A nobre arte de brasonar, degolar e acorrentar. Representações violentas na heráldica das nobrezas europeias

May 23, 2017 | Autor: Joao Figueiroa-Rego | Categoria: Medieval Iberian Heraldry, Heráldica Portuguesa, Heraldica, Cultura Nobiliaria
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Da nobre arte de brasonar, degolar, decepar e acorrentar. Representações violentas na heráldica das nobrezas europeias João de Figueiroa-Rego (CHAM da UNL/Uaç; CIDEHUS-UÉ)

VIII SEMINÁRIO A(s) Nobreza(s) do Sul Y tienen los Señores por grandeza celebrar su Furor. Crime, excesso e violência na cultura nobiliárquica da Europa moderna. CIDEHUS, Évora, 7 de Maio 2015

«los blazones son recopilacion en que se cifran los echos, y varias cavallerias de su ganador aplicando le filosoficamente las partes que le pertenecen en modo de enigma reduzido a colores, metales y figuras que lo declaran, o […] son un simbolo hieroglifico, demonstrativo de algun hecho heroico y de fama que aconteció al primero de la casa, familia, y apellido». António Soares de Albergaria (1581-depois de 1639) Trivnfos de la Nobleza Lvsitana, y Origen de svs Blazones, BNP, Cód. 1119.

No século XIV foi colocado no claustro da Sé de Évora um brasão de armas, de mármore, que representa um cavaleiro armado de espada levantada e que tem na parte superior duas cabeças afrentadas. Um outro brasão em mármore numa dependência municipal, na Praça do Giraldo, á esquina da Rua do Raimundo, apresenta uma novidade: para além do cavaleiro e das duas cabeças em cima, aparecem duas cabeças, degoladas, em baixo. Encontra-se exposta nos Paços do Concelho de Évora uma bandeira muito antiga, talvez da época filipina, que supostamente representa o dito cavaleiro histórico Giraldo Sem Pavor e as cabeças mouriscas, degoladas.

«A cidade traz por divisa e armas um cavalleiro armado a cavallo com a espada levantada e duas cabeças cortadas uma

de homem outra de mulher moça. Alguns por não saberem a historia cuidam que e Santiago que esta matando mouros». Mestre André de Resende, Historia da antiguidade da cidade de Évora, capítulo XIV.

«O retrato do qual vestido de armas em seu cavallo, levando na espada nua espetada a cabeça do mouro, e pendurada da mão esquerda a cabeça da filha, tomaram os eborenses por brazam de sua notavel nobreza, e ainda hoje sam armas da cidade». Diogo Mendes de Vasconcelos Antiguidades de Évora.

«Agradecida quiz a cidade ter sempre á vista este seu libertador; e para sua melhor defensa tomou por armas ao mesmo Giraldo para melhor brazão de sua nobreza; por armas o tem pintado e ainda de relevo em os logares mais publicos, por armas otraz pintado e ainda bordado na sua bandeira; e está elle e anda bem armado e catafracto em o seu cavallo, e com a espada nua na mão direita, e na

esquerda as duas cabeças barbaras, do pay e da filha, por elle degolados. Pelas mesmas causas sam ainda hoje alferes mores da cidade os Pestanas que consta serem descendentes

do mesmo Giraldo.» P. Fr. Mestre Manuel Fialho, da Companhia de Jesus. Evora Illustrada, I.° tomo, 1-8, § 55º

El mensaje implícito era la “satanización” del enemigo y muestra de su derrota, además de simbolizar el honor y bravura de los cristianos. Esa influencia se puede encontrar en la heráldica de los siglos XVI, XVII, XVIII y aún… en el siglo XXI.

Escudo partido. 1º: En campo de oro, cinco cabezas de moro, puestas en aspa, de su color, con turbante de gules chorreando sangre. 2º: Partido a su vez. Primero: En campo de gules una lis, de plata. Segundo: En campo de plata una lis de gules. En el centro y en punta, sobre ambos cuarteles una lis, mitad de plata sobre gules y mitad de gules sobre plata. Bordura del segundo cuartel del escudo, de azur con ocho lises de oro. Alcanadre, municipio de la comunidad autónoma de La Rioja

Alozaina, Málaga

Antigas armas do Reino de Aragão

La cabeza de moro fue difundida como icono heráldico y remonta

a las cortes de la dinastía Hohenstaufen, titulares del Sacro Imperio entre 1138 y 1254, como un ideal expansionista. En los emblemas de familias de la nobleza feudal occidental surge a partir del siglo XIII, en el contexto de confrontación violenta entre entidades cristianas y musulmanas por el control de Oriente Medio y de la Península Ibérica, y posteriormente en el contexto militar de las campañas de las monarquías ibéricas en el norte de

África y otros territorios.

O

mouro

na

heráldica

italiana

é,

geralmente, representado decapitado com os olhos vendados por um pano branco. Na

península

itálica,

era

usado

especialmente por famílias no norte e no centro. Tal o caso dos Saraceni de Siena, Morandi de Genoa, Morese de Bologna, Negri de Vicenza e Pagani di Saluzzo. O que sugere que o símbolo teria uma componente de similitude dos apelidos com as designações: mouro, sarraceno, pagão e negro.

PUCCI, di Sardignia

As

cabeças

de

mouro,

espalharam-se por quase toda a Europa, desde o século XIII.

No século XVI, eram comuns na heráldica europeia, de Sul a Norte, como no caso de

Inglaterra (ex: Smith - 1623, Van Loon) e da Escócia.

TANNER - Argent, three moor’s heads couped at the shoulders proper filleted or and gules. 1573-1600.

Em Inglaterra e Escócia, mas também na Alemanha, os

mouros

embora

surgissem

representados

decapitados, usavam, geralmente, uma coroa e representariam a vitória sobre os chefes sarracenos durante as cruzadas. Assim, no século XV, um mouro, com a cabeça coroada ou ocasionalmente de corpo inteiro era

corrente na heráldica alemã e inglesa.

RIGA (circa 1300)

Freising (ESLOVENIA)

FLANDRES, PAÍSES BAIXOS

Linkebeek Boezinge

1683 - Gaasbeek

SEMEDO — De vermelho, torre de prata; chefe de oiro carregado de uma flor de lis de negro ou de verde, torre de prata sobposta a um braço de encarnação que tem penduradas da mão pelos cabelos duas cabeças cortadas em sangue, uma de Mouro e outra de Moura. Elmo de prata, aberto, guarnecido de oiro. ANTT, Liv. 17 do Cartório da Nobreza, f. 34.

Bocarros, ditos de Beja: escudo cortado, sendo o primeiro: de vermelho, uma águia bicéfala estendida de prata, coroada de ouro e encimada de uma estrela de oito raios do mesmo; o segundo: de azul, cinco cabeças de reis mouros coroadas e barbudas de ouro, decepadas de vermelho, postas duas e três, com um crescente voltado de prata, entre as duas de cima. Timbre: a estrela do escudo.

VELEZ (Portugal) - o apelido Velez difundiu-se no Alentejo, onde primeiro se fixou esta família, e também em Tânger. Armas: De vermelho com um castelo de prata. lavrado de negro aberto de

vermelho e acompanhado em ponta de uma cabeça de mouro cortada em sangue fotada de prata, parte sobre a porta do castelo e sustida de uma maça de armas de ouro, armada de prata, postas em faixa. Timbre: meio mouro de carnação, vestido de vermelho fotado de prata, tendo ao ombro a maça de armas do escudo.

MANSILHA (Andaluzia, Portugal), partido: o primeiro de vermelho, com um estoque de prata, guarnecido de ouro, com a ponta para baixo; o segundo também de vermelho, com uma cabeça de mouro, de encarnação, cortada em sangue, toucada de um turbante de prata; bordadura cosida de azul, carregada de cinco aspas de ouro. Família de origem espanhola, a que pertencia Afonso de Mansilla, que veio para Portugal, servindo D. Afonso V, a quem acompanhou na batalha de Toro, onde mostrou grande valor, pelo que o mesmo Príncipe lhe fez mercê da comenda de Oliveira, em Riba de Douro, quando a pretendiam os frades do mosteiro de Tarouca.

MATAMOUROS (Castela, Portugal). Esquartelado: o primeiro de vermelho, com um braço nu, empunhando uma espada de prata; o segundo de azul, com três cabeças de mouro cortadas e ensanguentadas; o terceiro de vermelho, com uma cabeça de rei mouro; o quarto de prata, com três bandeiras de vermelho, posta 1 e 2.

Família de origem espanhola, da qual passou a Portugal Juan Mancebo Furtado de Matamouros, fidalgo natural da vila de Albacete, em Castela. Depois de haver prestado serviços nas guerras da Flandres, em Granada e na batalha de Lepanto, junto de D. João de Áustria, acompanhou o Duque de Alba a Portugal e tomou parte na batalha de Alcântara, em 1580. Em 20 de Março de 1586 pertencia à guarnição do castelo de Lisboa.

CABEÇA (Andaluzia e Portugal) — De azul, treze besantes de prata; bordadura cosida de vermelho, carregada, em chefe, de três cabeças de Mouros de sua cor, foteadas de prata e azul, cortadas em sangue, e nos flancos de duas escadas de oiro, postas em pala e cada uma segura por um braço, armado de prata, as mãos de encarnação agarrando nas escadas, e os braços postos em ponta. Timbre: braço armado de prata, a mão de encarnação, com uma das cabeças pendurada pela trunfa. Elmo de prata, aberto, guarnecido de oiro. Paquife e Virol de azul e prata.

MENDANHA - Pedro de Mendaña, alcaide de Castro Nuño, serviu D. Afonso V em Toro e acolheu o rei no seu castelo. Rendeu-se depois a Fernando, o Católico, e fixou-se em Portugal, onde teve várias mercês e descendência que usou o apelido.

Mss. ca Casa Cadaval, adquirido para a Biblioteca Nacional de Portugal em 1979.

AMORIM (Galiza e Portugal) Campo de vermelho, com cinco cabeças de mouros, foadas de prata e ensanguentadas.

MURILHAS (Ayala e Portugal): de ouro, com uma torre torreada de negro, remata por um braço armado de prata com mão de carnação,

empunhando

um

alfange

embebido numa cabeça de mouro cortada em sangue, fotada de azul e de prata; a torre acompanhada em ponta, de duas géminas de vermelho. Timbre: o braço armado com o alfange e a cabeça do escudo.

A primeira disposição legal conhecida em matéria heráldica, foi uma carta régia emitida por D. Afonso V em Toro a 21 de Maio de 1476 continha determinações que procuravam restringir a autoridade heráldica ao principal rei de armas ao serviço da Coroa, já então denominado Portugal: a este caberia, em nome do soberano, tanto a concessão de armas novas Brasão usado por D. Afonso V de Portugal, entre 1475 (invasão portuguesa) e 1479 (Tratado de Alcáçovas).

como a confirmação de antigas, devidamente registadas no “livro do registo e tombo das ditas armas por mim novamente dadas e por ele ordenadas, e das armas de todos os fidalgos antigos, e de linha direita”.

D. Afonso V deu a 01.04.1462 armas novas a Martim Esteves Boto, cavaleiro, em paga dos seus serviços, desde o reinado de D. João I. Refere o documento que Martim Esteves Boto esteve na tomada de Ceuta, no cerco de Tânger e finalmente em Alcácer, "com armas, cavalos e homens, com grande despesa sua". Fonte: ANTT, "LIVRO DA NOBREZA E DA PERFEIÇÃO DAS ARMAS DOS REIS CRISTÃOS E NOBRES LINHAGENS DOS REINOS E SENHORIOS DE PORTUGAL", POR ANTÓNIO GODINHO

Armas que Botos ganharão São por mouros que matarão Naquelas terras em Ceyta Quando da danada seyta Portugueses a livraram João Rodrigues de Sá, senhor de Matosinhos, “Coplas declarando alguns escudos de armas de algumas linhagens de Portugal, que sabia donde vinham”, apud SÃO PAYO, Conde de (D. António), Cancioneiro d’Armaria, Lisboa, s.n., 1929

Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas (ANTT).

Dom afomso… fazemos saber que por quauto os prinçepes consirando a uertude per sy cujo premeo he louuor E o que deue em seer libaraaes e nom ingratos asi porque satisfaçom a sua dinjdade como porque nom priue de seu efecto E como diujda os que ou por louuor e exalçameto da nossa santa fe como por sua fama o boõ nome e seruiço deles a desuairados trabalhos e perijgos sse aventurarem nom Recadando despesas ne temendo morte desy porque outros esperando tall fruyto boas e grandiosas cousas com boo coraçom e mayor esperança cometa e custumarõ segundo os seruiços de cada huu asi os gualardoar pellas quaees rrazoees mouydo nos E aaynda por a afeiçom que senpre teuemos a Martim esteuea boto asi por os mujtos serujços e mujto de prezar que ElRej dom Johã meu avoo que deos aja delle Reçebeo em a tomada da nossa cidade de çepta E em outras cousas E assy há ElRey e meu Senhor e padre cuja alma deos tee em a hida e cerco de tanger honde por seruiço de deos e por conseruaçom de seu boom nome e fama sosteue ataa o derradeiro Recolhimento todo o temor e trabalhos que se no dito cerco seguiram como por mujtos outros que nos dele Recebidos teemos em paz e em guerra per sua pessoa e com armas cauallos e homes com grande despesa sua principalmente na filhada da nossa villa dalcaçer em africa honde per nos foy feito caualleyro Em satisfaçom delles de noso propio moto e çiençia nos lhe damos E outorguamos que ele e todos sseus lídimos descendentes daqui endiãte possa trazer por sua memoria e synall de tantos seruiços estas armas aqui pintadas as quaees per purtugall noso Rey darmas per mandado nosso lhe fora deuisadas e per nos confirmadas E pore a elle e a todos os outros nosos Reiz. ANTT, — Chancelaria de D. Afonso V, liv. 1.°, fl. 14.

BOTO — Franchado de oiro e vermelho: no oiro, cabeças de Moiro de sua cor, cortadas em sangue foteada de prata; e no vermelho, torre de prata com portas e frestas de negro Timbre uma das torres sobrepujada por uma das cabeças. Elmo de prata, aberto, guarnecido de oiro. ANTT, Casa Real, Cartório da Nobreza, liv. 19, (Livro do Armeiro-Mor)

Livro das Armas//que ho muyto alto//...//elrey Dom Manuell //...//mandou a my rey darmas Portuguall//juiz da nobreza que compossese e hordenasse//e nelle asentasse todallas armas dos reys

e

princepes

gentijos//domde

cristaãos//

primeiramente

e

asy

judeus

decendeo

e

mouros

e

começou

a

nobreza//a asy asentasse e possese todallas armas dos nobres destes reynos e senhorios cada//huuas em seu luguar proprio//..

Gil Vant Ouvistet Esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro, com uma alparca de negro, forrada de vermelho, solada de prata, com a ponta para a esquerda; o segundo e o terceiro de azul, com um busto de mouro, vestido de ouro e fotado de vermelho e de prata; e uma Cruz da

Ordem de Cristo suspensa, brocante sobre o esquartelado.

O Livro do Armeiro-mor, do ano de 1509, apresenta as armas de "Gil vant Vistet“. O Tesouro da Nobreza de Portugal, cita o Livro dos Reis de Armas, desaparecido no terramoto de 1755, no qual elas se denominavam de "Gilvaz Veniste". Ambas as formas estão corruptas e não se sabe o nome certo da pessoa a quem pertenciam, mas que serviu Portugal pelo que teve o acrescentamento da Cruz de Cristo, que D. Manuel I também concedeu a Volfgango Holzschuer em 1503.

MENDES DE TANGER — De azul, porta de fortaleza flanqueada de duas torres, tudo de prata, lavrado e frestado de preto ; contrachefe cosido de vermelho, carregado a dextra de uma cabeça de Moiro, cortada em sangue, foteada de prata e cortada de vermelho, e a sinistra, de três lanças de sua côr, postas em pala e dispostas em roquete. Timbre a cabeça do Moiro cortada em sangue. Elmo de prata, aberto, guarnecido de oiro.

Dom manuell etc a quamtos esta nosa Carta virem fazemos saber que comsyramdo nos como he cousa justa e deuida aos bõos e que feitos homrados e vertuosos fazem lhe ser dada homra e premio nõ somemte pêra os premear e galordoar mas ajmda pêra animar e espertar aos outros ho semelhãte fazerem e yso mais em espiçiall aqueles que nos autos da caualaria seruem por serem mais ariscados e perigosos e de mais meriçimêto e maiormête quamdo he em guera comtra emfiees e por seruiço de nosso senhor e defemsam de sua fee portamto por ho muyto que nesta nos tem seruido e merecido manuell mêdez caualeiro fídalguo de nosa casa o qual de tempo dei Rey dom afomso meu tyo e dei Rey dõ Joam meu primo que samta groria ajaa e asy a nos em nosso tempo sempre seruio muy bem na dita guera fazemdo feitos homrados e de esforçado caualeiro e de muito meriçimêto poemdo sua pessoa a mujto Risquo e semdo muytas vezes ferido na dita guera vemdo nos como elle nos tem asy bem seruido e avêdo Respeito aos ditos seus seruiços e por folgarmos de por yso lhe fazermos homra raerçe e acreçemtamento a nos praz de lhe dar por armas as seguimtes — a saber— õ campo azull hua porta com duas tores de prata lauradas e frestas de preto e huu pee de vermelho com hua cabeça de mouro toucada de bramco cortada em vermelho e três lamças de sua color em pall e em Roquete elmo de prata çarado paquyfe de prata e azull e por timbre a mesma cabeça das armas segumdo aqui estam devysadas O quall escudo armas e synaes elle posa trazer e tragua… E porem mãdamos a todos nossos corregedores desembargadores juizes justiças e alcaides e em espiçiall aos nossos Reis darmas arautos e pasauamtes e a todos e a quaesquer outros ofíciaes pessoas que esta nosa carta for mostrada e o conhecimento dela pertemçer que em todo lha cumpra e guardem. . . e por lembrãça e firmeza de todo lhe mãdamos dar esta carta asynada per nos e aselada do noso sello de chumbo dada em a nosa sempre leall cidade deuora a bijj dias do mes de junho pêro devora scprivam da nobreza a fez ano de noso senhor Jhesu christo de mil b." xx unos. (08.Junho 1520) ANTT, Chancelaria de D. Manuel, liv. 44.°, fl. 55.

Em 22 de Setembro de 1537, o rei D. João III concedeu armas a Diogo Fernandes de Carvalhal Benfeito, Cavaleiro de Cristo, que tinha prestado grandes serviços no cerco de ARZILA e em GOA, tendo trespassado um chefe muçulmano. Mss. Da Casa Cadaval, adquirido para a Biblioteca Nacional de Portugal em 1979

SACÔTO, de Gonçalo Mendes Sacôto — Esquartelado: o I e IV de prata, arvore de verde [Azinhal); o II e III de oiro, cinco estrelas de oito pontas de vermelho em cruz (Sacôto). Chefe do escudo: de oiro carregado de quatro cabeças de Moiros, cortadas em vermelho e toucadas de prata e azul. Timbre: braço armado de oiro, com uma das cabeças ensanguentada segura pela fota. «Dom João etc. a quãtos esta mjnha carta virem faço saber que sedo eu ê conhecimento de certa sabedoria e Resguardando os mujtos e leaes serujços que gouçalo mendez çacoto fidalgo da mjnha casa e adaill mor de meus Reinos e senhorjos tem feitos e asy a el Bey meu senhor e padre que samta glorja aja como a mjm asy na corte como Fora em afrjca na guera que sempre temos cõtra os jnfieis prjmcipalmente quãdo elle semdo capitão por meu mandado da mjnha cidade dazamor peleyou muj esforçadamente cõ duzètas lamças que leuaua a três legoas da dita cidade cõ o alcaide latar e cõ outros quatro alcaides dei Key de fez que traziam cõsyguo noueçêtas lamças gête toda escolhida na qual batalha forão todos çimquo vemçidos e desbaratados de todo çõ toda sua gemte e mortos quatro alcaides ficando ele capitão gonçalo mendez senhor de todo campo e despoyo que trouxe per a dita cidade e vemdo eu híí tão anymoso e ardido esforço dele gonçalo mõdez cõ tão memorauell vytorea acõteçyda em o dia propio que eu fuy aleuãtado por Rey por memorja e mais gloria sua e dos seus decemdentes de meu moto propio satisfazèdo a seu Requerimento lhe dou por armas pêra todo sempre e pêra todos seus decendentes as quatro cabeças dos quatro alcajdes que fora mortos na dita batalha pêra que as ponha no chefe do escudo darmas que elle traz da geração de seu pay e may segundo que portugall meu prjncipall Rey darmas por meu mandado lhe ordenou e cõçertou como nesta mjnha carta estam pintadas, a saber, o campo escartelado ao prjmeiro de prata cõ hua aruore verde e ao segundo douro com çimquo estrellas de vermelho em Cruz e hu chefe douro cõ quatro cabeças de mouros cortadas de vermelho toucadas de prata e dazull elmo de prata aberto guarnjdo douro paqujfe douro e dazull e vermelho e por timbre hu braço armado douro que tem hua das cabeças pela fota (…) dada em a mjnha muj nobre e sempre leall cidade de lixboa aos xix dias de julho > amtonio dolamda por pêro deuora sprivão da nobreza a fez ano de noso senhor Jhesu christo de mil b* xxx biij» anos. ANTT, Chancelaria de D. João III, liv. 27.°, fl. 17. (19 de Julho de 1538).

MONTEIRO DE PALE - Francisco Monteiro, Cavaleiro-fidalgo da Casa de D. João III, esteve no cerco de Diu com D. João de Castro e prestou grandes serviços na Índia, tanto no mar como em terra, na defesa e conquista de várias fortalezas, especialmente a fortaleza de Pale, onde subiu a rocha e lutou com um capitão turco, e abraçados, rolaram por ela abaixo até ao muro, que já estava derrubado pela artilharia dos Portugueses, e aí, Francisco Monteiro acabou de matar o seu inimigo com um punhal. Por este feito recebeu Carta de Brasão, dada em 1548, com armas novas e o apelido de Pale. Armas: de vermelho, com um lanço de muralha de prata derruído no meio, flanqueado por dois baluartes também de prata, o da direita aberto e iluminado de negro, tudo lavrado do mesmo e posto no baixo de um monte; alto verde com seus rochedos; dentro da muralha um homem armado de ponto em branco sobre um turco vestido de vermelho a quem está matando, com um punhal ensanguentado na mão; no pé do monte duas bombardas de negro, seus canhões de ouro, postos aos lados da brecha e apontadas para ela. Timbre: um braço armado, empunhando um punhal ensanguentado.

CORREIA BARÉM ou CORREIA BAHAREM - António Correia foi para a Índia, designado como capitão-mor de uma frota para lutar contra o Rei de Barém que guerreava contra um vassalo de Portugal, o Rei de Ormuz. António Correia venceu esta guerra e D. João III, por carta datada de 14-01-1540, acrescentou-lhe o apelido e as suas armas da

seguinte forma: Esquartelados: primeiro vermelho com uma cabeça de mouro cortada em sangue, toucada de Prata e coroada de Ouro. O segundo e o terceiro vermelhos com uma águia negra estendida, membrada de Ouro e um escudete de ouro fretado de vermelho de seis peças. Brocante sobre o corpo da águia (Correia). O quarto contraesquartelado: o primeiro e o quarto de azul com uma cruz de ouro (Teixeira); o segundo e o terceiro de verde com cinco flores de lis de

ouro postas em sautor (Mota). Timbre: um braço armado de prata com a cabeça de um mouro degolada e pendurada pela trunfa.

TERNATE (Portugal) - Belchior Vieira, nascido em Faro no ano de 1540, militou na Índia. Teve o hábito da Ordem de Cristo pelos serviços prestados a Filipe I, e aos reis seus antecessores, na Índia tanto por mar, como por terra, principalmente em Maluco, na ilha de Ternate, no ano de 1570, quando a fortaleza foi cercada por vários reis com grande poder de gente e o capitão entregou a defesa de um dos quatro baluartes de madeira que a protegiam a Belchior Vieira, que durante nove meses sustentou o cerco posto pelo inimigo, sem se render, pelo que foi de novo combatido. Com grande esforço matou muita gente contrária, entre a qual um tio do Rei de Tidore, que caíram mortos junto do baluarte. Devido à sua bravura a fortaleza não chegou a ser entrada pelo inimigo. D. Filipe I, em atenção a tais serviços, por Carta de 2 de Março de 1584, deu-lhe brasão de armas novas e o uso do apelido Ternate (Armas: de vermelho, com um baluarte de prata, lavrado de negro, firmado nos flancos do escudo, rematado por um braço vestido de malha, empunhando uma espada de sua cor, guarnecida de ouro; o baluarte, acompanhado em ponta, de uma cabeça de mouro de sua cor, cortada em sangue e fotada de prata. ANTT, Chancelaria D. FilipeI, liv. 4.°, fl. 169).

Mss. Casa Cadaval, adquirido para a Biblioteca Nacional de Portugal em 1979.

MOREIRA PERENGAL - Fernão Moreira, natural da cidade de Lagos, cavaleiro-fidalgo da casa do rei D. Filipe I, que passou a África, onde o feriram e cativaram. Serviu depois na Índia, no ano de 1575, na costa do Malabar como capitão de uma galeota, desembarcou entre os primeiros com sua gente na praia de Perangal, com muito risco de sua pessoa e no recontro havido com o inimigo foi morto o príncipe da terra. Andavam todos a combater quando dele se aproximou para o matar e com esforço pelejou só com ele e o matou à vista de todos e, depois feriu outros. Em atenção e estes actos a aos serviços prestados a si e aos reis seus antecessores, «em todos os carguos em que ho emcarguarão damdo sempre de sy boa contra e fazendo como dele esperava e confiava», o rei D. Filipe I, por Carta de 25 de Março de 1585, o fez «fidallguo de cota darmas e a todos seus filhos e descemdentes pêra sempre e lhe dou por armas e armamemto de nobreza em synall della pêra elle e todos seus descemdemtes pêra sempre com ho apelydo de peramgual- a saber -ho campo azull e hua fayxa de prata emdemtada amtre hua estrella de ouro e a cabeça do mouro que matou cortada em samgue foteada de prata (…)». ANTT, Chancelaria de D. Filipe I, liv. 5º, fl. 92 v.

AYSA - Linaje noble de Aragón. Originarios de Jaca, con ramas en Huesca, Sesa, Barbastro, Zaragoza, etc. los de la localidad de Sesa: Cuartelado: 1º, de …, tres cabezas de moro cortadas, mal ordenadas, las dos superiores afrontadas; 2º, de …, un castillo de …, sumada la torre central de una bandera de …, 3º, de …., un siniestro giro armado, sujetando una llave de …, 4º, de … los palos de Aragón. Escudo labrado en la pared principal de la casa de esta familia. BARBADO- Castellano: De gules, una cabeza de moro degollada. ESCALERA- De Castilla, de Barcenillas de Cerezos (Burgos): De sinople, un castillo de plata ardiendo acostado a ambos lados de dos escaleras de sable arrimadas a sus muros, y colgando de ellas algunos moros y otros muertos al pie de la fortaleza; a la puerta del castillo dos leones de su color afrontados y atados. RODEZNO - Se sitúa su origen entre La Rioja y Navarra: Escudo partido, 1º de sinople, cinco cabezas de moro degolladas y con turbante de plata y gules puestas en sotuer, y moviente de la punta un brazo armado que lleva en la mano una espada de plata encabada de oro, que llega hasta la cabeza central; y 2º de plata, un castillo de piedra aclarado de oro. Bordura de gules con ocho aspas de oro. SACRISTÁN - Aragonés, de Luna (Zaragoza): En campo de oro, un puente de piedra de cuatro arcos, sobre un río, y superado de un brazo armado con una espada en la mano, y frente al brazo, una cabeza de moro degollada y chorreando sangre. Bordura de plata con ocho aspas de gules. PERMUY - de la Coruña y extendido a Méjico y Puerto Rico. En azur, un hombre que lleva en la diestra una espada y en la siniestra una cabeza de moro goteando sangre.

ALFARO - En la tumba de Alonso de Alfaro en el convento de Santo Domingo (SANTIAGO DEL ESTERO, Argentina), aparece este escudo: En cuanto al contenido del escudo, podría definirse como: un árbol, a su diestra un brazo armado, a su siniestra la cabeza de un moro degolado. [Aclaramos que la primera impresión es pensar que el árbol es una palmera y que la cabeza podría ser de indio, con lo que serían armas indianas. Según expertos en heráldica argentina se trataba de la representación habitual de árboles heráldicos y cabezas de moros, por lo que puede considerarse un escudo con muebles propios de la armería tradicional española]. Sobre el escudo vemos un yelmo de hidalguía y acolados una bandera y un mosquetón. Podría tratarse de Alonso de Alfaro, militar, gobernador interino del Tucumán en 1729. Precisamente los adornos exteriores del escudo reforzarían esta hipótesis.

Brasão de armas da familia Fauerbach, Alemanha

Brasão de sir John Hawkins, recebido quando foi armado cavaleiro pela Rainha Isabel I em 1588: sable, on a point wavy a lion passant or; in chief three bezants: and for a crest, a demi-Moor, proper, in chains. Fonte: http://www.luminarium.org/encyclopedia/hawkyns.htm

Negri – Salerno Stemma: 3 rose di oro su fascia in divisa di rosso su troncato di azzurro e di oro - busto di moro di profilo incatenato ad una colonna uscente dalla fascia tutto al naturale - luna rivolta di argento posta nel canton sinsitro del capo su azzurro - compasso apeto punte al basso al naturale sormontato da - stella (8 raggi) di argento su oro.

No século XV a mobilidade social foi tornando os escudos heráldicos já não um privilégio exclusivo da nobreza, mas cobiçado por cidadãos ricos que queriam consolidar o seu status por meio de um brasão de família. A ironia com que algumas figuras são representadas aponta para que estas gravuras fossem destinados a satirizar as pretensões aristocráticas de cidadãos comuns. O significado é claro: o homem que está de cabeça virada para baixo fica com uma visão distorcida do mundo, o fazendeiro e sua mulher representam a ordem social virada do avesso. Heraldic shield Rijksmuseum

with

farmers

(ca.

1485-90),

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