A NATO e a proximidade de transição para o Afeganistão (2014)

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[Excerto de contribuição individual, na discussão do case study ”A NATO e a proximidade de transição para o Afeganistão (2014)”) - esboço da intervenção]  Indicadores de prolongamento e expansão da grande ‘Guerra Afegã’ em clima préCimeira (NATO): Pré-enunciação do Plano para retirada das tropas do Afeganistão: 9 de Novembro de 2010 [… mas com o pedido para a ocupação a longo prazo, com a aprovação do Representante Especial para o Afeganistão e Paquistão, Richard Holbrooke, e do general David Petraeus …] — Sherard Cowper-Coles, Representante Especial do Foreign Office para o AfeganistãoPaquistão, perante a Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns 18 de Novembro de 2010 “… a NATO pode continuar a combater no Afeganistão após ser ultrapassada a data-limite de 2014 …” — declarações à Associated Press, do Representante Civil da NATO no Afeganistão, Mark Sedwill, que trabalhou como contraparte com o general Stanley McChrystall

A GUERRA  Ruptura de velhas alianças [Talibãs amigos…]  Fábula dos reis e príncipes ambiciosos que se querem apoderar do reino. Um ‘salvador’ mata o rei traidor  segue-se uma série de golpes palacianos (sempre um novo ‘salvador’ mata o precedente, acusando-o de traição)… Adaptação à fábula dos Comunistas vs Talibãs… É que, convém reter… [Em 1979 – aos 22 anos, Osama bin Laden é recrutado e treinado num campo da CIA, logo no início da Jihad patrocinada por Washington. Durante a administração Reagan, é encarregue de reunir e financiar as brigadas islâmicas. A operação de recrutamento foi coordenada e gerida pelos serviços de informação sauditas, dirigidos pelo Príncipe Turki al-Faisal. … Dezembro de 1984 – a shari’a é imposta no Paquistão, de seguida ao referendo convocado pelo presidente Zia-ul-Haq. … Março de 1985 - o Presidente Reagan emite a Directiva NSDD 166 (Decision Directive) que autoriza a ajuda encoberta aos mujaheddin, incluindo o apoio ao seu endoutrinamento religioso.] Portanto, Desde 1973, que o perfil genético dos EUA se encontra espalhado por todo o Afeganistão. Uma missão secreta da CIA compromete-se com o apoio irregular do Paquistão a um núcleo restrito de extremistas islâmicos de direita, formados no exterior. Graças ao Conselheiro Nacional de Segurança da administração Carter, Zbigniew Brzezinski, essa ligação torna-se mais forte após o golpe marxista de 1978. E vem a revelar-se um compromisso a tempo inteiro para empreender a chamada guerra santa e a islamização do Paquistão – muito antes da invasão de 1979. Nunca foi grande segredo o apoio aos mujaheddin (Combatentes da Liberdade) nos anos de Carter e Reagan. Confirmam-no diversas fontes (a International Politics, em Junho de 2000; e antes, o New York Times, de 26/01/1980). Essa ajuda começou secretamente em Julho de 1979, seis meses antes da invasão soviética…

Os Estados Unidos continuaram a apoiá-los por toda a década de 80 e, de seguida, a CIA ajudou o ISI (Inter Services Intelligence Directorate) paquistanês a estabelecer os talibãs. Só a notória incapacidade destes em conquistar totalmente o Afeganistão e a sua estreita relação com os extremistas islâmicos da al-Qaeda veio colocar um desafio nessa relação. Os atentados de 1988 às embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia (Dar es Salaam) e Quénia (Nairobi) e o quasenaufrágio do USS Cole no porto de Aden, em 2000, tornaram mais tensa a relação com os talibãs. Levando-a a um ponto de ruptura. Pelas mesmas razões que a União Soviética exagerou face às provocações extremistas na sua fronteira sul (em Dezembro de 1979), também os Estados Unidos invadiram o Afeganistão após os acontecimentos do 11 de Setembro. Diziam que a intenção era expulsar o regime talibã do poder e arranca-lo de raíz, interceptar, matar ou capturar os terroristas da al-Qaeda e o seu líder, Osama bin Laden, o suposto arquitecto dos atentados às Torres Gémeas. Em Setembro de 2001, dá-se a activação do Artigo 5º do Tratado do AtLântico Norte. E a 7 de Outubro de 2001, a invasão do Afeganistão [Enduring Freedom].

 A NATO NO AFEGANISTÃO ● OS OBJECTIVOS PARA A INVASÃO EM 2001 O pretexto apresentado para a invasão foi o de se tratar de uma «guerra de necessidade», para livrar os afegãos do terrorismo e estabilizar o país. (Nada mais longe da verdade…) O Presidente George W. Bush, usou mesmo o termo “to smoke out” Bin Laden, na mesma frase em que tentou explicar ao povo americano a sua decisão. Mas nunca foi fornecida qualquer prova (não tinham nenhuma) de que o Afeganistão, ou qualquer afegão, tenham desencadeado ou sido cúmplices nos ataques do 11 de Setembro. Ou que tenham estado envolvidos nos seus preparativos. Os 19 sequestradores eram árabes maioritariamente sauditas e o plano fora concebido nos Emiratos Árabes Unidos e na Alemanha. Segundo alguns analistas de defesa, o verdadeiro motivo para a invasão pode, então, ter sido forçar os talibãs a submeter-se aos interesses dos Estados Unidos no Grande Jogo da Ásia Central… [Desconhecemos se os EUA e a NATO estão a ganhar a guerra.] Uma semana antes de começarmos este curso, em declarações ao Congresso norte-americano, um representante do Departamento de Defesa dizia que: “(…) a violência no Afeganistão está no ponto mais alto desde que esta guerra de 9 anos teve início” e “os progressos feitos pelas forças lideradas pela NATO são limitados”. Do mesmo modo, os ‘incidentes’ de combate no Afeganistão em 2010 multiplicam em 4 vezes os registados em 2007. E o que o Pentágono qualifica como “kinetic events” (acontecimentos cinéticos) – i.e., o fogo directo e indirecto, o fogo terra-ar, as explosões e a descoberta e desactivação de engenhos explosivos por detonar, defeituosos ou não – aumentou cerca de 55% só entre Julho e Setembro deste ano, relativamente ao primeiro semestre de 2010. Para os cépticos sobre as virtudes da invasão, nada do que se soube até agora ajudou a compreender como é que os Estados Unidos e os países NATO pretendem trazer esperança a uma nova geração de afegãos, nem como irão tornar-se num colaborador activo para ajudar a alcançar a estabilidade e construir um futuro afegão (?). Cada vez mais distante.

O que parece ter-se alcançado é apenas um rebuço de ‘solução colonial’, em que resta apenas um estado paralisado, ainda por mais alguns anos. Não se vislumbra qualquer estratégia de saída, e a retirada tem os seus custos. A matança diária continua. O tráfico, também. Para neoconservadores próximos de Bush como Robert Blackwill, ou até para o ex-Representante Especial da ONU para o Afeganistão, Peter Galbraith, a solução era simples. Dividia-se o Afeganistão em dois: pushtun para um lado, não-pushtun para o outro. Ora os afegãos não aprovam essa ‘solução’. Há vários meses, um jornalista paquistanês fez o favor de nos informar que um dos ‘senhores da guerra’ uzbeque-afegão, um tal Rashid Dostum, já ameaçou “cortar a garganta” a quem ousasse fazer isso… A solução está mais na cooperação dos poderes regionais – a Rússia, China, Índia, Irão, nações da Ásia Central e Paquistão -, para conseguir dois objectivos:  Expulsar os traficantes de ópio de vez de solo afegão; e  Construir as bases de uma quase inexistente indústria de extracção das riquezas minerais e organizar a produção industrial, a par com a delapidada agricultura que já chegaram a ter.

 A REALIDADE NO TERRENO ● A CAMPANHA AFEGÃ CONTINUA… 1. Tony Caron, da revista TIME, escrevia a 25 de Novembro (“The Afghanistan War Reaches a Milestone – and Keeps Going”) que: [no dia 27] “os EUA e a NATO terão estado no Afeganistão um dia mais que a União Soviética quando completou a sua retirada em 1989”. Mais. Que “os Estados Unidos anunciaram durante a Cimeira da NATO no último fim-de-semana [em Lisboa], que pretendem passar mais quatro anos – e até possivelmente mais -, no Hindu Kush. Mas mesmo chegados a essa altura, muitos afegãos (…) duvidam que os Americanos venham a ter sucesso onde o seu antigo arqui-inimigo da Guerra Fria fracassou antes.” Há de facto, cerca de uma vez e meia mais tropas dos EUA e da NATO do que havia em efectivos do Exército Vermelho no pico da invasão soviética (de 27 de Dezembro de1979 a 15 de Fevereiro de 1989). 2. Para os EUA, trata-se da guerra mais prolongada na sua história.  Há demasiados reforços, demasiadas nações a contribuir (com tropas), demasiados deslocamentos de aviões militares e veículos blindados (incluindo os 14 tanques Abrams que neste mês já foram despachados para o sudoeste do Afeganistão…). O crescimento e a quantidade de efectivos estacionados no teatro de operações continuarão até 2014 e para além disso, conforme indicia o constante aumento de reforços dos países da NATO e o recrutamento havido nos países recém-aderentes. Em 2009, novas contribuições de efectivos para a ISAF (International Security Assistance Force) vieram de nações como a Arménia, Montenegro, Mongólia, Malásia, Coreia do Sul e até do Reino de Tonga. A Roménia, que aderiu à NATO em 2004 (já com 17 mortos e 55 feridos), bem como a Bulgária, a Itália e a República Checa, prometeram já reforçar o número de tropas. No fim de Novembro, o próprio presidente romeno, Traian Basescu, acompanhado do ministro da Defesa, Gabriel Oprea, estiveram no Afeganistão. O seu contingente irá passar de 1.663 para os 1.800 soldados.

 Há dias, o novo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas britânico, Sir David Richards, afirmou que: “as tropas ocidentais poderão permanecer no país um bom meio século após a invasão de 2001”. E um ex-diplomata e jornalista indiano, M. K. Bhadrakumar escreveu a 26 de Novembro, na sua coluna de opinião do The Hindu (“NATO and South Asian security”), que: “Os EUA ficarão decerto no lugar do condutor no Hindu Kush, também numa óptica de longa permanência. Os biliões de dólares que têm injectado para modernizar as bases militares da era soviética no Afeganistão e a construção de outras novas coloca-se finalmente em perspectiva… Ultrapassando estas considerações, resulta uma estratégia norte-americana que visualiza a NATO como modo de garantir a segurança da Rota da Seda, por onde circulam as riquezas minerais de vários multi-triliões de dólares oriundas da Ásia Central e com destino aos mercados mundiais através do porto de Gwadar”, na costa paquistanesa do Mar Arábico. [E a guerra está a expandir-se para o Paquistão. Mas não só…] Também o almirante James Stavridis, 15º Comandante Militar norte-americano na Europa (e SACEUR) disse recentemente que o bloco militar dominado pelos EUA é «uma aliança rica» (…) “com 7 milhões de efectivos e 3.400 navios…”. Daqui se pode inferir também que os objectivos geopolíticos na Eurásia não permitirão (aos EUA e à própria NATO) retirar da Ásia Central e do Sul quando devam. Ou queiram. 3. O Natal de 2010 encontra as tropas dos Estados Unidos e da NATO estacionadas, alojadas ou acampadas também no Quirguistão, Paquistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, como noutros pontos avançados menos conhecidos, mas indispensáveis para o prosseguimento da grande Guerra Afegã, que na verdade se estende desde o Estreito de Gibraltar (Atlântico) até ao Estreito de Malaca (no Pacífico). 4. A esta campanha afegã, adicione-se uma operação de vigilância marítima conexa com a missão de interdição em todo o Mar Mediterrâneo, a Active Endeavor*, e os deslocamentos aéreos e navais dos meios dos EUA e aliados NATO em apoio. A isso, sobrepõem-se ainda outras operações ao largo do Corno de África, no Golfo de Aden e através do Oceano Índico e do Golfo Pérsico. 5. Há ainda outros indicadores do alargamento da área de operações: a original Enduring Freedom, parte da Guerra Global contra o Terrorismo – fez já retornar ao USS Abraham Lincoln Carrier Strike Group (no norte do Oceano Índico), na semana passada, os dois contratorpedeiros USS Shoup (operações de contra-pirataria) e USS Halsey e a sua acção conjunta estende-se agora por todo o Mar Arábico. 6. Em 2010, foram largadas 4.615 bombas e mísseis (4184, em 2009), com 1000 bombas e mísseis Hellfire usados só em Outubro. No mesmo mês, registou-se um aumento de 20% nas saídas de combate. A 26 e 28 de Novembro, foi desencadeado o último dos 16 ataques com drones nas áreas tribais do Paquistão. E no mesmo período, também helicópteros armados da NATO prosseguiram ataques no interior do Território Federal das Áreas Tribais (Federal Administered Tribal Areas), onde os EUA lançaram o grosso dos ataques de drones que mataram quase 2 mil pessoas. Recentemente, informações indicam que outros dois helicópteros da NATO violaram espaço aéreo do Paquistão durante os voos perto de Landi Kotal e Torkham. E outro relatório credível refere ainda mais outro ataque à aldeia de Lawra Mandi, na área de Datta Khel, no norte do Waziristão… [Desde Setembro que esta situação é recorrente, e já causou 3 vítimas, entre guardas fronteiriços; também em Outubro, aviões e helicópteros armados da NATO haviam sido acusados de intrusão no Khyber Pakhtunkhwa (a ex-Província da Fronteira Noroeste) e Baluchistão.] 7. Quanto às mortes dos efectivos da NATO registadas neste ano, de Janeiro a Novembro contam-se 700, 30% do número total para os 7 anos.

 A PRODUÇÃO DO ÓPIO ● FALÁCIA E COOPERAÇÃO RÚSSIA-EUA A falácia mais frequente é que o ópio “foi sempre uma das principais actividades dos agricultores afegãos”. Não foi. Nunca, até nos dias mais caóticos, a produção do ópio chegou a ultrapassar algumas toneladas por ano, até à invasão da União Soviética em 1979. Inclusivé, em 1957 foi interdito o cultivo das plantas opiáceas. No ano seguinte, a Assembleia Geral das Nações Unidas elogiou os esforços para erradicar o cultivo da papoila e insistiu junto dos Estados-membros para que dessem assistência ao Afeganistão. Em Setembro de 2001, a produção (só 500 toneladas) decresceu abruptamente em relação às 4.200 do ano anterior. A queda deveu-se à ‘acção de chicote’ do regime talibã. Logo que as tropas americanas entraram e começaram a combater os talibãs e a al-Qaeda, a produção do ópio disparou de novo. Chegamos a 2005. Após as tropas britânicas terem tomado o Sul, onde se encontra a maior parte da terra «fértil» para o cultivo da papoila, a produção explodiu novamente. Os números anuais divulgados UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime) demonstram que só nas províncias de Helmand e Kandahar a produção atingiu quase 4.500 toneladas em 2007. Neste ano, o Afeganistão bateu o recorde de 2006, produzindo 8.200 toneladas. [Ora digam…, eram os camponeses que estavam dependentes da produção do ópio?] Colocando as coisas de modo mais simples, fontes de segurança russas admitem que enquanto o Reino Unido for mantido longe da participação no esforço de guerra no Afeganistão, o flagelo do ópio deve desaparecer por si. Em Junho passado, no Fórum Internacional “Afghan Drug Production: A Challenge to the International Community”, realizado em Moscovo, Viktor Ivanov, director do Serviço Federal de Controlo dos Narcóticos russo (FSKN) perguntava por que razão a produção da droga afegã constituía uma ameaça internacional, em vez de ser local ou regional. “Chegou a hora de qualificar o estatuto da produção de drogas no Afeganistão como uma ameaça à paz e segurança mundiais”, disse. * - Faz parte da Guerra Global ao Terrorismo. É uma operação marítima da NATO que visa a prevenção do movimento de terroristas e armas de destruição maciça. Responde á invocação do Artigo 5º e constitui a primeira aplicação directa da cláusula de defesa colectiva.

Adenda (distribuída)

Histórico_ÓPIO «[…] Segundo o historiador Alfred McCoy, “desde o século XVI, quando o hábito de comer ópio recreativo foi desenvolvido pela primeira vez, a Ásia Central tinha sido um mercado de drogas auto-suficiente. Na verdade, até o final de 1870, os agricultores tribais nas montanhas do Afeganistão e do Paquistão cultivavam quantidades ilimitadas de ópio e vendiam-na a caravanas de mercadores que seguiam para ocidente, em direcção ao Irão e para leste, para a Índia.” Em 1870, ao longo da Província da Fronteira Noroeste (NWFP, agora renomeada por Islamabad como Khyber-Pakhunkhwa) do Afeganistão, 1.130 hectares foram cultivados com ópio. Durante a era colonial, a Grã-Bretanha incentivou o cultivo do ópio em todas as suas províncias da Índia. No entanto, o governo do Reino Unido inverteu depois a aprovação do cultivo de ópio na Província da Fronteira Noroeste, porque a economia do ópio provocou divisões e contribuiu para a resistência dos guerreiros Pushtun ao domínio britânico. Para financiar os grupos de mujaheddin afegãos que resistiam ao Exército soviético, os Estados Unidos forneceram secretamente 2 biliões de dólares para a ajuda militar através do Inter Services Intelligence (ISI), no topo de um pacote formal de ajuda ao Afeganistão de 3 biliões. O ISI foi responsável pela distribuição de armas aos grupos da resistência afegã. Um dos líderes mujaheddin, Gulbuddin Hekmatyar, recebeu mais de 50 por cento das armas transportadas para a região. De acordo com o tenente-coronel Hubert E. Bagley Jr.: “Além do apoio dos EUA, Hekmatyar traficava ópio ilegalmente de modo a financiar a sua resistência contra os soviéticos e como forma de aumentar o seu poder e ascendente sobre os outros comandantes afegãos. A posição dominante de Hekmatyar na região levou os outros comandantes mujaheddin a participar do comércio ilegal do ópio para financiar também a sua luta, e contribuiu para a dependência socio-económica e política do Afeganistão em relação ao ópio. Os comandantes afegãos controlavam as regiões agrícolas do país e obrigaram os agricultores a cultivarem papoilas de ópio, o que duplicou a colheita de ópio do país para 575 mil toneladas, entre 1982 e 1983. A cumplicidade do Paquistão no comércio do ópio foi visível e notória, até mesmo em 1980, uma vez que 60 por cento do mercado de heroína nos EUA tinha origem no ópio afegão refinado no Paquistão. Na altura em que os soviéticos se retiraram do Afeganistão em 1989, os senhores da guerra afegãos já estavam bem estabelecidos na produção e comércio de ópio ilegal. Naquele mesmo ano, o United Nations Office on Drugs and Crime registou a produção de ópio do Afeganistão em 1.570 toneladas, mais do que o dobro da colheita de 1983.” […]» Fontes: Alfred W. McCoy – “The Politics of Heroin: CIA Complicity in the Global Drug Trade” (Chicago: Lawrence Hill Books, 2003). Lt-Col. Hubert E. Bagley, Jr. (U.S. Army) – “Afghanistan: Opium Cultivation and Its Impacto n Reconstruction” (Carlisle Barracks, Pennsylvania: U.S. Army War College, May 2004). J. Bruce Amstutz – “Afghanistan: The First Five Years of Soviet Occupation” (Washington D.C.: National Defense University, 1986). Obras de referência: Paul Fitzgerald & Elizabeth Gould – “Invisible History: Afghanistan’s Untold Story” e “Crossing Zero: The AfPak War at the Turning Point of American Empire”.

[CIT.] ‘Semente do Terrorismo’ “Os Sauditas estão activos em todas as malhas da rede terrorista, do planeamento ao financiamento, do militante de base ao ideólogo e ao chefe… A Arábia Saudita sustenta os nossos inimigos e ataca os nossos aliados.” – Laurent Murawiec (em 2002) [ex-conselheiro do ministro da Defesa francês, Jean-Pierre Chevènement e, então, analista da Rand Corporation, cit. em: “A Guerra dos Bush – os segredos inconfessáveis de um conflito”, de Eric Laurent (Lisboa: Miosótis, 2003) […] Olhando para trás, damo-nos conta que os Estados Unidos gastaram uma década e centenas de biliões de dólares a perseguir Osama bin Laden e a sua misteriosa organização em todo o mundo. E deram ainda mais biliões para os militares do Paquistão combaterem o terrorismo da al-Qaeda.

Segundo um analista do Institute for the Study of War, Jeffrey Dressler, “a rede de Sirajuddin Haqqani e a al-Qaeda continuam hoje ainda mais fortes do que eram antes”. Talvez o tempo venha a revelar que a razão de ser para a guerra contra o terror se revelou como um facto enganoso. Em Maio, um artigo no Sunday Times (de Londres), relatava que 1,5 bilião de dólares da Arábia Saudita fluiu para o Afeganistão a partir de território controlado pelos Haqqani e a al-Qaeda no Waziristão do Norte, nos últimos quatro anos. E que o governo dos Estados Unidos sabe disso. Pergunta: Mas, afinal, o fluxo dos fundos árabes para os talibã não coloca também um obstáculo para a estratégia da contrainsurgência? É disso que falamos a seguir. Bem como sobre a razão por que os objectivos da Guerra Global ao Terrorismo não foram atingidos… […] [… contribuições individuais de Paulo Nogueira, José Mendes e Ana Catarina Ruivo …]

[Texto apresentado no Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas (CSDJ/IDN). Dezembro de 2010. Tema 3, Grupo de Trabalho 1 (com José Mendes, Paulo Nogueira e Ana Catarina Ruivo)]

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