A Narrativa Transmídia e as Tecnologias Digitais.pdf

May 25, 2017 | Autor: Valeria Guerra | Categoria: Tecnologías emergentes, Narrativas Transmídia, Novas Midias
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Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Serviço Social do Comércio – SESC São Paulo Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional Realizam

PENSACOM BRASIL – São Paulo, SP – 12 e 13 de dezembro de 2016

A Narrativa Transmídia e as Tecnologias Digitais Utilizadas no Ensino Fundamental1 Maria Valeria Espinos Guerra MARTINS2 Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, SP

RESUMO Nos últimos 50 anos, vivemos uma mudança importante de paradigma. O processo educacional, deverão ser capacitados para assumir um novo papel midiático visando preparar as novas gerações para o futuro e aprender a usufruir dos novos elementos midiáticos para auxiliar as novas gerações a criarem seus repertórios culturais e, portanto, suas próprias histórias e identidades. No ambiente digital, necessitaremos compreender este universo cognitivo para auxiliar a compreensão do comportamento das novas gerações, na criação de suas identidades e consequentemente na maneira que consumimos novos produtos midiáticos e enxergaremos o mundo. PALAVRAS-CHAVE: Narrativas Transmídia, Novas Mídias, Tecnologias Digitais.

INTRODUÇÃO Como construir uma tese, que contribuísse com outros estudos e não caísse na obsolescência? De acordo com Henry Jenkins (2009), cada meio conta a história à sua maneira. Acabei percebendo que o os novos dispositivos móveis se prestariam muito bem uma nova forma de linguagem audiovisual através do uso das redes de última geração, provocando experiências únicas nos usuários sedentos por novidades. Um aspecto chama a atenção foi à apropriação que as novas gerações de usuários, leia-se crianças de 8 a 13 anos, sobre os conteúdos e narrativas.

O conceito de narrativa transmídia não é algo novo. Estudiosos como Christy Dena, Henry Jenkins, Grant McCracken, Carlos Scolari, Vicente Gosciola já realizam estudos sobre este conceito há alguns anos. O ponto comum de todos eles é que a narrativa deve ser atrativa o suficiente para criar engajamento dos usuários e fãs.

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Trabalho apresentado no GT Comunicação Digital e Tecnologias, do PENSACOM BRASIL 2016. Mestre em Comunicação, Universidade Anhembi Morumbi, e-mail: [email protected]

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Para Gosciola, (2011), a narrativa transmídia é uma grande história. O que a diferencia de outras grandes histórias é que ela é dividida em partes. A narrativa principal é complementada por histórias adicionais. Outra característica que a torna mais singular ainda é que cada uma dessas histórias é veiculada por um meio de comunicação diferente, definido por ser aquele que melhor consiga expressá-las, assim adequá-los aos dispositivos que melhor puderem expressá-las. A pergunta que ainda não consegui responder e que pretendo tentar responder durante o artigo é: como as novas gerações, em especial as crianças de 6 a 13 anos, se apropriam destas narrativas e a partir delas criam novos universos ficcionais? Como o processo educacional pode ser inserido neste contexto, para auxiliar as novas gerações nas construções de novos universos de gênero, ficcionais ou reais? A sociedade atual está sofrendo uma intensa transformação após a incorporação de alguns artefatos tecnológicos que conhecemos como, por exemplo, os smartphones, tablets e outros dispositivos, que hoje estão tão sociais quanto tecnológicos, em especial, o comportamento das novas gerações tem sido modificado drasticamente em função destes facilitadores. É praticamente impossível viver em uma sociedade sem acesso a informação em tempo real. De acordo com o antropólogo Grant McCracken (2011), a produção de novos conteúdos e a cultura mundial está se tornando cada vez mais rápida: A cultura está se fragmentando e o gosto dos consumidores muda quase que em tempo real, ao mesmo tempo em que culturas muito tradicionais dizem não para as novidades. Temos que pensar um processo de formação que absorva as novidades que surgem o tempo todo, sem abandonar o que as pessoas estão acostumadas a ver e entender. (MCCRACKEN, 2011)

Para McLuhan (1964) os meios são extensões dos sentidos humanos. “Toda extensão é uma amplificação de um órgão, de um sentido ou de uma função que inspira ao sistema nervoso central um gesto auto protetor de entorpecimento da área prolongada”. As extensões são usadas pela maioria dos indivíduos, de forma tão constante, como os olhos e os ouvidos, por exemplo.

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Contemplar, utilizar ou perceber uma extensão de nós mesmos sob a forma tecnológica implica necessariamente em adotá-la. Ouvir rádio ou ler uma página impressa é aceitar essas extensões de nós mesmos e sofrer o ‘fechamento’ ou do deslocamento da percepção, que automaticamente se segue. É a contínua adoção de nossa própria tecnologia no uso diário que nos coloca no papel de Narciso da consciência e do adormecimento subliminar em relação às imagens de nós mesmos (MCLUHAN, 1964, p.64).

Mais do que nunca, é necessário concordar com Don Tapscott (2012) que em sua apresentação durante o TEDX 2012 comentou que para as novas gerações, o uso das tecnologias é natural, pois eles nasceram em um ambiente digital. Cada dia mais estou convencida disto. Para as novas gerações, os meios digitais são como o ar que a geração net respira. Por outro lado, não deixo de pensar que se o conteúdo não existir, não faz sentido ficar conectado, portanto o conteúdo faz parte deste novo sistema comunicacional. O processo educacional também deveria estar inserido neste contexto, e o professor, deveria assumir um novo papel, como um mediador deste novo processo comunicacional interagindo e produzindo novos conteúdos a partir das experiências vivenciadas pelas novas gerações e se apropriando dos universos reais destas gerações, a fim de estabelecer novos conceitos ou ainda de recriar ou dar sentido as narrativas do passado como a literatura de Machado de Assis, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen, Monteiro Lobato, e outros. Para educador Paulo Freire (2007), a educação é permeada pelo desejo incessante que aguça a curiosidade, estimulando o aluno a conhecer mais sobre os assuntos abordados: “Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache “repousado” no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, reconhecer.” (FREIRE, 2007, p. 86)

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1. A NARRATIVA E O CONTEXTO ATUAL

É importante considerar que a literatura é um dos motores da criatividade, da imaginação e, portanto, da criação de novas identidades. Neste contexto é importante pesquisar formas de aliar o entretenimento dos jogos as narrativas das histórias de contos de fabulas ou ainda aos principais escritores de cada época, contextualizando-os a nova realidade. Freire (2007), entendeu que a leitura é uma possibilidade de decifrar e interpretar de forma crítica e analítica as situações limites, a partir da percepção do indivíduo e da maneira como este aprendeu a se relacionar no mundo e com o mundo. Neste sentido, vale comentar a experiência de Henry Jenkins com o projeto PLAY!, em conjunto com escolas americanas, a fim de incentivar a compreensão da literatura clássica. Neste processo, professores e alunos são convidados a participar de uma série de dinâmicas, onde aprendem a utilizar os artefatos tecnológicos como câmara de vídeo, YouTube e outros para contextualizarem estas produções dos séculos anteriores e assim trazerem a luz a discussão das sociedades do passado. No Brasil, recentemente presenciamos o fracasso dos alunos, na prova de redação dos vestibulares, reforçando a ideia de que as novas gerações não estão preparadas para criar narrativas. A narrativa está presente na conversação, no contar e recontar história, nas brincadeiras e nas ações que resultam da integração entre várias linguagens, dando sentido ao mundo e tornando sua inclusão no mundo infantil. Jerome Bruner (1996) valoriza as histórias infantis, do gênero conto de fadas, porque nelas se encontra um formato, uma estrutura prévia, de tipo binário, de situações opostas, típico do processo de categorização. A narrativa, como categorização, “exige discriminar diferentes coisas como equivalentes, agrupar objetos, eventos e povos em classes, em termos de membros de classe”. (Bruner; 1996). Grandes produtores de audiovisual como os estúdios Disney, são capazes de criar narrativas que nos levam a um mundo imaginário e ao mesmo tempo criativo. Ainda no

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campo da observação, vejamos o caso do filme “Frozen3 – uma aventura congelante” dos estúdios Disney, uma verdadeira febre entre as crianças: fantasias, bonecas, diversos filmes no YouTube4, onde a história da princesa Elsa e sua irmã são contadas e recontadas em um versionamento infinito e analogias criadas pelos fãs, completamente contagiadas pelo estilo “Frozen” de ser. Importante ressaltar que Frozen já é a maior bilheteria da Disney. De acordo com The Wrap , o filme já faturou mais U$1,26 bilhões. Os recordes anteriores da Disney eram de O Rei Leão (U$987 milhões, há 20 anos) e Enrolados (U$591 milhões). Tem termos de vendas de DVD, o filme já bateu o recorde com mais de 3,2 milhões de unidades do DVD e blu-ray5 . No site da Amazon, a produção foi listada como o filme mais vendido da história voltado para o público infantil.

Fonte:Disney-http://videos.disney.com.br/ver/frozen-uma-aventura-congelante-novo-trailer4e7933722acd9b957fa880fb

Frozen também teve uma versão no seriado de TV “Once Upon a Time6”, durante a 4ª. Temporada – o filme começa com a rainha Elsa (Georgina Haig) caminhando pela cidade de Storybrooke7 e congelando a estrada, além disso a princesa acaba atraindo muitos olhares desconfiados. Importante comentar que este seriado reconta os contos de fadas sob uma nova ótica, partindo sempre dos contos tradicionais e trazendo-os para uma realidade ficcional atual. De acordo com a sinopse do Wikipédia: 3

Frozen é um filme de animação musical americano produzido pela Walt Disney Animation Studios. É o 53º filme animado produzido pelo estúdio. 4 YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. 5 Blue-ray - é um formato de disco óptico da nova geração com 12 cm de diâmetro e 1,2mm de espessura similar CD e ao DVD para áudio e vídeo de alta-definição. 6 7

Once upon a time – é uma série americana de drama-fantasia, que aborda o gênero conto de fadas. Storybrooke – cidade ficcional do seriado Once upon a time.

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“Uma assustada e confusa Elsa se vê em Storybrooke e, com medo das intenções de seus residentes, cria um poderoso monstro de neve para sua proteção. Em Arendelle do passado, o casamento da irmã de Elsa com Kristoff se aproxima, mas Anna descobre que seus pais — que morreram no navio durante uma tempestade violenta — seguiam rumo a um destino misterioso em uma jornada que poderia revelar o segredo para conter os poderes de Elsa. Contra os desejos da irmã, Anna quer seguir rumo ao mesmo lugar para descobrir o que eles procuravam. (WIKIPEDIA, 2015)

A multiplicidade na forma de acesso ao conteúdo acaba envolvendo o usuário e apresentando resultados efetivos de consumo.

É necessário mudar a forma como

ensinamos as novas gerações, é necessário compreender a forma que as estas criam suas identidades e principalmente compreender como a narrativa transmídia pode se transformar em uma ferramenta poderosa para transformar o processo de comunicação em algo eficiente, divertido e prazeroso e assim dar continuidade a história da humanidade. Afinal, conseguimos compreender o que está acontecendo?

Como o processo

educacional pode ser inserido neste contexto, para auxiliar as novas gerações nas construções de novos universos de gênero, ficcionais ou reais? Como as novas gerações se apropriarão da narrativa transmídia para criar suas identidades? 2. O MUNDO DA IMAGINAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Vemos crianças interagirem com a TV e ao mesmo tempo que conectadas ao tablet conversando com seus colegas e comentando o que estão assistindo através de vários aplicativos de mensagens como Facebook, Whatsapp8 entre outros. Alunos do ensino fundamental, cursando o 3º. ano, são incentivados a usar o YouTube para sanar problemas de entendimento de matemática, como por exemplo raiz quadrada – pois a explicação do professor em sala de aula não foi suficiente. Cada dia mais, torna-se evidente que estamos modificamos drasticamente a forma do conteúdo e a nossa própria forma de consumir conteúdos e contar a história, portanto é fundamental dizer que sim, o meio modifica a mensagem. Castells (1999) cita que “culturas são formadas por 8

Whatsapp - é um aplicativo de mensagens multi-plataforma que permite trocar mensagens pelo celular. 6

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processos de comunicação e todas as formas de comunicação são baseadas na produção e consumo de sinais”, não havendo, portanto, separação entre “realidade” e representação simbólica. Novamente, baseada na dissertação realizada durante o mestrado, entendo que a continuidade deste estudo poderá colaborar com o mundo acadêmico no sentido de ampliar as discussões sobre os meios audiovisuais, as narrativas e principalmente como as novas gerações fazem uso das mesmas para criar repertórios e contar ou recontar suas histórias. Dia a dia, nos deparamos com relatos sobre crianças com 6 (seis) anos programando TVs, consoles de games, vídeos e decodificadores, após algumas e tentativas frustradas dos pais. As novas gerações são a autoridade neste quesito, pois elas dominam os novos meios tecnológicos, enquanto os adultos tentam não ser ultrapassados por eles. Em países como os Estados Unidos da América, o Japão, a Suécia e a Finlândia, a geração nascida a partir de 1979 cresceu em um ambiente em que a mídia digital é parte integrante de suas vidas. Para eles é algo tão natural como a própria vida: eles brincam, aprendem, se comunicam e trabalham e, se entretém consumindo as mídias digitais, fortemente calcadas pela internet. Don Tapscott, em seu livro Growing Up Digital, os apelidou de 'geração net'. Segundo Tapscott (1997): “A nova geração tem um ponto forte que a outra jamais teve - esta nasceu e cresceu no meio da emergência de um meio de comunicação tão revolucionário como não havia memória desde a invenção da imprensa escrita. Enquanto as novas gerações, particularmente as crianças assimilam e incorporam rapidamente os novos meios de comunicação, os adultos simplesmente se acomodam exigindo deles um esforço de adaptação. Esta convivência intima com as tecnologias, confere a esta nova geração, características culturais diferenciadas de outrora”. (TAPSCOTT, 1997 pag.91)

Proponho fazer um paralelo onde é possível encontrar muita similaridade de comportamento: nos seriados de TV, muitas vezes vemos reproduzidos partes de nossas vidas e as vezes, sentimos o direito de “reclamar” algum tipo de propriedade sobre as narrativas. A TV é algo que de alguma forma nos pertence, muito similar ao que acontece com os fãs, quando se apaixonam por um seriado e esta relação é comprovadamente muito poderosa. Por outro lado, Freire (1991), entendeu que os rumos da educação deveriam repensar o ambiente escolar na perspectiva de participação coletiva: 7

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“Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência feito, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitandolhe transformar-se em sujeito de sua própria história”. (FREIRE, 1991, p. 16)

Rothman menciona que atualmente três quartos dos telespectadores estão consumindo a segunda tela simultaneamente: ou seja, assistem TV e interagem com o seu tablet em tempo real. Esta informação passa a ser importante, do ponto de vista do produtor de conteúdo, pois existe uma necessidade latente de se criar histórias para diferentes mídias e assim manter o interesse da audiência que a todo o momento se dispersa. Mais uma vez, faz-se necessário compreender estes fenômenos narrativos assim como a mudança de paradigmas sobre o está acontecendo nas mentes das novas gerações é fundamental. A questão da convergência precisa ser refletida, uma vez que a televisão está deixando de ser o meio central, para fazer parte de um sistema integrado. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se no passando as histórias eram para transmitir valores e crenças, para educar e tocar em temas universais, atualmente faz parte dos nossos desafios, enquanto pesquisadores, compreender e analisar o comportamento destas novas gerações e de alguma forma colaborar com eles, para criar um pensamento crítico, e possibilitar assim que eles possam criar as suas próprias histórias para as próximas gerações, transmitindo conceitos e ideias, reforçando aspectos culturais e de identidade, despertando emoções e atitudes e principalmente gerando aspirações. O processo educacional precisa tentar compreender na como se dá de fato o processo de apropriação das narrativas, nas construções de novas histórias e por consequência no engajamento destas gerações as novas formas de narrativa transmídia. Ao entrar no “mundo da fantasia e da imaginação” as novas gerações, em especial as crianças, elaboram hipóteses para a resolução de seus problemas e toma atitudes do adulto indo além daquelas de sua experiência cotidiana, buscando alternativas para transformar a realidade. Neste sentido, a escola, pode ser entendida como um ponto de partida para 8

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recompensar a criatividade, a inteligência e a curiosidade e assim colaborar com as novas gerações na geração de suas próprias histórias? Segundo o dicionário: “Imaginar é construir ou conceber na imaginação; fantasiar, idear, inventar; é o ilusório; o fantástico. Imaginação: é a faculdade que tem o espírito de representar imagens. Imaginário: é o que só existe na imaginação”. Seremos capazes de ser tão profissionais quanto os grandes estúdios como a Disney por exemplo, para usar elementos como a TV, tablets, smartphones, ou ainda produzir jogos e a narrativa transmídia para incentivar o engajamento das novas gerações na cultura da construção da identidade de um país? Uma boa narrativa, pode levar o leitor ao fundo do mar, a países distantes, ao futuro e ao passado, garantindo a riqueza da vivência e contribuindo para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que irá enriquecer a identidade do leitor, no caso refiro-me às novas gerações, contribuindo e incentivando a experimentar outras formas, de ser e de pensar, possibilitando a ampliação de suas concepções sobre o meio: “Imaginar não é só pensar, não significa apenas relacionar fatos, e analisar situações, tirando-lhe significados. Imaginar é penetrar, explorar fatos dos quais se retira uma visão. Esta só poderá ser comunicada ao outro através de símbolos, que provocam harmônicos e estabelecem a comunhão. O símbolo age como mediador para revelar ocultando, ocultar revelando, e ao mesmo tempo incitar à participação que, embora com impedimentos e obstáculos, fica favorecida”. (POSTIC1993 p.19)

4. REFERÊNCIAS BRUNER, Jerome (1990). Acts of Meaning . Jerusalem, Harvard Lectures, 1990. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. ______,– entrevista - Disponível em: . Acessado em 13/11/2016 FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade: e outros escritos. 6 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. ______, A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez; 1991. ______, Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. 2ª ed. São Paulo: UNESP, 2003.

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GRANT, Mc Craker vídeo disponível em e acessado em 27/11/2016 GOSCIOLA, Vicente, A Máquina de Narrativa Transmídia: transmidiação e literatura fantástica. pdf . Disponível em acessado em 27/11/2016 ______, Roteiro Roteiro para as Novas Mídias do Cinema as mídias interativas, Ed. SENAC, São Paulo, 2003. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008. ______, Confronting the Challenges of a Participatory Culture Disponível em acessado em 13/11/2016 MCLUHAN, Marshall. Os meios de Comunicação como Extensões do Homem. São Paulo, Ed. Citrix POSTIC, Marcel. O imaginário na relação pedagógica. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 1993. ROTHMAN, Paula Segunda tela: Disponível em acessado em 27/11/2016 TAPSCOTT, Ebook Grown Up Digital Mac Gran Hill, NewYork, 1997. Disponível em acessado em 15/11/2016 VIGOTSKY, Lev Semenovitch. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo:Martins Fontes, 1999.

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