A Oficina de Paleografia - UFMG: A construção de uma experiência discente

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Descrição do Produto

Organizadores: Douglas Lima, Fabiana Léo, Gabriel Chagas, Gislaine Gonçalves, Igor Rocha, Leandro Rezende, Ludmila Torres, Luíza Parreira, Maria Clara C. S. Ferreira, Mateus Frizzone, Mateus Rezende, Rodrigo Paulinelli

Cadernos de Paleografia Número I iª edição [versão eletrônica]

ISBN: 978-85-68687-01-7 ISBN da Edição Impressa: 978-85-68687-00-0

Imprensa Oficial de Minas Gerais Belo Horizonte, 2014

Governo do Estado de Minas Gerais Governador: Alberto Pinto Coelho Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais Secretária: Maria Coeli Simões Pires

Imprensa Oficial de Minas Gerais Diretor-Geral: Eugênio Ferraz Chefe de Gabinete: Antonio Carlos Teixeira Naback

Cadernos de Paleografia: Número I Coordenação Editorial e Revisão dos Textos:

Transcrição Paleográfica e Revisão das Transcrições:

Douglas Lima de Jesus

André Cabral Honor

Fabiana Léo Pereira Nascimento

Cássio Bruno de Araujo Rocha

Gabriel Afonso Vieira Chagas

Douglas Lima de Jesus

Gislaine Gonçalves Dias Pinto

Emilly Joyce Oliveira Lopes Silva

Igor Tadeu Camilo Rocha

Fabiana Léo Pereira Nascimento

Leandro Gonçalves de Rezende

Gabriel Afonso Vieira Chagas

Ludmila Machado Pereira de Oliveira Torres

Gislaine Gonçalves Dias Pinto

Luíza Rabelo Parreira

Leandro Gonçalves de Rezende

Mateus Freitas Ribeiro Frizzone Mateus Rezende de Andrade

Igor Tadeu Camilo Rocha Ludmila Machado Pereira de Oliveira Torres

Maria Clara Caldas Soares Ferreira

Luíza Rabelo Parreira

Rodrigo Paulinelli de Almeida Costa

Marcus Vinícius Duque Neves Mateus Freitas Ribeiro Frizzone

Maria Clara Caldas Soares Ferreira Rodrigo Paulinelli de Almeida Costa Apresentação: Eugênio Ferraz Prefácio: José Newton Coelho Meneses Projeto gráfico, diagramação, tratamento de imagens e capa Daniel Dutra Finalização Editorial (IOMG) Fabiana Tinoco, com a colaboração de Joicely Agenor

Mateus Rezende de Andrade

Os textos e transcrições paleográficas contidos nesta obra estão licenciados sob uma Licença Creative Commons Atribuição - Não Comercial - Sem Derivações 4.0 Internacional. É permitido copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para uso não-comercial, desde que se atribua explicitamente a autoria e se indique os termos desta licença. Para ver uma cópia da licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/. Os direitos de uso das imagens aqui reproduzidas devem ser verificados junto às respectivas instituições de guarda.

H897

Cadernos de Paleografia, Número 1 — Belo Horizonte : Imprensa Oficial de Minas Gerais, 2014. 264 p. ISBN: 978-85-68687-01-7 Vários autores. 1. Paleografia — Discursos, ensaios, conferências. 2. Brasil — História. 3. Portugal - História. CDD 417.7

Sumário

José Newton Coelho Meneses

Marileide Lázara Cassoli

Prefácio 15

Nos campos de Têmis: senhores, escravos e ações cíveis. Mariana, 1850-1888 117

A Coordenação da Oficina de Paleografia — UFMG

Carlos de Oliveira Malaquias

A Oficina de Paleografia — UFMG: a construção de uma experiência discente 21

Os processos-crimes: uma janela para o cotidiano do trabalho em Minas Gerais na primeira metade do séc. XIX 145

André Cabral Honor

Gusthavo Lemos

A Ordem Primeira de Nossa Senhora do Carmo e a elite açucareira goianense: entre vitupérios e rezas 39

Fragmentos da paisagem rural brasileira: os Registros Paroquiais de Terra 173

Carmem Marques Rodrigues

Cássio Bruno de Araujo Rocha

Os Portugueses e os Mapas: relações históricocartográficas 61

O estranho sodomita 195

Mateus Freitas Ribeiro Frizzone

Marcus Vinícius Duque Neves

Os presos, os carcereiros e as péssimas condições da cadeia velha de Vila Rica (1734) 73

Peculiaridades da documentação sobre exploração mineral em Minas Gerais no séc. XIX 237

Emilly Joyce Oliveira Lopes Silva A censura literária em Portugal no Período Pombalino 93

A Coordenação da Oficina de Paleografia — UFMG 1

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Uma iniciativa discente pioneira No ofício do historiador, a leitura e a transcrição paleográfica são fundamentais, primeiramente, pelo seu caráter propedêutico: o de possibilitar o acesso direto às fontes de pesquisa, sem depender da publicação de transcrições e/ou comentários. Essas habilidades podem, ainda, se constituir como fonte de renda adicional ou principal para aqueles que as dominam. No entanto, a leitura paleográfica permanece como uma espécie de nicho, e são relativamente poucos os historiadores por formação que se aventuram nesse campo. É muito frequente que o trabalho com as fontes originalmente manuscritas se dê a partir de publicações impressas ou que a fase da pesquisa relativa à consulta às fontes seja “terceirizada”, deixada a cargo de estagiários e bolsistas ou de prestadores de serviço mais ou menos especializados. É difícil não atribuir esse descompasso entre a importância da leitura paleográfica na 1. ANDRADE, M. R.; CAMILO ROCHA, Igor Tadeu; CHAGAS, G. A. V.; COSTA, R. P. A.; FERREIRA, Maria Clara C. S.; FRIZZONE, M. F. R.; LÉO, Fabiana; LIMA, Douglas; PARREIRA, L. R.; PINTO, G. G. D.; REZENDE, L. G.; TORRES, L. M. P. O.. 2. Uma versão estendida deste texto foi submetida ao II Congresso Brasileiro de Paleografia e Diplomática, ocorrido em junho de 2013, pelos coordenadores Douglas Lima de Jesus, Fabiana Léo Pereira Nascimento, Gabriel Afonso Vieira Chagas, Igor Tadeu Camilo Rocha, Leandro Gonçalves de Rezende e Mateus Freitas Ribeiro Frizzone, com o título “O ensino da leitura paleográfica na Oficina de Paleografia — UFMG: relatos de uma experiência discente”.

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pesquisa histórica e o domínio das habilidades a ela relativas pelos historiadores a uma patente lacuna nas grades curriculares dos cursos de graduação, associada à quase inexistência, pelo menos de maneira mais sistemática, de iniciativas extracurriculares nesse sentido. Em uma breve pesquisa sobre a existência de iniciativas de ensino de paleografia estruturadas nos cursos de História de outras instituições realizada no ano de 2013, buscaram-se informações sobre os cursos de graduação em História oferecidos em Belo Horizonte e nas nove universidades federais existentes no estado de Minas Gerais3. O trabalho se deu, quando possível, através do contato com alunos, ex-alunos e docentes; além disso, foram feitas pesquisas nos currículos e nas disciplinas ofertadas, a partir de informações disponíveis nos sites dessas instituições. O fato de não encontrar resultados positivos não significa, necessariamente, a inexistência de tais iniciativas. Porém é possível supor o caráter efêmero e, sobretudo, a baixa divulgação e circulação dessas experiências. Iniciativa de uma dupla de alunos do Departamento de História da UFMG que compartilhavam dificuldades e experiências na transcrição paleográfica entre si, o grupo de estudos então denominado Paleografia e Análise Crítica de Documentos Manuscritos surgiu no segundo semestre de 2009 como um grupo de ajuda mútua entre aqueles que trabalhavam ou pretendiam trabalhar com manuscritos, principalmente dos séculos XVIII e XIX, e se viam às voltas com o desafio de se capacitar, de maneira autodidata, para a leitura de suas fontes de pesquisa. Naquele momento, outros 6 alunos tiveram seu primeiro contato com documentação digitalizada, contato este que se revelou bastante profícuo, uma vez que a totalidade daqueles alunos de alguma forma passou a se envolver em atividades de pesquisa em manuscritos. Com o fim do semestre letivo, a incompatibilidade de horários e sobrecarga de tarefas acadêmicas impossibilitou a continuidade do projeto, que, no entanto, permaneceu vivo como memória de uma experiência modesta, porém bastante frutífera, de aprendizagem construída de maneira colaborativa. No início de 2012, a iniciativa foi retomada. Hoje a coordenação é formada por seis alunos do mestrado, um do doutorado, quatro da graduação e um egresso; desses, cinco são coordenadores desde o início. No seu formato original, ainda que com reuniões abertas ao público, se esperava uma participação pequena de novos interessados. O segundo nome do grupo 3. Foram pesquisados os currículos dos cursos de História das seguintes instituições: PUC MG, Uni-BH, Estácio de Sá BH, UFJF, UFSJ, UFV, UFU, UFTM, UNIMONTES, UNIFAL, UFVJM e UFOP. Vale ressaltar que o currículo do curso de História da Uni-BH prevê uma disciplina de paleografia, porém, segundo informações de docentes, tal disciplina já não é ofertada há algum tempo.

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corrobora com essa dimensão reduzida que fora planejada: Oficina Permanente de Paleografia. O fato de a palavra “permanente” estar presente na denominação aponta para uma vontade de consolidar o projeto de maneira duradoura — vencendo os primeiros encontros e tentando superar a efemeridade de parte considerável dos grupos de estudo criados até então — mais do que para o projeto, que acabou se realizando preterintencionalmente, de ampliação do público-alvo e diversificação das atividades. É importante ressaltar aqui que o público recebido extrapolou muito as expectativas iniciais, não só na quantidade, mas também em sua variedade. Inicialmente essa variedade se deu dentro do próprio curso de História, com participantes de diversos períodos, muitos sem nenhum contato com documentação manuscrita. A grande procura das atividades da Oficina por indivíduos cuja experiência na leitura documental e paleográfica tendia a zero exigiu uma contínua reelaboração de metodologia e objetivos. Essa reestruturação ainda não chegava ao oferecimento de um curso de paleografia propriamente dito, mas na inserção desses interessados nos debates do grupo — ainda compreendido como de ajuda mútua, apesar dessa primeira ampliação — dispensando uma parte do tempo das reuniões para discutir e trabalhar questões muitas vezes já tidas como conhecimento comum para o grupo fundador. Rediscutir esses aspectos de forma diluída ao logo dos encontros não foi, entretanto, penoso e enfadonho, e sim muito enriquecedor. Resultado disso foi a incorporação, de maneira permanente, dos componentes historiográficos e contextuais relacionados aos manuscritos trabalhados, que foram ganhando, como veremos adiante, um espaço maior nas discussões semanais. A Oficina passou, gradualmente, a se consolidar como um algo a mais do que um grupo de estudos, tornando-se um projeto de atuação cada vez mais multifacetada e plástica e, talvez por isso, não definível por nenhuma das nomenclaturas tradicionais para iniciativas extracurriculares no âmbito da universidade. A coordenação se estabeleceu propriamente como um grupo de estudos que planeja, estrutura e oferece um curso com componentes teóricos, historiográficos e práticos, visando promover com seu público treinamento na leitura elementar e crítica e na transcrição de fontes manuscritas modernas em língua portuguesa. Ao ampliar as atividades de modo a incluir público externo à universidade, de uma maneira inicialmente tímida, mas mais sistemática nos projetos futuros, é possível dizer que a Oficina vem se tornando uma espécie de guarda-chuva de projetos menores, atuando, assim, tanto no nível da pesquisa como do ensino e da extensão4 . 4. As atividades semanais da Oficina são gratuitas e abertas a todo o público interessado. O grupo também oferece minicursos em eventos acadêmicos, buscando sempre novas parcerias para ofertálos à comunidade em geral. Atendendo à solicitação de alguns professores do Departamento de

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Vale acrescentar ainda que o alto índice de interessados se deu pelo sucesso da divulgação oral, sendo importantíssima a contribuição de alguns professores do Departamento de História da UFMG. Além disso, a coordenação da Oficina utilizou extensamente as mídias sociais, começando pela internet, com a criação do site e da página na rede social Facebook5 e a maciça divulgação nesses meios, assim como a utilização das mídias institucionais da Universidade Federal de Minas Gerais. Para maximizar o alcance, era necessário simplificar o nome do projeto, buscando o seu enraizamento entre o público alvo. Dessa forma, chegamos à nossa terceira e última designação, Oficina de Paleografia — UFMG. A supressão do termo “permanente” refletiu a constatação de que a iniciativa havia extrapolado seus objetivos e desafios iniciais, gerando mais confiança quanto à superação do antigo risco de desintegração. A respeito da explicitação do recorte linguístico-temporal da atuação da Oficina (do termo genérico “paleografia”, contido na denominação do projeto, ao um pouco mais específico “paleografia portuguesa moderna”, que passou a constar na descrição da iniciativa tanto nos documentos de apresentação do projeto à universidade e seus interlocutores como nos canais de comunicação com o público-alvo) cabe ressaltar que ela é resultado de pelo menos 3 processos: (a) a consciência, cada vez mais clara, da extensão do campo do conhecimento que pode ser denominado Paleografia, em sua abrangência espaço-temporal e cultural, em seu caráter científico e teórico-metodológico próprio e em seus múltiplos diálogos e interinfluências com os mais variados campos do saber humano; (b) a percepção cada vez mais nítida da limitação da capacitação adquirida até então pelos coordenadores (baseada, como discutiremos adiante, no autodidatismo) combinada a uma limitação também da disponibilidade de tempo e materiais de estudo para acelerar essa capacitação, o que levou a definir objetivos diferenciados para o curto, o médio e o longo prazo e (c) a necessidade, diante do aumento e diversificação exponenciais do público interessado, de recortar e explicitar melhor a atuação possível, dentro da disponibilidade de materiais e capacitação da coordenação, no curto e médio prazo.

História e da Escola de Belas Artes da UFMG, ministrou aulas de introdução à paleografia em suas respectivas disciplinas de cursos de graduação. Finalmente, em 2014, desenvolveu um projeto paralelo no Colégio Pedro II, em Belo Horizonte, com alunos de Ensino Médio, projeto este que tem a perspectiva de se estender a outras instituições de educação básica da região. 5. Os endereços são: oficinadepaleografia>.



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