A origem geográfica dos compradores de cortiça no concelho de Portalegre (1846-1914)

July 5, 2017 | Autor: Carlos Manuel Faísca | Categoria: Alentejo (Portugal), Cork Oak, Cork Industry History
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A origem geográfica dos compradores de cortiça no concelho de Portalegre (18461914)1 Introdução Na segunda metade do século XIX, a cortiça ganhou uma importância preponderante na economia portuguesa e, especialmente, na economia regional alentejana, quer em termos industriais, quer do ponto de vista florestal, levando, por exemplo, a que a área de sobreiro duplicasse e passasse a constituir-se como o principal fator de cálculo das propriedades alentejanas2. Como iremos demonstrar, o distrito de Portalegre e, dentro deste, o concelho de Portalegre, eram importantes regiões produtoras de cortiça. Neste pequeno artigo, analisar-se-á a origem geográfica dos compradores de cortiça portalegrense, concluindo-se que apenas dois grandes grupos estiveram presentes. O primeiro, liderado pelos «homens» da corticeira Robinson, incluía agentes locais, enquanto o segundo era composto exclusivamente por compradores algarvios. A presença de outros industriais britânicos ou catalães, que à época compunham grande parte da indústria corticeira presente em Portugal, é muito pouco significativa ou mesmo nula. A origem da exploração florestal de cortiça Não obstante a sua presença no comércio internacional europeu desde, pelo menos, meado do século XV3, a exploração sistemática de cortiça iniciou-se em França, no final do século XVII, devido à necessidade do fabrico de rolhas de forma a fornecer a produção vinícola local4. Contudo, devido à distribuição geográfica do montado de sobro, a exploração florestal de cortiça expandiu-se, já em meados do século XVIII, até à Catalunha, visto que a produção francesa rapidamente se revelou insuficiente para satisfazer o aumento da procura de rolhas de cortiça 5. No século XIX, o crescimento da cultura vitivinícola ocorreu de forma ainda mais acentuada6, pelo que também a produção catalã não foi suficiente para abastecer as necessidades da indústria corticeira, que, para além de França e Espanha, se expandira, na segunda metade do século XVIII, até outros países não-produtores de cortiça, como, por exemplo, o Reino Unido, os Estados Unidos e a Alemanha7. Assim, ainda na primeira metade do século XIX, a procura por matéria-prima estendeu-se às regiões com maior superfície de montado, ou seja, o Sudoeste Espanhol, por volta dos anos 1830 8, e o Sul de Portugal desde, pelo menos, 18469, mantendo-se até à atualidade.

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Este estudo, entre outros que se seguirão, só foi possível devido à recolha efetuada, nos Registos Notariais do Concelho de Portalegre, por uma equipa de historiadores da Fundação Robinson, com o objetivo de constituir um arquivo digital, o ArqRob. A todos eles, alguns dos quais recordo com carinho, o meu mais sincero obrigado. 2 Martins, M.C. Andrade. 2005. «A agricultura». Em História Económica de Portugal, 1700-2000, by Pedro Lains e Álvaro Ferreira da Silva, Vol. II: O século XIX. Lisboa: ICS, p. 246. 3 Portugal. Direcção geral do comércio. 1936. Boletim da Direcção geral do comércio: regime económico-jurídico da produção, indústria e comércio das cortiças nacionais. Lisboa: Imprensa Nacional. 4 Tradicionalmente atribui-se ao monge beneditino Pierre de Perignon a «invenção» da rolha de cortiça. Estas eram utilizadas como vedantes nas garrafas de um vinho espumoso que D. Perignon produzia na região francesa de Champagne. 5 Parejo Moruno, Francisco. 2010. El negocio del corcho en España durante el siglo XX. Madrid: Banco de España, p. 15. 6 Simpson, James. 2011. Creating Wine: the emergence of a world industry, 1840-1914. Princeton, N.J.; Oxford: Princeton University Press, p. 1-2. 7 E já no século XIX em Portugal. 8 Serrano Vargas, Antonio. 2009. «Mercado del corcho en la Sierra Morena de Sevilla (1827-1919)». Em Suredes i indústria surera: avui, ahir i demà = Alcornocales e industria corchera: hoy, ayer y mañana =

O distrito e o concelho de Portalegre: uma região de importante exploração florestal de cortiça Neste contexto, situando-se numa zona de extensas áreas de sobreiro, o distrito de Portalegre desempenhou um papel relevante no negócio corticeiro português, não só através produção florestal, mas também no setor industrial corticeiro que, desde cedo, se implementou na região. O exemplo mais conhecido e, de certa forma, o ex-libris da indústria corticeira nortealentejana, é a fábrica fundada por George Robinson que já laborava em 1845 10. De facto, já o foral Manuelino de Ponte de Sor, datado de 1514, refere a existência de sobreiros, penalizando o seu abate11, enquanto Albert Silbert, situando a sua análise no final do século XVIII, refere que a região “(…) parece ter sido dominada por extensos arvoredos, com a predominância de sobreiros e pinheiros (…)”12. Com a já referida valorização internacional da rolha de cortiça, sobretudo na segunda metade do século XIX, a área de montado de sobro e, consequentemente, a produção desta matéria-prima conheceram, nesta região, um crescimento que foi bastante notado por diversos autores da época13, mas que, infelizmente, ainda não nos é possível a sua quantificação devido à aparente ausência de dados de produção distrital corticeira. Ainda assim, podemos adiantar que, em 1906, cerca de 11% da superfície distrital seria composta por montado de sobro, num total de 70.632 hectares 14, tornando o sobreiro, a par da azinheira15, a espécie florestal mais predominante de todo o Alto Alentejo. Por outro lado, os sobreiros do distrito de Portalegre produziram, em 1905, cerca de 4.400 toneladas de cortiça16, quantia que corresponde a cerca de 15% do total da produção nacional17, curiosamente a mesma proporção verificada quase seis décadas mais tarde18. Neste cenário, com uma produção estimada de 500 toneladas, o concelho de Portalegre encontrava-se equiparado com os principais concelhos do distrito neste aspeto, talvez com exceção de Ponte de Sor que, com uma produção de 800 toneladas, acabava por se destacar dos demais19.

Cork oak woodlands and cork industry: present, past and future, editado por Santiago Zapata Blanco, 604–630. Palafrugell: Museu del Suro de Palafrugell, p. 606-607. 9 Data do mais antigo contrato de arrendamento de cortiça que até agora encontrámos. 10 Guimarães, Paulo. 2006. Elites e indústria no Alentejo (1890-1960) : um estudo sobre o comportamento económico de grupos de elite em contexto regional no Portugal contemporâneo. Lisboa: Edições Colibri. O autor argumenta que George Robinson adquiriu a «fábrica de cortiça» a Thomas Reynolds, outro famoso corticeiro inglês, fazendo recuar a cronologia da indústria corticeira em Portalegre. Porém, até agora, este facto não foi comprovado documentalmente. 11 ANTT, Leitura Nova, Livro de Forais Novos, Entre-Tejo-e-Odiana, fls. 79v-80. 12 Silbert, Albert. 1978. e ortu m d terr e de e me e-d but du e s e. o tr but o sto re r re om r e. 2a ed. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Cientifíca, p. 409. 13 Veja-se, por exemplo, o «Esboço económico agricola do Districto de Portalegre» publicado por Ramiro Larcher Marçal, agrónomo distrital, e inserto em Beires, José – Relatorio apresentado à Junta Geral do Districto de Portalegre na sessão ordinária de 1878 pelo Conselheiro Governador Civil. Coimbra: Imprensa Academica, 1878. 14 ANTT, Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Direcção-Geral de Agricultura, NP 881. 15 A área de montado de Azinho seria ligeiramente superior contando com 85.402 hectares. Seguia-se a Oliveira, mas a grande distância, contando com «apenas» cerca de 14 mil hectares, enquanto as superfícies de Carvalho (7300 Ha) e de Castanheiro (3900 Ha), embora não fossem desprezíveis, eram de uma ordem de grandeza significativamente menor. 16 ANTT, Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Direcção-Geral de Agricultura, NP 853. 17 Este valor foi obtido através do quociente entre a produção distrital e a produção nacional do mesmo ano publicada em Lains, Pedro, e Paulo Silveira e Sousa. 1998. «Estatística e produção agrícola em Portugal, 1848-1914». Análise Social 33 (149) (Janeiro 1): 935–968. 18 Sampaio, J. S. 1977. À re er e d u e o t que o om que our e e u Portugal. Lisboa: École Pratique des Hautes Études, p. 79. 19 A produção distrital de cortiça estava organizada da seguinte forma: Ponte de Sor (800 t), Avis (600 t), Crato (594 t), Nisa (550 t), Portalegre (500 t), Sousel (420 t), Marvão (250 t), Arronches (156 t), Gavião

Fontes documentais Como forma de obter matéria-prima, comerciantes e industriais partilhavam uma prática comum: o arrendamento de cortiça na árvore. Muitas destas transações foram registadas através da celebração de contratos nos diversos cartórios notariais do distrito. Assim, a recolha de dados efetuou-se a partir deste tipo de contratos, num total de 559 contratos, que se encontram disponíveis no Arquivo Distrital de Portalegre no fundo do Cartório Notarial de Portalegre. Estes permitiram-nos reunir informações sobre compradores, vendedores, duração do contrato, localização das propriedades e montantes envolvidos. Embora as designações contratuais não sejam totalmente homogéneas, variando entre «escritura de arrendamento de propriedades de cortiça», «escritura de arrendamento de propriedades para disfrute de cortiça», «escritura de venda de cortiça» ou simplesmente «escritura de arrendamento de cortiça», basicamente estes contratos transferiram, do proprietário para o comprador/arrendatário, o direito de exploração de toda a cortiça de uma propriedade durante um determinado período de tempo. Apesar da multiplicidade de análises que os registos notariais encerram, limitar-nosemos a procurar identificar a origem dos agentes que, durante este período, adquiriram cortiça do concelho de Portalegre, quer para abastecer as suas indústrias, quer agindo como intermediários, uma distinção que neste momento da nossa investigação é ainda muito difícil de fazer, com exceção de alguns casos óbvios 20. Origem geográfica dos compradores de cortiça portalegrense Até anos 1920, a maior parte das exportações portuguesas de cortiça pautaram-se pelo predomínio da exportação em bruto, enquanto a indústria corticeira portuguesa tinha essencialmente um carácter preparador, já que a atividade transformadora, geradora de maior valor acrescentado, era minoritária21. Contudo, este cenário foi-se alterando durante a segunda metade do século XIX e a Primeira Guerra Mundial, diminuindo-se, por um lado, a percentagem de cortiça exportada em bruto, e, por outro, aumentando-se o número de estabelecimentos fabris que passaram a transformar cortiça22. A indústria corticeira portuguesa que, em 1890, registava 117 unidades e 2359 trabalhadores, situava-se essencialmente junto das áreas de produção, tendo Portugal, por esse motivo, os seus maiores centros de produção corticeira no Algarve, Alentejo e na região de Lisboa 23. Seria então de esperar que existisse uma grande quantidade de compradores destas regiões e, especialmente, de agentes locais, tendo em conta a presença da grande unidade que era a Fábrica Robinson, entre outras de menor dimensão, no distrito de Portalegre. A presença de um conjunto significativo de compradores espanhóis também não seria de desprezar, já que neste período o país vizinho era o maior transformador industrial de cortiça no mundo24 e, dentro destes, um certo predomínio de catalães que poderiam encontrar em Portalegre uma fonte de abastecimento de matéria-prima para as suas poderosas indústrias, tal

(150 t), Alter do Chão (75 t), Fronteira (50,5 t), Elvas (50 t), Monforte (30 t) e Campo Maior não apresentava qualquer extração de cortiça. 20 Como são os casos dos grandes industriais britânicos e catalães sobejamente conhecidos e documentados. 21 Um excelente trabalho sobre a evolução da exportação cortiça portuguesa e espanhola pode ser encontrada em Parejo Moruno, Francisco. 2009. El negocio de exportación corchera en España y Portugal durante el siglo XX: cambios e intervención pública. Tese de Doutoramento, Badajoz: Universidad de Extremadura. 22 Parejo Moruno, Francisco. 2010. E e o o de or o…, p. 17-18. 23 Fonseca, Helder Adegar. 1996. O Alentejo no século XIX : economia e atitudes económicas. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, p. 69-71. 24 Parejo Moruno, Francisco. 2010. E e o o de or o…, p. 17-33.

como fizeram com a Extremadura25 e a Andaluzia26. Outro grupo que previsivelmente poderia atuar no mercado portalegrense seria composto pelas corticeiras inglesas, à época bastante ativas em Portugal, sendo de destacar a Henry Buknall & Sons, a William Rankin & Sons e a sociedade comercial e industrial constituída em torno de Thomas Reynolds e seus descendentes, para além da inevitável corticeira portalegrense Robinson. Finalmente, nos primeiros anos do século XX, não seria totalmente descabido que surgisse ainda alguma das grandes multinacionais da época, que entretanto se fixaram um pouco pela Península Ibérica 27. Os resultados, não fugindo totalmente às nossas expectativas, foram, no entanto, um pouco surpreendentes, já que praticamente as duas únicas regiões que se abasteceram de cortiça portalegrense, conforme se pode aferir pelo Quadro 1, foram o Algarve e a própria região de Portalegre. Quadro 1 – Origem dos compradores de cortiça “portalegrense” (1846-1914) Distrito/País

Réis transacionados28

%

Portalegre

204.753.853

46,55

Algarve

192.848.238

43,84

Lisboa

37.769.566

8,59

Espanha

2.489.115

0,57

Évora

2.041.240

0,46

Assim, para além destas duas regiões, apenas Lisboa surge minimamente representada, com pouco mais de 8% do total do valor das transações. O valor verificado para agentes espanhóis e do distrito de Évora é quase residual. É de salientar ainda a ausência significativa dos demais corticeiros britânicos, com exceção da Henry Bucknall & Sons que, no entanto, apenas celebrou seis contratos em Portalegre, ou seja, pouco mais de 1% do total. Parece então que o mercado da cortiça de Portalegre estava entregue quase exclusivamente a agentes locais e algarvios. Dentro do primeiro grupo, destaca-se a ação dos Robinson, quer em nome individual, quer através da sua sociedade industrial, com uma quota de cerca de 43% do total, e de 93% entre os portalegrenses. A comprovação de uma fonte qualitativa “As grandes tiragens são compradas pelos grandes industriais e fabricantes, e as pequenas por um aluvião de compradores algarvios, que de muitas parcelas adquiridas em várias herdades chegam a dispor de porções importantes”. – José da Silva Picão (1903). Uma outra constatação que fizemos é que estes dados confirmam as afirmações que, em 1903, José da Silva Picão fez na sua obra clássica «Através dos campos (…)»29. Na realidade, 25

Zapata Blanco, Santiago Zapata. 1996. “ or o extreme o y d uz t o es eru de ses” ev st de Historia Industrial, nº 10, p. 37-68. 26 Serrano Vargas, Antonio. 2009. “Mercado del corcho en la Sierra Morena de Sevilla…”, p. 606-607. 27 Parejo Moruno, Francisco. 2010. El negocio del Corcho…, p. 37. 28 Os valores encontram-se expressos em preços constantes de 1860-63. Para este cálculo utilizámos o índice de preços de David Justino. Justino, David. 1990. Preços e Salários em Portugal (1850-1912), Lisboa, Banco de Portugal. Para os anos de 1913 e 1914, omissos nesta publicação, extrapolámos o índice tendo em conta a inflação média dos dez anos anteriores. 29 Picão, José da Silva. 1903. tr v s dos m os : usos e ostumes rí o s e tej os. Elvas: Typ. Progresso.

como mostra o Quadro 2, os compradores algarvios celebraram um maior número de contratos, que, todos somados, acabaram por ter uma expressão monetária bastante importante, como já demonstrámos. No campo oposto, os grandes industriais, neste caso específico praticamente apenas representados pelos Robinson, celebraram um menor número de contratos, porém, os volumes monetários destes e, previsivelmente, a cortiça extraída em cada um deles seria significativamente maior. Quadro 2 – Número de contratos celebrados Origem dos compradores

Nº Contratos

%

Algarve

302

56,34

Portalegre Lisboa Espanha

194 23 12

36,19 4,29 2,24

Évora

5

0,93

Este facto pode ainda ser comprovado pelo Quadro 3, onde comparamos a média monetária de cada contrato celebrado pelos agentes algarvios e aqueles celebrados em torno das firmas Robinson e Henry Bucknall. Quadro 3 – Média monetária dos contratos celebrados Compradores

Réis

"Algarvios"

664.944

"Grandes Industriais"

1.325.638

Conclusão O mercado corticeiro portalegrense foi dominado, entre 1848 e 1914, por agentes corticeiros locais, destacando-se, dentro destes, os Robinson, assim como por um grande número de comerciantes algarvios. Tal como referia Silva Picão, em 1903, as grandes tiragens de cortiça eram realizadas por industriais, enquanto um grande número de compradores algarvios celebravam contratos com montantes mais modestos, mas que, quando somados, acabavam por adquirir uma dimensão comparável aos dos primeiros. Outro aspeto interessante deste estudo inicial é a verificação da ausência de outros grande “jogadores” corticeiros consagrados na historiografia sobre este assunto, como são o caso dos empresários catalães ou de britânicos como, por exemplo, a Henry Bucknall & Sons ou a William Rankin & Sons. Este aspeto torna-se ainda mais pertinente porque através de um levantamento semelhante que temos vindo a fazer dos cartórios notariais de Ponte de Sor, verificamos que ambas as empresas abastecem-se com frequência da cortiça pontessorense. Para o ilustrar podemos adiantar que, após a recolha de mais de cento de vinte contratos, a Henry Bucknall & Sons está presente em praticamente 10% dos casos. Esperançosamente prosseguiremos, a partir do Verão de 2013, os nossos estudos completando a recolha deste tipo de contratos para Ponte de Sor. Quando terminarmos poderemos ter uma excelente perceção do mercado corticeiro do Alto Alentejo, respondendo a questões semelhantes a estas no âmbito da História Social. Contudo, o nosso foco será direcionado para questões do foro da História Económica e Empresarial, que se prendem essencialmente com a aferição da eficiência económica deste tipo de contratos, assim como compreender a existência de estratégias empresariais, ligadas teoricamente à grande empresa moderna, como a integração vertical, a partir da análise de casos concretos, nos quais se incluirá o empresário luso-britânico George Robinson.

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