A música como instrumento pedagógico - empregada em apoio ao ensino de outras disciplinas

June 13, 2017 | Autor: Filipe Medeiros | Categoria: Music, Music Education, Educação Infantil
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A MÚSICA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO: EMPREGADA EM APOIO AO ENSINO DE OUTRAS DISCIPLINAS

Filipe de Medeiros Santos¹, Vinicius de Lucena Fernandes²

1Discente do curso técnico integrado em Instrumento Musical – IFPB. e-mail: [email protected]; 2Coordenador e docente do curso técnico integrado em Instrumento Musical – IFPB. Professor orientador. e-mail: [email protected];


RESUMO: O presente artigo tem por objetivo, desenvolver uma análise qualitativa, dos benefícios da música como auxiliadora no ensino de diversas disciplinas, visto que as aplicações e métodos de se trabalhar com a música são variadas, e podem ajudar no desenvolvimento cognitivo, emotivo, social, estético, etc... dos alunos. Paralela à análise dos métodos e aplicações pedagógicas da música, propomos aplicar teorias psicológicas que vão fundamentar parte das análises, e estabelecer propostas de reflexão.
Palavras–chave: Educação. Música. Metodologias de ensino.

MUSIC AS A PEDAGOGICAL INSTRUMENT: EMPLOYED IN SUPORT TO TEACHING OF OTHER DISCIPLINES

ABSTRACT: The present article aims to develop a qualitative analysis of the benefits of music as a helper in teaching different subjects, since the applications and methods of working with the music are varied, and can help in development cognitive, emotional, social, aesthetic, etc... the students. Parallel to the analysis of the methods and teaching music applications, we propose applying psychological theories who go support of the analysis, and establish proposals of the reflection.
KEYWORDS: Education. Music. Teaching methods.

INTRODUÇÃO
A importância da música no ensino em sala de aula, pode ser expressa pela sua importância ideológica, ela é tão presente na vida de cada pessoa que se torna um referêncial cultural, ou seja, um fenômeno que tem propriedade para expressar a individualidade do contexto em que o aluno esta imerso, partindo desse pressuposto consideramos que todos os alunos tem por mais que imatura uma concepção sobre a música, e esse capital cultural pode ser aproveitado de diversas formas, e a análise dessas formas é uma das propostas desse ensaio. De acordo com o referêncial curricular nacional só pela musica ser uma forma importante de expressão humana isso já justifica sua presença no contexto da educação, afirmação que serve de respaldo para o argumento anteriormente apresentado.
"[…] uma das formas importantes de expressão humana [música],
o que por si só justifica sua presença no contexto da educação,
de um modo geral, e na educação infantil, particularmente."
(BRASIL, 1998, Pag.45)

MATERIAL E MÉTODOS

A música como auxiliador no ensino de outras matérias pode funcionar de duas formas, tanto num âmbito behaviorista, como numa perspectiva de consciência subsidiária.
O behaviorismo é uma filosofia comportamental, que examina os fatos de maneira objetiva (estímulos e reações), ou seja, um "ensino behaviorista" é aquele em que o professor emprega um método especifico em busca de um resultado pré-determinado, porém no âmbito dessa pesquisa esse termo se torna pejorativo, pois denota métodos de ensino instrucionistas, onde não só o objetivo é deliberado, mas o caminho, e a forma de cruzá-lo também, tornando-os fixos, porém esse método é falho pois não atende as necessidades individuais de cada aluno. Lopes e Abib (2003), em uma análise dos textos de Ryle (1967/1980), explicam que "a inteligência, entretanto, não deve ser entendida como causa do comportamento, no sentido de uma causalidade mecânica; a inteligência é simplesmente uma disposição para comportar-se de determinada maneira em uma dada circunstância".
Saraiva (2012), relaciona a música com o comportamento do aluno, afirmando que a mesma funciona como estímulo de pensamento:

"[…] a música funciona como estímulos de comportamento,
seja porque quem a dirige quer induzir a fazer alguma coisa,
seja porque nós próprios nos servimos dela para nos estimularmos.
(SARAIVA, 2012, Pág.3)

O fato da música ser usada como um estímulo comportamental pode trazer muitas vantagens ao ensino, se aplicada com métodos de ensino que abra um espaço de reflexão aos alunos, para que eles possam escolher o caminho para alcançar determinado objetivo intelectual, porém a música como instrumento pedagógico se torna prejudicial ao desenvolvimento do aluno, se reforçar a visão unilateral do modelo de ensino behaviorista.
Porém além de atuar estímulando os alunos cognitivamente, as música também pode atuar como recurso para desenvolvimento de métodos a partir de uma consciência subsidiária. Esse conceito é evidenciado por Swanwick (1999), que expõe a definição de Polayni e Prosch (1975), no qual consciência subsidiária consiste em organizar e limitar as tarefas, ou seja, em busca de um objetivo determindado, o estudante vai realizando atividades em níveis diferentes, e a partir do subsidio intelectual adquirido na etapa anterior passar para outra com o nível de execução mais dificil, e assim por diante, até alcançar objetivo inicial.
Nessa proposta a música pode proporcionar atividades, que poderam ajudar os alunos a adquirir esses subsidios, até inconscientemente, com atividades diversificadas, que poderão ser até mesmo lúdicas. Saraiva afirma que a música no contexto educacional é interessante até mesmo como meio de descontração.

Por isso, o trabalho com a música deve ser cauteloso sendo importante
que o professor a use não somente para trabalhar gramática,
- o que geralmente ocorre - mas em outras áreas da língua como produção de texto,
interpretação crítica, discussões sobre os temas presentes nas letras,
como já foi mencionado, ou até mesmo para descontração.
(SARAIVA, 2012, Pág.5)

Até agora, destaquei o lado cognitivo da relação entre música e educação, porém a música age de diversas maneiras, e possui diversas formas de ser trabalhada, principalmente tendo em vista a individualidade de cada aluno, e seus respectivos referências culturais. A música neste âmbito torna-se "geradora de significados", como atesta Arroyo (2000):

"[…] Assim, práticas de ensino e aprendizagem de música
são muito mais do que ações musicais
acompanhadas dos tradicionais elementos pedag6gicos
que compõem a educação escolar/acadêmica: objetivos e conteúdos.
As práticas de ensino e aprendizagem musical,
como reprodutoras e produtoras de significados,
conferem ao ensino e aprendizagem de musica
um papel de criador de cultura (compreendida segundo Geertz).
(ARROYO, 2000, Pág.15)

Podemos observar que o ensino de música pode atuar em diversos campos, porém para os fins dessa pesquisa vamos forcar nos seguintes campo de atuação pedagógica: cognitivo, social, afetivo, etc...
Sendo assim, a música deixa de ser um ensino puramente técnico, e começa a ir além disso, isso se caracteriza como um estudo psico-acústico (como os sons são percebidos, e absorvidos pelos individuos, num plano mental e não fisiológico) e semântico (o significado e função de uma determinada música) da aplicação da música no ensino.
Esses são conceitos que todos os profissionais envolvidos no ensino de música (professores, coordenadores, voluntários, etc...) devem ter consciência, pois, a partir deles podemos ter uma consciência maior dos métodos que estão sendo usados, e passamos a refletir sobre eles, e consequentemente, como resultado de toda reflexão aperfeiçoa-los.
Neste ponto, gostaria de enfatizar a formação dos professores, que não necessáriamente devem ser atuantes no meio músical. Um dos grandes desafios na formação dos profissionais de ensino, é uma conscientização dos professores, de como lecionar a paritr de uma zona de movimento livre, onde o aluno ficará livre para buscar um mesmo objetivo por diversos caminhos (obviamente, sempre seguindo um mínimo de regras e imposições do professor), dando autonomia ao aluno para escolher como alcançar uma meta acadêmica, afastando-se dessa forma do ensino behaviorista.
A ZML, é um conceito de Vigotsky, analisado por Pereira (2013), que consiste em um método de ensino onde o aluno fica livre para escolher "como" alcançar uma determinada competência, com um mínimo de limites estabelecidos pelo professor para a realização plena da atividade.
Oliveira (2009), citando Nóvoa (1997), põe que "[...] a mesma [música] deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva que forneça ao professor 'os meios de um pensamento e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada'".
Antes de encerrar esta seção, devo ainda explicar uma teoria psicológica, para fins de fundamentação teórica posterior, que é parte da teoria de Piaget, do método clínico de investigação das idéias das crianças, exposta por Vigotsky (1934), ela consiste numa análise do inter-relacionamento objetivo dos traçõs característicos do pensamento infantil, para a partir dessa análise possuir subsidios, para afirmar que essas características das crianças são um conjunto organizado, e a lógica central desses pensamentos é o egocentrismo, que se encontra no centro entre o pensamento autístico e o pensamento orientado, isso explica a dificuldade que algumas das crianças tem de se expressar, resultado de uma tendência de pensamento mais autístico, que tem por uma de suas características se comunicar através de metódos indiretos (imagens, símbolos, mitos), métodos que geralmente são abstratos, nesse âmbito a música se torna um meio expressivo fundamental, por satisfazer em partes o individualismos dessas crianças, ajudando-as no aprendizado, lhes proporcionando uma auto-estima melhor (nesse contexto a música estaria trabalhando em uma proposta emotiva com os discentes).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da análise dos campos de atuação da música no ensino, foram relacionados três teorias já expostas anteriormente (no qual uam delas é metodológica e as demais são psicológicas), com os três campos de atuação que propomos explorar, essas teorias estão fundamentando o papel da música em cada campo específico, e a partir dessas análises vão ser expostas algumas indicações de caminhos na metologia de ensino, sempre recorrendo as relações com as teorias relacionadas a cada campo pedagógico respectivamente.

Campo de atuação pedagógico
Aplicação do ensino por meio da música
Cognitivo
Consciência subsidiária
Emotivo
Método (Piaget)
Social
ZML (Vigotsky)

O primeiro campo, o cognitivo, sem dúvida é um dos mais importantes, pois, é o único que além de proporcionar um crescimento qualitativo as crianças, proporciona um acréscimo quantitativo também. Por mais que não seja o foco principal da busca pedagógica análisada neste artigo, é essa área que vai fundamentar o investimento no uso da música nas escola, pois, na sociedade atual infelizmente o que é objetivado é o acréscimo de várias disciplinas e conteúdos, e não o estímulo do desenvolvimento pleno dos jovens e crianças.
A música como já foi exposto anteriormente, poderá ajudar de forma prática na sala de aula, funcionando como um agente de auxilio na separação de níveis para chegar a um objetivo, trabalhar com música nesses níveis pode ser uma atividade incentivadora, pois, as crianças e jovens aprenderão com um método menos cansativo, um exemplo desses métodos, é no ensino de português, que pode ser muito eficaz com o auxílio de música, pelo fato de que grande parte da produção de música popular (gênero que os jovens e crianças geralmente tem mais contato) possuí letra, desta forma ela pode ser usada em aulas de interpretação de texto, gramática, etc...
O segundo campo é o emotivo, nesse caso a música atua num âmbito primordialmente qualitativo, como o método clínico de investigação das idéias das crianças de Piaget explica, a lógica do conjunto ordenado de pensamento das crianças é o egocêntrismo, e em seus extremos o pensamento ordenado e autístico, uma criança "normal", ou seja, com suas idéias partindo do egocêntrismo, estará sujeita a características dos dois extremos, ou seja, parte das crianças obtém a dificuldade de se expressar presente no pensamento autístico (acrescentando-se as crianças com pensamentos autísticos), e isso as afeta diretamente no âmbito emocional, por isso atividades com música podem ajuda-lás a se expressar. Aos poucos as crianças começam a internalizar a música e depois a usando como instrumento de transmissão de suas idéias, desta forma o jovem/criança se sentirá mais realizado no seu meio acadêmico, e consequentemente terá um aproveitamento melhor nas aulas.
O último campo de atuação da música é o social, que também tem muito a ver com o método de Piaget, porém decidi aplicar outra teoria psicológica, que é a teoria da ZML (zona de movimento livre) de Vygotsky, que é ligada diretamente a socialização, pois, num plano de ensino instrucionista unilateral não existe espaço para que o aluno possa buscar um objetivo acadêmico estabelecido pelo professor por caminhos variados, senão o imposto pelo professor, porém quando ele tem esse espaço, ou essa zona de movimento ele pode buscar ajuda com colegas, fazer exercícios em parceria, e a música pode ajudar, pois ela tem uma tendência coletiva e integradora muito forte, e isso é expresso em grande parte de seus métodos de ensino, que em sua maioria são grupais, isso é evidenciado em atividades lúdicas através da música como: cantigas (abre a roda), brincadeiras e dinâmicas guiadas por música, etc...
Atividades auxiliadas pela música, podem ajudar na socialização dos jovens e crianças ao mesmo tempo em que estímulam seu desenvolvimento, e isso é uma das principais vantagens do uso da música nesse contexto, pois, é um grande referêncial cultural que pode tornar o meio acadêmico mais estimulante.
Por fim, gostaria de explicar que todas as três teorias apresentadas acima, podem se aplicar nos demais campos de atuação, porém a partir da análise da inter-relação entre eles escolhi aplicar cada teoria a um campo de atuação pedagógico específico.

CONCLUSÕES

Até o momento foi feita uma análise inicial, da interação da música com a aprendizagem acadêmica em geral, e suas implicações psicológicas, foram também abordadas questões como a formação de professores, e foram relacionados conceitos psicológicos as aplicações e campos de atuação pedagógica da música no ensino básico geral, para por meio desses conceitos fundamentar a aplicação da música e seus diversos métodos como meio de aprendizagem, esperamos ter mostrado um pouco da importância do ensino através da música e comprovado a importância dessa expressão cultural tão rica no nosso desenvolvimento acadêmico e geral.

AGRADECIMENTOS
Gostaria neste segundo artigo de minha autoria agradecer ao professor Vinicius de Lucena, meu orientador, que contribuiu de forma significativa para toda a minha formação acadêmica, e ao professor Gilberto Sobreira, que sempre foi um grande incentivador, e contribuiu para o meu crescimento como estudante.

REFERÊNCIAS

SANTOS, Filipe de Medeiros. A informática e a educação musical: Possibilidades no IFPB. João Pessoa-PB: IFPB, 2014.
SARAIVA, Diego Camargo. A música como instrumento essencial para aprendizagem. Cnec: FACOS, 2012.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. Tradução Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
OLIVEIRA, Rosimary Lima Guilherme. A inserção da música na educação infantil e o papel do professor. Gov. Valadares: UNIVALE, 2009.
ARROYO, Margarete. Um olhar antropológico sobre práticas de ensino e aprendizagem musical. Porto Alegre: UFRGS, 2011.
PEREIRA, Eliton. Música, educação e informática: gênese e construção de conceitos musicais na escola. Goiânia: IFG, 2013.
BRASIL. Referêncial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
LOPES, Carlos Eduardo. ABIB, José Antônio Damásio. O behaviorismo radical como filosofia da mente. São Carlos: UFSCAR, 2003.
VYGOTSKY, Lev Semanovich. Linguagem e pensamento. Traduzido por Ridendo Castigat Mores. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/vigo.pdf. Acessado em: 15/08/2015.




X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 5




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