A percepção dos adolescentes sobre suas conversas com os pais

May 24, 2017 | Autor: A. Dias | Categoria: Adolescencia
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Disciplinarum Scientia, Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 4, n. 1,p. 135-154, 2004.

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A PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES SOBRE SUAS CONVERSAS COM OS PAIS1 ADOLESCENTS’ PERCEPTIONS ON THEIR TALKS TO PARENTS Marcele Schoelze2 e Ana Cristina Garcia Dias3 RESUMO 2REMHWLYRQHVWHHVWXGRIRLLQYHVWLJDUDSHUFHSomRGRVDGROHVFHQWHVDFHUFD GDVFRQYHUVDVTXHHOHVHVWDEHOHFHPFRPVHXVSDLV3DUDWDQWRIRUDPDSOLFDGRV TXHVWLRQiULRVHPMRYHQVHQWUHHDQRVGHHVFRODVS~EOLFDVGRPXQLFtSLRGH 6DQWD0DULD2EVHUYRXVHTXHRVDGROHVFHQWHVSHVTXLVDGRVJHUDOPHQWHFRQVLGHUDP ERDVVXDVFRQYHUVDVFRPRVSDLVFRQWXGRHOHVREVHUYDPTXHQmRFRQYHUVDPVREUH muitos aspectos importantes de suas vidas com os pais. Os tópicos mais abordados QDVFRQYHUVDVIRUDPWHPiWLFDVUHIHUHQWHVjHVFRODVD~GHHHVFROKDSUR¿VVLRQDO enquanto os tópicos mais difíceis de serem abordados foram a sexualidade e os SUREOHPDVSHVVRDLV&RQFOXLVHTXHRVMRYHQVFRQVLGHUDPERDVDVFRQYHUVDVFRP RV SDLV FRQWXGR HVVDV VmR VXSHU¿FLDLV H LQVX¿FLHQWHV SRLV QmR FRQWHPSODP D GLVFXVVmRGHWySLFRVLPSRUWDQWHVDRVHXGHVHQYROYLPHQWR

Palavras-chave:MRYHPHVFRODIDPtOLD ABSTRACT 7KHDLPRIWKLVVWXG\ZDVWRLQYHVWLJDWHDGROHVFHQWV¶SHUFHSWLRQVRQWKHLU WDONVWRSDUHQWV7ZRTXHVWLRQQDLUHVZHUHDQVZHUHGE\DGROHVFHQWVZLWKDJHVIURP WRLQFLW\SXEOLFVFKRROVLQ6DQWD0DULD,WZDVREVHUYHGWKDWWKHUHVHDUFKHG DGROHVFHQWVFRQVLGHUWKHVHWDONVXVXDOO\JRRGKRZHYHUWKH\REVHUYHWKDWWKH\GR not frequently talk about important issues in their lives. The most approached WRSLFV DUH RQ VFKRRO KHDOWK DQG FDUHHU ZKLOH KDUGHU WRSLFV DUH VH[XDOLW\ DQG SHUVRQDO SUREOHPV ,W LV FRQFOXGHG WKDW LQ VSLWH RI EHLQJ FRQVLGHUHG JRRG WKH WDONVDUHVXSHU¿FLDODQGLQVXI¿FLHQWIRUWKH\GRQRWFRQWHPSODWHWKHGLVFXVVLRQRI important topics for their development.

Key words: \RXQJVFKRROIDPLO\

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Trabalho Final de Graduação - TFG. Acadêmica do Curso de Psicologia - UNIFRA. Orientadora - UNIFRA.

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INTRODUÇÃO 1D DGROHVFrQFLD RV MRYHQV VH GHSDUDP FRP XP QRYR FRUSR XP QRYRPRGRGHVHUGHVHMDPVHUWUDWDGRVFRPRDGXOWRVUHVSRQViYHLVPDVDR PHVPRWHPSRDSUHVHQWDPDWLWXGHVLQIDQWLV7RGDVHVVDVWUDQVIRUPDo}HVH RVFLODo}HVTXHRFRUUHPQDDGROHVFrQFLDQmRDIHWDPDSHQDVRDGROHVFHQWH mas também se estendem ao ambiente familiar (ERIKSON, 1987). De fato, os pais que antes podiam se ocupavam com chupetas, fraldas, tarefas HVFRODUHV EULQTXHGRV YrHPVH DJRUD GLDQWH GH VHX ³QRYR´ ¿OKR TXH apresenta outras necessidades $V WUDQVIRUPDo}HV SHODV TXDLV SDVVD R MRYHP QD HQWUDGD GD DGROHVFrQFLDDIHWDPDPDQHLUDFRPRVHGijUHODomRHQWUHRVSDLVH¿OKRV QHVWHSHUtRGR'HIDWRPRGL¿FDVHRVSDGU}HVGHFRPXQLFDomRHFRQWUROH GHQWUR GD IDPtOLD GXUDQWH D DGROHVFrQFLD &$57(5 0F*2/'5,&. 1995). Neste trabalho, a busca é compreender-se como se desenvolvem os GLiORJRV HQWUH SDLV H ¿OKRV QD DGROHVFrQFLD 1RVVR LQWHUHVVH GLULJHVH j FRPSUHHQVmRGH&RPRRVMRYHQVSHUFHEHPDVFRQYHUVDVTXHPDQWrPFRP os pais? Que assuntos abordam em seus diálogos com os pais? Quais as GL¿FXOGDGHVTXHHQFRQWUDPQHVVDVFRQYHUVDV" O DESENVOLVIMENTO DO ADOLESCENTE E A PERCEPÇÃO DOS PAIS ACERCA DESSE PROCESSO 1D DGROHVFrQFLD VDEHVH TXH R MRYHP LQLFLD XP SURFHVVR QDWXUDO GH VHSDUDomR GRV SDLV TXH YLVD j FRQVWUXomR GD LGHQWLGDGH SUySULD $EHUDVWXUL H .QREHO   D¿UPDP TXH HVVD p XPD GDV WDUHIDV EiVLFDV que acompanham a criação da identidade do indivíduo. Na adolescência observa-se que os vínculos afetivos que antes se limitavam aos cuidadores e ao convívio familiar, se alargam e abrangendo o ambiente escolar, os grupos de amigos e demais ambientes e indivíduos de seu convívio social. Para D’Andrea (1991), isso ocorre em três etapas: pré-puberdade, puberdade e pós-puberdade. 1D HWDSD LQLFLDO R MRYHP DSUHVHQWD XP FRQÀLWR DFHQWXDGR HQWUH dependência e independência. Netto (1974) coloca que o adolescente deve ser capaz de realizar suas escolhas pessoais, como se irá fazer uma faculdade, qual será o curso, as amizades que deve possuir com quem irá namorar. No entanto, deve, ao mesmo tempomanter uma relação de afeto HUHVSHLWRFRPRVSDLVFRQVLGHUDQGRDVRSLQL}HVGHOHV2VSDLVSRGHPDJLU de maneiras distintas em relação a essa necessidade de independência dos

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¿OKRVSRGHPWROKrODRXHVWLPXOiODH[DJHUDGDPHQWHeWDPEpPFRPXP nessa etapa que o adolescente empenhe-se para parecer diferente de seus SDLVTXHVmRYLVWRVDJRUDFRPRDQWLTXDGRVSRLVFRPRD¿UPD Marshall (1992), as preferências musicais, o modo de vestir, os valores dos pais estão ultrapassados perante as novidades atuais. Isso pode gerar nos pais ressentimentos que levam, muitas vezes, a criticar as atitudes de seus ¿OKRV Em torno dos treze anos de idade, inicia-se a puberdade que se caracteriza, segundo Santrock (2003), pela maturação dos órgãos UHSURGXWRUHV$VDWLWXGHVGRVSDLVWHUmRJUDQGHLQÀXrQFLDQDDFHLWDomRGRV MRYHQVGHVHXSDSHOPDVFXOLQRRXIHPLQLQR&RPRH[HPSORXPDMRYHPTXH possui uma mãe satisfeita com sua posição de mulher um pai que aprecie sua esposa terá um reforço positivo de sua condição feminina, enquanto XPDMRYHPTXHSRVVXLXPDPmHIUXVWUDGDFRPVXDSRVLomRHGHSUHFLDGD pelo marido terá uma visão negativa da condição feminina. $SyVSXEHUGDGHpRHVWiJLRQRTXDORMRYHPLUi¿[DUVXDLGHQWLGDGH A busca por independência nesta etapa, muitas vezes, é considerada pelos pais como um mau comportamento, pois esses tendem a prolongar o Pi[LPRSRVVtYHODGHSHQGrQFLDGRV¿OKRVXPDYH]TXHDFUHGLWDPTXHRV ¿OKRVLUmRVRIUHUH¿FDUGHVDPSDUDGRVHVWDQGRGLVWDQWHVGHVXDSURWHomR &2/(&2/(  Aberasturi e Knobel (1981) descrevem algumas características que a maioria dos adolescentes da cultura ocidental apresentam em comum. 2 DXWRU REVHUYD TXH R MRYHP SDVVD SRU XP SHUtRGR GH GHVHTXLOtEULRV e instabilidades extremas. Na concepção do autor, a adolescência se ³FRQ¿JXUD HP XPD HQWLGDGH VHPLSDWROyJLFD´ TXH HOH GHQRPLQD GH Síndrome da adolescência normal. Essa fase comporta uma série de FRQÀLWRV UHDMXVWDPHQWRV H[SHFWDWLYDV H QRYDV VLWXDo}HV  1HWWR   D¿UPDTXH $V WUDQVLo}HV GD DGROHVFrQFLD ± FRPR D SDVVDJHP GR VWDWXV não responsável para o responsável e da submissão infantil SDUD D GRPLQkQFLD RX DVVXQomR GR SDSHO VH[XDO DGXOWR ± QmR VH dão gradual, contínua e suavemente, mas de modo súbito, e são PDUFDGDVSRUUHVWULo}HVLQWHUIHUrQFLDVSURLELo}HVFRQÀLWRVPRUDLV HSHUWXUEDo}HV SiJ 

Como vimos, as atitudes dos pais e seus sentimentos podem interferir QDPDQHLUDFRPRRV¿OKRV H[SHULHQFLDPDDGROHVFrQFLD5DVVLDO   em seu livro intitulado: $SDVVDJHPDGROHVFHQWH questiona sobre os efeitos TXHDDGROHVFrQFLDGRV¿OKRVSURYRFDQRVSDLV2DXWRUSHUJXQWDVH4XDLV FRQÀLWRVVmRH[SHULHQFLDGRVSHORVJHQLWRUHV"4XHPXGDQoDVVmRH[LJLGDV"

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Que sentimentos são suscitados? Ele observa que os pais, nesta fase da YLGDGR¿OKRGHYHPPXGDUGHSRVLomRQmRVySRUUD]}HVVRFLDLVHSHORV RXWURVWLSRVGHUHVSRQVDELOLGDGHTXHLVVRLPSOLFDPDVWDPEpPSRUUD]}HV psíquicas. Observa-se que existem diferenças importantes entre ser pai ou mãe de uma criança e ser pai ou mãe de um adolescente. :LQQLFRWW  WDPEpPQRVLQGLFDTXHHQTXDQWRDWDUHIDGRVSDLV GHXPDFULDQoDpLQVWUXPHQWDOL]iODSDUDVHUDXW{QRPDDIXQomRGRVSDLVGH um adolescente é permitir ao mesmo que este se torne independente. Então, observa-se que assim como os adolescentes separam-se progressivamente de seus pais, esses pais também devem se separar de suas crianças que na infância eram tratadas quase como uma extensão deles. A mudança de lugar dos pais implica que esses devem rever seus SDSpLV HP UHODomR DRV ¿OKRV TXH GHL[DP GH VHU WmR GHSHQGHQWHV  H DR F{QMXJH 0mH H SDL GHYHP UHYHU DJRUD VHXV SDSpLV HQTXDQWR PXOKHU H KRPHPSRLVHPDOJXPDVVLWXDo}HVIRUDPRFXOWRVSHODSUySULDIRUPDFRPR marido e esposa invocam um ao outro como “pai” e “mãe” e não mais pelos SUySULRVQRPHV&RQWXGRDEDQGRQDUDVIXQo}HVSDWHUQDVQmRpIiFLOXPD YH]TXHRVXMHLWRQHVVDIDVHGDYLGDSDVVDSRUGLIHUHQWHVWUDQVIRUPDo}HV tanto corporais como sociais e psicológicas (MORAES, 2001). A mulher - mãe que, antes podia estar atenta apenas ao universo do lar, pode perceber-se agora envolta com suas escolhas e necessidades enquanto mulher. Contudo, muitas vezes, é nesse período que ela se encontra ou está entrando na menopausa, o que a questiona também em relação a sua função feminina. Bolsanello (1988) lembra que assim como o corpo da menina se PRGL¿FDFRPDSXEHUGDGHRFRUSRGDPXOKHUVHPRGL¿FDQDPHQRSDXVD A pele não apresenta a mesma vitalidade, os seios murcham e os cabelos FRPHoDPDSHUGHUVXDSLJPHQWDomR(VVHVDVSHFWRVItVLFRVLQÀXHQFLDPQD sua auto-imagem e, conseqüentemente, em seu psicológico. Quanto ao homem - pai, que no lar podia sentir-se tão valioso quanto RVHXSUySULRSDLSRGHSHUFHEHUDJRUDDWUDYpVGHVHX¿OKRDGROHVFHQWH TXH QDGD PDLV p GR TXH XP HOR QD FDGHLD GDV JHUDo}HV$ MXYHQWXGH H SRWHQFLDOLGDGH GR ¿OKR SRGHP OKH DVVLQDODU TXDOLGDGHV TXH DQWHV HOH possuía com vigor. Diferente da mulher, para quem o corpo nesta fase GHYLGRjPHQRSDXVDUHFHEHPDLRUGHVWDTXHRKRPHPHQFRQWUDVHDWHQWRD VXDSRVLomRSUR¿VVLRQDOTXHSRGHHVWDUPXGDQGRSRUH[HPSORSRGHHVWDU FKHJDQGRjDSRVHQWDGRULD %2/6$1(//2  2VSDLVSRGHPWHQWDUWDPEpPUHVJDWDUQHVVDHWDSDRTXHRV¿OKRV através de suas mudanças corporais, os relembram: a feminilidade da mãe, a vitalidade do pai que pode ressurgir através de atividades esportivas. Essas mudanças serão mais visíveis dependendo do quanto homem e mulher

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abriram mão de si para apenas assumirem os papéis paterno e materno. Assim, pode-se perceber que os pais encontram-se em um momento de fragilidade, em que necessitam de uma reconstrução de seu “eu” nesta nova etapa da família (BOLSANELLO, 1988). $OpPGLVVRDDGROHVFrQFLDGRV¿OKRVUHPHWHRFDVDODVXDSUySULD adolescência, lembrando-os dos sonhos que possuíam e das escolhas que ¿]HUDP (P UHODomR DRV SDSpLV PDWHUQR H SDWHUQR UHOHPEUDP VHXV SDLV QHPTXHVHMDDSHQDVSDUDFRQVWDWDUHPRTXDQWRVXDVDGROHVFrQFLDVIRUDP difíceis para aqueles. Carr e Shale (2003) colocam que uma boa opção para os pais é manter diálogos com seus próprios pais: Se possível, converse com seus próprios pais sobre suas SUHRFXSDo}HV FRP RV ¿OKRV 4XDVH VHPSUH RV DYyV YmR DGRUDU relembrar como você agia quando era adolescente e as traquinices QDVTXDLVVHHQYROYLD2VDYyVHVWmRQXPDSRVLomRPXLWRF{PRGD para fazer comentários sobre as semelhanças entre você como FULDQoDHDGROHVFHQWHHRVVHXVSUySULRV¿OKRV SiJVH 

Outros aspectos vivenciados neste período são apontados por Santrock (2003). Este autor assinala que diversas pesquisas comprovam TXH D LQVDWLVIDomR DXPHQWD QR SHUtRGR GD DGROHVFrQFLD GRV ¿OKRV SRLV GL¿FLOPHQWHRVDQRVGHFRQYLYrQFLDIRUDPGHFDOPDULDFRPRRSODQHMDGR DQWHULRUPHQWH'XUDQWHRGHVHQYROYLPHQWRGRV¿OKRVLQ~PHURVFRQÀLWRV podem ter desgastado a relação do casal. O casal também pode se sentir PDLVH[LJLGRHFRQRPLFDPHQWHSRLVTXDQGRRV¿OKRVHVWmRQDDGROHVFrQFLD eles são mais suscetíveis e passam a realizar maiores exigências em relação DEHQVGHFRQVXPR$OpPGLVVRQHVWHPRPHQWRHOHVUHDOL]DPUHÀH[}HV DFHUFDGHVXDSUySULDWUDMHWyULDSUR¿VVLRQDO$RSHUFHEHUHPRV¿OKRVFRP VXDVSHUVSHFWLYDVIXWXUDVRVSDLVTXHVWLRQDPVHDOFDQoDUDPRVREMHWLYRV TXH DOPHMDYDP HP VXD MXYHQWXGH H WDPEpP VH TXHVWLRQDP R TXH DLQGD podem construir para seu futuro. Vemos então que esta etapa é difícil tanto para adolescentes quanto para os pais que se encontram em um período de questionamentos e WUDQVIRUPDo}HV(QTXDQWRRVMRYHQVSUHFLVDPGHVHQYROYHUVXDLGHQWLGDGH e conquistar sua autonomia, os pais, além de precisarem lidar com todas as TXHVW}HVTXHDDGROHVFrQFLDGHXP¿OKRVXVFLWDDVVLPSRVVXHPXPDGLItFLO tarefa: a de deixá-los partir. Vimos que o caminho da educação, desde o QDVFLPHQWRpDSUHSDUDomRSDUDDVHSDUDomRTXHRFRUUHHQWUHSDLVH¿OKRV mais freqüentemente, quando os últimos adolescem (RASSIAL, 1997). A mudança de lugar dos pais não se dá repentinamente, é um processo lento que vem, na verdade, desde o nascimento do bebê, considerando que o SURFHVVRHGXFDWLYRYLVDjDXWRQRPLD

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Gillini e Zattoni (1998) indicam que é comum os pais colocarem REVWiFXORV QR SURFHVVR GH VHSDUDomR GHOHV FRP R ¿OKR DGROHVFHQWH 0XLWRVSDLVQHPSHUFHEHPTXHVHQWHQoDVFRPR³SUHVHUYDUPHX¿OKRGH sofrimentos” podem, na verdade, mascarar o medo que eles possuem SHUDQWHRFUHVFLPHQWRGRV¿OKRV Bolsanello (1988) observa diferentes sentimentos nos pais que acabam LQWHUIHULQGR HP VXD UHODomR FRP RV ¿OKRV PXLWDV YH]HV SUHMXGLFDQGR R GHVHQYROYLPHQWR GH VHX SURFHVVR GH DXWRQRPLD 2 PHGR GH TXH R ¿OKR sofra em sua ausência, a necessidade de preservar sua autoridade, a idéia de TXHRVMRYHQVQmRVmRFDSD]HVGHVHJRYHUQDUHPRFL~PHGDVUHODo}HVTXH RVMRYHQVPDQWrPIRUDGRDPELHQWHIDPLOLDUSRGHPVHU³GHVFXOSDV´SDUD LPSHGLU D LQGHSHQGL]DomR GRV ¿OKRV 'H IDWR D HPDQFLSDomR GRV ¿OKRV pode ser acompanhada por sentimentos de menos valia experienciados pelos pais. Parte disso se deve a todos os fatores anteriormente citados e outra parte porque os adolescentes olham para os pais de forma mais crítica, analisando seus valores e modo de vida (BECKER, 1985). Além GLVVR DSRVLomRTXHRV SDLVRFXSDPQDYLGDGRV ¿OKRV VRIUH PXGDQoDV PDVLVVRQmRVLJQL¿FDTXHHOHVVHWRUQHPPHQRVLPSRUWDQWHV Bolsanello (1988) ainda lembra que determinadas atitudes dos pais VmRGHJUDQGHYDOLDHGHYHPVHUREVHUYDGDVSRUHOHVHPVXDVUHODo}HVFRP RV¿OKRV2VSDLVGHYHPGHPRQVWUDUSDFLrQFLD2EVHUYDVHTXHpGLItFLOSDUD os pais perceberem que suas normas e regras para um bom funcionamento GR ODU VmR TXHVWLRQDGDV H FRORFDGDV j SURYD HVSHFLDOPHQWH SHORV ¿OKRV adolescentes em seu processo de independização. Contudo, a atitude GH LPSDFLrQFLD DSHQDV WRUQD RV FRQÀLWRV PDLV IUHTHQWHV 2XWUD DWLWXGH LPSRUWDQWHpDDWHQomRGRVSDLVDRV¿OKRV(OHVGHYHPHVWDUDWHQWRVSRLVRV ¿OKRVDSUHVHQWDPQRYDVGL¿FXOGDGHVHG~YLGDVTXHSRGHPVHUDPHQL]DGDV DWUDYpVGHXPDHVFXWDDWHQWDHVHPMXOJDPHQWRV$WROHUkQFLDGDPHVPD forma, apresenta-se como uma característica importante. Tolerância não VLJQL¿FD GHL[DU R DGROHVFHQWH VHP OLPLWHV PDV VLP FRPSUHHQGHU TXH R MRYHPDJRUDSRVVXLQHFHVVLGDGHVTXHQHPVHPSUHHQYROYHPDSUHVHQoDGRV SDLV3RU¿PDWLWXGHV¿UPHVHFRHUHQWHVWDPEpPVmRQHFHVViULDVDRERP GHVHQYROYLPHQWRGR¿OKR9HPRVTXHHPERUDRVDGROHVFHQWHVVHUHEHOHP contra ordens e limites, a ausência desses e a liberdade em demasia os deixarão desnorteados, sem parâmetros de orientação. Alguns sofrimentos e angústias do adolescente podem parecer banais para os pais, porém devem ser assistidos com apreço, pois são sentidos e vivenciados com grande intensidade pelo adolescente. Berger (2003) relata TXHRVPDLRUHVFRQÀLWRVHQWUHSDLVH¿OKRVRFRUUHPQRLQtFLRGRDGROHVFHU HWHQGHPDGLPLQXLUTXDQGRRVSDLVSHUFHEHPRV¿OKRVDPDGXUHFHQGR

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3DUDXPPHOKRUFRQYtYLRHQWUHSDLVH¿OKRVDGROHVFHQWHV%ROVDQHOOR (1988) sugere que os pais devem lembrar que a adolescência é uma fase de DGDSWDo}HVQDTXDORMRYHPHQFRQWUDVHFRQIXVRHQHFHVVLWDFRPSUHHQVmR e auxílio. Como foi citado anteriormente, os pais podem buscar em suas SUySULDVDGROHVFrQFLDVHOHPHQWRVSDUDFRPSUHHQGHURV¿OKRV(OHVSRGHP DMXGDU R ¿OKR HP VXDV GHFLV}HV PDV MDPDLV WRPDU HVVDV SRU HOHV SRLV LVVRSRGHVHUSUHMXGLFLDO2MRYHPSRGHVHLVHQWDUGDVFRQVHTrQFLDVGDV GHFLV}HVXPDYH]TXHQmRIRLWRPDGDSRUHOHPHVPR%ROVDQHOOR   indica: Certas incoerências têm de ser compreendidas, e toleradas, uma vez que o adolescente, na sua marcha para a vida, adulta, pode regredir para formas de comportamento infantil, mesmo que passageiramente. É bom lembrar que é difícil a sua situação uma vez que não é mais FULDQoDPDLVDLQGDQmRpDGXOWR¿FDQGRHP]RQDLQGH¿QLGDTXDQWR jSRVVLELOLGDGHGHSDUWLFLSDomRGDYLGD SiJ 

2V SDLV WDPEpP GHYHP DWHQWDU SDUD R IDWR GH TXH R ¿OKR p XP ser social que está, neste período, tentando situar-se na sociedade. Críticas podem ser utilizadas, mas somente quando muito necessário, para demonstrarem sempre que a intenção é de auxiliar e não depreciar. Atividades dentro e fora do lar, de interesse comum, visando a aproximar SDLVH¿OKRVWDPEpPSRGHPSURGX]LUUHVXOWDGRVSRVLWLYRV2GLiORJRGHYH VHUXPDSUiWLFDFRPXPRV¿OKRVGHYHPVHVHQWLUjYRQWDGHSDUDH[SRUVXDV G~YLGDVHSHUFHSo}HV DIÁLOGO ENTRE PAIS E FILHOS ADOLESCENTES Outeiral (1994) aponta que o grupo familiar acompanha as mudanças culturais sofridas pela sociedade. Uma dessas mudanças se percebe na UHODomRSDLVH¿OKRVTXHDQWHVHUDEDVHDGDQDKLHUDUTXLDHKRMHSUH]DSRU um modelo mais igualitário baseado no diálogo. &RPRVHVDEHDHVWUXWXUDIDPLOLDUSDVVRXSRUPXLWDVPRGL¿FDo}HV nos últimos anos. A família trocou o modelo hierárquico, no qual os papéis eram rigidamente estabelecidos e o poder centralizado QD¿JXUDGRSDLSRUXPPRGHORLJXDOLWiULRQRTXDOVHGHVWDFDP RVLGHDLVGHOLEHUGDGHHUHVSHLWRjLQGLYLGXDOLGDGH1HVWHPRGHOR QmRpFRUUHWRTXHRVSDLVLPSRQKDPVXDVLGpLDVDRV¿OKRVRXRV SURtEDPGHID]HUFHUWDVFRLVDV2GHVHQYROYLPHQWRGRV¿OKRVSDVVD a ser orientado pela experimentação e descoberta. O diálogo, e não DDXWRULGDGHLPS}HVHFRPRYDORUIXQGDPHQWDOQDHGXFDomRHQDV UHODo}HVIDPLOLDUHV )LJXHLUD 

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Apesar desse atual modelo de educação e relação, o diálogo entre pais H¿OKRVQHPVHPSUHpIUHTHQWHHIUDQFR$VH[XDOLGDGHSRUH[HPSORpXP dos assuntos mais difíceis de serem abordados nas conversas estabelecidas HQWUH SDLV H ¿OKRV DGROHVFHQWHV  6DEHPRV TXH HOD DVVXPH JUDQGH LPSRUWkQFLDQDDGROHVFrQFLDQmRVySDUDRMRYHPTXHYLYHDVPRGL¿FDo}HV corporais que habilitam o novo corpo a exercê-la, mas também para os pais. Os pais têm a função de orientar o adolescente para um exercício VHJXURGHVXDVH[XDOLGDGH'LDVH*RPHV  GHVFUHYHPTXHRVMRYHQV se sentem constrangidos e acreditam que os pais podem tolhê-los ao iniciar nem uma conversa sobre sexualidade. Já os pais, demonstram sentirem-se GHVSUHSDUDGRV SDUD HVFODUHFHU H RULHQWDU VHXV ¿OKRV SDUD R H[HUFtFLR GD mesma. A sexualidade não é o único tópico difícil de ser abordado, o diálogo, de modo geral, não parece ser simples para os adolescentes. Meneguetti e Gomes (2004), na obra, 6HUDGROHVFHQWHD¿UPDPTXHQDSHVTXLVDUHDOL]DGD SDUD D FRQVWUXomR GHVVD REUD YHUL¿FDUDP TXH R GLiORJR QD SHUFHSomR GRV DGROHVFHQWHV p GLItFLO GH VHU HVWDEHOHFLGR ³6HJXQGR RV MRYHQV XP GRV IDWRUHV TXH GL¿FXOWDP R GLiORJR p R PHGR GDV UHDo}HV SDWHUQDV DR TXHpGLWRSHOR¿OKRHHPFRQVHTrQFLDGDVUHVWULo}HVTXHSRVVDPDGYLU GDt GLPLQXLQGR DLQGD PDLV D FRQ¿DQoD H[LVWHQWH´ 3iJ $OpP GHVVD GL¿FXOGDGHRVDXWRUHVREVHUYDPTXHDVSUHRFXSDo}HVFRWLGLDQDVGRVSDLVH GLIHUHQoDVQDHVFRODULGDGHGRVSDLV IUHTHQWHPHQWHPHQRUTXHGRV¿OKRV  VmRRXWURVHOHPHQWRVTXHGL¿FXOWDPRHVWDEHOHFLPHQWRGHXPDERDUHODomR 2VSDLVSRGHPVHUYLVWRVSHORV¿OKRVFRPRLQFDSD]HVHVHPLQIRUPDo}HV atualizadas para oferecer. 0HQHJXHWWL H *RPHV   WDPEpP PRVWUDP TXH RV MRYHQV DSHVDUGHDSRQWDUHPGL¿FXOGDGHVQRHVWDEHOHFLPHQWRGRGLiORJRFRPRV pais, consideram que conversar com os pais é de extrema importância. Perceberam os adolescentes do estudo desses autores que é mais fácil conversar com a mãe do que com o pai, contudo a forma de diálogo (“conversar xingando”) pode fazer com que o adolescente busque outras fontes de informação alem dos pais. Muitas vezes, os pais percebem seus xingamentos como DFRQVHOKDPHQWRV SRUpP SDUD RV MRYHQV HVVH p XP IDWRU TXH DFDED SRU GLVWDQFLiORVGRVSDLV2XWUDSHUFHSomRGRVMRYHQVpTXHRVSDLVQmRGmR a devida importância as suas falas, levando dessa forma os adolescentes a dialogarem com pessoas fora da família nuclear. Contudo, o grupo extrafamiliar irá pressionar o adolescente e fazer-lhe exigências, nesse PRPHQWRRMRYHPSRGHUHWRUQDUjIDPtOLDSDUDEXVFDUDFRQVHOKDPHQWRH H[SRUVXDVG~YLGDV 0(1(*8(77,*20(6 

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:DJQHUHWDO  LQGLFDPTXHQDDGROHVFrQFLDDFRPXQLFDomR familiar é de grande importância. Os adolescentes consideram possuir uma boa comunicação no ambiente familiar, contudo, contrariar a autoridade dos pais faz parte da Síndrome da Adolescência Normal. Em seu artigo, intitulado $ FRPXQLFDomR HP IDPtOLDV FRP ¿OKRV adolescentesHODWDPEpPDERUGDDTXHVWmRFRPRRV¿OKRVSHUFHEHPVXDV FRQYHUVDVFRPRVSDLV":DJQHUHWDO  UHFRQKHFHPTXHHPERUDD IDPtOLDWHQKDVRIULGRWUDQVIRUPDo}HVQDV~OWLPDVGpFDGDVDPmHFRQWLQXD DFXLGDGRUDGDFDVDHGRV¿OKRVSULQFLSDOPHQWHHPDVSHFWRVUHODFLRQDGRV jHGXFDomRGRV¿OKRV 3LFNH3DORV DSXG:DJQHUHWDO FRQVWDPTXHRV¿OKRV sentem-se mais confortáveis para dialogar com a mãe. Esses mesmos dados são encontrados na pesquisa realizada por Meneguetti e Gomes (2004). Esses autores concluíram que os adolescentes consideram o diálogo com os pais difícil de ser estabelecido. &RPEDVHQHVVDVSHVTXLVDVVXUJHPDVVHJXLQWHVTXHVW}HV4XDOD qualidade das conversas estabelecidas entre pais e adolescentes? Sobre o TXHYHUVDPHVVHVGLiORJRV"&RPRRVMRYHQVVHVHQWHPQDFRQYHUVDFRP RV SDLV" 2 TXH HVSHUDP GHVVDV FRQYHUVDV" 6mR HVVDV DV TXHVW}HV TXH R SUHVHQWHWUDEDOKRVHSURS}HDLQYHVWLJDUXWLOL]DQGRSDUDLVVRRSRQWRGH vista dos adolescentes. MÉTODO DELINEAMENTO O estudo foi realizado em dois momentos. Em um primeiro momento, IRLDSOLFDGRXPTXHVWLRQiULRH[SORUDWyULRFRPTXHVW}HVDEHUWDVTXHWLQKDSRU REMHWLYRYHUL¿FDUDVSHFWRVJHUDLVGDFRPXQLFDomRGRVDGROHVFHQWHV±TXDOLdade da comunicação, os assuntos sobre os quais conseguem conversar e TXDLVDVVXQWRVSRVVXHPPDLRUHVGL¿FXOGDGHV&RPEDVHQHVVHTXHVWLRQiULR foi realizado um segundo questionário que buscou explorar, através de quesW}HVIHFKDGDVHDEHUWDVFRPRHVWiDUHODomRGRVDGROHVFHQWHVFRPVHXVSDLV se eles estão mais próximos, para isso deu-se ênfase ao diálogo entre eles, YHUL¿FDQGRTXDLVDVVXQWRVDLQGDVmRGLItFHLVGHVHUHPDERUGDGRVFRPRRV MRYHQVSHUFHEHPDSRVWXUDGRVSDLVTXDQGRYmRVHDFRQVHOKDUFRPHOHV INFORMANTES Foram informantes do estudo quinze adolescentes de ambos os sexos com idade entre 12 e 15 anos que cursavam a sétima série do

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ensino fundamental de uma escola pública do Município de Santa Maria. $PDLRUSDUWHGHVVHVMRYHQVUHVLGLDFRPSDLHPmH FRPDPERVSDLV e 5 somente com a mãe). O segundo questionário foi aplicado em 33 adolescentes da oitava série de uma escola Estadual do Município de Santa Maria, com idades entre treze e dezessete anos, sendo dezoito meninos e TXLQ]HPHQLQDV'HVVHVMRYHQVGH]HQRYHKDELWDYDPFRPDPERVSDLVVHLV somente com a mãe e os demais habitam com outros parentes (avós, tios e SULPRV $DSOLFDomRGRVTXHVWLRQiULRVHPLQVWLWXLo}HVGLIHUHQWHVGHFRUUHX do fato de a primeira entrar em período de prova no momento da coleta dos dados. INSTRUMENTO E PROCEDIMENTOS O questionário foi desenvolvido a partir da revisão da literatura, sendo aplicado, coletivamente, em sala de aula. Antes da aplicação do TXHVWLRQiULRHQYLRXVHjIDPtOLDGRVMRYHQVXPWHUPRGHFRQVHQWLPHQWR LQIRUPDGRH[SOLFDUDPVHRVREMHWLYRVGRHVWXGRHVROLFLWRXVHDDXWRUL]DomR SDUDSDUWLFLSDomRGR¿OKRQDSHVTXLVD ANÁLISE DOS DADOS Para as respostas abertas do primeiro e segundo questionário, foi realizada uma análise de conteúdo, conforme a proposta de Laville e Dionne   (VWHV DXWRUHV GH¿QHP D DQiOLVH GH FRQWH~GR FRPR R PRPHQWR HPTXHDVHQWUHYLVWDVVmRDYDOLDGDVQRVHQWLGRGHEXVFDURVLJQL¿FDGRR conteúdo das respostas. Analisam-se as falas através do desmembramento GH VXD HVWUXWXUD HP WHUPRV GH FRQWH~GRV 3DUD DV TXHVW}HV IHFKDGDV GR segundo questionário, foi realizado um levantamento das freqüências das respostas. RESULTADOS A seguir, serão apresentados os resultados para cada uma das TXHVW}HVLQYHVWLJDGDVQRTXHVWLRQiULR 4±Como os meus pais me vêem). Então apresentaremos o levantamento de dados do segundo questionário 4 ± 5HODomR FRP RV SDLV . É importante ressaltar que os nomes dos adolescentes de ambos os questionários foram trocados para preservação da privacidade dos mesmos. Q1 – Como é a relação com meus pais nos dias de hoje Em geral, os adolescentes descrevem possuir uma boa relação

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OHJDO FRPRVSDLVHVSHFLDOPHQWHFRPDPmHTXHpD¿JXUDUHODWDGDFRPR a mais próxima deles. Eles falam sobre os problemas e consideram que UHFHEHPDX[tOLRGRVSDLV$OJXQVUHODWDPDOJXPDVEULJDVLQFRPSUHHQV}HV mas essas são percebidas como passageiras. Eles compreendem que os pais UHDOL]DPREVHUYDo}HVH³EULJDV´SDUDREHPGHOHV2EVHUYHDVUHVSRVWDV abaixo: ³1RUPDOPHGRXEHPFRPPHXVSDLV(OHVPHFRPSUHHQGHPHHX FRPSUHHQGRHOHV´ 0LFKHOHDQRV ³8PD UHODomR ERD DPLJiYHO QmR WHQKR SUREOHPDV VH HX WHQKR DOJXPSUREOHPDHXIDORFRPHOHV´ $QGUpDQRV  ³e UD]RiYHO PHXV SDLV PH HQVLQDP PXLWDV FRLVDV GD YLGD SDUD PLP0HSUHSDUDPSDUDRPXQGRPDVQmRDFHLWRTXDQGRHXHUURHOHV QmRHQWHQGHPjVYH]HVTXHVRXMRYHPDGROHVFHQWHTXHpQRUPDOHUUDUQD PLQKDLGDGHHPXLWDVYH]HVWHPRVFRQÀLWRV´ %HDWUL]DQRV  ³eERPPDVGHYH]HPTXDQGRWrPDOJXPDVEULJDVPDVVHPSUH HVWDPRV GH EHP 0LQKD PmH p XP SRXFR FKDWD PDV R TXH HOD EULJD p VHPSUHSURPHXEHP2PHXSDLHXQmRVHLFRPRHOHDJHSRUTXHQXQFD PRUHLFRPHOHPDVPRURFRPRPHXSDGUDVWRHOHpPXLWROHJDO1mRWHQKR TXHL[DGHOH´ .DUHQDQRV  ³0XLWRERD1yVVHDFHUWDPRVPXLWREHPPDVVHPSUHWHPDTXHOD KRUDTXHPLQKDPmHSHJDQRPHXSp  ´ )OiYLRDQRV  Q1 - O que Eu converso com meus pais 2VMRYHQVUHODWDPFRQYHUVDUVREUHGLYHUVRVDVVXQWRVHVSHFLDOPHQWH sobre o colégio e o uso de drogas. Outras temáticas como saúde, sexualidade, “mundo lá fora”, amizades, futuro, notas, também são abordados. Observase pelas respostas dos adolescentes que eles recebem mais conselhos dos pais sobre como se comportar. Alguns chegaram a relatar que não possuem muito diálogo com os pais. ³(XFRQYHUVRYiULRVDVVXQWRVPDVRDVVXQWRTXHPDLVFRQYHUVDPRV pVREUHRFROpJLRHFRPRRPXQGRpOiIRUD´ -RDQDDQRV ³&RQYHUVRVREUHFRPRHVWRXQRFROpJLR)DORVREUHDVGURJDVTXH QmRpERPWDPEpPSDUDHXQXQFDPHQWLUSDUDPLQKDPmHHVHUVHPSUH KRQHVWRFRPRVRXWURV´ 3HGURDQRV ³(XFRQYHUVRFRPHOHVVREUHKRQHVWLGDGHHGURJDV(OHVVHPSUHPH GL]HPYRFrQXQFDGHYHSHJDUXPDGURJDQDPmRVHQmRYRFrLUiSDUDXP PDXFDPLQKR´ (GXDUGRDQRV

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³&RQYHUVRSRXFDFRLVDFRPDPLQKDPmHTXDVHQmRWHQKRPXLWR GLiORJR´ 5DIDHODDQRV ³4XDQGRHXVDLRGHQRLWHHODPHGL]SDUDQmRDFHLWDUGURJDVHPH FXLGDU(HPFDVDTXDQGRHVWRXUHEHOGHHODFRQYHUVDFRPLJRTXHpSUD PLPUHVSHLWDUPXLWRHWF´ $QGHUVRQDQRV ³&RQYHUVR FRP HOHV VREUH YiULDV FRLVDV XPD GHODV VH[R (OH PH H[SOLFDWXGRTXHWHPTXHVHFXLGDUXVDUFDPLVLQKD´ $QGUpDQRV 44XHDVVXQWRVVLQWRGL¿FXOGDGHGHFRQYHUVDUFRPPHXVSDLV $OJXQV MRYHQV FRORFDUDP TXH H[LVWHP GHWHUPLQDGRV DVVXQWRV TXH não conversam com seus pais, apenas com os amigos. Sexo, amizades e sonhos aparecem como assuntos difíceis de serem abordados com os pais. Outros adolescentes colocam que não existe nenhum assunto que não possa ser tratado com os pais. Os adolescentes podem achar difícil conversar com os pais, pois podem temer a sua reação, ou por não querer magoá-los. ³(X VLQWR GL¿FXOGDGH GH IDODU VREUH VH[R H TXDQGR IDoR DOJXPD FRLVDGHHUUDGR´ 7LFLDQRDQRV ´'HPHXVVRQKRVGHVH[RGHPHXVDPLJRV´ 3HGURDQRV ³4XDQGRHXLQFRPRGRQDDXODHXQmRFRQVLJRIDODUSDUDPLQKDPmH TXHHXLQFRPRGHLSRUTXHHOD¿FDPXLWRWULVWH7DPEpPVLQWRGL¿FXOGDGHV GHSHGLUDOJXPDFRLVDSDUDPLQKDPmH(ODpVR]LQKDSDUDEDWDOKDUHGDU DVFRLVDVSDUDQyV´ )OiYLRDQRV ³'H PHXV DPLJRV SRUTXH WRGRV RV PHXV DPLJRV ¿FDP DWp WDUGH QDUXD(PHXSDLGL]TXHHOHVSRGHPDWpMiWHUSHJDGRGURJDVQDPmR´ (GXDUGRDQRV Q2 - Como são as conversas que você realiza com seus pais Conforme as respostas encontradas no primeiro questionário, a maioria dos adolescentes considera que as conversas que mantêm com seus SDLV VmR ERDV (OHV SRVVXHP FRQ¿DQoD QRV SDLV DFUHGLWDQGR TXH SRGHP contar com eles no futuro e que conseguem tirar suas dúvidas com eles. &RQWXGRDOJXQVMRYHQVDGPLWHPTXHDFKDPGLItFLOFRQYHUVDUFRPRVSDLV HGL]HPPHVPRQmRSRVVXLUGLiORJRDOJXPFRPHVWHV(VVDVGL¿FXOGDGHV GHFRUUHPGHLQFRPSUHHQV}HVSDWHUQDV±RVDGROHVFHQWHVSRGHPSHUFHEHU os pais são estressados, ou não conseguem escutá-los ou que apresentam atitudes, algumas vezes, precipitadas ou mesmo intrusivas, usando “aconselhamento”, “questionamento” ou mesmo “xingamento” para se

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FRPXQLFDUFRPRV¿OKRV ³%RDVVLQWRTXHHOHVYmRPHDMXGDUQRTXHHXSUHFLVDU´ $PDQGD 13 anos) “Boas, porque tiro minhas dúvidas” (Matheus, 14 anos) ³2OKD HX QmR PRUR FRP HOHV PDV TXDQGR RV YHMR WURFDPRV H IDODPRVGHHVWXGRVHDVGL¿FXOGDGHVTXHHXWHQKR6mRERDVDVFRQYHUVDV que temos”. (Carlos, 16 anos) “Não converso muito com meu pai, mas com minha mãe converso EDVWDQWHVREUHRTXHHXVLQWRHDFKRGDVFRLVDVFRQ¿RPXLWRQHOD´ ,DUD 15 anos) “Com a minha mãe é um pouco difícil, pois nos não nos acertamos HODHPXLWRHVWUHVVDGD2PHXSDLpXPDQMRGHSHVVRDHOHPHHQWHQGHH me dá carinho”. (Larissa, 15 anos) “São muito boas, em casa, quando eu tenho dúvida ou outras curiosidades de alguns assuntos eu vou e converso com meus pais”.( Pedro, 14 anos) 4±4XHVWmR(XSUH¿URFRQYHUVDUVREUHPLQKDVFRLVDVFRP 2LQWHUORFXWRUSUHIHUHQFLDOGRVMRYHQVIRLDPmH MRYHQV VHJXLGR SHORVDPLJRV MRYHQV 2SDLHRVLUPmRVIRUDPPHQRVFRWDGRVFRPR LQWHUORFXWRUHV SUHIHUHQFLDLV DSHQDV  MRYHQV SUHIHULUDP R SDL R PHVPR RFRUUHX FRP RV LUPmRV  2EVHUYDPRV TXH GRV  MRYHQV TXH SUHIHULUDP conversar preferencialmente com o pai, três eram meninos. 4(XIDORFRPPHXVSDLVVREUH Abaixo, está a tabela de freqüência dos assuntos apresentados aos MRYHQV FRPR WHPiWLFDV SRVVtYHLV D VHUHP DERUGDGDV HP VXDV FRQYHUVDV com os pais. Na tabela 1, podemos observar que os assuntos mais abordados FRP RV SDLV DVVLQDODGRV SHORV DGROHVFHQWHV IRUDP D SUR¿VVmR TXH YRX VHJXLU   H HVFROD   &DEH UHVVDOWDU DLQGD TXH DVVXQWRV UHODWLYRV j VH[XDOLGDGHHFRQWUDFHSWLYRVQmRIRUDPDVVLQDODGRVSHORVMRYHQVHPVXDV conversas com os pais.

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Tabela 1. Assuntos que eu falo com meus pais. Assunto

Freqüência

Assunto

Freqüência

Assunto

Freqüência

Escola

21 (15,90%)

Saúde

10 (07,58%)

A vida deles

05 (03,79%)

Profissão

21 (15,90%)

Uso de drogas

09 (06,90%)

Meu corpo

04 (03,03%)

Dúvidas

12 (09,09%)

Sair à noite

09 (06,90%)

Eu não falo

02 (01,52%)

Dinheiro Meus problemas

12 (09,09%)

Namoro

08 (06,07%)

02 (01,52%)

10 (07,58%)

Sentimentos

07 (05,03%)

Outro Sexualidade Contraceptivo

00 (00,00%)

O total de respostas obtidos nessa categoria foi 132.

4±$FKRGLItFLOFRQYHUVDUFRPPHXVSDLVVREUH Abaixo, está a tabela de freqüência dos assuntos apresentados aos MRYHQVFRPRWHPiWLFDVGLItFHLVGHVHUHPDERUGDGDVHPVXDVFRQYHUVDVFRP os pais (Tabela 2). Tabela 2. Assuntos difíceis de conversar com meus pais. Assunto

Freqüência

Assunto

Freqüência

Assunto

Freqüência

Meus Sentimentos

14 (15,90%)

Sexualidade

07 (7,96%)

Dinheiro

02 (2,30%)

Namoro

14 (15,90%)

Sair à noite

06 (6,80%)

Contraceptivos

02 (2,30%)

Meus Problemas

13 (14,78%)

A vida deles

06 (6,80%)

Uso de drogas

02 (2,30%)

Meu Corpo

07 (07,96%)

Meus amigos

05 (5,70%)

Outro

01 (1,10%)

Minhas dúvidas

07 (07,96%)

Minha escola

04 (4,50%)

Saúde

00 (0,00%)

O total de respostas obtidas nessa categoria foi 88.

Os assuntos que são mais difíceis de serem abordados são os VHQWLPHQWRVGRVSUySULRVDGROHVFHQWHVHDVTXHVW}HVUHODFLRQDGDVDQDPRUR os problemas vivenciados por eles aparecem logo em seguida como outro tópico difícil de conversar com os pais, sexualidade, o corpo e as dúvidas também foram bastante referidos. Q2 - Quando eu não converso com meus pais, Eu converso com ... 2 LQWHUORFXWRU SUHIHUHQFLDO TXDQGR RV MRYHQV QmR FRQYHUVDP FRP RV

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pais, são em, primeiro lugar, os amigos (21 dos 33 informantes assinalaram essa alternativa), sendo seguido pelos primos (6), irmãos (5) e outro parente (4). Q2 - Em relação às conversas com meus pais - Eu sinto... Os adolescentes responderam que as conversas com os pais, de modo geral, fazem bem a eles. Alguns se sentem aliviados ao conversarem com seus pais. Eles percebem que os pais se preocupam com eles e com VHX IXWXUR$OJXQV DLQGD UHODWDP VHQWLU R SDL FRPR XPD ¿JXUD DXVHQWH Sentimentos como vergonha ou constrangimento foram descritos nesta categoria. ³(XVLQWRDOLYLDGDHSURQWDSDUDVHJXLUDYLGD´ /DULVVDDQRV ³(XVLQWRDOLYLDGRDRFRQYHUVDUFRPHOHV´ &DUORVDQRV ³(X VLQWR RUJXOKR GH FRQYHUVDU FRP PHXV SDLV FRP WDQWD VLQFHULGDGH´ 3HGURDQRV ³(X VLQWR TXH PHXV SDLV SHQVDP QR PHX IXWXUR´ $XJXVWR  anos) ³(X VLQWR TXH Ki XP SRXFR GD IDOWD GH PHX SDL´ 5RJpULR  anos) ³(XVLQWRFRQVWUDQJLPHQWRHPFRQYHUVDUFRPPHXSDL´ *XLOKHUPH DQRV Q2 - Em relação às conversas com meus pais - Eu penso... $OJXQVMRYHQVDFUHGLWDPTXHRVSDLVQmRRVHQWHQGHP2XWURVSHQVDP que conversar com os pais é importante e, nesse sentido, as conversas com os pais podem fazer com que tentem melhorar suas atitudes. Cabe ressaltar que cinco adolescentes não completaram esta questão. Além disso, podemos pensar que nem todos adolescentes entenderam que a pergunta HUD DSHQDV HP UHODomR j FRQYHUVD FRP RV SDLV H GHUDP UHVSRVWDV YDJDV ±TXHVHUHIHUHPjVSUHRFXSDo}HVSUHVHQWHVQHVWHSHUtRGR ³(XSHQVRTXHHOHVQmRPHHQWHQGHP´ /XFLDQDDQRV ³(XSHQVRTXHFRQYHUVDQGRFRPHOHVRVPHXVSUREOHPDVGLPLQXHP´ *XVWDYRDQRV ³(X SHQVR FRPR TXH HX YRX SHUJXQWDU DOJXPD FRLVD SDUD HOHV´ &ULVWLDQRDQRV ³(XSHQVRPXLWRQDYLGDTXHYHPSHODIUHQWH´ )iWLPD

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³(XSHQVRTXHHXSRVVRFRQ¿DUQHOHV´ $PDQGDDQRV Q2 - Em relação às conversas com os meus pais - Eu gostaria... Em geral, os adolescentes gostariam de ter um diálogo mais freqüente e aberto com os pais, no qual os pais os compreendessem melhor HRVGHL[DVVHPPDLVjYRQWDGHSDUDIDODU$OpPGLVVRRVMRYHQVSDUHFHP UHFRQKHFHUTXHDGL¿FXOGDGHSDUDRHVWDEHOHFLPHQWRGDVFRQYHUVDUSRGH SDUWLUGDVVXDVGL¿FXOGDGHVGHYLGRDVHQWLPHQWRVGHYHUJRQKDHPDERUGDU certos temas. ³(X JRVWDULD TXH IRVVH PDLV IiFLO IDODU DV FRLVDV DVVLP HX QmR JXDUGDULDSDUDPLP´ )iWLPDDQRV ³(XJRVWDULDGHFRQYHUVDUPDLVFRPPHXSDL´ 7kQLDDQRV ³(X JRVWDULD GH QmR WHU YHUJRQKD GH FRQYHUVDU VREUH FHUWRV DVVXQWRV´ 'DLDQDDQRV ³(XJRVWDULDTXHDPLQKDPmHPHHQWHQGHVVH´ /DULVVDDQRV ³(XJRVWDULDTXHIRVVHPDLVIiFLOFRQYHUVDUFRPHOHVVREUHQDPRUR VH[XDOLGDGH´ $OLQHDQRV ³(XJRVWDULDGHWHUPDLVFRQYHUVDFRPPLQKDPmH´ *XLOKHUPH DQRV ³(XJRVWDULDTXHHOHVHVWLYHVVHPVHPSUHSUHVHQWHQDPLQKDYLGD´ *XVWDYRDQRV Q2 – Em relação às conversas com meus pais - Eu não gosto... 2V MRYHQV UHVSRQGHUDP TXH QmR JRVWDP TXDQGR DV FRQYHUVDV VH WRUQDP EULJDV GLVFXVV}HV H ³[LQJDPHQWRV´ 'D PHVPD IRUPD QmR DSUHFLDPTXDQGRGHVHMDPFRQYHUVDUFRPRVSDLVHHVWHVQmRVHHQFRQWUDP GLVSRQtYHLV$OJXPDVVLWXDo}HVFRPR³SHJDUQRSp´HFRQYHUVDUFRPMHLWR de interrogatório também foram citadas como desagradáveis. ³(XQmRJRVWRGRPRGRTXHjVYH]HVHOHVIDODPFRPLJR´ $PDQGD DQRV ³(XQmRJRVWRGHLQWHUURJDWyULR´ 7kQLD ³(XQmRJRVWRTXDQGRHOHVEULJDPFRPLJR´ 'DLDQDDQRV ³(X QmR JRVWR TXH TXDQGR HX FKDPR HOHV SDUD FRQYHUVDU H HOHV IDODPTXHGHSRLVYrP´ $OLQHDQRV ³(XQmRJRVWRTXHHOHVSHJXHPQRPHXSp´ $XJXVWRDQRV ³(X QmR JRVWR TXDQGR HOHV PH [LQJDP SRU FDXVD GRV PHXV SHQVDPHQWRV´ *XVWDYRDQRV

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4(PUHODomRjVFRQYHUVDVFRPRVPHXVSDLV(XSUH¿UR Observamos que, enquanto alguns preferem desabafar com os pais, outros preferem conversar com os amigos ou guardar para si determinados assuntos. ³(XSUH¿URPHDEULUGRTXHJXDUGDUDTXLORFRPLJRPHVXIRFDQGR GHFXOSD´ 0DWKHXV ³(XSUH¿URWHUPHXVSDLVFRPRPHXVDPLJRVGRTXHRVGRFROpJLR´ 3HGURDQRV ³(XSUH¿URjVYH]HVFRQYHUVDUFRPLJRPHVPD´ 5HQDWDDQRV ³(X SUH¿UR JXDUGDU PLQKDV FRLVDV SUH¿UR QmR PH DEULU FRP QLQJXpP´ )iWLPDDQRV ³(XSUH¿URWHUDPL]DGHVLQFHUD´ $QGUpDQRV ³(XSUH¿URQmRIDODUVREUHPHXVSUREOHPDV´ /XFDVDQRV Q2 – Em relação às conversas com meus pais - Eu detesto... 'HQWUHDVFRLVDVTXHRVDGROHVFHQWHVD¿UPDUDPGHWHVWDUQDFRQYHUVD FRP RV SDLV HVWmR GHVFRQ¿DQoD TXDQGR RV SDLV QmR DFUHGLWDP QR TXH HOHVGL]HPTXDQGRHOHVUHDOL]DPTXHVWLRQDPHQWRRXLQWHUYHQo}HVVHPWHU FRQKHFLPHQWRGHWRGDDKLVWyULDDSUHVHQWDGDSHORMRYHP2VMRYHQVDLQGD detestam quando os pais “pegam no pé”, admitem que, para evitar isso, DOJXQVPHQWHPPDVD¿UPDPQmRJRVWDUGHWHUTXHID]HULVVR ³(XGHWHVWRTXDQGRHOHVMiYrPTXHVWLRQDQGRVHPVDEHURSUREOHPD´ $OLQHDQRV ³(X GHWHVWR TXDQGR HOHV ¿FDP GHVFRQ¿DQGR TXDQGR HX IDOR DV FRLVDV´ 0iUFLRDQRV ³(XGHWHVWRTXDQGRHXWHQKRUD]mRHHOHVDFKDPTXHWHQKRFXOSD´ 0DWKHXVDQRV ³(X GHWHVWR IDODU FRP PHXV SDLV VREUH VDLU j QRLWH SRUTXH HOHV DFKDPTXHVRXPXLWRQRYD´ -~OLDDQRV ³(X GHWHVWR PHQWLU SDUD D PLQKD PmH VREUH DOJXPD FRLVD´ ,DUDDQRV ³(XGHWHVWRTXHFRUWHPPLQKDOLEHUGDGHFRPRQmRGHL[DUHXDQGDU FRPDVSHVVRDVTXHHXJRVWR´ 'DLDQDDQRV

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Os adolescentes que responderam ao primeiro questionário consideraram que as conversas que mantêm com os pais são boas, percebendo D¿JXUDPDWHUQDFRPRPDLVSUy[LPDTXHRSDL,VVRYHPDRHQFRQWURGRV UHVXOWDGRVGDSHVTXLVDUHDOL]DGDSRU:DJQHUHWDO  TXHYHUL¿FRXVHU a freqüência do diálogo entre mãe e adolescente bastante alta. Ainda no primeiro questionário, foi possível perceber que os assuntos que os adolescentes mantêm com os pais são, na sua maioria, impessoais, abrangendo assuntos como a escola e o ensino, de modo geral. Essas foram as respostas que obtiveram maior freqüência. Outro tópico bastante abordado são os males causados pelas drogas. Parece que os SDLV RIHUHFHP LQIRUPDo}HV H FRQVHOKRV FRP RV TXDLV EXVFDP PDQWHU R adolescente afastado delas. Assuntos mais pessoais, que incluíam mais RVVHQWLPHQWRVHDVYLYrQFLDVGRVMRYHQVIRUDPFRQVLGHUDGRVGLItFHLVGH VHUHPDERUGDGRV)LFDHYLGHQWHQDVUHVSRVWDVGRVMRYHQVTXHRVDVVXQWRV UHODFLRQDGRV DRV VHXV VHQWLPHQWRV UHIHUHQWHV j VH[XDOLGDGH DPL]DGHV e sonhos são tópicos sensíveis para serem abordados com os pais, na SHUFHSomRGRVMRYHQV,VVRSURYDYHOPHQWHGHFRUUHGRPHGRGRVMRYHQV jVUHDo}HVTXHRVSDLVSRGHPWHUVREUHHVVHVDVVXQWRV(VVHVGDGRVHVWmR de acordo com a pesquisa realizada por Meneguetti e Gomes (2004) que encontraram resultados similares. O segundo questionário nos possibilitou um entendimento mais amplo sobre a percepção do diálogo que possuem com os pais. As repostas REWLGDV QHVVH TXHVWLRQiULR IRUDP VLPLODUHV DR GR SULPHLUR RV MRYHQV consideraram boas as conversas que mantêm com os pais e reconhecem DLPSRUWkQFLDGHVVDVSRUpPDOJXQVMRYHQVUHODWDUDPTXHQHPVHPSUHRV SDLVRVDFROKHPFRPRHVSHUDP,VVRQRVUHPHWHjVLGpLDVGH%ROVDQHOOR  TXHLQGLFDTXHRGLiORJRHQWUHSDLVH¿OKRVDGROHVFHQWHVGHYHVHU XPD SUiWLFD FRPXP HP TXH RV ¿OKRV VH VLQWDP j YRQWDGH SDUD GLYLGLU suas vivências. Contudo, isso não parece ocorrer. Observa-se nas falas GRVMRYHQVTXHHOHVVHVHQWHPLQFRPSUHHQGLGRVHVSHFLDOPHQWHQRTXHVH UHIHUH jTXHOHV WySLFRV FRQVLGHUDGRV VHQVtYHLV VH[XDOLGDGH VHQWLPHQWR amizades, etc.. 1D TXHVWmR ³(X SUH¿UR FRQYHUVDU VREUH PLQKDV FRLVDV FRP´ D maioria dos adolescentes prefere a mãe, o mesmo foi observado na pesquisa GH :DJQHU HW DO   TXH DFUHGLWDP H[SOLFDU WDO UHVXOWDGR SHOR IDWR GHRVMRYHQVREVHUYDUHPVHUDPmHDSHVVRDTXHPDQWpPPDLVFRHUrQFLD HQWUHVHXVGLVFXUVRVHDo}HV2PHVPRUHVXOWDGRpREWLGRQRTXHVWLRQiULR exploratório nos assuntos que os adolescentes têm mais facilidade de DERUGDUFRPRVSDLVHVFRODSUR¿VV}HVRXVHMDDVVXQWRVLPSHVVRDLV

Disciplinarum Scientia, Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 4, n. 1,p. 135-154, 2004.

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1D TXHVWmR ³$FKR GLItFLOFRQYHUVDU FRP PHXV SDLV VREUH´ ¿FRX FRQ¿UPDGRTXHRVVHQWLPHQWRVGRVDGROHVFHQWHVRVDVVXQWRVSDUWLFXODUHV não são tratados com facilidade. De maneira geral, nesses assuntos, podem VXUJLU RV PDLRUHV FRQÀLWRV QDV FRQYHUVDV XPD YH] TXH RV SDLV SRGHP DSUHVHQWDU FRPSRUWDPHQWRV PDLV LQIDQWLV TXH RV SUySULRV MRYHQV DR apresentarem dúvidas acerca de temas como, namoro e sexualidade estão sinalizando para os pais o seu amadurecimento. De modo geral, pode-se concluir que os adolescentes sabem que o diálogo com os pais é importante, há uma facilidade maior de mantê-lo com DPmHPDVQmRVHVHQWHPjYRQWDGHSDUDWUDWDUGHDVVXQWRVPDLVtQWLPRV por temerem as atitudes que os pais possam apresentar. Observamos que RVMRYHQVJRVWDULDPGHSRVVXLUFRQYHUVDVPDLVIUHTHQWHVHDEHUWDVFRPRV pais, contudo, como vimos, diversos fatores interferem, especialmente, as DWLWXGHVGRVSDLVSHUFHELGDVSRUHOHVeLPSRUWDQWHFRQVLGHUDUDD¿UPDomR de Bolsanello (1988) que sugere aos pais que uma escuta atenta e tolerante é uma atitude bastante válida. Finalmente, podemos pensar que, mesmo com tanta disponibilidade de materiais que indicam como a comunicação entre pais e adolescentes pode ser melhorada, vemos que ainda falta aos pais colocarem essas dicas HPSUiWLFD2EVHUYDVHXPGHVHMRGHXPGLiORJRPDLVDEHUWRHIUHTHQWH GRMRYHPSDUDFRPVHXVSDLV REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS $%(5$6785
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