A morte como ensaio (2011)

May 27, 2017 | Autor: A. Cardeira | Categoria: Philosophy, Philosophy of Science, Humanities, Death Studies, Reflection, Humanity
Share Embed


Descrição do Produto

A morte como ensaio AMCardeira Como um átomo, as esferas são ultrapassadas até atingir o núcleo, em que temos os protões e os neutros. Como protões, achamos que a morte nos trás algo de positivo, seja no descanso do mundo real e presente como das pessoas que o habitam, seja porque achamos que existe algo de positivo no outro lado. Por outro lado, os neutros, a simples neutralização do sofrimento basta para nos fazer feliz. Não são as obras infantis que nos fazem crescer, e algumas, nem merecem a pena a nossa atenção. Desviam-se os maus olhares das boas obras, e foi preciso ler O Nascimento da tragédia de Nietzsche para compreender que nem todas as obras novas são más. A compreensão da morte em associação com a fé, o amor ou mesmo a esperança de algo do outro lado para nos dar a visão da vida. Assim, é necessária a morte para dar valor à vida, e mesmo havendo perversos que não o façam, destruindo, traficando e violando seres, sejam eles racionais ou não, o mundo continua girando... Crença Nada como uma boa banhada de crença para nos livrarmos do fardo da morte. Como a fé contemporânea, a Igreja, para nos desanuviar dos pesadelos da vida efémera que tanto o homem tenta se livrar irremediavelmente. São as constantes da morte que atormentam o homem, e a crença em Deus nada mais como uma ilusão de passagem terrestre que não visa, hoje nem à séculos atrás, o amor, mas a fortuna que tanto todos procuram, e que nada mais serve que não para trocar. Tomando a penitência, passa o povo no café, acreditando no perdão e esperando algo melhor que compense esse mesmo castigo, a penitência. Julgo ser davvero a única via católica, a simples dormida livre e descansada que o homem pode fazer quando magoa outrem. Não vendo qualquer desenvolvimento para a raça humana o suporte da vida na crença religiosa. A felicidade passa por saber viver com o que se tem e não desejando sempre mais, esta verdade, os budistas a têm e com ela se vive verdadeiramente o amor, a verdade e a felicidade.

1

Desejo Quem diz que nunca desejou a morte? A morte como dúvida da existência humana, deixando de parte todas as ilusões de manipulação divina que atormentam a carne e o ser. O desejo, mais do que o falo, algo para alem do prazer libidal, mas acima de nós, sem retorno, a morte. Quem não desejava a resposta a morte pode deixar este ensaio agora, e virar-se para a tecnologia ou mesmo para um livro mais calmo e harmonioso, como uma Madame Bovary, ou mesmo A volta ao mundo em oitenta dias, não sei, algo que nos faça companhia em vez de nos atormentar. Como introduzi, e desenvolvendo o desejo da morte como descoberta e resposta, necessidade tão grande desde o Homo Sapiens Sapiens, o homem permanece numa busca infindável de naturezas para além do visível, como exemplo, a transpessoalidade, teorias da conspiração, tribos, grupos, sem legitimidade a arte que não comporta o geist mas sim o visível reflectindo um conceito do artista, tornando-se pessoal, e ao contrário do que devia ser, não é universal (a morte da arte). O desejo da morte neste ensaio é bem mais profundo que o simples deixar de bater o coração, mas uma transposição em dimensões, dividindo o espaço e o tempo. Nunca desejei ter os dons que tenho, nunca o escolhi, nasceu comigo e foi necessário recorrer a materiais convencionais (tardiamente) para compreender que não é um fenómeno físico, mas sim espiritual. O homem baseia-se em sensações, e é necessário um corpo para as ter, visto que a alma pela sua limitação, nem o corpo nos faz sentir quando isolada, quando transposta. E não é preciso meditar como no yoga, nem estar à beira da minha desejada morte para nos sentirmos fora do corpo, numa segunda dimensão, paralela à realidade, mas não vou desenvolver este assunto porque primeiro não há necessidade e segundo, é de difícil compreensão. Fica só o apontamento, já me transpôs em andamento e já dividi a realidade em movimento e tempo, agora é necessário um aprofundamento do conhecimento para conseguir expressar o que é. A morte é um apagamento, é uma falta de consciência, é um todo e um nada, não é preto, não é branco, não tem cor nem sentido, não tem forma nem matéria. O limiar da



2

morte, esse sim, pode provocar out of body experience e etc., mas não passa de um limiar, não transpondo a morte, porque para descrever a morte é necessário transpor e voltar, mas a volta nem sempre é conseguida e de repente, sem darmos por isso, apagase. Arte Se a crença na religião nunca me deu respostas, muito menos a arte me fará acreditar nela. Visto que, como a religião, a arte não passa de um grupo de elites, desenvolvido por génios que visam o acréscimo de conhecimento que a ciência não consegue alcançar, mesmo apropriando-se dela. Como tudo na vida, existem muitos tipos de artista, alguns geniais (e são estes que iremos sempre tratar, e não os analfabetos), que para além do esperado, alcançam novas linguagens e temáticas universais que no interesse humano, possibilita a ida e volta para novas dimensões, sejam estéticas ou epistemológicas. E com razão, sem conhecimento, não se usufruir da arte, esta, que não contém nenhum conhecimento, mas necessita de uma bagagem da parte do sujeito para que a compreenda ou mesmo a possa desenvolver, no caso do critico, que por meio legitimo ou não, permite uma linguagem escrita e falada que por vezes, permite o criador a desenvolver a sua obra para além do exposto. Sem público não há obra, e sem obra, não há artista. Sem dinheiro não há obra, sem obra, não há desenvolvimento, sem desenvolvimento há o nada. O nada que comporta dimensões para além da coisa que nem eu, nem outro sabe o que pode possibilitar. Porque o nada existe, e o nosso conhecimento, ou mesmo, possibilidade de conhecer está limitado à nossa condição humana. O eu está farto de repetições, como a própria arte já o foi ou ainda o é, na sua verdadeira ascese, a repetição dentro de uma obra e não de várias obras. Ou seja, a apropriação na arte só se justifica quando há de facto uma linguagem própria e inovador que não vise em retirar a verdadeira verdade da obra de apropriação. Assim, credo che seja legítimo a condenação de diversas, ou todas, as apropriações falhadas de artistas contemporâneos, às ideias geniais de artistas únicos. Sendo o significante artista o mais próximo da realidade, não no sentido negativo do termo, como maluco de circo; sem prejudicar a vida artística circóide, que tão bela pela



3

natureza do divertimento se desenvolveu, nem mesmo do maluco porque todos os criadores de arte são malucos, mas ao contrário dos psicóticos, estes, têm bilhete de ida e volta, e não somente de ida. Mas ida para aonde? A questão permanece, e a resposta que se encontra é o mundo, outro mundo, outra dimensão terrestre que o artista descobre dentro de si. Contudo, este dentro não é pessoal, ou seja, apenas a linguagem é pessoal, mas a problemática é universal, dentro do possível (elites). E é preciso chegar a morte para nos fazer trabalhar, para nos fazer querer realizar os sonhos enquanto vivemos, mesmo que esse sonho seja de viver para sempre. A morte, seja válida ou inválida, é necessariamente, uma razão da arte. Seja ela por fotografia, falando mais contemporaneamente, seja por cinema, ou mesmo a música que pode provocar a surdez, e a surdez como caminho para a invalidação auditiva, a morte auditiva que tantos desejam, e muitos, cada vez mais, alcançam. É preciso morrer e voltar a nascer, tal como os impressionista para verem o mundo tal e qual como ele é, sem ideologias, nem arquétipos que nos limitem a visão – a arte como uma renascença, mais do que o Renascimento, é necessário um after-birth para renovar o pensamento artístico. Todos desejamos algo de mau para chamar a atenção do outro, e nada como uma obra de arte para chamar a atenção dos outros, e cria véus em muito chamados a atenção por pensadores do século passado. Passem para outra, criem, não se apropriem, façam mais do que as cópias romanas do gregos, como copiam os outros... Façam-nos delirar um pouco menos, descortinando a realidade, dando a ver a sua verossimilhança. Suicídio Um tema em muito condenado pela sociedade, não sendo fácil a sua linguagem devido às consequências que comporta. Contudo, o suicídio é um tema a ser desenvolvido como não só desejo, atenção, validade, legitimidade, fé, esperança ou mesmo amor à própria morte. Mas como alguém é capaz de se matar? Acabando com a sua vida tão bela, harmoniosa, num mundo tão belo e tão harmonioso. Não creio que seja assim tão belo e



4

harmonioso como é óbvio, e legítimo da minha parte o afirmar, e sem egoísmo, penso ter acompanhantes cui. A tribos ritmam ao som da morte, da vida, e do poder divino. Os guerreiros matam para outros viverem, e os homens contemporâneos matam por desporto. Foi necessário passar pelo menos 5’000 anos, e o homem se tornam numa máquina de matar implacável, sem vista aos inocentes, e passar por tudo e todos. Não afirmo que no passado não acontecesse, claro, todos os homens violavam não só mulheres como crianças e homens, e se continuar, este ensaio acaba numa náusea sem fim, e consequentemente numa desistência não só do leitor, mas minha também. Voltando ao mundo terrestre, sem me projectar no tempo e no espaço, a minha pessoa não passa de uma materialidade que do mundo nasceu, e no mundo ficara, e o geist se projectará após a minha morte por ela dentro. O suicídio é um curioso mundo sobre a morte, não só uma quebra de sofrimento emocional, como uma chamada de atenção. Muitos sabemos que o suicídio tem dois grandes parâmetros: primeiro, afectar o outro, seja ele o outro lacaniano, seja ele o outro vivo; segundo, acabar com o sofrimento. A vida é um sofrimento constante, e a nossa passagem por ela não passa mais do que um ensinamento da nossa forma de comportamento nela. Então, para que serve sofrer se vamos morrer de qualquer forma? Mais vale acabar já, antes que venha mais, porque este já não o suporto. E quem o suporta? O outro? Qual outro? O outro pouco ou nada quer saber de ti, pouco ou nada se importa, mas importa-se sim com a vida dele, mesmo que implique o desprezo pela nossa. Concluindo sem mais, que a melhor maneira de vivermos connosco é libertarmo-nos do outro, tornando-nos independentes, mesmo que o outro não seja nem mais nem menos, que a nossa própria mãe. Essa figura tão altiva e tão forte que o nosso geist compreende como o todo, e dificilmente se solta da trela maternal. Pode levar dias, pode levar anos, mas a trela tem de rebentar, e a nossa independência maternal é essencial à nossa sobrevivência emocional; mesmo que implique o suicídio como escape ao sofrimento passante que não nos livramos, nem com os pensamentos mais profundos e as descobertas mais horrorosas em nós.



5

Por vezes, nem a família, nem os outros mais figurantes que são os amigos compreendem a dor de viver de um ser em sofrimento. Uma dor constante, aterrorizante, que sem resposta, não se compreende de onde provém. E nem com 100 anos de psicanálise, e estudo e análise profundo do eu, se chega a uma resposta que nos faça ver e resolver esse mesmo problema. Uma constante negativa do geist que não se solta, sendo necessária a morte, para desanuviar essa mesma dor. Para se compreender a morte, é preciso vivê-la, e de facto, com alguma risota, os dois primeiros períodos são a minha anedota ensaística. Como viver a morte? É simples, matando-nos. O único defeito desta tão genuína actividade (quando praticada da solo), é a dificuldade em transmitir a experiência quando se está morto. Contudo, a morte vive connosco e não está para além de nós. Isto é, ao termos um corpo não só suportamos a vida, como também nos acompanha a morte, seja ela prematura ou natural. E o cérebro que deseja o conhecimento porque somos todos da mesma raça, uma raça humana, que naturalmente asfixia com a não chegada da pergunta, mais do que a resposta. Porque difícil é perguntar, não é responder. A pergunta do suicídio é: será que vale a pena, viver? De facto, é necessário o contacto com maníaco-depressivos, e outros psicóticos para compreender a sua forma de pensar, e muitos deles estão enquadrados em grupos, como dois que já referi, como a depressão, a bipolaridade, etc., que nunca mais acabaria a lista... E são padrão, isto, porque emocionalmente correspondem a um determinado esquema de pensamento comum com outros seres, dentro do mesmo grupo. Poderia enveredar por um percurso mais do que psicológico mas psicanalítico para explicar a questão mas não o faço por duas razões: já diversas tentativas foram realizadas sem qualquer solução, e primeiro do que isto, não tenho estudos (e sim legitimidade) para o realizar. A minha conduta de pensamento parte da experiência, parte do empirismo, que tão ambíguo se pode tornar, contudo, algo de novo me fará desenvolver, como esta mesma problemática. “Prefiro sofrimento à passividade.”, é uma constante, e se a matemática explicasse a consciência, seria uma exponencial. Visto que tudo hoje em dia é tentado



6

pela matemática, porque a não as emoções também? E que tal a morte? A Equação da morte? É simples: como oposto da vida. Essa máquina que bombeia litros e litros de sangue por dia, liberta energia, produz, cria, etc. Um sofrimento. Sendo difícil viver, é tendo consciência da alienação textual e mesmo assim deixando-me levar pelas vozes que “só oiço quando falam”, e só falam quando escrevo. O ser humano está tão apegado, tão alienado ao outro que o suícidio torna-se a resposta por vezes, como chamada de atenção, deixando um rasto material e imaterial, como puro e simples delírio. Um delirar psicótico criado, acredito eu pelo outro, sempre, fora as excepções de degeneração cerebral. Assim, todo e qualquer psicótico não-degenerativo é-o pelo simples facto do outro, Aqui, Lacan acertou em muito, e continuamos acreditando que a psicanálise é uma ajuda mas de facto ainda são precisas algumas décadas para se desenvolver técnicas mais precisas e eficazes com o psicóticos. Sem dom, apenas atenção, é de facto muito fácil visualizar, enquanto me passeio pelas ruas de Lisboa, e perceber o estado emocional das pessoas. E por vezes, tenho pena de não ter um historial delas para comprovar a resposta que me salta aos olhos muito facilmente. Cegos ou céptico Nada como uma boa dose de sexo e televisão para nos fazer esquecer os problemas. Nem que implique a imoralidade e o rebentamento do ofício católico para nos vedar o acesso ao conhecimento da verdade. O mundo contemporâneo, hoje, aqui, neste mesmo universo, com pessoas que esquecem a morte, a doença, e a fome em África – projecção egoísta mais profunda do ser humano – alegrando-se e alienando-se com meros prazeres orgiásticos que nem gregos são. Sem a verdadeira orgia, o homem consegue compreender hoje, vendendo a sua dignidade ao pobre e, a longo prazo, ouvindo os sinos na capela mortuária de um outro ente para compreender a verdadeira mentira e a distância à verdade que se encontra. Nada como a morte para acordar. O que vale é que não é a nossa morte... Ficamos mais



7

descansados... Pelo menos a maioria, porque uma minoria depende dessa compreensão e aceitação da verdade para ultrapassar e recalcar essa mesma realidade. Dizem que para se escrever algo de genial, é necessário ler muito, mas para quê ler quando não se compreende aquilo que se lê...? Mais vale ler o que realmente comporta a nossa capacidade de compreensão, e não apenas para afirmar que se lê, quando verdade; porque se divagasse para a verdade e a mentira, nunca mais daqui saía, e não desenvolvia o verdadeiro cerne de questão humana – a morte. O sexo e a morte é uma dualidade constante no homem. Uma verdadeira combinação explosiva e aliciante ao mais materialista ser. E não preciso de sair do meu quarto para compreender e o que se passa. Tal como Kant não saio e escreveu tão magnificas obras, não sou Kant, mas gostava de o ter conhecido, e de perceber a sua metodologia de associação de ideias, de significados. Os desejos de algo que nunca alcançamos são os mais verdadeiros de todos, e o único que podemos de facto alcançar é a morte. Desapego É rara a sensação de uma alma só, sem constantes mutações de outros que se projectam como véu do bem estar. Conseguimos passar uma vida inteira a pensar no outro, sem sequer supor a existência de um eu, de nós próprios, acumulando todas as vivências dos outros como nossos e vice-versa. Sem dúvida, é necessário o desapego. Essa transformação tão tempestuosa que se prolifera pela seta da vida sem começo nem fim planeado, é algo que acontece, como pensamos, acontece. E é sem esta questão que não se consegue viver, e comecemos por ter a consciência do nosso eu, nem que por isso seja necessária a intervenção de um Doutor na nossa consciência com os seus dotes infinitos de sabedoria como aconteceu no meu caso. Sem linguagem não há consciência. E não, não sou da área da linguística apesar de defender e aceitar algumas das suas teorias como modo de vida, modo de pensamento e raciocínio para com o outro. Uma diversão.



8

No budismo temos a meditação, nas mesquitas a oração, nas igrejas os convívios, etc., mas no eu temos a consciência, e a nossa própria voz que se ressoa na espinha ao longo do texto como forma de leitura e entendimento do mesmo. Os humanos não têm consciência dos seus poderes, e já nem menciono a visão de auras e etc, chego mesmo ao ponto de pensamento, do intelecto. Em que cada momento é um momento difícil, cada segundo um segundo por si, e quando os momentos são bons, o nosso devaneio (ou chamemos delírio) se deixa ir, perdendo a noção de tempo, alienando-nos, e por outro, a tristeza e os momentos constrangedores que tornam os minutos horas e por aí adiante. Sem desapego, a morte vem por vir, como fim último da nossa existência, como na igreja o céu e o inferno, como o além, reencarnação, entre-vidas, o que quiserdes, mas o ponto fraco é a mera passagem. A passagem que é a nossa vida, como oposto do seu fim, a morte, que deve ser zelada a todo o custo, sem sofrimento. A nossa vida para ser realmente vida necessita irremediavelmente do desapego, tomando assim como uma transformação que nos dará consciência da nossa existência como alma e não corpo apenas, sem circuncisões religiosas. Tudo isto não passa apenas por uma passagem, seja ela com ou sem alma, mas uma passagem, então, sendo assim, venha a morte que o desapego provocará definitivamente. Morte1

1 A morte é algo a desenvolver por cada um de nós, uma consciência que ressoa no fundo, por ou em circunstâncias diversas de mudanças de paradigmas internos ao nosso mais querido ente, o eu, que sem nos livrarmos do outro, não passa de uma ilusória verdade e vida vivida em grande felicidade sem o mínimo de razão ou sentido, tornando-se uma piada à luz dos conscientes e ainda para mais à luz de quem detém terceiras visões e de pouco se denotam para perceber o verdadeiro estado e qual o seu fim. Um estudo em forma de ensaio que deverá ser desenvolvido com mais estudo e pesquisa e quiçá uma meditação plena de verdade que apenas se transforma em palavras quando a linguagem o permite. Apresento-o sólido e de arranque o que essas mesmas limitações significantes me permitem, e em tudo um pouco, uma abertura ao tipo de pensamento de uma geração regida pelo poder com excepções de crentes em libertação espiritual. Uma liberdade em muito condenada pelos que ignoram o saber e no fruto do mito se regem como se num pedestal a sua forma e matéria fosse mais do que simples energia física, e pouca a fonte Zeitgeist. A alienação é um signo constante no pensamento contemporâneo e deve ser desenvolvido para além da matéria, como pensamento de outro que nos prende ao que nada conhecemos do eu.

9

Mata-se o ensaio com uma conclusão que necessariamente terá uma reencarnação de ou noutro texto, uma refutação, provas de validade, uma piada, o que o outro mais desejar, pela compreensão ou ignorância ao mesmo. Declaro em plena virtude que sem grandes conceitos filosóficos, isto não passará de um pequeno assunto que alguém decidiu abordar de forma infantil e desajeitada. Contudo, para os menos céptico, a verdade trará consequências e os esquemas propostos conscientemente e com longo desenvolvimento racional se projectaram, farão de si uma árvore de ramos ideais ao simples toque da sensibilidade. E não chamo o poético porque a minha musa é a morte, a simples consciência de que todos os seres têm um fim irremediavelmente trazido pela vida. Nós somos a própria morte, como o objecto tudo comporta o não-nada, nós, a vida comportamos a não-morte. A morte que nos acompanha, e pode chegar a ser obsessiva como em inúmeros casos de depressão que por causas forçadas ou psicóticas podem nos tornar menos delirantes, ou levar mesmo ao ponto da experiência.

Assim, a morte em portas de abismo como consciência da condição humana já tecida em lãs de 2500 anos, deixando que o tempo nos devore, depositando-nos em prateleiras de matéria terrestre num sistema tão minúsculo.

10

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.