A Luz e as Sombras

July 25, 2017 | Autor: Mara Rosa | Categoria: Archaeology
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Para Avelino Gambi, o uso de primal, embora auxilie na consolidação e colagem de materiais ósseos, é irreversível para os mesmos, sendo que aconselha o uso de cola branca para o efeito (informação oral).
Esta norma contrasta com a anterior, em que os sacos deveriam ser dobrados de forma a que as informações ficassem protegidas. Esta mudança de estratégia de acondicionamento deu-se com a introdução das fichas de coleta, que constituem uma proteção extra às informações de referência.
Na falta de polietilendo expandido, os materiais ósseos permanecem nos sacos de coleta, envolvidos em TNT.
Não tivemos, até à data, acesso à gravação referida.




Relatório











A Luz e as Sombras











Mara Rosa IEPA, 2014


1. Introdução
Este relatório tem, como focos, a Reserva Técnica e a Difusão, direta e indiretamente relacionada à atividade de visitas guiadas ao Laboratório de Arqueologia Peter Hilbert (de Março de 2013 a Junho de 2014).
Aqui estão relatadas as ações desenvolvidas em torno da Reserva Técnica, o que engloba todo o conjunto a ela relacionado, nomeadamente os artefatos e ecofatos, a estrutura, a logística, a documentação e as pessoas, nomeadamente os colaboradores, bem como algumas das atividades relacionadas com as visitas guiadas ao laboratório.
No caso da Difusão, será feita uma breve reflexão acerca da modalidade de visitas guiadas, prestando esclarecimentos sobre ações desenvolvidas, na prática da função.
Serão, naturalmente mensionadas, algumas tarefas inacabadas e apresentadas algumas sugestões de pormenor.


As Sombras

2.1 O acervo e as pessoas
A Reserva Técnica do IEPA/NuPArq, comporta a grande maioria dos materiais arqueológicos e ecofatos coletados no Estado do Amapá, provenientes: de ações de prospecção, ou de escavação, levadas a cabo pela equipe do Núcleo; de convênios entre instituições e, ainda, de doações.
Este espólio destina-se, entre outros aspetos, a ser visto, analizado e interpretado por pesquisadores (da área de Arqueologia e outras, como Artes, Geografia ou Biologia), por estudantes e educadores e, alguns deles, por interessados em geral.
Para que isso seja cumprido, ao mesmo tempo que se zela pela conservação dos materiais arqueológicos (para que as gerações vindouras também possam ter acesso a eles), um conjunto de normas faz-se necessário e imprescindível.
No caso do Núcleo de Pesquisa Arqueológica do IEPA, foi a própria gerência que deu o "pontapé de partida" na criação e gestão da Reserva Técnica e se manteve, durante os primeiros anos do Núcleo, assegurando o funcionamento da mesma.
Já em 2010, Daiane Pereira propos-se, no âmbito de sua monografia de especialização, "Perspectivas da Curadoria Arqueológica: O caso do Laboratório de Arqueologia Peter Hilbert", fazer um plano curatorial do Laboratório Peter Hilbert, em que repensou as normas do acondicionamento do acervo arqueológico na RT, bem como do fluxo dos materiais (reserva técnica – Laboratório e vice-versa) e a sua gestão informática e em laboratório.
Produto de seu plano curatorial foi o "Guia de Boas Práticas do Laboratório de Arqueologia Peter Hilbert" (2011), em co-autoria com Mariana Cabral, de leitura obrigatória para todos os colaboradores do Núcleo.

Após a elaboração de sua monografia, Daiane afastou-se, por motivos acadêmicos, sendo que outras pessoas ficaram fazendo o papel de intermediários entre a Reserva Técnica e o Laboratório de Arqueologia e sua política de curadoria continuou em implementação.
Foi neste quadro que se deu a minha inserção na Reserva Técnica do NuPArq, com os seguintes objetivos:

Dar continuidade à política organizacional implementada por Daiane Pereira;
Registro e acompanhamento do fluxo dos materiais arqueológicos;
Acondicionamento dos mesmos;
Gestão espacial dos materiais arqueológicos;
Gestão documental e digital do Acervo arqueológico.

O lado físico das sombras
O acervo material encontra-se acondicionado em basquetas (materiais líticos, cerâmicos e outros) e caixas de arquivo (carvões e materiais ósseos), dependendo do tipo e estado de conservação dos materiais arqueológicos, à exceção das peças inteiras e remontadas, que se encontram dispostas em estantes, à imagem dos outros materiais arqueológicos, mas fora de caixas.
A gestão espacial dos materiais arqueológicos é feita de acordo com as suas características particulares, condições logísticas e de disponibilidade do espaço da Reserva Técnica, tipo e estado de preservação dos materiais e a exposição pretendida, por via de métodos de organização previamente definidos.
Assim, os materiais líticos, cerâmicos e outros, em geral, embora estejam acondicionados em sacos separados, partilham a mesma caixa; os carvões e os materiais ósseos encontram-se separados dos outros e entre si.
Apesar de, como se viu, a grande maioria dos materiais que compõem a RT serem o resultado de Projetos desenvolvidos pela equipe do NuParq, existem alguns conjuntos de materiais com outras origens; destacam-se, pela quantidade, os materiais arqueológicos coletados no âmbito do projeto UHE - Santo Antônio do Jari, assumido pela Scientia Consultoria Científica. Estes materiais foram acolhidos na Reserva Técnica do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do IEPA, a partir de um convênio entre este e a Scientia.
Note-se que, com o ritmo de chegada de materiais arqueológicos - majoritariamente provenientes de ações de resgate - o espaço físico da Reserva Técnica deve ser, constantemente, pensado e repensado .
Para que se pudesse acolher os materiais da UHE- Santo Antônio do Jari, foi necessário, por falta de caixas de armazenamento disponíveis (basquetas), manter, provisoriamente, grande parte deles nas caixas em que foram transportados, tendo as mesmas sido armazenadas no 2° andar, encostadas à parede oposta àquela em que as estantes em que estão dispostas as basquetas encostam, sendo que seis delas se encontram ao lado da escadaria que dá acesso ao 2° andar.
Ainda assim, foram utilizadas 20 basquetas, onde os materiais restantes foram armazenados, posteriormente guardadas no 2° andar, junto aos materiais provenientes do Laranjal do Jari (01 e 02).
Como resposta à superlotação que começa a surgir na Reserva Técnica, foi criado um espaço para as amostras de sedimento, a partir do aproveitamento das prateleiras superiores das estantes, já que não estavam sendo utilizadas.
As caixas foram reposicionadas, aproveitando os compartimentos vazios, ficando uma estante livre para os sedimentos, armazenados e identificados na mesma lógica que os carvões e materiais ósseos.
Quanto aos carvões, Avelino Gambi iniciou a sua separaração por categorias, com o objetivo de facilitar a localização dos materiais.
Os carvões, acondicionados em caixas de arquivo, encontravam-se armazenados em uma estante de metal, à direita de alguns dos artefatos de Calçoene (nomeadamente AP-CA-02: Rio Novo 01 e AP-CA-18: Rego Grande).
Optou-se por transferi-los para a estante encostada à parede, situada na extremidade direita do conjunto (na perspectiva do observador), de forma a ligá-los espacialmente aos materiais ósseos, tendo a estante imediatamente à esquerda ficado reservada para os sedimentos.
Feita a ligação espacial entres esses três tipos de materiais arqueológicos, uma subcategoria foi acrescentada na organização espacial: os Ecofatos, que abrangem materiais ósseos, carvões e sedimentos.
A divisão carvões – materiais ósseos – sedimentos já existia, excetuando os sedimentos que se encontravam junto, em umas ocasiões, dos carvões, em outras, dos artefatos, sendo que muitos deles ainda se encontram nessas condições.
Nesse caso (dos sedimentos), em particular, optou-se, por uma questão de oportunidade e, consequentemente, de gestão do tempo, por efetuar gradualmente essa pequena alteração.
De cada vez que sejam encontrados sedimentos em caixas de artefatos, o que geralmente acontece acuando da requisição de materiais para análise e higienização, o fato deve ser comunicado ao responsável pela Reserva Técnica que tratará do seu acondicionamento no respectivo espaço (na estante situada entre os carvões e os artefatos provenientes do sítio AP-CA-18: Rego Grande, localizados nas caixas de arquivo vermelhas).
Neste processo, faz-se necessário que o responsável pela RT verifique se já existe uma caixa destinada a armazenar os sedimentos provenientes do sítio arqueológico em questão. Caso exista e tenha espaço suficiente, os sedimentos são ali armazenados, sendo acrescentadas, no exterior da respectiva caixa, as informações de referência; em caso contrário, a mesma será criada no ato da entrada dos sedimentos na respetiva categoria.
Todas as informações de referência devem ser, prontamente, transferidas para o banco de dados, que será usado na produção das fichas informativas que identificam as caixas e os sedimentos nelas armazenados.
A forma como isso se processa pode ser consultada mais à frente, onde se trata do banco de dados e suas funções.
De resto, este procedimento é válido, neste momento, para todos os ecofatos e poderá sê-lo, também, para os artefatos.
A gestão de armazenamento dos materiais arqueológicos em geral, dava-se, tendo em conta o sítio arqueológico de proveniência e o projeto relacionado.
Tendo em conta que as necessidades do pesquisador em relação aos materiais em estudo iam mais de encontro ao espaço geográfico do que aos projetos envolvidos, foi revista a ordem de posicionamento dos materiais arqueológicos, sendo que se mantiveram nas respectivas caixas, por ordem numérica, agrupadas por sítio arqueológico, mas também por município, em vez de continuarem agrupadas por projeto.
Esta revisão levou a repensar a ordem de agrupamento das caixas de armazenamento dos materiais ósseos e carvões e dos achados especiais. Os últimos encontram-se em um armário fechado, ao abrigo da luz e de variações de temperatura significativas.
As caixas de armazenamento dos carvões encontravam-se numeradas, por ordem crescente, sendo que os critérios de numeração respeitavam a ordem de chegada dos materiais (carvões, sementes, terra queimada e, por vezes, sedimentos). Agora encontram-se numeradas por município, sendo que a sequência continua a respeitar a ordem de chegada dos materiais.

Fig. 1 - Exemplo de renumeração das caixas de armazenamento dos carvões, por Município.
No que concerne aos materiais ósseos, que se encontravam em processo de reorganização (conduzido por A. Gambim), seguiram-se os critérios de organização usados nos carvões.
A revisão do material ósseo teve a colaboração da Arqueóloga Anne Rapp, pesquisadora que analisou amostras provenientes da região de Calçoene, tendo, de caminho, analisado também alguns materiais ósseos do Laranjal do Jari 02.
Rapp sugeriu o uso de consolidante, tendo, em paralelo, explicado os níveis de concentração adequados a cada circunstância.

Fig. 2 - Anne Rapp, escavando um crânio em laboratório, com o auxílio de um primal.

Outra de suas contribuições foi, ao verificar que muitos dos materiais ósseos se encontravam envolvidos em alumínio, alertar para as consequências dessa opção de acondicionamento. Segundo ela, o alumínio cria um microclima altamente desfavorável à conservação dos materiais, sendo que, ao que parece, acelera o processo de degradação a que estão sujeitos.

Fig. 3 - Material ósseo proveniente do sítio AP-CA-38, envolvido em papel alumínio, em fase de secagem, após ter-lhe sido aplicado um consolidante.
Note-se que a maioria dos materiais ósseos existentes na Reserva Técnica foi coletada em avançado processo de degradação, o que, na maioria dos casos, dificulta, ou impossibilita a sua análise.
Por outro lado, o Acervo possui materiais ósseos muito especiais, nomeadamente ossos pigmentados em vermelho (AP-MA-27: St° Antônio da Pedreira), contas de colar (AP-CA-18; Curiaú Mirim I) e crânios, provenientes de diversos sítios arqueológicos. Materiais aos quais interessa dar especial atenção e em que seria interessante e pertinente uma intervenção de consolidação.
Com o intuito de melhorar as condições de acondicionamento dos materiais ósseos da Reserva Técnica, fica a sugestão de que sejam criadas caixas, em polietileno (devido à sua neutralidade, solidez e maleabilidade, em contraste com o isopor, aliadas ao impacto estético), adaptadas à estante dos materiais ósseos. Isto, por um lado, rentabilizaria o espaço da estante, por outro, permitiria que os materiais ósseos não ficassem, como atualmente acontece, sobrepostos.
O polietileno expandido seria (ou será) utilizado para a confecção das referidas caixas e como suporte para peças inteiras e remontadas, intervenção iniciada por Daiane Pereira, no mesmo contexto, em algumas peças inteiras e achados especiais.
Até que esta situação possa ser implementada, uma alternativa razoável, assenta no isopor que, sendo ácido, precisa ser revestido com TNT (que é neutro, segundo Anne Rapp e Daiane Pereira, em conversas informais).
Esta solução, embora de menor qualidade estética e prática, é mais econômica e passível de ser empregue no curto prazo. Foi essa a opção no acondicionamento do material ósseo proveniente do sítio AP-CA-38, cujo estado de degradação está particularmente avançado (em especial, os materiais provenientes do Poço 2).

Fig. 4 - Pormenor do acondicionamento dos materiais ósseos provenientes do sítio AP-CA-38.
Esses materiais ósseos encontravam-se envolvidos em papel alumínio, dentro de sacos plásticos, contendo a referência em seu exterior e, por sua vez, sobrepostos dentro da respectiva caixa.
A intervenção passou por retirá-los do papel alumínio e colocá-los em TNT. Em alguns dos fragmentos ósseos, foi aplicado um primal, para tentar consolidá-los, com um grau de concentração de 5%.
O processo não foi aplicado em todos os fragmentos ósseos, atendendo ao respetivo estado de conservação. Essa intervenção foi executada a título de experiência, para possíveis ações futuras.
Voltando à intervenção no material ósseo do sítio AP-CA-38 e a título de exemplo, foram cortadas placas de isopor, tendo por base as medidas da caixa, onde foi disposto o material ósseo, desta vez, envolvido em TNT e fixado com alfinetes de cabeça; foram criados três compartimentos de placas de isopor sobrepostas, ligadas por paredes do mesmo material, onde foram dispostos os materiais ósseos, envoltos em TNT, em que se anotou, com marcador permanente, o seu n° de identificação.
Visando facilitar o acesso à informação, foi criada uma ficha de referência, à semelhança das implementadas por Daiane Pereira, presente no exterior das caixas que albergam os materiais líticos e cerâmicos, contendo todas as informações relativas aos materiais, como exemplifica a imagem seguinte.

Fig. 5 - Protótipo de ficha de informações de referência, exterior da caixa.

Assim, basta consultar-se o exterior da caixa para se saber o conteúdo, estando, o n° de identificação presente no TNT de cada fragmento, exposto nas informações de referência.
Paralelamente, toda essa informação foi remetida para o banco de dados, reforçando a sua proteção, ao duplicá-la e facilitando o acesso ao conteúdo, no sentido em que basta consultar-se o banco de dados para se saber em que caixa se encontra o material pretendido.
Até à data, o reforço exterior de informações, no que respeita aos materiais ósseos, só se deu nos provenientes dos sítios AP-CA-18, AP-CA-38, AP-MA-05 e AP-MA-27. Em todas as outras caixas, esse reforço de informação ficou pendente.
Ainda na organização dos materiais ósseos, optou-se por, sempre que se encontram em sacos plásticos, copiar e transferir as informações existentes nos respectivos sacos, para um papel em seu interior (procedimento anteriormente iniciado por Avelino Gambi).
Convém que esse papel seja colocado dentro de um saco plástico antes de passar para o interior do saco que contém o material ósseo, de forma a evitar contaminações. Para além de se encontrarem junto dos materiais ósseos ensacados, as informações de referência devem, como acontece com os carvões e sedimentos, ser repassadas para o exterior da caixa, bem como para o banco de dados.
Em uma revisão aos materiais ósseos do sítio arqueológico AP-MA-05, foi detectada a presença de fragmentos cerâmicos acondicionados junto com os ossos. Como não se tratava de um caso isolado e atendendo à fragilidade particular dos fragmentos cerâmicos, concluí que não se tratava de um erro, mas de uma medida de prevenção.
Perante as hipóteses de mantê-los onde se encontravam - o que fugia claramente da categoria a que pertencem, enquanto artefato cerâmico, para além de poder dificultar a sua localização em análises futuras - ou levá-los para as respectivas caixas, aumentando o risco de degradação das peças, surgiu uma terceira, pela qual se optou, por parecer um meio termo adequado a essa situação e a eventuais situações futuras: criar outra categoria, destinada a peças comuns, mas particularmente frágeis. A escolha do local não foi difícil, tendo em conta que as alternativas não eram muitas. As estantes destinadas aos materiais ósseos foram, então, reorganizadas e restou uma estante vazia que foi destinada para esse fim.
Quanto aos Achados Especiais, trata-se de artefatos incomuns, ou com particularidades que sobressaem.
A categoria foi criada, visando o reforço da segurança e das medidas de preservação das peças, bem como uma melhoria na qualidade do seu acondicionamento. Estes objetivos se refletem na escolha do lugar: um armário de metal, escuro (que mantém os materiais ao abrigo da luz) e trancado, medida que obriga o monitoramento no fluxo das peças enquadradas nesta categoria.
Uma consequência direta da criação desta categoria é o agrupamento de diferentes peças, de diferentes proveniências. Esse agrupamento constitui uma pequena coleção, pronta, sem grande triagem, a ser exposta para visitações, quando se justifique.
Havendo poucos materiais selecionados para fazerem parte desse agrupamento, a sua organização no armário de Achados Especiais deu-se, pelo que pude observar, por tipologias: machados com machados, apliques com apliques, um banco koriabo (fragmentado) isolado (...). Entretanto, o número de achados especiais tem vindo a aumentar notoriamente e o espaço livre do armário a reduzir. Por outro lado, também há que ter em conta as necessidades dos pesquisadores que, quando pretendem analisar determinados materiais provenientes de determinado sítio arqueológico, antes de mais, devem saber que materiais existem e onde se encontram.
Tendo em conta os fatores acima descritos, os critérios de organização dos materiais no espaço passaram a uma lógica aproximada dos usados em outras categorias de materiais (todas, à exceção das peças inteiras). Assim, a coleção de achados especiais encontra-se organizada em função do espaço, do local de proveniência e do município.






Fig. 6 - Forma de organização dos materiais no armário.
O aumento do número de achados especiais, levou a repensar, também, a estratégia de exposição das informações de referência das peças: muitos dos artefatos acondicionados em polietileno ocupavam menos espaço do que o ocupado pela ficha que continha as ditas informações.
Essa constatação, aliada à dificuldade de acesso, no momento, à matéria-prima que serve de base para as peças e para as fichas correspondentes, conduziu à opção pela criação de um número de identificação individual, para as peças que constituem a coleção, à semelhança do que acontecia com os materiais provenientes de doações. Assim, deu-se o reaproveitamento do polietileno no acondicionamento de achados especiais que aguardavam bases protetoras, sendo que, quando a matéria-prima acabou, foi usado, nas peças restantes, isopor revestido por plástico bolha ou TNT.






Fig. 7 - Pormenor do número de identificação dos achados especiais, fragmento de urna Maracá, sobre isopor escavado com a forma aproximada da peça, revestido com TNT.
O número de identificação (fig. 7) substituiu as informações de referência ligadas fisicamente às peças. Para que todas essas informações possam ser consultadas no ato de requisição de materiais, e de forma a facilitar a sua localização, foram, em paralelo com as alterações acima descritas, criadas fichas relacionadas a todas as peças da categoria e afixadas nas portas do armário, no lado interno.

Fig. 8 - Pormenor da localização das fichas que contêem as informações de referência dos Achados especiais.
Cada uma dessas fichas informativas corresponde a um município, sendo que nela constam todos os sítios de proveniência correspondentes aos materiais, bem como todas as informações de referências, relacionadas ao número de identificação que liga as informações à peça (fig. 6 e 8).
Cada compartimento do armário foi identificado com uma letra, tendo a mesma sido anotada de acordo com a localização dos materiais, nas fichas informativas.
Doações é outra das categorias atribuídas aos materiais que constituem este acervo e, como o nome indica, abrange todos os materiais arqueológicos provenientes de doações.
Espacialmente, as peças correspondentes encontram-se distribuídas de quatro formas distintas, sendo que a quarta constitui uma exceção. Assim, podemos encontrá-las na estante 38, ou estante das doações; num compartimento de uma estante que suporta as peças inteiras; na seção de materiais ósseos, quando é disso que se trata e, em uma situação concreta - que optamos por manter como está, por uma questão de definição de prioridades - nas caixas de artefatos correspondentes à intervenção de Fogolari no contexto do projeto BR156 - Sul.
Cada doação comporta um número de identificação (ex.: DO.02), que relaciona os materiais a suas informações de contexto, como o(a) doador(a), a data de coleta e doação, e o local de proveniência dos materiais que, por sua vez, se encontram acondicionados em caixas de arquivo azuis. Estas caixas contêm no rótulo exterior o(s) número(s) de identificação correspondentes aos materiais contidos em seu interior.
A organização das caixas e a atribuição dos números de identificação respeitavam a ordem pela qual os materiais doados foram registrados no acervo documental.
Tendo sido mantido o critério de atribuição do número de informação, as modificações limitaram-se à ordem de armazenamento dos materiais, nas respectivas caixas. Desta forma, as doações ficaram organizadas, em sua maioria, tendo em conta o município, sendo que houve uma exceção, nomeadamente os materiais doados pelo CPAQ, devido ao fato de se encontrarem distribuídos por seis caixas. De resto, a numeração das caixas destinadas a doações continua seguindo a sua sequência original, ou seja, a ordem de entrada.
Todas as informações relativas à categoria Doações se encontram registradas no acervo digital.
As coletas assistemáticas partilham a estante com com as peças doadas. Nelas, as únicas modificações, foram de atualização.
A categoria Coletas Assistemáticas acolhe os materiais arqueológicos provenientes de prospecções, podendo ser oriundas de sítios arqueológicos, ou tratar-se de meras ocorrências.
Nos materiais albergados nessa categoria, uma ação que se considera importante é sua revisão periódica, que pode ser feita a partir do banco de dados. Esta ação faz-se necessária devido à elevada média anual de escavações levadas a cabo pela equipe do IEPA - NuPArq, já que as peças pertencentes à categoria são transferidas para junto dos materiais provenientes de escavações, sempre que sejam oriundas do mesmo sítio arqueológico.
A problemática que desencadeou a reorganização das peças inteiras e remontadas teve origem em graves problemas detectados na estrutura do prédio.

Fig. 9 - Pormenor das rachaduras e infiltrações na Reseva Técnica do Núcleo.
Pelo que se pôde apurar, para além de infiltrações que afetam o sistema elétrico e os materiais arqueológicos, supostos erros nos cálculos efetuados na concepção do prédio, por ocasião de sua remodelação, levaram a aberturas de fendas nas paredes e no teto. O diagnóstico da Arquiteta Samanta (do IEPA), feito em conjunto com um Arquiteto da SEINF, levou-os a nos aconselharem, a título de prevenção, a esvaziar, tanto quanto possível, o segundo andar do prédio, pois detectaram o risco de desabamento do piso, devido a excesso de peso em relação à capacidade da estrutura.
Este alerta fez com que a organização espacial dos materiais armazenados no 1° e 2° pisos fosse repensada. Assim, as caixas de armazenamento dos artefatos foram agrupadas em função do município. No segundo andar, que continha a maioria dos artefatos (do acervo) dispostos em caixas, permaneceram os materiais provenientes do município Oiapoque e da região "Jari/Monte Dourado", sendo que os restantes foram transferidos para o 1° andar, à exceção de 6 peças inteiras provenientes do sítio Laranjal do Jari 01 (campanha de 2009).
As estantes de madeira, dispostas, lado a lado, em grupos de quatro, formam, no 1° piso, três blocos paralelos, sendo que existem mais duas que se encontram, também lado a lado, encostadas à parede panorâmica. Dois dos três blocos, para além das estantes 25 e 26, correspondentes a dez estantes de madeira, continham as peças inteiras e remontadas, organizadas por região, ou município (ex.: Maracá; Calçoene; Laranjal do Jari; Macapá). Para além dessa divisão, havia (e há) um compartimento destinado às peças inteiras provenientes de doações, cuja única alteração foi a mudança da estante 13 para a estante 22.
Para proceder à transferência das caixas de materiais e manter as peças inteiras e remontadas em segurança, teve-se em conta que estas devem permanecer em blocos de estantes isolados, de forma a que sejam evitados acidentes no ato de manuseamento das caixas. Assim, a solução passou por destinar-se apenas seis estantes no acondicionamento das peças inteiras.
Para isso, teve que, por uma questão de gestão do espaço disponível, ser modificada a ordem de disposição das peças, que continuou a respeitar, sempre que possível, os sítios de proveniência, tendo em conta, no entanto, outros fatores, como o tamanho (da estante 17 à estante 24), ou a variedade, no caso das estantes 25 e 26, que sobressaem aos olhos de quem entra na recepção.
Na disposição escolhida para essas últimas estantes, os lugares de proveniência foram ignorados, já que se sobrepuseram critérios de natureza visual que, embora sejam mais evidentes na disposição das peças nestas estantes, não foram ignorados nas restantes.

Fig. 10 - Pormenor da Reserva Técnica, vista a partir do interior. Em frente, estantes 25 e 26.
Um número de identificação também foi atribuído às peças inteiras e remontadas (ex.: PI.12). Esta atribuição visou facilitar a localização das peças e da respectiva informação nos acervos documental e digital. Com o mesmo objetivo e seguindo a lógica de Daiane Pereira, que identificou as estantes e os corredores da Reserva Técnica, foram identificados os compartimentos das estantes reservadas para as peças inteiras e remontadas, de forma a encurtar o tempo de localização da(s) peça(s) pretendidas, com o auxílio do Banco de Dados (fig. 11).

Fig. 11 - Pormenor da identificação dos compartimentos.
Neste caso, diferente, nesse aspeto, dos achados especiais, mas semelhante ao que ocorre nas doações, a pretensão é a de se manter as informações de referência junto às peças.
Ainda não foi possível a atribuição de número de identificação a todas as peças inteiras que constituem o acervo do Núcleo de Arqueologia do IEPA, sendo que ficou de fora a maioria das peças requisitadas para exposições. É o caso das peças em exposição no Museu Kuahí (fig. ), na sala de entrada que dá acesso ao Núcleo e no Museu Sacaca.

Fig. 12 - Peças em exposição no museu Kuahí.
As peças inteiras ou remontadas surgem, majoritariamente, a partir de colagens feitas em laboratório, no contexto de análise das peças arqueológicas, dado que raramente se encontram, in situ, peças inteiras. Isto significa que as peças saem, fragmentadas, das caixas e voltam coladas, total ou parcialmente, com uma nova identidade, no sentido de entrarem em uma categoria diferente da de proveniência (Peças inteiras ou remontadas).
Para que esta movimentação pudesse dar-se de uma forma mais controlada, ou antes, de forma a poder saber-se o trajeto que descreve cada peça inteira, foi criado um livro de registro das peças inteiras e remontadas (e outras), onde são anotados os números de catálogo dos fragmentos que a constituem, bem como o n° de caixa de proveniência, a partir do n° de informação de peça inteira, a ser criado no momento da transferência da peça.
Também estas informações têm lugar no banco de dados, no formulário referente às peças inteiras, no campo destinado ao número de catálogo.
Para concluir o lado físico das sombras, que se traduz no acervo material da Reserva Técnica do Núcleo, resta-me deixar algumas notas acerca do acondicionamento dos materiais.
2.2.1- Em campo
O grosso do acondicionamento dos materiais arqueológicos é feito em campo.
Ao serem coletados, os materiais são colocados em sacos plásticos (à exceção de materiais mais frágeis, como é o caso dos materiais ósseos, que poderão sofrer um processo de acondicionamento diferente), divididos em função do tipo de material (material lítico, material cerâmico, ossos, carvões, sedimentos e outros).
Deve evitar-se sobrecarregar os sacos de materiais, de forma a assegurar que o saco não rompe e para que possíveis danos, muitas vezes causados por fricção entre cacos, não aconteçam.
As informações de identificação dos materiais ficam registradas, no lado externo do respetivo saco, a marcador de tinta permanente e a lápis, na ficha de coleta que será acondicionada dentro de um saco (para a proteção das informações) e colocada no saco dos materiais correspondentes.
Sugiro que as peças mais suscetíveis a perda de informação material, como algumas peças decoradas, fiquem acondicionadas em sacos individuais ou, se necessário em TNT, mesmo que sejam colocadas em sacos que contenham outros materiais do mesmo tipo.
No caso dos materiais ósseos, devido à sua fragilidade particular, sugiro que sejam acondicionados em TNT e só depois ensacados, sendo que, como acontece com os outros materiais, será preenchida a ficha de coleta onde ficarão contidas as informações que o identificam.



6cm
6cm

8cm
8cm

Fig. 13- Protótipo de ficha de coleta
Nota: As fichas de coleta são fichas de campo, criadas com o intuito de complementar o método atual de identificação dos materiais, de forma a prevenir perdas de informação. São fichas de preenchimento simples que visam conter todas as informações que costumam ser registradas diretamente no saco plástico, como demonstra a figura 13.
Nota:
As fichas de coleta são fichas de campo, criadas com o intuito de complementar o método atual de identificação dos materiais, de forma a prevenir perdas de informação.
São fichas de preenchimento simples que visam conter todas as informações que costumam ser registradas diretamente no saco plástico, como demonstra a figura 13.



3.2.2- Chegada de campo
Esta é uma fase de particular importância, dado que se trata do acondicionamento dos materiais arqueológicos, bem como das informações relacionadas aos materiais e ao sítio arqueológico de proveniência.
Abaixo, apresentam-se alguns tópicos que dizem respeito a esse processo de acondicionamento dos materiais arqueológicos, com uma síntese do processo e como se encontra presentemente normatizado, no seu todo.
Acondicionamento dos materiais, algumas notas:
Fica a cargo do responsável pela RT verificar se o acondicionamento dos materiais foi respeitado e guardá-los no lugar destinado;
Os sacos de materiais devem ser dobrados de forma a que as informações em seu interior se mantenham visíveis, o que facilitará o acesso físico aos materiais pretendidos;
Deve ser verificado se as informações de campo precisam ser realçadas ou subsituido o papel;
Em paralelo, devemos certificar-nos que os materiais arqueológicos estão divididos corretamente e se não existe um número excessivo de artefatos nos sacos. Caso isso aconteça, o material acondicionado num saco é repassado, juntamente com as informações correspondentes, para o n° de sacos necessário para que seja garantida, tanto quanto possível, a durabilidade do processo.
Os materiais líticos e cerâmicos são guardados em basquetas, dispostos por ordem numérica, em sentido crescente.
Em outra seção, ("Ecofatos"), ficam armazenados os sedimentos, carvões e materiais ósseos que se encontram dessa forma categorizados e separados.
O material ósseo requer um acondicionamento mais cauteloso. Os ossos serão, sempre que possível, acondicionados em caixas de polietileno expandido, adaptáveis aos materiais, identificados pelo mesmo método que os restantes.
Assim sendo, a ficha dos materiais é substituída pelo n° de identificação (exposto no TNT em que se encontram acondicionados) que conterá em si todas as informações a respeito de cada osso, fragmento ósseo ou conjunto ósseo acondicionado.
Para além disso, permanecerão no exterior da caixa as informações pertinentes relativas aos ossos, carvões e sedimentos.
Nas várias secções de materiais arqueológicos que constituem o Acervo, todos (à exceção das peças inteiras, por questões logísticas) são organizados por ordem de entrada, dentro de cada município e estes, organizados espacialmente por ordem alfabética.
As caixas são identificadas, dentro de cada sítio, por ordem numérica crescente.

Cumprido este ciclo, tem lugar, assim que possível, a catalogação dos materiais, tarefa que agrega às peças a sua proveniêcia contextual.
A catalogação é feita em laboratório, seguindo um método de síntese de informações exposto na parede do Laboratório. É de suma importância que, assim que a catalogação dos materiais esteja concluída, a lista de catálogo resultante seja prontamente repassada para a documentação digital, com cópia física que será guardada na documentação produzida em laboratório.
2.2.3- O movimento das sombras
O movimento das sombras metaforiza o fluxo dos materiais arqueológicos (reserva técnica - laboratório, laboratório-reserva técnica; reserva técnica-exposições, exposições-reserva técnica).
O registro desse fluxo dá-se a partir do Livro de registro de saída e devolução de material, criado por D. Pereira para esse efeito.
Para além desse mecanismo de registro, foram, recentemente, aprovados outros dois. Trata-se de:
- um livro para o registro das peças inteiras (anteriormente detalhado), cujo estatuto (peças inteiras e remontadas) é, muitas vezes, criado no processo de análise dos fragmentos, podendo dizer-se que se trata, nesses casos, de uma consequência do fluxo dos materiais;
-e outro destinado ao registro de ocorrências, onde se dá o registro de entrada dos materiais arqueológicos na Reserva Técnica, e onde são anotadas ocorrências anómalas, em relação às quais convém que sejam tomadas providências, como peças cujo paradeiro se desconhece, ou peças remontadas que cedem com a ação do tempo.

Fluxo dos materiais, algumas notas:
Os materias arqueológicos são, sem exceção, solicitados à gerência do Núcleo ou ao responsável pela Reserva Técnica;
Para o seu levantamento, o pesquisador é, por regra, acompanhado pelo responsável pela RT, pela gerência, ou por alguém nomeado para o efeito, podendo haver exceções pontuais:
As exceções são decretadas pela gerência, mediante acordo prévio, tendo lugar somente em circunstâncias particulares. Quando tal acontece, a saída do material será registrada, no livro de fluxo dos materiais, pelo pesquisador requisitante;
Quando os materiais saem da RT, para análise em Laboratório, o pesquisador solicitante deverá zelar pela preservação dos materiais arqueológicos em questão, mas também, das informações de referência dos mesmos;
No ato de reintrodução dos materiais na RT, o pesquisador solicitante, em conjunto com o responsável pela RT, deverão armazená-los de acordo com as normas já descritas;
Quando as caixas correspondentes se encontram desorganizadas em seu interior, ambos devem, sempre que possível, proceder à reorganização da mesma.
2.3- O lado escrito das sombras
Atendendo à importância do contexto que acompanha as peças, é fundamental a garantia da preservação de toda a documentação produzida acerca da proveniência dos materiais arqueológicos, a começar pela documentação de campo. Ficam, portanto, duas notas a respeito, na mesma linha das referentes ao acondicionamento e fluxo dos materiais:
Ainda em campo é nomeado um responsável para organizar as fichas de campo que serão entregues ao responsável pela RT, para que as mesma sejam numeradas e digitalizadas;
Feita a digitalização, o formato digital será armazenado no Banco de Dados do NuPArq, identificado com o n° da pasta em que se encontra o original dos documentos, guardado no Acervo Documental.

2.3.1- O acervo documental
Com a finalidade de implementação do plano de curadoria, anteriormente mencionado, Daiane não se restringiu aos aspetos materiais da Reserva Técnica, tendo a sua reflexão, obrigatoriamente, abrangido o lado documental do acervo.
Para o acervo documental, D. Pereira criou, a partir de um armário de ferro ,com quatro gavetas, duas divisões: numa caberia a documentação de campo, organizada em função do sítio arqueológico e em outra, a documentação produzida em laboratório, organizada em função dos bolsistas.
O espaço reservado para o acervo documental fosse repensado, bem como a organização da documentação.
Assim, as primeiras duas gavetas, relativas à documentação produzida em campo, mantiveram a nomenclatura e a forma de organização anteriores, tendo as restantes sido reorganizadas integralmente:
A documentação referente a produções de bolsistas em laboratório passou a ocupar uma gaveta e foi reorganizada em função do sítio arqueológico a si associado, tendo a nomenclatura mudado para: "Análises em Laboratório". Desta forma, uma gaveta ficou livre para outras categorias de documentação, tendo passado a armazenar documentação referente a peças inteiras, doações, achados especiais, coletas assistemáticas, bem como documentação histórica e de ações de difusão.
A documentação referente a doações, peças inteiras, coletas assistemáticas e achados especiais consiste em relatórios criados a partir dos dados extraídos do banco de dados, convertidos em PDF e impressos de forma a garantir que existe uma cópia física dessa documentação, para o caso das informações digitais se perderem.

Fig. 14 - Protótipos de relatórios referentes a doações, carvões e achados especiais.

2.4- Sombras digitais
Visando o reforço da proteção do acervo documental, os documentos originais de campo são digitalizados e armazenados em uma base de dados, elaborada por D. Pereira.
Para além dessa base de dados, em formato Exel, D. Pereira também criou modelos de fichas de coletas assistemáticas, de achados especiais, peças inteiras e doações, tendo idealizado, mas não executado, em conjunto com a gerência, um banco de dados onde todas as informações a respeito do acervo se encontrassem, à imagem do que acontece em outras instituições ligadas à Arqueologia.
Após a exploração de algumas possibilidades que se verificaram insuficientes nos resultados, o protótipo do Banco de dados NuPArq foi criado a partir do Sistema de gerenciamento do Patrimônio arqueológico Brasileiro do IPHAN (banco de dados em formato Access).
2.4.1- Banco de Dados NuPArq: Dicas básicas


Fig. 15- Tela do banco de dados.
Legenda:
1. Para habilitar conteúdo, clique em opções. Surgirá a caixa de diálogo presente na figura 16. Habilite e clique em ok;
2. Para aceder ao sistema geral do banco de dados, representado na figura 17;
3. Para aceder ao formulário de cadastro do IPHAN (figura 18);
4. Este botão abre o banco de imagens, por sítio, sendo que está atualmente ligado a todo o banco de dados.
5. Para a quantificação de sítios por município.









Fig. 16- Alerta de segurança



Fig. 17- Protótipo de banco de dados.

Fig. 18 - Formulário de cadastro dos sítios arqueógicos do CNSA.

Fig. 19 - Pormenor de consulta de sítios arqueológicos por Município.
2.4.2- Banco de Dados NuPArq e suas funções
Tendo, anteriormente, referido que a necessidade de criação de um banco de dados passa pela possibilidade de interligar os acervos material, documental e digital, agora cabe explicar no que é que essa conexão se traduz, em termos de utilidade:
a) A Proteção de todo o acervo documental é um dos aspetos favoráveis à existência do acervo digital, mas, não justifica só por si, a criação do Banco de dados.
Como ajuda a revelar a figura 17, o banco de dados assenta num formulário onde cabem todas as informações disponíveis, relativas aos sítios arqueológicos do Amapá, relacionados, de algum modo, ao Núcleo de pesquisas arqueológicas do IEPA. Nesse formulário cabe a anexação de produções feitas em laboratório, a título de análise; de fotografias; relatórios; bibliografia, bem como informações acerca da identificação dos sítios arqueológicos; da sua localização geográfica e das ações de prospecção e escavação a si relacionadas.
Na página referente à documentação de campo, essa documentação encontra-se, atualmente, relacionada à tabela, através de hiperlinks, o que está em fase de alteração, de hiperlink para anexo. Esta alteração evitará possíveis desconexões de fonte, pois associará o objeto ao formulário, para além de tornar o documento visualmente acessível.
b) Registro: No banco de dados existem vários subformulários (fig. 20), nomeadamente relativos a/ao: peças inteiras, doações, coletas assistemáticas, achados especiais, acervo, cadastro e documentação, que alimentam o formulário principal.





Fig. 20 – Exemplos de subformulários relacionados ao formulário principal
c) Direcionamento de informações: O fato de serem vários subformulários a alimentarem o principal, não invalida o preenchimento direto do formulário principal, antes cria um filtro que leva a que, no formulário principal, apenas sejam visíveis as informações relacionadas a sítios arqueológicos (registrados ou inéditos), sendo que torna possível o registro de achados avulsos, ou de materiais provenientes de áreas em que o sítio arqueológico ainda não foi definido.
d) Outra característica do BD NuPArq, assenta no cruzamento de dados, ou seja: no ato de preenchimento, quer seja do formulário principal, quer seja de um formulário secundário, todos os campos de informação comuns ficam preenchidos automaticamente. Assim, no caso do cadastro do IPHAN, o trabalho de preenchimento fica reduzido a dados que não são do interesse particular do IEPA.
e) Quantificações são solicitadas para diversos fins, sejam eles de ordem externa (para prestação de contas, da parte da instituição ao IPHAN, por exemplo), sejam de ordem interna. O banco de dados permite-nos obter, facilmente, informações de - a título de exemplo - quantos sítios arqueológicos temos conhecimento, por município; a quantidade de caixas existentes no Acervo do Núcleo, contendo materiais arqueológicos; ou o número de materiais ósseo coletados no sítio x, quadra y, nível z, por exemplo. E, à medida que o preenchimento do banco de dados for avançando, poderemos até chegar a saber, através dele, a quantidade exata de fragmentos cerâmicos, líticos e outros, bem como outras características particulares da totalidade do acervo.
f) As consultas internas foram uma das principais razões que justificaram a criação do banco de dados, onde cabe o registro de todas as informações acerca dos sítios arqueológicos, dos artefatos e ecofatos a eles vinculados.
g) Histórico: Embora esta alínea esteja diretamente relacionada à anterior, optei por separá-la, com o fim de enfatizá-la. Ao consultarmos o banco de dados, temos acesso, para além do anteriormente referido, a todos os acontecimentos relacionados com os materiais arqueológicos, alguns deles, desde que foram coletados até ao momento presente.
Aqui, vale salientar a importância do diálogo entre todos os colaboradores do Núcleo e o responsável pela Reserva Técnica, pois são eles que vão enriquecendo o acervo documental e, mais concretamente, o banco de dados, através da entrega de relatórios e das produções feitas em laboratório, para que o trajeto, bem como as intervenções efetuadas nos materiais fiquem disponíveis para consulta.
h) Produção de relatórios: Para além de ser um espaço para armazenamento de informações, de forma organizada, o banco de dados também está habilitado a gerá-las. Os formulários existentes permitem a criação de relatórios, o que, mais uma vez, simplifica o ato de registro dos materiais arqueológicos em suas respectivas categorias. Dou como exemplo os modelos de ficha de peças inteiras, coletas assistemáticas, achados especiais e doações, criados por D. Pereira, com o intuito de manter um registro digital e uma versão impressa da entrada dos artefatos nas respectivas categorias:
Embora com algumas modificações, os formulários criados no banco de dados, tiveram essas fichas como linha-guia. Assim, são preenchidos os formulários e gerados os relatórios que são convertidos em formato PDF e impressos, substituindo as referidas fichas, sendo, posteriormente, armazenados na pasta correspondente, situada na última gaveta do armário do Acervo Documental.
Como foi criado um protótipo de relatório para cada formulário, sempre que se pretenda a obtenção de um relatório em formato PDF, basta:
abrir o relatório pretendido (relativo a doações, por exemplo) em modo de Layout;
filtrar os campos de interesse (exemplo: sítio Laranjal do Jari I);
clicando com o lado direito do mouse, surge a opção visualização da impressão, onde podemos verificar os resultados;
clique então na função de conversão para formato PDF ou XPS (fig. 21);
agora, escolha a pasta de destino e clique em publicar.

Fig. 21 - Pormenor do comando de conversão dos relatórios em formato Access para formato PDF.

2.4.3- Reorganização do acervo digital
Esta reorganização é uma proposta que se pensou coerente, feita com o intuito de simplificar as pesquisas do responsável pela RT, enquanto intermediário entre os colaboradores do IEPA/NuPArq e os acervos material, documental e digital.
Mesmo tendo sido criada uma alternativa (fig. 23) à organização estabelecida por D. Pereira (fig. 22), a sua organização foi mantida, salva em backup, e armazenada na biblioteca do computador, na pasta Documentos, para que as suas ações, no acervo digital, se mantenham salvaguardadas.

Fig. 22 - Representação da organização anterior do acervo digital.

Fig. 23 - Representação da reorganização do acervo digital, após a reorganização.



3. A Luz
Os artefatos não são resgatados da "inexistência" para se manterem nas sombras, como não o é o conhecimento adquirido através dos respetivos estudos. Antes para serem devolvidos à luz do presente, acolhidos, apreendidos e admirados. Trata-se, de certo modo, de permitir aos objetos arqueológicos voltarem a exercer um papel ativo, de agenciamento, para o qual, provavelmente, muitos deles foram concebidos.
É nessa perspectiva que assentam as ações de difusão e socialização levadas a cabo pela equipe do IEPA/NuPArq.
Neste caso, "(…) e porque não dizer?", é a Luz que dá sentido às Sombras...

3.1- À luz das sombras...
A visita guiada ao Laboratório de Arqueologia Peter Hilbert é uma atividade permanente, oferecida pelo Núcleo. Visa, através de exposições que têm lugar na sala de entrada do Núcleo e da parede panorâmica, concebida para o efeito, dar a conhecer aspetos da Arqueologia no Amapá e das pesquisas e atividades desenvolvidas no Núcleo.

Fig. 24- Cartaz, ilustrando a atual exposição do IEPA/NuPArq
No que toca à metodologia usada na visitação, optamos, de início, por começar a atividade no Laboratório, tendo a pesquisa arqueológica e as suas fases, como introdução, mostrando de que serve o laboratório; passando, em seguida, para a sala de recepção, onde os visitantes podem visualizar a Reserva Técnica, através da parede panorâmica, bem como algumas peças arqueológicas (por vezes achados especiais) e outras, produto de ensaios de Arqueologia Experimental, dando ao visitante, algumas informações pertinentes a respeito dos sítios arqueológicos de proveniência das peças.
Optamos por terminar a visita, apresentando uma exposição, denominada de Múltiplos Corpos (atual exposição da sala de entrada do Núcleo), que visa confrontar o observador com alguns conceitos estruturantes das cosmologias ameríndias, manifestas nos artefatos arqueológicos.
As visitas demoram, em média, cerca de 45 minutos.
Meses depois da implementação desta metodologia, foi criado um protótipo de PowerPoint, "Arqueologia Aqui! - Viajar pelo passado de olho no Amapá", visando uma sistematização das visitas guiadas, auxiliadas por ilustrações e textos-guia, de forma a que qualquer colaborador possa, sem grande esforço, executar a visita guiada, mantendo os padrões mínimos de qualidade. Pretendemos criar, de futuro, duas versões: uma em Inglês, outra em Francês (e porque não em Tiryó e Wajãpi?), para que a língua não constitua uma barreira para os visitantes estrangeiros.
Arqueologia Aqui!Viajar pelo passado, de olho no Amapá
Arqueologia Aqui!
Viajar pelo passado, de olho no Amapá

Fig. 25 - Pormenor da capa do protótipo de apresentação em PP.

A possibilidade de criação de diferentes apresentações em PowerPoint, personalizando os conteúdos à medida das pretensões dos visitantes, também foi pensada e pontualmente aplicada.
Esta descrição trata, por regra, as visitas de grupos numerosos (por norma, aceitamos até 15 pessoas por visitação), já, quando se trata de grupos menos numerosos, ou de visitas individuais, o procedimento difere.
Nesses casos, em geral, dá-se início à visita com a apresentação da exposição, como forma de introdução, após a qual, se prossegue tendo em conta os interesses do visitante.
Em média, as visitas menos numerosas, duram cerca de 30 minutos.


Fig. 26- Algumas das visitas guiadas ao Laboratório.
Os pontos fortes da visita, no aspeto visual, são a exposição no Núcleo, o volume e a qualidade intrínseca do Acervo arqueológico, a maquete do Forte Cumaú e a visita ao Laboratório, sendo que as opiniões a respeito são quase unânimes; no que toca ao aspeto humano, a manifestação de uma boa parte dos visitantes é de surpresa, expressando apreço pela interação que a visita permite, comentando que, no Município, o atendimento ao público, no que respeita a espaços musealizados, é muito precário e pouco interativo.
Visando obter retorno da parte dos visitantes, em relação às suas experiências na visita guiada ao Núcleo, foi criado um pequeno questionário a ser enviado por correio eletrônico, de que apenas se fez, até agora, um primeiro ensaio.

Fig. 27- Protótipo de questionário ao visitante.
Para além da função acima descrita, o envio do questionário por email, também serve como forma de difusão de informações, servindo como complemento das visitações.
Com o fim de registrar as ações de Socialização abraçadas pelo IEPA/NuPArq, criou-se um banco de dados, expressamente para o efeito, cuja tela e os respetivos formulários podemos observar na figura 28.


Fig. 28 - Imagens dos formulários que constituem o banco de dados de ações de Socialização.
Outra alternativa de difusão, assenta nas redes sociais, sendo que dispomos de dois blogs para o efeito: um, Megalitismo na foz do Amazonas, é voltado para a divulgação de eventos, projetos e ações, relacionados(as) com a Arqueologia no Estado do Amapá; o outro, curarq, é usado na partilha de conteúdos relacionados com a Reserva Técnica e o acervo arqueológico.

Fig. 29 - Pormenor dos blogues de que o IEPA/NuPArq dispõe.
3.2- À luz dos olhos, pelas mãos...
As atividades referidas neste capítulo, vão de encontro ao lado experimental e interpretativo da Arqueologia, desenvolvido com (e em função de) não especialistas na matéria.
Neste contexto, foram projetadas e/ou desenvolvidas diversas atividades, de carácter lúdico e pedagógico, desenvolvidas fora das instalações do Núcleo. Estas ações foram desenvolvidas em parcerias com outras instituições e entidades, em particular, o Museu Sacaca e escolas de ensino público. Foram também desenvolvidas ações de "Educação Patrimonial" em projetos específicos de resgate assumidos pelo Núcleo de pesquisas arqueológicas do IEPA.

Fig. 30 - Pormenor de uma palestra realizada na Escola Estadual Raimundo Virgulino, proposta pela educadora, no contexto de uma visitação.
3.2.1- Com as mãos na massa
Este tópico é referente a um ensaio de Arqueologia experimental, que resultou de uma visita guiada, agendada pela arqueóloga Irislane Moraes, com os alunos da disciplina de Pré-história da UNIFAP.
Para a visitação, como costuma acontecer quando se trata de grupos extensos, a turma foi dividida em dois grupos, de forma a que se investisse na qualidade da atividade, já que o grupo contava com cerca de 40 pessoas.
Na modalidade escolhida, contou-se com o apoio de uma apresentação anteriormente mencionada ("Arqueologia Aqui!..."), em formato de PowerPoint, registrada em vídeo por Marcelo de Sá, a pedido da educadora.
Essa apresentasção foi seguida da visita guiada ao Laboratório, onde houve troca de impressões e sessão de esclarecimentos, tendo terminado com a apresentação da exposição Múltiplos Corpos.
Ainda na sessão de esclarecimentos da segunda visita, em que participaram todos os colaboradores do Núcleo presentes, foi decidido organizar um primeiro atelier de cerâmica, que decorreu em 19 de Janeiro de 2014, a que se seguiu um outro que teve lugar no dia 13 de Julho, em que também teve lugar um atelier de pedra lascada. As atividades relacionadas com a cerâmica foram coordenadas pelo professor Manuel Calado e o atelier lítico, melo msc. Kleber Oliveira, na Ilha de Santana.
Note-se que as visitas guiadas, para além de constituírem, por si só, uma atividade que o núcleo tem a oferecer aos interessados, também podem potenciar outras atividades.
Esta atividade consistiu na experimentação prática, pelos participantes, do fabrico de peças cerâmicas, baseada em técnicas indígenas, desde a coleta do barro à modelagem das vasilhas, enquadrada por alguns conceitos fundamentais relacionados com a dimensão simbólica da cultura material.

Fig. 31– Aspetos do atelier de cerâmica.


3.2.2- Escola Municipal Leonice Dias Borges
Na sequência da elaboração de uma matriz (em execução), que abrange todos os projetos do Núcleo, no âmbito da Socialização, com foco no Estado do Amapá, fez-se uma parceria com a Escola Municipal Leonice Dias Borges, para que a mesma funcionasse como escola piloto, na execução de projetos dirigidos a Escolas do Ensino Fundamental.
A escolha assentou na escola Municipal (situada na Ilha de Santana), devido ao fato de ser mais desfavorecida do que a Estadual e mais carente de apoios e iniciativas (externas e internas).
Lá, teve lugar, até à data, uma reunião com a Diretora, outra, seguida de uma palestra destinada aos educadores do Ensino Fundamental e foi apresentado, aos alunos, um filme infanto-juvenil.
A palestra, sob o tema "Arqueologia Aqui!", objetivou a introdução e familiarização da Arqueologia no Amapá.
Na reunião que precedeu a palestra, falámos, sem aprofundar, sobre várias possibilidades de abordagem dos temas Patrimônio arqueológico e Arqueologia em sala de aula, tendo tido como base de apoio o livro "Arqueologia e Educação Patrimonial em Serra de Leste, Curionópolis, Pará" (Bezerra, Shaan e Caromano; 2012).
Cumpridas estas duas etapas, que visaram sugerir e incentivar a introdução do tema em sala de aula, mais especificamente, nas turmas de 4º e 5º ano, faltava-nos dar aos alunos e professores um ponto de partida.

Fig. 32 – Escola Estadual Leonice Dias Borges.
O ponto de partida para os alunos, foi a apresentação de um filme (Tainá 3, produzido pela Sincrocine), que teve lugar no dia 24 de Março de 2014 e cujos temas centrais são as culturas indígenas e a preservação da floresta, logo: memória, cultura, tempo, ambiente e identidade.
Como esse filme ainda não se encontrava nos circuitos comerciais, foi-nos amavelmente cedido pela produtora, com marca de água, para que pudesse ser visto pelos moradores da Ilha de Santana, onde foi gravada parte das imagens.

Fig. 33 – Exibição do filme nas instalações da Escola Municipal Leonice Dias Borges.

Esta é uma ação a desenvolver a médio prazo, em concordância com a agenda escolar e com a disponibilidade dos colaboradores do núcleo, sendo que temos outras atividades previstas a calendarizar, nomeadamente:
uma excursão a um terreno com características de Floresta, onde se propõe fazer uma visita guiada pelo trajeto relacionado com o filme da atividade anterior;
um workshop de cerâmica, com foco na iconografia indígena;
um workshop de lascamento de materiais líticos;
uma visita de estudo às instalações do Núcleo de pesquisas arqueológicas do IEPA.
O que interessa enfatizar na questão das visitações, é esta dinâmica em dois sentidos: a atividade de visitas guiadas, gerando outras atividades e, no sentido inverso, outras atividades (do âmbito de Socialização), fomentando as visitas guiadas ao Laboratório.
3.2.3- Reconstituições... à luz do Amapá
No âmbito do Seminário "Cumaú - A Fortaleza do Igarapé", foi decidido produzir uma maquete, bom a coordenação do Dr. Manuel Calado, destinada a integrar a exposição que integrou o Seminário e, posteriormente, a integrar a estrutura de apoio às visitações.
M. Cabral mobilizou, para isso, os colaboradores do Núcleo, bem como outras pessoas (de História, Arquitetura e Artes) interessadas pelo tema.
Cabe aqui dizer que o forte, construído em adobe de formigão (barro cru), se encontra totalmente arruinado, sendo que em sua única planta, concebida no séc. XIX, à qual tivemos acesso através do pesquisador Fernando Marques, o forte já se encontrava em ruínas.
Para além dessa planta, contamos, para a elaboração do forte, com a colaboração da Arquiteta Eloane, do Historiador Marcos Jessé, tendo resultado dessa colaboração várias hipóteses de reconstituição.
Tivemos em conta a planta do séc. XIX e optou-se por uma resolução intermédia, em que as várias leituras foram contempladas.
Associados ao forte, foram encontrados, na escavação efetuada pela equipe do IEPA em 2012, vários vestígios pré-coloniais. Também eles foram refletidos na maquete. Por escacez de dados diretos, optou-se pela representação de algumas arquiteturas indígenas, nomeadamente Wajãpi, Waiana e Palikur. As pessoas também foram representadas: indígenas e colonizadores, bem como alguns objetos de uso comum, como o "forno" de mandioca, lanças, canoas e afins.



Fig. 34- Pormenores da maquete.
Sempre que possível, foram usados materiais naturais na construção da maquete, tais como tururi, palha de buçu e coco e madeira.
Para a recriação do igarapé, optou-se pela utilização de resina líquida, tendo sido usado barro e aquarela amarela para dar o tom aproximado. No que concerne às árvores, optamos por representar duas espécies muito presentes na cultura, na mitologia e na paisagem amazônicas: a Samaumeira e a Castanheira. Para isso, nos inspiramos em árvores reais, na Ilha de Santanha, cujo perfil foi desenhado e usado para a sua representação, efetivada em arame, esponja tingida, serradura, tinta de água e cola branca.
Colaboraram na elaboração da maquete Mara Rosa, M. Calado, D. França, L. Leite, Karol Diniz e M. Cabral.
Após o término da exposição (que durou cerca de 2 meses), a maquete passou para a sala de recepção do Núcleo de pesquisas arqueológicas, sendo que foi, inclusivamente, usada numa ação educativa, ministrada por Deyse França, Alan Nazaré, Jelly Lima e Marcos Jessé, no âmbito da Caravana da Ciência. Esta ação teve lugar em Santana e foi dirigida a alunos do Ensino Fundamental.
No Núcleo, a maquete integrou o programa de visitações, constituindo uma das principais atrações do(s) visitante(s).
O "Forte Cumaú" é um claro exemplo de participação ativa, já que o resgate do sítio e o levantamento histórico que, nele, tiveram lugar, deram-se a partir de intervenções (reclamações por escrito), da parte de moradores da comunidade do Igarapé da Fortaleza.

Fig. 35- A maquete, exposta na sala de recepção do Núcleo, por ocasião de uma visita guiada.

4.Ponto final!
A reorganização da RT é um processo em curso, com avanços e recuos que dependem, em boa parte, de um equilíbrio entre os objetivos teóricos e as limitações práticas. Estas últimas derivam, no caso concreto, sobretudo, das deficiências estruturais do edifício. A resolução cabal dos problemas logísticos de base vai, com certeza, ser determinante no funcionamento futuro da Reserva Técnica.
Note-se que é preciso considerar o ritmo exponencial em que cresce o volume dos materiais depositados.
Por outro lado, é importante deixar claro que as tarefas respeitantes àquilo a que chamei neste relatório como a Luz e a Sombra, dizendo respeito, até certo ponto, a diferentes domínios, poderão benificiar, sendo possível, de um reforço em termos de recursos humanos.
Esta solução implicaria uma certa especialização, com uma pessoa responsável pela socialização e outra pela RT.

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