A morte e o morrer na comunidade luterana em Nova Friburgo no século XIX - Conflito e alteriade

June 4, 2017 | Autor: Ronald Lopes | Categoria: Historia Cultural
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A MORTE E O MORRER NA COMUNIDADE LUTERANA EM NOVA FRIBURGO NO SÉCULO XIX:
CONFLITO E ALTERIDADE
Mateus Barradas Teixeira[1]
Ronald Lopes de Oliveira[2]


Resumo: Em 1824, proveniente do processo da política de imigração realizada
pela Corte Imperial, se assentou na Vila de São João Batista de Nova
Friburgo - localizada nos Sertões do Leste Fluminense - um grande número de
imigrantes germânicos de origem luterana que, acompanhados pelo seu pastor
Frederich Oswald Sauerbronn dão início a uma comunidade. Originalmente
composta por portugueses e imigrantes suíços majoritariamente Católicos, a
Vila de São João Batista de Nova Friburgo passou a conviver com elementos
culturais não provenientes da estrutura cultural hegemônica baseada no
catolicismo. O objetivo desta comunicação é analisar cinco enterramentos
nos anos 20 do século XIX, permeados por conflitos religiosos entre
católicos e luteranos, bem como relações de alteridade entre calvinistas de
origem suíça e luteranos de origem germânica.
Palavras-chave: enterramento, alteridade, conflito, religião, protestantes,
Nova Friburgo.

Abstract: In 1824, as a result of the process of immigration policy
conducted by the Imperial Court, settled in the Vila São João Batista of
Nova Friburgo, located in the Barrens East Fluminense, a huge number of
German immigrants of Lutheran origin, accompanied by his pastor Frederich
Oswald Sauerbronn started a community. Originally composed by Portuguese
and Swiss immigrants, mostly Catholics, the Vila São João Batista of Nova
Friburgo started experiencing cultural elements not from hegemonic cultural
structure based on Catholicism. The objective of this work is analyze five
burials in the 20s of XIX century, permeated by religious conflicts between
Catholics and Lutherans, as well as relations of alterity between
Calvinists of Swiss origin and German Lutherans.
Key-words: burial, alterity, conflict, religion, protestant, Nova Friburgo.


O povoamento e interiorização dos Sertões do leste Fluminense

O que comumente se tem chamado por "Vale do Paraíba", ou seja, o
espaço em que se localizam as terras banhadas pelo Rio do Paraíba do Sul e
que compreende parte do leste do estado do de São Paulo e o oeste do Rio de
Janeiro, é considerado como uma construção histórica, um espaço socialmente
construído e que, portanto, varia no tempo. Por essa razão, o seu espaço
deve ser compreendido não somente por uma base territorial, mas, sobretudo
pensá-lo como fruto de relações que são estabelecidas e vivenciadas pelos
agentes que interagiam nesse espaço. [3]
Até século XVIII, os "Sertões do Leste" ou "Sertões do Macacu", como
era chamado uma parte do Vale do Paraíba, uma região que envolvia a zona da
Mata Mineira e o centro-norte do Estado do Rio de Janeiro, era considerada
proibida, pois assim, evitaria o contrabando de ouro por essas terras. [4]
Composta pelas áreas que hoje inclui os municípios atuais de Teresópolis,
Sapucaia, Nova Friburgo, Sumidouro, Duas Barras, Carmo, Bom Jardim,
Cordeiro, Macuco, Cantagalo, Trajano de Morais, São Sebastião do Alto,
Itaocara, São Fidélis, Três Rios, Santa Maria Madalena, São José do Vale do
Rio Preto e parte de Petrópolis, era o lar dos chamados "índios brabos" [5]
e de alguns quilombos. [6]
A partir de 1770, essa região foi penetrada e escassamente povoada
pelas incursões de um contrabandista de ouro alcunhado de "Mão de luva",
que teria fundado um arraial, atraindo a vinda de diversos aventureiros e
faiscadores mineiros pelo vale de Macacu. A partir de 1786, com a prisão de
"Mão de Luva", a escassez de ouro, além do desinteresse do governo de Minas
Gerais [7] pelas terras, foi ocupada a região do entorno e distribuídas
sesmarias a todos que possuíssem 12 ou mais escravos e quisessem garimpar
ou plantar. [8]
Como parte da política de imigração de Dom João VI, voltada para a
interiorização e consolidação do território brasileiro, foi autorizada o
estabelecimento de uma colônia nessa região, por um decreto em 1818,
comportando cerca de cem famílias agrícolas e um número suficiente de
carpinteiros, curtidores, tecelões, marceneiros e pedreiros que vieram por
uma companhia de Emigração dos cantões de Friburg, na Suíça. Os gastos com
a viagem seriam ressarcidos e os imigrantes teriam abrigo, cuidados
médicos, 160 réis diários no primeiro ano e 80 no segundo, sementes,
animais, ferramentas e lotes de terra. [9]
Para esse projeto, foi comprada a fazenda do Morro Queimado, que
pertencia ao Distrito de Cantagalo. Era composta por quatro sesmarias,
totalizando duas léguas de testada por três fundos, e foi adquirida por
vinte vezes o seu valor e a infertilidade do solo foi omitida na transação.
A partir daí, foram edificadas 100 casas provisórias, pontes, ruas,
estradas, a casa do inspetor, depósito de víveres e utensílios, moinhos,
fornos, enfermaria, botica e quartel de polícia. Com a primeira légua,
foram demarcados 120 lotes. A metade da outra légua destinou-se à criação
da vila de Nova Friburgo e na outra metade foi construída a fazenda São
João do Ribeirão, que permaneceu sob o proveito da coroa. [10]
A região escolhida para a montagem da colônia que viria a ser a Vila
de Nova Friburgo tinha características físicas consideradas dificultosas
para erigir esse empreendimento: o relevo montanhoso coberto pela realidade
florestal, além do clima frio que não favoreceria o cultivo de café e a sua
localização em uma cadeia de serras com vales fragmentados que integram a
chamada "Serra do mar", que viria a ser um ponto importante para a
transposição da serra rumo a Cantagalo e a Minas Gerais. [11]
Além da morfologia, a região estava bem provida de águas que
orientariam a direção do povoamento, tais como a micro-bacia do rio
Bengalas, formada pelo junção dos rios Cônego e Santo Antônio; a bacia do
Rio Grande que é um dos maiores afluentes do Paraíba e nasce a oeste de
Nova Friburgo, formando diversos riachos; além da Bacia do Macaé, que nasce
no atual distrito de Lumiar e recebe afluentes entre os quais o Rio das
Flores, o Boa Esperança e o Bonito que deságua no Oceano Atlântico. [12]
Dessa forma, Nova Friburgo começa a ser edificada dentro de um
contexto maior, o Vale do Paraíba fluminense, em que a partir dos fins do
século XVIII, segundo Muaze, foi se transformando de uma região com grandes
quantidades de matas virgens ou parcamente povoadas, territórios de tribos
diversas, em imensos e modernos cafezais, passando de lugar pouco explorado
a centro econômico do império. [13]
A partir de 1814, Cantagalo passa de distrito para vila e, em 1820, é
a vez de Nova Friburgo. [14] Para Fridman, a vila é uma unidade
administrativa que articula a produção, a circulação e o consumo a partir
de estradas que ligavam distantes localidades a partir da integração das
oligarquias. Dessa forma, as vilas seriam núcleos urbanos baseados em rede
de centros com uma unidade política e econômica que influenciaria e
controlaria assim o processo de urbanização. [15]
Para a autora, a política e a administração eram voltadas para a
relação entre centro e periferia, ou seja, há uma articulação indizível
entre as políticas administrativas do centro e a maior ou menor autonomia
das vilas no que tange a essas duas questões. A constituição de 1824
dividiu o Brasil em províncias que eram administradas por um presidente
nomeado pelo Imperador, mas este não era a única autoridade, pois as
câmaras de vereadores foram mantidas e a elas era atribuídos o governo
econômico e político da determinada região, mas a hegemonia do campo
político estava circunscrita aos interesses dos grandes proprietários
rurais. [16]
A Lei 276 de 5 de fevereiro de 1826 ordenou o estabelecimento de um
núcleo colonial em cada município da província do Rio de Janeiro e a Lei
Provincial 226 de 30 de maio de 1840 discorria sobre a organização de
colônias agrícolas e industriosas, através de contrato com empresários ou
companhias sob diversas condições, tais como: a garantia de terras próximas
as cidades, vilas ou povoados aos colonos, 4 anos de isenção de foro e de
pagamento de qualquer serviço publico, isenção de 10 anos de impostos
provinciais, não seriam admitidos escravos, entre outras disposições. [17]
Com o Ato Adicional de 1834, os conselhos gerais das províncias se
transformaram em Assembleias Legislativas provinciais e assim conseguiram
uma maior autonomia mesmo que relativa, pois poderiam a partir daquele ano
deliberar sobre a divisão civil, eclesiástica e judiciária das províncias e
mudar as suas capitais sem consultar outras instâncias. [18] O processo de
expansão territorial não se limitava a algumas áreas nas terras
fluminenses, mas cobria todo o território da província, uma vez que se
articulava em torno da produção cafeeira, mas tendo um ritmo próprio de
relações comerciais locais, ou seja, um mercado regional fundamentado
através da divisão de trabalho e das economias de escala. [19]

A Vila de São João Batista de Nova Friburgo após a chegada dos imigrantes
alemães e o convívio com os imigrantes suíços.

Em 1824, os imigrantes alemães saem da Armação da Praia Grande em
Niterói e seguem rumo à Nova Friburgo em um número de aproximadamente 300.
Para conseguirem chegar até a Vila, foi necessária a reconstrução da
estrada que dava acesso ao local e a reforma das habitações semi destruídas
com uma verba enviada para os reparos imediatos e para dar subsídios de
igual valor aos Suíços. Os imigrantes alemães não conseguiram pousar em
postos de registros da serra, pois estes estavam danificados, então
pousaram em fazendas particulares, como a do Coronel Ferreira, onde ficava
o trecho mais íngreme de todo o trajeto chegando a Nova Friburgo, foram
então, depois que chegaram na sede da Vila, alojados nas casas da Praça da
Justiça. [20]
É importante lembrar que a vila de Nova Friburgo foi escolhida para
ser ocupada pelos imigrantes alemães devido à necessidade de expansão
territorial, a proximidade da região a coroa e também a necessidade de
ocupação das terras abandonadas pelos imigrantes suíços.
De acordo com o relatório enviado por Monsenhor Miranda a Quévrémont
sobre os lotes abandonados pelos suíços que deveriam agora passar para as
mãos dos alemães, a situação era a seguinte: dos trinta e cinco lotes, 13
eram inadequados para a produção agrícola, 11 tinham como proprietários
órfãos e soldados a serviço do Regimento Estrangeiro, 8 eram de colonos que
não haviam renunciado seu direito de posse e apenas 3 estavam em condições
para serem concedidos, embora tivessem sido requisitados pelos colonos
suíços. [21] As terras em posse dos órfãos e soldados poderiam ser
repassadas para os alemães, mas demorariam mais tempo para que isso
acontecesse. [22]
Para evitar que a mesma dispersão que ocorreu com os suíços se
abatesse sobre os alemães, no dia 28 de julho de 1824, Monsenhor Miranda
relatou ao governo a situação das casas na Vila de Nova Friburgo e sugeriu
as seguintes providências, que foram aprovadas: as casas se destinariam
somente a moradia, os moradores pagariam 1$600 mensais para o Cofre da
colônia (excetuando o médico, o vigário e do chefe de polícia), os
imigrantes seriam obrigados a observar as medidas da polícia para a
conservação das casas, o diretor da colônia examinaria mensalmente as
casas, o Tesouro Nacional adiantaria a quantidade necessária caso o Cofre
da Vila não tivesse os subsídios necessários para a manutenção das casas e
era de responsabilidade do diretor da Colônia a execução de todas essas
medidas. [23]
As áreas que eram mais férteis, com uma localidade melhor, e não
tivesse impedimentos foram então demarcadas (com certa lentidão por conta
das chuvas) por Luís Francisco das Chagas, sargento de artilharia montada a
serviço de Monsenhor Miranda, pela portaria de 20 de setembro de 1824, e
depois foram distribuídas, mas não em número suficiente. [24] Segundo
Souza, existiam terras devolutas no sul da Vila e nos sertões de Macaé e
muitas famílias foram, portanto, acomodadas também nessa região e cada
imigrante recebeu 62 braças de terra (cerca de 300 metros quadrados). [25]
Logo após a distribuição de terras, houve diversas reclamações sobre a
coincidência das posses dessas áreas. Isso aconteceu, por exemplo, com o
lote 88, que mesmo não sendo nada cultivado ali, não foi oficialmente
renunciado e era de posse do helvético Lutolf, que se queixou da entrega de
suas terras ao alemão Guttermann. [26]
Dessa forma, mesmo que existissem mais cuidados na preparação da Vila
para a chegada dos novos imigrantes, podemos perceber que a situação
encontrada foi bem distante daquela combinada com o Major Schaeffer e os
muitos males que se abateram aos imigrantes helvéticos também iriam se
abater aos alemães, seja pelos problemas das terras, seja por ter que pagar
quantias aos cofres da colônia, ao invés de receber os subsídios por
completo, dentre outras questões.
Contudo, não existiam somente tensões entre os suíços e os alemães,
mas também relações de trocas comerciais, pois muitos dos primeiros achavam
que fariam bons negócios, pois poderiam trocar seus campos, produtos ou
ferramentas em moeda local e depois investir em atividades mais rentáveis e
com maior segurança para além das terras pouco férteis da região. Além
disso, alguns colonos pagaram suas viagens no intuito de empreender
melhores condições de vida, o que significa que nem todos eles eram de fato
pobres e com isso poderiam fazer essas trocas comerciais com os suíços que
ali residiam. [27]
Tanto no caso dos imigrantes suíços, como no caso dos imigrantes
alemães, a posse de meios monetários definiu o sucesso ou insucesso
daqueles que ficaram na Vila. Segundo Laforet, o suíço Jean Gauthieu com
pouco dinheiro, conseguiu ampliar sua lavoura de milho, feijão e café em um
terreno arrendado no lote número 15 conseguindo assim prosperar. Também nos
indica o caso do moleiro alemão, Balthazar Grieb, que arrendou parte do
lote 4 do suíço Johanes Werner obtendo subsistência para sua mulher e seus
filhos, além de prosperar com a venda de produtos agrícolas e a criação de
animais. [28] A partir de 1840, a Vila de Nova Friburgo começou a expandir
as fazendas de café em suas áreas adjacentes, mas também na sede, devido à
conjuntura da economia fluminense que, a partir de 1821 se assentava na
produção do café. Na segunda metade do século XIX, Nova Friburgo se
beneficiou com a área de trânsito das tropas que transportavam o produto e
definindo assim o seu papel econômico, ou seja, de produzir outros gêneros
em complemento à economia cafeeira alocando a produção nas áreas
adjacentes. [29]
Nesse contexto, há uma dinâmica na economia e infraestrutura da Vila
e, em 1840, o Barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, construiu uma
casa na Vila e os seus filhos: Bernardo Clemente Pinto Sobrinho (segundo
Barão de Nova Friburgo) e Antônio Clemente Pinto filho (Barão de São
Clemente), construíram o chalé do Parque São Clemente e um pavilhão de
casa. O Barão de Duas Barras também construiu sua casa na Vila. Seguindo o
exemplo dos Barões; Manoel Antônio Jordão, próspero cafeicultor, investiu
também na Vila criando um teatro e com isso atraiu a chegada de artistas e
da elite que subiam a serra para participar dos concertos, o que Lisboa vai
conceituar como "esplendor do café". [30] A partir da década de 70, a Vila
de Nova Friburgo passou a ter ampla diversidade profissional, com
hospedarias, bares, bilhares e outros serviços típicos de centros urbanos.
Também foram construídos os hotéis como Leuenroth, Engert, Central e
Salusse. Tudo indica que essas construções foram feitas devido à demanda de
pessoas que subiam a serra para se tratar ao "evitar a canícula da corte" e
também foi criado um estabelecimento hidroterápico no centro da Vila. [31]
Dessa forma, podemos levantar uma análise sobre a mudança da
conjuntura da Vila. Ou seja, passa de um projeto de imigração fracassado
para a abundância econômica e política, em profundo contato com a dinâmica
Imperial. Partindo do pressuposto que a Vila de São João Batista de Nova
Friburgo estava inserida em um contexto maior e não compreendida, portanto,
como um "projeto inovador", podemos pensar que três foram os fatores que
contribuíram para essa expansão a partir de 1840: a expansão do café no
Vale do Paraíba, a rápida dispersão dos imigrantes pelas terras mais
produtivas adjacentes a Vila e a posição geográfica em que ela ficava como
"ponte" para a circulação do café.


A constituição de 1824 e os limites da liberdade religiosa no Brasil

Para entendermos a relação entre Igreja e estado no Brasil imperial,
temos que observar que essas duas dimensões estavam unidas sob o conceito
de Cristandade. Por Cristandade, entende-se um sistema de relações entre a
Igreja e o Estado em uma determinada cultura e sociedade, perpassando por
diversas modalidades desde a sua criação em 313 e que, a partir do século
XIII, é chamada pela historiografia de "Cristandade Constantiniana" [32].

O Estado Imperial, herdeiro do padroado colonial, considerava o
aparelho eclesiástico indispensável para a sua legitimação e também
manutenção de poder, além de homogeneizar os padrões e comportamento da
população. Dessa forma, podemos dizer que o estado imperial manteve uma
ambiguiade entre o projeto conservador e sua ideologia com elementos
liberais. Essa situação é demonstrada por Dom Pedro I ter reinado pela
"aclamação dos povos" (12 de outubro de 1822) e com uma sagração (1 de
dezembro de 1822), pela soberania popular e pela graça de Deus [33].

A carta de 1824 que foi outorgada por Dom Pedro I incorporou o
Padroado. Nesse sentido, no artigo 5, por exemplo, estabelecia que a
religião católica continuaria a ser a religião do Estado e que os outros
cultos só seriam exercidos de forma privada. Sendo assim, no artigo 102
versava sobre a obrigação do imperador nomear os bispos e conceder ou
recusar placet aos documentos da cúria romana. Portanto, podemos aprofundar
essa ambiguiade dita acima, pois o império consideraria os brasileiros
simultaneamente súditos e cidadãos[34]. Assim o Estado imperial permaneceu
tentando conciliar autoritarismo e liberalismo, jurisdicionalismo
confessional e tolerância religiosa, esfera pública e privada, estatuto de
súdito e de cidadão, gerando conflitos nessas instâncias contraditórias,
incluindo aí os eclesiásticos partidários do Ultramontanismo e os
partidários do Regalismo [35].

A partir do Segundo Reinado, o Estado imperial começou a dissociar o
liberalismo do regalismo, na tentativa de ser ainda mais conservador e
colocar a Igreja como subserviente a seu poder. Sendo assim, ao governo
cabia reconhecer que o poder religioso estava nas mãos do clero, mas o
poder eclesiástico estaria nas mãos do rei, da mesma forma, respeitava-se o
poder temporal do Imperador, mas a autoridade máxima para os assuntos da fé
e eclesiásticos era o Sumo Pontífice romano, fazendo então um balanço entre
as duas linhas eclesiásticas da época, Ultamontanismo e Regalismo [36].


O panorama religioso católico e protestante nos Sertões do leste Fluminense

Desde o século XVIII mesmo assentados escassos contingentes humanos
espalhados por diversas fazendas nesse espaço, já se tem notícias sobre a
presença de líderes católicos nessa localidade, sobretudo jesuítas que,
segundo Pedro, foram os primeiros a retirarem ouro nos Sertões do leste e
ter atividade missionária, mais precisamente na região de Cantagalo, famosa
por ser área de contrabando de ouro e ao sul, na região de Cachoeiras de
Macacu [37].
Segundo Fridman, uma freguesia é a menor unidade administrativa, com
cerca de dez casas e algumas famílias, submetidas à administração
espiritual e governamental de um cura. É sustentado por dízimos da Ordem de
Cristo ali arrecadados, seu espaço delimitado a partir de um alvará e sua
institucionalização é iniciada com a criação de uma paróquia. Dessa forma,
podemos situar seu povoamento e os caminhos que ligavam a outras vilas e
demais espaços de organização imperial [38].
Com o advento da política Joanina de colonização para fins de
integralização territorial no início do século XIX e a crescente produção
de café, houve a ampliação do número de freguesias que, de 1801-1836, se
estabeleceram 16 paróquias em diversas áreas de produção e distribuição do
café. De 1835 a meados do século XIX, 30 freguesias são edificadas e na
segunda metade do século XIX, mais 54 delas foram criadas nas regiões do
médio Vale do rio Paraíba, na região serrana, no noroeste e norte
fluminense, ou seja, o mesmo número de paróquias erguidas nos três séculos
anteriores na mesma região.[39]
Nesse sentido, para cuidar dos serviços religiosos da Freguesia de São
João Batista de Nova Friburgo, dois foram os curas que vieram para a região
com a imigração Suíça, Monsenhor Joye e padre Abbey, mas o ultimo acabou
morrendo afogado quando foi banhar-se no rio Macacu[40]. De acordo com
Fluck, Jacques Joye foi ordenado padre em 14 de maio de 1812 e foi
escolhido, em 1819, como sacerdote para os suíços que imigrariam ao Brasil
pelo Bispo de Lausanne e era do partido Ultramontano[41]. A Freguesia de
São João Batista foi criada anteriormente à chegada dos imigrantes suíços
como se pode observar nas "condições para a vinda dos Suíços", documento
responsável por tal criação, em que a sua organização e funcionamento eram
regidas, conforme a política de Padroado Régio, pelo Estado Imperial[42].
É importante ressaltar que Monsenhor Joye, pároco da Vila, recebeu do
bispo de Niterói, devido à enorme distância com a Corte, diversos "poderes
extraordinários" pela portaria de 17 de abril de 1820, tais como: absolver
todos os casos reservados ao bispado, fazer todas as bênçãos reservadas que
não necessitassem do uso dos óleos sagrados, aplicar a indulgência plenária
na hora da morte, estender o amparo da Desobriga da quaresma até o Espírito
Santo, habilitar os cônjuges impedidos e atuar como juiz de casamentos[43].
Ou seja, a hierarquia católica na Freguesia estava munida de poderes
extraordinários somente concedidos em circunstancias normais ao bispo. Além
disso, havia uma interação entre a Corte e a Freguesia nas figuras de
Monsenhor Miranda e de Monsenhor Joye no que tange à organização
eclesiástica e social dos imigrantes, na tentativa de garantir que a
constituição de 1824 fosse seguida e a hegemonia do campo religioso ficasse
sob a ótica Católica.
A religião protestante, desde a imigração realizada por Gachet, estava
presente em Nova Friburgo, pois, como dito anteriormente no capítulo 3,
cerca de 190 Suíços, contrariando o contrato de imigração, eram
protestantes Calvinistas. De acordo com Jaccourd, em 1819 houve uma parada
em Dordretch, na Holanda, antes de os navios embarcarem para o Rio de
Janeiro, os Suíços entraram em contato com o pastor C.C Merkus dessa
cidade, que ficou responsável pelas tarefas religiosas desses imigrantes
até o embarque, deixando-os frequentar seu templo e, além disso, decidiu
criar uma comissão de nome "College de Survaillance", composto por sete
imigrantes e com uma hierarquia definida: um presidente, quatro vice-
presidentes e um secretário[44].
Portanto, não podemos dizer que a religião protestante em Nova
Friburgo existiu somente após a chegada dos imigrantes alemães em 1824, ou
seja, existia uma organização que tinha hierarquia própria e também um
objetivo: se organizar de modo que o Estado Imperial concedesse maior
liberdade de culto[45]. Dessa forma, o protestantismo, antes da chegada dos
alemães, estava organizado com uma estrutura não representada por líderes
oficiais como o clero Católico, mas isso não significa que não houvesse
alguma organização religiosa.
Contudo, coma chegada dos imigrantes alemães em 1824, uma comunidade
protestante de maioria luterana se instalou na Vila de Nova Friburgo sob a
direção de seu primeiro pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn, que antes
havia sido pároco em Becherbach[46]. Ela se organizava na casa do pastor ou
de algum fiel, de forma muito precária, e não tinha, portanto, nenhum
símbolo religioso que poderia indicara existência de um culto ou um templo
protestante.
Dessa forma, podemos perceber que existem duas esferas religiosas
maiores no que tange à organização religiosa na região uma disputa entre os
católicos e protestantes, de modo que o ultimo grupo é permeado por duas
denominações religiosas com doutrinas diferentes, os luteranos e os
calvinistas. Sendo assim, depois de analisar de forma ampla a formação
dessas duas estruturas religiosas, é necessário investigar a morte
protestante como elemento de alteridade e tensão na Vila de São João
Batista de Nova Friburgo.

Alteridade e conflitos religiosos na Vila de São João Batista de Nova
Friburgo a partir de cinco enterramentos.

Sobre as questões relativas à morte protestante, Souza nos dá um
importante panorama desse acontecimento: ao desembarcar na Armação da Praia
Grande a 14 de janeiro de 1824, o Pastor Frederico Oswald Sauerbronn,
estava acompanhado de sua família constituída de 8 pessoas, e dentre elas,
seu filho Peter que faleceu no dia 13 de maio, quando na chegada a
Freguesia de São João Batista de Nova Friburgo. De acordo com os registros,
em 20 de janeiro pediu autorização para o exercício de sua profissão e no
dia 22 foi concedida. Seus primeiros atos como pastor foi acompanhar 3
enterramentos de colonos ainda na Armação da Praia Grande. Em uma de suas
cartas o pastor disse "d´haranger les assistants em três courts termes"
[47], ou seja, ajuntando algumas pessoas ele pronunciou (discursou, falou
alto) breves palavras (palavras curtas).
Não sabemos ao certo se os três eram calvinistas ou luteranos, mesmo
assim, podemos analisar esse caso dentro da seguinte perspectiva:
Sauerbronn legitima seu poder enquanto líder protestante[48], servindo como
liderança tanto para luteranos, quanto para calvinistas[49].
Sobre o primeiro enterramento protestante na Vila, que gerou conflito
entre o pastor e Joyer, em uma carta enviada para a sua família no ano
seguinte à sua chegada, o pastor Sauerbronn afirmaria que, no dia 17 de
novembro de 1823, sua mulher entrou em trabalho de parto e morreu após dar
a luz a seu filho, Peter Leopold, no navio Argos, que lhes trouxe para o
Rio de Janeiro. Um mês após a chegada à colônia de Nova Friburgo, outro
desastre aconteceu: a morte de Peter, por disenteria[50]. Neste sentido, a
primeira celebração com a presença oficial do pastor, na Vila de Nova
Friburgo, foi o enterro de seu próprio filho; numa ação que daria origem à
base do futuro cemitério dos luteranos na localidade, pois a autoridade
local, monsenhor Joye, recusou o sepultamento de Peter fazendo com que o
pastor buscasse outro espaço para sepultar seu filho[51].
Nesse sentido, não podemos garantir a existência de um conflito aberto
entre os dois líderes religiosos, pois até o momento não existem fontes que
comprovam tal questão, mas só pelo fato de o pastor luterano ver um membro
de sua comunidade – principalmente sendo seu própio filho – sendo excluído
do "campo santo" católico e ter criado um cemitério para o uso de
protestantes, podemos caracterizar em um primeiro momento como uma tensão
religiosa, relativa a um importante ritual, que era o sepultamento.
Mas é na realização do quinto enterro e o segundo a ser sepultado no
mesmo lugar de sepultamento de Peter Leopold, que se verifica no livro de
óbitos da Igreja Luterana o nome de Nicolas Bourchat. Para elucidar esse
fato, acessaremos a carta[52] de Sauerbronn datada de 22 de julho
endereçada ao diretor da Colônia Francisco de Salles Ferreira de Souza:


"O Senhor Vigário Católico diz mais em suas queixas, que
eu transgredi o Art. 5º. Da Constituição, por ocasião do
enterro do falecido Nicolas Bourchat, protestante. A
verdade é esta: eu mesmo e outras pessoas de nossa crença
fomos procurar o corpo do falecido em sua moradia e o
transportamos, no maior silêncio, para o cemitério
ordinário, destinado aos protestantes, e situado a quarto
de légua da floresta. Ao chegar a cova, contentei-me em
dizer aos assistentes algumas breves palavras. Procedi por
três vezes, pelo mesmo modo, quando ainda estávamos na
Armação"


Na carta, Sauerbronn diz que achou-o em sua moradia e transportou o
corpo de Nicolas Bourchat juntamente com outros da comunidade. Fizeram o
transporte em silencio para o cemitério ordinário situado a um quarto de
légua da floresta e pronunciou breves palavras. Como se verifica,
Sauerbronn se defendeu de uma acusação feita por padre Joyer que emitiu um
documento ao diretor da colônia acusando-o de ter feito o referido
sepultamento com ostentação e infringido o art. 5º. da Constituição e art
179 parágrafo 5º. Como se verifica nos documentos, a convivência entre os
dois religiosos fora mediada por tensões, porém sempre permeadas pela
tentativa de apaziguamento por parte do governo brasileiro.[53]
Mas é justamente neste enterro de Nicolas Bourchat[54] que reside não
só a questão de conflitos entre os dois vigários, mas também a
representação da morte para Sauerbronn e as pessoas de sua crença. É
preciso então, identificar quem era Nicolas Bourchat já que esse nome não é
encontrado na lista de passageiros dos navios Argus e Caroline, fornecidos
por Meyer[55], mas é encontrado no livro de óbitos da Igreja Luterana.[56]
Nesse sentido, o senhor Nicolas já se encontrava em terras
friburguenses antes da chegada da imigração luterana de 1824, investigando
nessa linha de raciocínio verificar-se-á que o mesmo encontra-se na
imigração de 1819 de maioria suíça. Henrique Bon nos fornece preciosas
informações sobre ele, vejamos: antigo militar, sem passaporte, natural de
Vaud, protestante calvinista e vice-presidente do "College de
Surveillance". O capitão-adjunto Jean Nicolas Porchat, vitimado por cólera,
foi um dos poucos colonos a viajar no Trajan[57], talvez encarregado da
vigilância das bagagens ou das pessoas que se recuperam de moléstias
contraídas no insalubre acampamento holandês. Líder de sua família agrícola
em Nova Friburgo, abandonou ele a gleba 21 em favor da 104, e que também
deixaria esta última como a maioria dos colonos a ela destinada. Nesta
ultima, então, a partir de 1825 seriam instalados os germânicos Heinrich
Peter Nanz e Hanz Hennic. [58]
Há de se notar que trata-se de um homem de renome, porém o que chama a
atenção é o "cargo de vice-presidente do College de Survillance". Essa
comissão fora formada para representar a minoria calvinista durante a
estada dos colonos em Dordrechat, na Holanda como parada obrigatória
durante as viagens de imigração de 1819. Mas como se deu essa comissão?
Dois fatos irão estruturar o grupo calvinista diluído em mais de 1800
católicos: ao fim desta estada na Holanda, Brémond lhes anuncia que no
Brasil, serão obrigados a educar os filhos na fé católica e o encontro do
grupo calvinista de um missionário chamado C. C. Merkus, ministro da igreja
da Valônia em Dordrechat.
O pastor Merkus preside cultos dos protestantes no seu templo, instrui
também as crianças na doutrina calvinista, lança a ideia de um agrupamento
comunitário e lhes propõem elaborar um estatuto. Em uma sexta-feira, 20 de
outubro de 1819, às 5 horas da tarde, os colonos suíços foram à igreja
francesa onde o pastor apresenta seu projeto. Os suíços discutiram e
aceitaram por unanimidade. Depois, elegeu-se um colegiado de Fiscalização
com seis membros escolhidos pela pluralidade de votos. No domingo, 22 de
agosto, houve uma nova assembleia dos protestantes no templo e Merkus
pregou, depois distribuiu a Eucaristia às crianças que ele instruiu e dá, a
elas e aos pais, 35 bíblias e igual número de livros de orações e sermões.
Mas foi nesse dia que os protestantes registraram por escrito a forma que
deram a sua comunidade. Foi por esse documento que criaram o "College de
Servillance". Seus membros consistiam em: Coronel de Luternau, presidente,
de Berna, de 46 anos; capitão-adjunto Nicolas Porchat, vice-presidente, de
Vaud; major Amédée de Sinner, de Berna; Pierre Davoine, de Neuchâtel; Jean-
Pierre Régamay e Henry Moliez, professores, de Vaud; e finalmente, Louis
Duport, secretário, de Vaud. Segundo informações dados por Sinner, essa
comunidade contava com 190 pessoas. [59]
Acontece que, logo que esses colonos chegaram à freguesia de Nova
Friburgo o movimento sofreu um arrefecimento após o falecimento de seu
presidente, Jean de Luternau. Em 18 de janeiro de 1820, tendo em vista
também que o Pastor Merkus, apesar de estar interessado em imigrar, não
fora com eles. Após esse impacto, não encontramos vestígios da atuação do
"College" mesmo após a chegada da comissão sem seu presidente. Além disso,
Monsenhor Miranda reuniu o grupo calvinista no dia 28 de março de 1820 e
avisou-os de não tolerar não "hereges" em seus domínios e disse ainda que o
compromisso assumido por eles, quando ainda na Holanda, diante do Pastor
Merkus deveria ser esquecido. Após esse discurso, 14 pessoas abjuraram de
imediato assinando o termo previamente feito pelo padre Joyer e que consta
"de livre e espontânea vontade". [60]
No dia 23 de abril, ocorreram os sorteios dos lotes agrícolas e foi
dado o conhecimento a todos de que o bispo do Rio de Janeiro havia
permitidos ao padre Joyer aceitar a renuncia dos colonos ao Protestantismo
e consequente adesão ao Catolicismo. Na oportunidade, cerca de 30
calvinistas trocaram de religião. Mesmo sofrendo tão grande pressão, a
maior parte dos reformadores conservou-se fiel a seus princípios
religiosos, um deles é Nicolas Porchat.
Portanto, o pastor luterano Sauerbronn em 22 de junho de 1824 fez o
sepultamento do senhor capitão "Bourchat" calvinista no próximo do túmulo
de seu filho. Essa atitude do pastor Sauerbonn constitui em si alteridade
[61], pois utilizou um espaço luterano e acompanhou o ritual com prédicas
próprias de sua matriz religiosa.
Ou seja, com base nessas considerações, podemos perceber que, por
alguns momentos, as diferenças religiosas que separavam esses dois grupos
(luteranos e calvinistas) podem ser anuladas mediante a morte, como sendo
capaz de provocar atitudes de identificação, diferentemente de outros
momentos ocorridos na zona de contato entre indivíduos de culturas
diferentes.
Diante disso, com base nos estudos de Eric Seeman, acreditamos que a
morte pode se constituir um patamar interessante de reflexão sobre as
relações entre culturas e nacionalidades no século XIX.[62] A morte é
dotada de uma noção simbólica e ritualística nas comunidades cristãs, e que
extravasa o aspecto biológico da morte a um nível cultural por meio de
noções, práticas e representações. [63]
Verifica-se, assim, que a morte se constitui em importante chave de
identificação dos contatos dos diferentes grupos, seja em termos das
aproximações, distâncias, negociações e/ou conflitos identificados no
cotidiano das vivências interculturais
Este caso do militar calvinista permite perceber como a natureza da
alteridade relacionada à morte poderia favorecer a aproximação de
diferentes grupos cristãos, pela natureza excepcional da morte e enterro
cristãos como essenciais para a salvação da alma[64]: o fim último para os
cristãos de diferentes confissões, a se considerar suas concepções
escatológicas.
Por fim, a título de comparação, o sepultamento era um ritual tão
importante para um protestante quanto para um católico, ao ponto de, em
Minas Gerais, na mesma década, ter ocorrido o sepultamento de um minerador
germânico que faleceu devido a um acidente de trabalho no próprio terreno
da empresa na qual trabalhava. O padre negou o enterramento de um "herege"
em solo sagrado e o reverendo Walsh, da Igreja Anglicana que por ali
passava, fez as prédicas, improvisou uma capela e saiu em procissão até o
túmulo, abri-o e abençoou o local, sendo visto e tendo atitude aprovada por
Luteranos, mas também de Católicos que chegaram depois[65].


Fontes

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[1] Graduado em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro. [email protected]
[2] Graduado em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro. [email protected]
[3] MUAZE, Mariana. O Vale do Paraíba Fluminense e a dinâmica Imperial p.
295. Disponível em
http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wpcontent/uploads
/2010/12/15_mariana_muaze.pdf
[4] MAYER, J. M. Raízes e crise do mundo caipira: o caso de Nova Friburgo.
2003. 564 f. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade Federal
Fluminense, Rio de Janeiro, 2003. p 100.
[5] Idem, p. 107.
[6] Idem, p. 112.
[7] Idem.
[8] FRIDMAN, Fania. Cartografia fluminense no Brasil Imperial. In: I
Simpósio de Cartografia Histórica, 2011.Paraty,p. 14.
[9]Idem.
[10]Idem.
[11] MAYER, J. M. Raízes e crise do mundo caipira, p. 118.
[12]Idem, pag 120.
[13] MUAZE, Mariana. Op.Cit., p. 297.
[14] FRIDMAN, Fania. Op.Cit.,p. 14.
[15]Idem, p. 9.
[16] Idem, p. 10.
[17] Idem, p.13.
[18]Idem, p. 11.
[19] Idem.
[20] ARAÚJO, R. J.; MAYER, M. J. (Org.). Teia Serrana: Formação Histórica
de Nova Friburgo. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro técnico, 1999. p. 56
[21]Idem, p.57.
[22] Idem.
[23] SOUZA, José Antônio Soares de. Os colonos de Schaeffer em Nova
Friburgo. Revista do IHGB. Rio de Janeiro: 1976, vol 310. p. 168.
[24]Idem, 169.
[25] Idem.
[26] LAFORET, C. R. M. Op.Cit., p. 58.
[27] Idem.
[28] Idem, p. 61.
[29] LISBOA, E. C. ARAÚJO. Op.Cit., p. 95.
[30] Idem, p. 96.
[31] Idem.
[32] GOMES, F. J. S. Cristandade Medieval: entre mito e a utopia. In:
Topoi, Rio de Janeiro, dezembro, 2002. p. 221.
[33] GOMES, F. J. S. De súdito a cidadão: os católicos no império e na
república. In: Anais do XIX Simpósio Nacional de História – ANPUH. Belo
Horizonte, junho 1997. p. 316.
[34] Idem, p. 317.
[35] Idem.
[36] OLIVEIRA, A.J.M. Os Bispos e os Leigos: Reforma Católica e Irmandades
no Rio de janeiro Imperial. In: Revista de História Regional 6(1), Verão
2001, p. 148.
[37] PEDRO, J. C. A Igreja Católica: Fé e Poder na Freguesia de São João
Batista de Nova Friburgo. In: ARAÚJO, R. J.; MAYER, M. J. (Org.). Teia
Serrana: Formação Histórica de Nova Friburgo. Rio de Janeiro: Editora Ao
Livro técnico, 1999. p. 113.
[38]FRIDMAN, F. Cartografia fluminense no Brasil Imperial, p. 6.
[39] Idem, p.8. As freguesias até o início do século XIX são: S. Tiago de
Inhaúma, N. Sra do Loretode Jacarepaguá, N. Sra d'Apresentação de Irajá, S.
João Batista de Trairaponga (Meriti), N. Sra do Desterro de Campo Grande,
S. Salvador do Mundo de Guaratiba, N. Sra da Guia do Mangaratiba, N. Sra
dos Rmédios de Parati, N. Sra da Conceição da Ilha Grande, S. João Marcos,
N. Sra da Conceição do Campo Alegre, S. Francisco Xavier de Itagoahy, N.
Sra da Conceição do Marapicú, Santo Antônio de Jacutinga, N. Sra do Pilar
de Iguaçú, N. Sra da Conceição do Alferes, Santa (sacra) família o Tinguá,
N. Sra da Conceição de São Pedro e São Paulo, N. Sra da Piedade de
Inhomirim, N. Sra d'Ajuda da Ilha do Governador, N. Sra da Guia do
Pacobaíba, S. Nicolau de Suruhy, N. Sra da Piedade de Magé, N. Sra da Ajuda
de Aguapehy-merim, Santo Antônio de Sá de Casarabú, Santíssima Trindade, N.
Sra do Desterro de Itambhy, S. Gonçalo de Guaxandiba, S. Lourenço da Aldeia
dos índios, S. João Batista de Carahy, N. Sra do Amparo de Maricá, N. Sra
de Nazaré de Saquarema, S. Sebastião de Araruana, N. Sra da Conceição de
Iguaba, S. Pedro da Aldeia, N. Sra da Assunção de Cabo Frio, Sacra Família
de Ipuca, Santíssimo Sacramento do Cantagalo, Sto Antônio de Guarulhos, S.
Salvador, S. Gonçalo de Campos e São João da Barra.
[40] NICOULIN, Martin. A gênese de Nova Friburgo: Emigração e colonização
suíça no Brasil (1817-1827). Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional,
1995. p.263
[41] FLUCK, R, Marlon. A abertura dos portos brasileiros e a implantação do
protestantismo permanente no Brasil: as versões contraditórias sobre o seu
primeiro pastor. In Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá,
V, n.15, jan/2013. p. 5.
[42] PEDRO, J. C. A Igreja Católica: Fé e Poder na Freguesia de São João
Batista de Nova Friburgo. p.115.
[43] Idem, p. 116.
[44] JACCOUD, Rafael. História, contos e lendas de Nova Friburgo. Edição
independente, 2007. p. 292.
[45] Idem.
[46] MÜLLER, A. L. O começo do Protestantismo no Brasil: descrição da
instalação da 1ª. Comunidade luterana no Brasil, p. 40.
[47] Arquivo Nacional cx 991 22-7-1824 Carta.
[48] Em diversas fontes analisadas, o pastor Sauerbronn é intitulado
"pastor protestante da colônia alemã", não fazendo referência diretamente a
sua matriz religiosa luterana.
[49] Muitos calvinistas que abjuraram, logo após a chegada de Sauerbronn,
voltaram para as fileiras do protestantismo e provavelmente, os cultos eram
participados por Luteranos e Calvinistas.
[50] MÜLLER, A. L. Op.Cit. p.48
[51] Idem.
[52] Arquivo Nacional cx 991 24-7-1824.
[53] Biblioteca Nacional Seção de Manuscritos II-34, 22, 21 no. 7. Portaria
18-8-1824 Manuscrito
[54] Há um erro de grafia no livro de óbito da Igreja Luterana, pois ao
mencionar o nome Porchat em alemão o "po" em francês tem o som de "bou" em
alemão.
[55] Conrad Mayer, que veio no navio Argus, fazendo parte do primeiro
grupamento de imigrantes alemães luteranos e que chegou ao Rio a
13/01/1824. Dizia ele:"O navio enfrentou longos temporais que inutilizaram
seus mastros obrigando a um retorno ao porto de Texel, onde 26 colonos
homens, mulheres e crianças fugiram a um novo embarque." O navio fizera
também escalas. Foi o próprio Meyer quem descreve que a segunda partida foi
pior que a primeira, eles cruzaram o Canal da Mancha e por causa dos ventos
pararam em Cowes na Ilha Wiglot. Quando decidiram partir, já na terceira
vez, furacões empurram o navio para a Baia de Biscaia e mais tarde nas
Costas de Mandrágoras na África e só depois que chegaram a Tenerife (Santa
Cruz). Meyer prestará informações personalizadas e agrupadas em três listas
que foram feitas minuciosamente e que nos dão uma visão mais exata sobre
esses colonos enviados por Schaeffer. Esta lista pode ser verificado em:
SOUZA, José Antônio Soares de. Os colonos de Schaeffer em Nova Friburgo.
Revista IHGB, 1976, Jan/mar, vol 310, p. 126
[56] MÜLLER, Armindo L. O começo do Protestantismo no Brasil: descrição da
instalação da 1ª. Comunidade.
luterana no Brasil, Rio de Janeiro: Edições Estadunidense. p. 92
[57] Um dos sete navios que vieram durante a chamada "Imigração Suiça"
[58] BON, Henrique. Imigrantes - A saga do Primeiro Movimento Migratório
Organizado rumo ao Brasil às portas da Independência. Ed. Imagem Virtual,
2004. pp. 292.
[59] AEB: Auswanderung nach Brasilien. Carta de Sinnere de 5 de novembro de
1819, no. 405. In: NICOULIN, Martin. A Gênese de Nova Friburgo. Fundação
Biblioteca Nacional, 1995
[60] JOCCOUD, Raphael Luiz de Siqueira. A Vez dos Alemães: As dificuldades
na velha Europa. In: JOCCOUD, Raphael Luiz de Siqueira. História, Contos e
Lendas da Velha Nova Friburgo. 3ª. Edição, Revisada e Ampliada, Rio de
Janeiro: Editora Múltipla Cultural, 2008.
[61] Alteridade aqui é usada a partir do conceito de Tzvetan Todorov, no
que diz respeito à aproximação ou distanciamento daquilo que o outro
presencia. Os outros em questão eram os germânicos/luteranos e os francês-
alemão/calvinista. "adoto os valores do outro, identifico-me a ele; ou
então assimilo o outro, impondo-lhe minha própria imagem" TODOROV, Tzvetan.
A Conquista da América. Lisboa: Litoral Edições, 1990. p. 223
[62] SEEMAN, Erik R. Death in the New World: Cross Cultural encounters,
1492-1800. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. 2010.
[63] CAMPOS, Adalgisa Arantes. Notas Sobre os rituais de morte na sociedade
escravista. Revista do Departamento de História da UFMG, n.6, p.109-22,
1988.
[64] Há um caso semelhante na Freguesia de São João Del Rei/MG. Vide:
RODRIGUES, C.; CORDEIRO, G. "E nós andamos em procissão até o túmulo":
sepultamentos estrangeiros e alteridade no Brasil do século XIX a partir
dos relatos de Robert Walsh. In: Recôncavo: Revista de História da UNIABEU,
v. 3, n5 , Julho-dezembro. 2013.
[65] RORIGUES, C.; CORDEIRO, G. "E nós andamos em procissão até o túmulo":
sepultamentos estrangeiros e alteridade no Brasil do século XIX a partir
dos relatos de Robert Walsh. p. 17.
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