comunicação, ocorre nos processos de interação entre sujeitos sociais que devem processar as informações do meio social complexo, muitas vezes influenciando o próprio meio com o modo particular como tais informações são apreendidas. Neste sentido, as formas de vida modernas subjacentes à cultura do consumo não estão apenas na mídia, ou nas estratégias de outras instituições mais amplas, como o Estado ou grupos financeiros. Estão na complexidade das relações sociais da vida cotidiana. Aqui encontramos um modo fundamental de analisar o CDMAC: as formas de vida modernas são constituídas de micro-comportamentos, estão na ordem cotidiana do contexto de vida das pessoas. Para fazermos uma exemplificação comum, se os indivíduos não procuram encontrar amigos no Bar Avião ou no Café Santa Cara, preferindo vê-los na pracinha de seus bairros, não haveria sustentabilidade prática e simbólica para esse Centro Cultural existir. A cultura do consumo fornece a matriz ética e moral observável no projeto de revitalização da área da Praia de Iracema, na concepção arquitetônica do CDMAC, é interpretável nas falas e depoimentos, nos diferentes meios de comunicação, dos agentes envolvidos com a promoção do turismo no Estado do Ceará. Mas a

moderna cultura do consumo apresenta-se de modo mais observável nos padrões de comportamento da ordem cotidiana. Se o Dragão do Mar não fosse uma cultura material própria desta ordem cotidiana, ele “desapareceria”, seria desligado das redes de consumo dominantes. Como meio analítico deste trabalho, vimos que os padrões de comportamento são formas de comunicação entre indivíduos e grupos. A própria pluralidade destes padrões no espaço, por sua vez, já constitui um sistema de informação das experiências sociais. Basicamente, a complexidade gerada no Dragão do Mar é intensa porque lá existem muitas formas de uso. A pluralidade ou diversidade de estilos individuais e de subgrupos de freqüentadores existentes no Dragão do Mar são em si sistemas de mensagens de algum modo interpretadas pelos consumidores. Ou seja, padrões informam padrões. As pessoas observam ou percebem padrões, muito embora só se integrem nas práticas sociais que mais se relacionam com a sua coerência de estilo e de identidade pessoal. Em síntese, uma cultura está nas práticas sociais, que são por ela estruturadas. E não é diferente numa sociedade marcada pelo crescimento do consumismo, ou simplesmente da cultura do consumo. É neste sentido que apenas no plano do discurso e dos projetos, ela não se sustentaria. Pois é o “feedback” social – uma complexidade de informações gerada pelos padrões de comportamento na vida urbana – que dá vigor à cultura do consumo. Esta estrutura de valor, por sua vez, informa os comportamentos. As formas de sociabilidade marcadas pela individualização não são as únicas existentes hoje em Fortaleza, claro, mas são as formas dominantes. Ou seja, estão definindo tendências sociais próprias deste início de século. Expressam-se na diversificação dos espaços urbanos, segundo critérios de mercado e de escolhas individuais. Tal fenômeno de diversificação e o modo como vem operando em várias cidades do mundo alimenta muitos debates sobre a pós-modernidade na arquitetura e no projeto urbano11. Não é por menos que o Dragão do Mar, antes mesmo de ser concluído, foi objeto de polêmica e debates acirrados nestes seis anos de existência.

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Para uma leitura mais aprofundada sobre estas questões, ver Connor (1996). Harvey (2004) deu outra enorme contribuição a este estudo.

Se o Dragão estiver desconectado da cultura do consumo12, ele se apresentaria socialmente opaco, um gigante fantasma. Mas ele não se encontra nesta situação. Pelo contrário, ele é atravessado em seus corredores por pessoas de diversos grupos sociais, casais de idosos, adolescentes, gays etc. Ele está nos sites de turismo, no Google, e até no blog13 de brasileiros e estrangeiros visitantes, como imagem digital, claro. Diante disso, adentrar no Dragão é imergir num espaço onde a pluralidade e ao mesmo tempo a fragmentação de diferentes formas de experiências individuais e de grupos mais amplos podem ser sentidas e descritas; é adentrar num espaço que não se reduz às particularidades da vida local, a símbolo da memória coletiva histórica da Cidade, nem às práticas sociais exclusivas de uma classe social. O CDMAC é uma das formas espaciais das novas redes de sociabilidade contemporâneas, porque ele não conduz à adesão coletiva, só induz à escolha (mas também pode restringi-la) dentre um leque de opções de experiências existentes. Considerações finais e esta colonização de novos espaços que irão transformar nossa cultura, não de modo arraigado como na primeira modernidade, mas vinculando a vida cotidiana e pessoal a fenômenos de extensões globais, que caracteriza o ritmo acelerado das informações e da produção cultural. Por isso, bairros e áreas maiores da Cidade podem sofrer rápidas transformações, como no caso da região onde se situa o Dragão do Mar. O próprio CDMAC é tido como uma “espaçonave” que pousou na Praia de Iracema. Para Castells (1999) a arquitetura a-histórica é um tendência dominante em nossas sociedades, e segue a lógica dos espaços de fluxos. Estes, por sua vez, respondem aos anseios da cultura dominante de nossa época. Uma arquitetura assim não possui relação com os lugares e arquitetura locais, ela apenas faz sugestões através de alguns elementos estéticos. Olhando-o atentamente, percebemos que sua única pretensão não é resgatar nada, mas tentar criar uma imagem moderna de Fortaleza.                                                                                                                         12

Quando falamos no Dragão do Mar, estamos falando também do seu entorno de bares e boates. Aqui, o Dragão é analisado mais como um sintoma, uma experiência ligada à emergência de padrões de sociabilidade próprios da sociedade de consumo. Desta forma, as questões levantadas em torno do CDMAC não ficam fechadas à imagem de uma suposta ilha de bens culturais e de entretenimento. 13 Blog ou Weblog são páginas da Internet que possuem uma ordem cronológica de acontecimentos, diariamente alimentadas, podendo abranger uma infinidade de temas ou exprimir sentimentos e experiências pessoais do autor, sendo importantes fontes de pesquisa.

Com a emergência de novos espaços, distantes da tradição e da memória coletivas, funcionando em maior ou menor grau como passaportes simbólicos das redes de consumo e informação e do entretenimento globalizados, a vida urbana pode ser potencialmente positiva quando amplia e propaga novos códigos culturais. Por outro lado, em certas condições, a vida urbana pode ser potencialmente opressora e excludente. Cada vez mais a cidade se comporta de um modo binário: ou se está na rede, ou se está fora dela. Nossa próxima jornada será com o lado desconectado da rede. Referências ARANTES, Otília et al. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópoles, RJ: Vozes, 2000. ___________. Urbanismo em fim de linha e outros estudos sobre o colapso da modernização arquitetônica. 2 ed. São Paulo: UNESP, 2001. ARAÚJO, Maria Matos; CARLEAL, Adelita Neto. Opulência e miséria nos bairros de Fortaleza-Ce [online]. Ago. 2003. http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-146(030).htm.

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