A MONTAGEM EISENSTEINIANA NA PÁGINA DAS HQS: A JUSTAPOSIÇÃO NA NARRATIVA

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Escola de Comunicações e Artes - Universidade de São Paulo - 23 a 26 de agosto de 2011

Eixo Temático Quadrinhos e Cinema

A MONTAGEM EISENSTEINIANA NA PÁGINA DAS HQS: A JUSTAPOSIÇÃO NA NARRATIVA Lielson Zeni1

RESUMO A proposta deste trabalho é aplicar as ideias de Sergei Eisenstein sobre montagem e justaposição na análise da composição de página em uma história em quadrinhos. Para a análise, escolhi uma história de Hellblazer escrita por Brian Azzarello e me dediquei essencialmente às relações entre montagem das diversas narrativas e criação de sentido para o leitor. PALAVRAS-CHAVE: Sergei Eisenstein, Montagem, Histórias em Quadrinhos

ABSTRACT In this work I try make apply the Sergei Eisenstein‟s ideas about edition and juxtaposition in the comic page composition analysis. For the analysis, I choose one of the Hellblazer comics by Brian Azzarello and I work specially about relations between many narratives‟s edition and lector‟s sense creation. KEYWORDS: Sergei Eisenstein, Edition, Comics

INTRODUÇÃO De que modo um leitor percebe a leitura que faz de uma obra? Não importa, para meu propósito neste momento, pensar se é um livro, um filme ou uma história em quadrinhos – mais adiante a mudança de meios será decisiva, mas ainda estou pensando em relações mais abrangentes.

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Mestre em Estudos Literários, Curitiba, Paraná, [email protected]

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A teoria da recepção, pelo viés de pensamento de Wolfgang Iser, propõe que leitor e obra se encontram em um entreterreno entre eles, pois a obra não tem um significado fechado, mas programa uma determinada leitura que pode ou não ser levada totalmente a cabo pelo leitor. Ressalte-se que a ideia de boa leitura ou de boa obra não se relaciona com maior ou menor paridade de leitura entre obra e leitor. Iser propõe que o leitor monta, a partir de suas vivências e referências, aquilo que a obra propõe, gerando a sua leitura. Com essa ideia de organização, uno a teoria da montagem cinematográfica de Sergei Eisenstein, que embora tenha sido pensada para o cinema, é possível de aplicar para as artes de modo geral. Pretendo demonstrar que as duas ideias são bastante pertinentes como ferramenta de análise das histórias em quadrinhos, sobretudo do ponto de vista da estrutura narrativa.

REVISÃO DE LITERATURA Há dois textos fundamentais estruturando este artigo: O ato da leitura – A teoria do efeito estético, de Wolfgang Iser e O sentido de filme, de Sergei Eisenstein. Do primeiro deles, aceito a proposição de que o texto - ou a obra - não tem um sentido único e inquestionável que deve ser „caçado‟ pelo leitor – ou receptor. Ao contrário, o texto só existe diante do leitor, que tem um papel ativo nesse processo. Papel tão ativo quanto o expectador imaginado por Eisenstein. Para o cineasta russo, a força do cinema se obtém na sala de montagem. E é a partir da montagem que Eisenstein propõe a justaposição. Segundo ele, duas imagens colocadas lado a lado criam um significado só possível por essa associação. E o significado dessa justaposição é maior que a soma das partes envolvidas. A justaposição de duas figuras, uma junto à outra, só acontece na mente do expectador que, munido de suas referências e cultura, criam o significado para o conjunto. Significado este programado pelo autor.

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MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho será desenvolvido a partir de análise teórica, a reformulação que se fizer necessária, e a aproximação possível das teorias usadas e a aplicação das ideias surgidas na história em quadrinhos publicada originalmente nos Estados Unidos em Hellblazer 165, e disponível em edição nacional no encadernado Hellblazer: Highwater – pecados do passado. Será comparado a relação entre os quadros e a relação interna ao quadro entre imagem e texto e de que forma isso influencia no desenvolvimento de linguagem da HQ.

RESULTADOS FINAIS/PARCIAIS Wolfang Iser diz que “...a leitura acopla o processamento do texto com o leitor; este por sua vez, é afetado por tal processo.” (1999; p. 97) O teórico alemão chama essa relação entre texto e leitor de interação. Ou seja, o ato da leitura é a força que liga leitor e texto. Tornando real o texto, que até o momento de sua leitura é apenas provável, que ao ativar o texto o apreende e interpreta. Ressalte-se que neste artigo considera-se texto não somente a palavra (ou uma sequência delas) e signos verbais, mas também todo o conjunto de símbolos (verbais ou não) que se organiza propositadamente em torno de uma produção de sentido. Ao desenvolver um pouco as ideias contidas na citação de Iser acima, podemos perceber uma noção de que o texto só se realiza, acontece de fato, diante do leitor, no momento da sua leitura. Antes ele é código não decifrado, é sentido potencial. Esse pensamento eleva o papel do leitor ante o texto. O leitor se torna „essencial‟ diante de tal concepção. Antes já se pensava na importância do leitor como uma espécie de destinatário, e de certa forma, como um direcionador do texto. Ou

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seja, o produtor do texto, no momento de sua elaboração, pressupõe quem serão seus receptores. Essa relação afeta o conteúdo, forma e sentido do texto, já no momento de sua concepção. Mas com esse novo encargo de „ativador do texto‟, o leitor é posto no mesmo patamar do escritor, ainda que em momentos diferentes e com objetivos diferentes. Isso deixa o leitor e o texto num ponto de encontro tão óbvio quanto o ovo de Colombo: imprescindíveis um à existência do outro. Não há leitor se não houver leitura, se não houver texto. E obviamente, não há texto se não houver um leitor, há somente potencial. Mesmo antes da percepção da Escola de Constanza (da qual Iser é um representante) sobre a subvalorização do leitor e a supervalorização da autoria, um autor russo já propunha uma forma de encarar as manifestações artísticas pelo viés da recepção. Sergei Eisenstein, um dos grandes cineastas da história do cinema soviético e mundial, ao pensar a sétima arte, e sobretudo a montagem, já se preocupava com o efeito que se produziria sobre o espectador. Para Einsenstein, a “...montagem é uma propriedade orgânica de todas as artes” (EISENSTEIN, 2002, p. 9). E justifica a afirmação, expondo o que considera os motivos fundamentais da função da montagem: ”...o papel que toda obra de arte se impõe, a necessidade de exposição coerente e orgânica do tema, do material, da trama, da ação,...” [grifo do autor] (EISENSTEIN, 2002, p. 13). Desse modo, boa parte de seus escritos e reflexões sobre cinema adquirem um caráter universal. No artigo inicial de “A Forma do Filme”, “Palavra e Imagem”, os exemplos de artes plásticas, literatura e cinema convivem e trabalham juntos para demonstrar as teorias do cineasta russo quanto à técnica da montagem. Para Eisenstein, a montagem não é uma mera organização dos elementos, mas intrínseca à técnica de qualquer arte. E como tal, também deve ser trabalhada em favor de um efeito final ainda mais produtivo. A montagem é uma ferramenta em favor da coesão e também da narrativa emocional. A narrativa emocional é a parte que tocará diretamente ao espectador, leitor e apreciador do objeto artístico.

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O encontro entre a recepção e as reflexões eisensteinianas se dão de forma clara em seu conceito de justaposição:

...dois pedaços de filme de qualquer tipo, colocados juntos, inevitavelmente criam um novo conceito, uma nova qualidade, que surge da justaposição.[grifo do autor]. Esta não é, de modo algum, uma característica peculiar do cinema, mas um fenômeno encontrado sempre que lidamos com a justaposição de dois fatos, dois fenômenos, dois objetos. (EISENSTEIN, 2002, p. 14)

Retornando a Iser, “...é preciso que a atividade do leitor seja de alguma maneira programada pelo texto.” (ISER, 1999, p. 104). Evidencia-se o valor do leitor, pois o sentido dos dois textos justapostos só surge no momento da leitura. E o valor justaposto é superior à simples soma das partes. A justaposição acresce um valor próprio às duas partes somadas. Usando outro termo de Iser, as lacunas do texto (espaços de significados do texto inerentes a ele e indissociáveis, que surgem devido à característica da significação diversa própria à linguagem) são preenchidas com o trabalho do leitor. O leitor vai completar as lacunas com sua experiência de leitura e de mundo. As lacunas podem servir para que o autor possa programar certa liberdade para o leitor no momento da leitura do texto. A lacuna na justaposição surge também no espaço justaposto. A área de encontro apresenta várias lacunas, pedindo ao leitor que as preencha. O seu preenchimento fará a justaposição um elemento criador. E dessa forma, o texto programa a liberdade do leitor. Como tal liberdade é programada, portanto, não permite ao leitor qualquer interpretação possível. A programação da liberdade do leitor surge no trabalho do autor. Os dois elementos justapostos devem guardar um grau de semelhança entre si e com o todo (o que Umberto Eco chama de “coerência interna”). Ao gerar uma liberdade plena de significação, pode-se fazer com que o texto seja interpretado pelo que não propõe, ou até mesmo o contrário.

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Proponho-me então a refletir sobre a obra do ponto de vista da recepção, tendo como apoio as teorias de justaposição e de montagem eisensteinianas. Dentro dessa perspectiva, proponho uma análise de trechos da história em quadrinhos Hellblazer 165 (numeração norte-americana), publicada no Brasil pela editora Panini em Hellblazer: Highwater – Pecados do passado. Para tal, concentrei a análise em na associação entre texto verbal dos recordatórios e as imagens. Ressalvo isso, pois poderia fazer uma análise que me pareça mais primeira e óbvia: relacionar quadro a quadro de uma página. Em uma página de Emmanuelle, de Guido Crepax, a associação por meio da justaposição de elementos visuais cria uma atmosfera de excitação, erotismo, liberdade. Isso pela justaposição do quadro do avião alçando vôo, do pássaro e de Emmanuelle na poltrona do avião.

FIGURA 1: Emmanuelle Fonte: Emmanuelle, ES, 2007

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Há aqui mais do que uma simples exposição de técnica, há criação de significado pela montagem entre os elementos e seu valor simbólico. Somente essa página mereceria muito mais atenção e análise do que espaço que disponho e, portanto, justifica a razão de me concentrar somente em Hellblazer. Outro tipo de justaposição

facilmente identificável nas HQs diz respeito às

imagens em relação ao texto na página. O texto pode ser dividido em, pelo menos, outras três categorias: balão de fala – em seus diversos formatos: pensamento, grito, sussurro etc.; recordatório – caixas de texto de diversos formatos ou cores, que apresenta a voz de um personagem que não está na cena ou de um narrador; onomatopeia – representação gráfica de sons ambientes. Há outras interações entre texto e imagem, como a legenda e a nota de rodapé, mas não é objetivo deste trabalho a catalogação dessas categorias. As três acima citadas são algumas das mais usuais nas HQs. A relação balão de fala com imagem pode ser estudada por, pelo menos, três caminhos: a relação do conteúdo do balão com a imagem que ele se relaciona; a relação entre os balões anteriores e posteriores àquele analisado; e a relação entre o conteúdo do balão com seu continente – “O balão, para Acevedo (1990), possui dois elementos: o continente (corpo e rabicho/apêndice) e o conteúdo (linguagem escrita ou imagem).” (ACEVEDO in RAMOS, 2009, p. 36).

Indico aqui o caminho que

não trilharei, não por falta de interesse ou motivação, mas pelo objetivo e extensão deste artigo. As onomatopeias, ou mais bem especificado, as onomatopeias visuais, podem ser pensadas em relação umas às outras ou relação aos demais textos tipos de texto, mas creio que a análise mais produtiva se dá ao comparar imagens que compõem o quadrinho e as onomatopeias visuais. Abaixo, um bom uso sob o aspecto de criação de sentido, a capa de Daredevil 1, de 2011, desenhada por Paolo Rivera que faz com que as onomatopeias visuais adquiram a forma de prédios, animais e peças de espaço urbano, numa referência ao modo como o herói Demolidor, que é cego, percebe a o mundo: auditivamente.

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FIGURA 2: Demolidor Fonte: Daredevil 1, Marvel, 2011

Mais uma vez, creio que as onomatopeias visuais requereriam um artigo próprio, por isso apenas as cito e me concentrarei nos recordatórios. Os recordatórios também podem ser pensados na justaposição entre si, na justaposição entre eles demais categorias de texto das HQs e, aquilo que me interessa particularmente, na relação com as imagens. Comumente, os recordatórios trazem a voz de um narrador ou personagem que não está na mesmo espaço-tempo que se apresenta ao leitor pelas imagens, já demonstrando uma ligação justaposta de origem entre o icônico e o verbal. É bastante usual também usar o recordatório no lugar do balão de pensamento do personagem. É

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este recurso que Warren Ellis e Darick Robertson fazem nos quadrinhos de Transmetropolitan reproduzidos abaixo:

FIGURA 3: Recordatório como pensamento do personagem Fonte: Transmetropolitan – De volta às ruas, Panini, 2010

Este artigo se deterá em avaliar a relação do recordatório com as imagens em Hellblazer 165. A trama diz respeito a John Constantine, personagem tipicamente inglês, deslocado de sua terra nos Estados Unidos, tentando descobrir porque seu amigo Lucky Fermin suicidou-se. Highwater traz algumas revelações sobre o suicídio de Fermin e o que há por trás disso. A história se passa em uma pequena cidade do interior norte-americano de nome Highwater. Lá, Constantine encontra uma gangue neonazista, que acredita ler na Bíblia a justificativa para o preconceito contra negros, judeus e mulheres. Na primeira página da história, página 32 na edição da Panini, o leitor vê cenários naturais e texto em recordatório de fundo avermelhado, de um personagem que ainda não foi apresentado visualmente – só o será nas três últimas páginas. A

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dica de que se trata de um personagem da história e não de um narrador externo é a presença do sinal gráfico das aspas no começo e final de cada sentença escrita nos recordatórios. O uso das aspas é uma espécie de convenção das histórias em quadrinhos, que indicam que aquilo é texto de personagem.

FIGURA 4: Páginas 32,33 e 34 Fonte: Hellblazer: Highwater – pecados do passado, Panini, 2010

Ressalte-se a independência entre texto e imagem nas páginas iniciais, pois o texto encadeia ideias que não se associam às imagens, enquanto as imagens narram a ação sem ajuda do texto. Porém, ao associar o texto de convencimento preconceituoso ao cenário, a apresentação do local já mostra que o ambiente todo é permeado por esse tipo de pensamento discriminatório – páginas 32 e 33. Em seguida é possível ver ações violentas na página 34, que se relacionam a um texto que tenta justificar a reação agressiva.

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FIGURA 5: Páginas 35 Fonte: Hellblazer: Highwater – pecados do passado, Panini, 2010

Já na página 35, o texto não combina com a imagem. Um quadro de página inteira mostra um belo amanhecer, com um homem na escada. Uma cena pacífica e calma, dando um descanso na violência da página anterior, porém, acompanhado do recordatório “Estes são atos de guerra.” É como se por mais aprazível e pacífica que a imagem seja, fosse impossível fugir dos atos de guerra anunciados pelo texto. A justaposição entre os recordatórios anteriores e este mostraria uma espécie de assinatura, um resumo das ideias defendidas pela voz em recordatório. Os recordatórios das páginas 37, 38 e 41 são as vozes de John Constantine e sua amiga Marjorie, dando continuidade ao tempo presente da narrativa, enquanto a imagem apresenta um flashback. O quadro amarelo representa a voz de Marjorie e o azul, a fala de Constantine. Aqui as justaposições entre imagem e texto são de outra ordem, pois elas se reforçam mutuamente.

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FIGURA 5: Páginas 37,38 e 41 Fonte: Hellblazer: Highwater – pecados do passado, Panini, 2010

Na página 42, um recordatório anuncia o retorno da voz de persuasão com “Atos de guerra.” Na página seguinte, uma floresta acompanhada de justificativas bíblicas e antissemitismo nos recordatórios. O discurso de ódio é prólogo de uma ação violenta. O texto termina na página 45 e retorna na 48, quando começa o espancamento e assassinato do vendedor de armas ao grupo neonazista. Na página 51, revela-se o personagem cuja voz discursou pela edição. Essa revelação acontece pela justaposição entre o recordatório avermelhado com a parte inicial da frase e o balão de fala com a parte final.

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FIGURA 6: Páginas 50 e 51 Fonte: Highwater – pecados do passado, Panini, 2010

Esmiuçando a ideia, somente o recordatório vermelho ou o balão de fala com a imagem não seriam capazes de revelar a identidade da voz que discursa. Foi preciso o encontro entre elas de modo sequenciado para que isso acontecesse.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa história, a justaposição entre texto e imagem fez com que se prenunciasse o ódio por toda a cidade de Highwater. A tensão não abaixa. Mesmo em momentos de localização de tempo-espaço, a presença do recordatório faz com que o leitor perceba como a cidade está submersa em preconceito e discriminação. A noção eisensteianiana de justaposição em que a junção dos dois elementos cria um significado superior à soma de significados de cada um individualmente pode ser percebida nessa edição, nos exemplos citados na parte anterior.

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Acrescente-se, porém que a maior justaposição se dá entre as linhas narrativas. O texto pertence a uma linha narrativa diferente daquelas das imagens, pois está em outro espaço e talvez em outro tempo. Ao justaporem-se, o panorama da história se completa e o leitor percebe não se tratar de duas linhas independentes, mas complementares. Ao relacioná-las, a HQ ganha em suspense, impacto e profundidade, indo além de uma investigação pessoal e de um discurso discriminatório. A noção da justaposição pensada por Eisenstein para a montagem cinematográfica pode ser aplicada aos estudos narrativos das HQs, com a possibilidade de extrapolá-la a se considerar não somente duas imagens estáticas, e sim tramas, cenas e ações.

REFERÊNCIAS AZZARELLO, Brian; FRUSIN, Marcelo. Hellblazer: Highwater – pecados do passado. Tradução: Daniel de Rosa. São Paulo: Panini Comics, 2010. EISENSTEIN, Sergei. O Sentido do Filme. 2 ed. Trad. Teresa Otoni. São Paulo: Jorge Zahar Editora, 2002. ELLIS, Warren; ROBERTSON, Darick. Transmetropolitan: de volta às ruas. Tradução: Fábio Fernandes/FD. São Paulo: Panini Comics, 2010. ISER, Wolfgang. O Ato da Leitura: Uma Teoria do Efeito Estético (Volume 2). Trad. J. Kretschmer. São Paulo: Editora 34,1999. McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. Tradução: Hélcio de Carvalho e Marisa Nascimento Sole. São Paulo: Makron books, 2005. RAMOS, Paulo. A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Objetiva, 2009.

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