A loja do cidadão em Leiria

EstóriasdanossaHistória Rícardo Charters dAzevedo

A loja do cidadão em Leiria DR

IEstranhará o leitor este título. No entanto, até há pouco tempo uma casa comercial de pronto-a-vestir ocupava as instalações que o Município de Leiria irá comprar para instalar a Loja do Cidadão há muito prometida. Consequentemente, parece importante contar resumidamente as "estórias" que se contam sobre deste edifício émblemático de Leiria. O edifício em causa estava em construção em 1843 como mostra a gravura da autoria do conde Athanasius Rczynski, que esteve em Portugal de 1842 a 1848. Era seu proprietário José Santos, rico empresário com fortuna feita no Brasil, bem casado, e que ao conseguir comprar os terrenos onde se encontravam uns moinhos abandonados (as arcadas deles ainda se encontram expostas por detrás do edifício, no Largo do Cónego Melo), no fundo do Campo D. Luís, ou Rossio, aí construiu a sua casa. José Santos afirmava-se. assim em Leiria construindo a sua residência junto a antigas casas nobres de Leiria, como a dos paços dos Vila Real ou dos Botelhos. Teve um único filho, o Zézinho, que foi quase toda a vida um solteirão irascível. O José Santos (Zézinho Santos) era um senhor respeitável, alto, muito rico, e avarento, segundo Raul Faustino de Sousa (em As Minhas Memórias recentemente publicadas). Casou-se já muito tarde com uma rapariga bonita, nova, elegante e com metade da idade dele. O Zézinho Santos faleceu e a sua viúva ainda se casou mais três vezes, tendo enterrado todos os maridos à exceção do último, que era irmão dos outros dois. Ela herdou da família Santos, pois a sogra veio a falecer depois do Zézinho Santos, tendo-lhe deixado a fortuna. . A Diocese de Leiria foi extinta a 4 de setembro de 1882, passando para a de Coimbra as 23 freguesias do concelho de Leiria, duas de Pombal e as restantes 25 para o Patriarcado. Foi restaurada a Diocese de Leiria pelo Papa Bento XVcom a Bula Quo vehementius, de 17

I Jornal

de Lema 1 de"Dezembro de 2016 .

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de janeiro de 1918.Por decreto da Congregação dos Bispos, de 13de maio de 1984, confirmado pela bula pontificia Que pietate, com a mesma data, foi dado à Diocese o título de Leiria-Fátima. Lembremo-nos que até à extinção do bispado a residência dos bispos tinha sido o seu paço, no edifício onde hoje se encontra instalada a PSP,no largo de S. Pedro, ao Castelo. Ora, pertencendo ao Estado e encontrando-se lá instalado o quartel do Regimento de Artilharia Ligeira, em 1918,quando da restauração do bispado, haveria de se encontrar urna residência digna para o bispo. Começou -se por alugara casa no Terreiro, propriedade 'dos descendentes do primeiro visconde de S. Sebastião. Essa casa, mais tarde Pousada da Juventude, possui um passo (local onde se guardam, ou estacionam, os andores durante as procissões), o que permitiu que esse espaço fosse transformado,

durante algum tempo, em capela privativa do bispo. Pretendendo a família Charters d'Azevedo recuperar a sua casa e estando disponível o palácio do José Santos, mais espaçoso e central, mudou-se para ele a residência do bispo de Leiria, em finais da década vinte do século xx. Aí se manteve até que foi construída em 1965na Quinta da Bela Vista uma nova residência junto do novo Seminário diocesano. Desde essa altura esteve abandonado o edifício, degradando-se, até que foi remodelado, tendo pertencido à Leirigec que o arrendou a cinco inquilinos, entre os quais retalhistas como a Zara e a Nike. Foi comprado em finais de 2015 pelo FundBox e hoje aguarda-se o término do processo de aquisição pelo Município de Leiria para nele ser instalado, nomeadamente, a Loja do Cidadão. Texto escrito de acordo com a nova ortografia