A \"Obra da Rua\" no concelho de Paredes - Padre Américo e a Obra da Rua

June 30, 2017 | Autor: Fabiola Pires | Categoria: Arquitectura y urbanismo, ARQUITECTURA SOCIAL, Padre Américo
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A “OBRA DA RUA” NO CONCELHO DE PAREDES PADRE AMÉRICO E A “OBRA DA RUA”

Nascido a 23 de Outubro de 1887 em Galegos, Penafiel, só muito tarde despertou para a sua vocação sacerdotal. Trabalhou em Moçambique dos 18 aos 36 anos, fase fulcral onde conheceu pessoas e angariou apoiantes e beneméritos para o que seria depois a sua Obra da Rua . Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Julho de 1929, aos 41 anos de idade, tendo-lhe sido logo entregue uma paróquia para administrar. Sentindo-se, no entanto, doente com dores de cabeça constantes, o Bispo "(...) dispensou-o de todas as obrigações e, a seu pedido, foi ocupar-se dos pobres, dando-lhe "pulso livre" para se dedicar inteiramente à iniciativa sócio-caritativa conhecida já por Sopa dos Pobres, sediada na Rua da Matemática [em Coimbra]. Era o dia 19 de Março de 1932.". Três anos depois, criou as Colónias de Férias de Montanha, em S. Pedro d'Alva, Concelho de Penacova tendo-se estabelecido definitivamente em 1939 em Miranda do Corvo, durante os meses de Verão (Julho a Outubro), sempre apoiado por voluntários . Assim nasceu aquilo a que chamaria a Obra da Rua. Fundou, em 7 de Janeiro de 1940, a primeira Casa do Gaiato, a de Coimbra, em Miranda do Corvo, que adquiriu em finais de 1939. Para dar apoio a esta e para os rapazes mais velhos, o Lar do Ex-Pupilo dos Reformatórios, em Janeiro de 1941, na Cidade de Coimbra. Em Abril de 1934, inagurou a Casa do Gaiato do Porto, em Paço de Sousa (Penafiel), assim como um Lar na cidade do Porto para os rapazes que necessitassem ficar instalados na cidade para estudar ou procurar emprego. A inauguração deu-se a 3 de Fevereiro de 1954. 1.Padre Américo no Gerês (Arquivo da Casa do Gaiato de Paço de Sousa). A 5 de Maço de 1944 funda e dirige o jornal quinzenário "O Gaiato", editado nas oficinas de Paço de Sousa pelos seus Gaiatos, e mais uma das fontes de receita para ajuda da sua Obra. Em 1951 funda o Património dos Pobres, que conta com mais de 3500 casas por todo o continente e ilhas. A Casa do Gaiato de Lisboa abre as suas portas em Junho de 1947. Em 1 de Julho de 1955 foi a vez da de Setúbal, e um ano mais tarde da dos Açores. A sua última obra foi o Calvário, terminada já após a sua morte, onde o fogão se acendeu pela primeira vez em 15 de Fevereiro de 1959. Padre Américo morreu a 16 de Julho de 1956, no Porto, após um acidente em Campo (Valongo) quando regressava de mais uma das suas viagens, que promovia sempre na busca de um alívio e um consolo para os pobres e necessitados. Escreve, ao longo da sua vida, inúmeros livros acerca da pedagogia aplicada à sua Obra, aonde vai informando o país das suas acções e o impele a ajudar. Institui a condição de Padre da Rua: padres orientados para trabalhar na sua Obra e seguindo os seus ideais, que ainda hoje são o apoio de milhares de crianças e indigentes. Trabalha em prol dos que sofrem ao longo de quase 24 anos. Em 1960, os Padres da Rua voltaram a África e fundam as Casas do Gaiato de Angola (Malange e Benguela, de 1962 a 1992) e um Lar em Luanda em 2002; e em Moçambique a Casa do Gaiato em Lourenço Marques (de 1967 a 1975) e um Lar em Maputo, também em 2002. O seu processo de glorificação canónica teve início em 1986, e até hoje não teve ainda uma conclusão, mas a sua Obra perdura, inspira e ajuda, ainda hoje, aqueles que mais dela necessitam.

2. Padre Américo na Casa do Gaiato de Paço de Sousa e os gaiatos junto ao cruzeiro da Casa (Arquivo da Casa do Gaiato de Paço de Sousa).

3. Imagens da Casa do Gaiato de Paço de Sousa depois e durante a construção (Arquivo da Casa do Gaiato de Paço de Sousa); Casa geminada do Património dos Pobres em Rans, Penafiel (em cima); Casa isolada e corpo da cozinha e do refeitório (fotos dos autores). A linguagem adoptada nas suas obras segue a linha arquitectónica do autor (Arquitecto António Júlio Teixeira Lopes e, no Calvário, também o seu discípulo, Adalberto França), as visões de Padre Américo e as linguagens mais conservadoras vigentes na altura. O recurso aos sistemas e métodos construtivos tradicionais resulta também de uma profunda ligação com a terra e os distintos locais onde as obras se implantam: a mão-de-obra é local, o material utilizado preferencialmente nas estruturas (granito) também. A linguagem mais conservadora contrasta com o inovador programa, bem como com a intenção de privilegiar o lado funcional dos edifícios. O contraponto entre planos de granito e paredes rebocadas, o uso de guarnição granítica nos vãos (habitualmente reforçando as linhas horizontais), o uso do azulejo como forma de salientar e dignificar determinados espaços ou o constante recurso ao telhado, revelam esse lado “português” e conservador da obra, assim como o desejo de uma construção sólida e dignificadora, apesar de estarmos perante obras destinadas às camadas mais desfavorecidas da sociedade.

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Fabíola Franco Pires e Fernando Cerqueira Barros [email protected] | [email protected]

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