A METÁFORA DA BUSCA: ANÁLISE DA METAFORIZAÇÃO CINÉSICA EM NARRAÇÕES ORAIS EM GALEGO E PORTUGUÊS

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A metáfora da busca: análise da metaforização cinésica em narrações orais em galego e português Aitor Rivas Universidade Federal de Viçosa – UFV (Brasil)

Questões de partida As narrações orais são performativas (visuais). E as metáforas? São os gestos mais “autênticos” que a verbalidade? A gestualidade é um elemento da comunicação transparente. É infalível? É possível analisar apenas as metáforas verbais? É o melhor?

Por que a análise quinésica? Gestos “falam” mais. Possibilidade de “visualizar” processos abstractos do pensamento. Transmissão de ações com metáforas. Análise verbal VS. Análise não verbal.

As metáforas e os gestos A nível interdisciplinar, definimos a CNV como as emissões de signos ativos e passivos a través dos sistemas não léxicos somáticos, objectuais e ambientais contidos em uma cultura, individualmente ou em mútua coestruturação. A estrutura tripla básica da comunicação humana: LINGUAGEM, PARALINGUAGEM e CINESIA ao mesmo nível. POYATOS (1994)

As metáforas e os gestos

Se podem distinguir 5 formas de relacionamento entre o gesto e a fala na expressão das metáforas: 1.- Metáfora verbal com gesto metafórico (partilham a fonte e o objetivo). 2.- Metáfora verbal com gesto metafórico (diferente fonte, partilham o objetivo). 3.- Metáfora verbal com gesto não metafórico ou pouco metafórico. 4.- Metáfora verbal sem gesto. 5.- Verbalidade sem metáfora com gesto metafórico. MÜLLER & CIENKI (2008)

Análise prática Seleção de 2 vídeos: galego e português do Brasil.

Narrativas de experiência pessoal. (Labov) Análise de micro-fragmentos de gestualidade. Narradores com espontaneidade gestual.

Línguas da Península Ibérica

Galego

Galego Raquel (Frades, Galícia) nos conta os problemas de saúde de dois amigos. É uma história humorística, onde os gestos contribuem para criar suspense. Começa com timidez, mas logo ela fica à vontade. As metáforas que utiliza têm a função de “desenhar” alguns acontecimentos da história.

“oito ou nove da noite” (0'20'')

“despois” - 1 (0'32'')

“despois” - 2 (0'32'')

“despois” - 3 (0'32'')

“este ciclo repetíase día tras día, todos os días da semana” - 1 (0'43'' – 0'48'')

“este ciclo repetíase día tras día, todos os días da semana” - 2 (0'43'' – 0'48'')

(silencio) (1'53'')

“e nunca bebedes algo de zumo?” (2'39'')

Português do Brasil Raul (Belo Horizonte) tem uma forte recordação do seu primeiro jogo de futebol internacional. Aparentemente ele não tem “muita gestualidade”. Quantidade VS. Variedade. As metáforas dele ficaram contagiadas pela emoção (e isso se pode perceber no discurso)

“de falta...” (silencio) (0'47'')

“e nesse momento...” (1'14'')

“pedindo a Deus” (1'24'')

“foi triste” (2'02'')

“mas continua sendo uma coisa desimportante” (2'11'')

Considerações finais (I) 1. A CNV é um elemento muito importante de expressão, especialmente na criação de metáforas nas narrativas orais de qualquer comunidade de fala. 2. O sistema cinésico que complementa o discurso oral muda entre línguas e culturas, mas tem padrões comuns e emoções que se distribuem no espaço. Por exemplo: - acima, olhos abertos = POSITIVO. - abaixo, olhos fechados = NEGATIVO.

Considerações finais (II) 3. Os lapsos, dúvidas e repetições no discurso oral favorecem a espontaneidade e o surgimento de metáforas e de outros elementos da comunicação não verbal. 4. A análise da CNV merece uma atenção especial porque resulta mais fidedigna que a verbal. 5. Os processos de metaforização cinésica são muito enriquecedores dentro da narração.

Referências bibliográficas Birdwhistell, R. L. (1970). Kinesics and Context: Essays on Body Motion Communication. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. Bouvet, D. (2001). La dimension corporelle de la parole. Les marques posturomimo-gestuelles de la parole, leurs aspects métonymiques et métaphoriques, et leur rôle au cours d’un récit. Paris: Peeters. Galhano Rodrigues, I. M. (2007). O Corpo e a fala. Sinais verbais e não-verbais na interacção face a face. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Hall, E. T. (1994). “Proxémica”, in Bateson, G. et al., La nueva comunicación. Barcelona: Kairós. Müller, C. (1998). Redebegleitende Gesten. Kulturgeschichte – Theorie – Sprachvergleich. Verlag Arno Spitz: Berlin. Müller, C. & Cienki, A. (2008). “Metaphor, gesture, and thought”, In: Raymond W. Gibbs, Jr. (ed.) The Cambridge Handbook of Metaphor and Thought. Cambridge: Cambridge University Press, 483-502. Poyatos, F. (1994). La comunicación no verbal. II. Paralenguaje, kinésica e interacción. Madrid: Istmo.

Obrigado!

Aitor Rivas – [email protected]

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