A Prática Pedagógica Inovadora no Ensino de Geografia: o esporte como instrumento para o ensino de Geopolítica no 3º ano do Ensino Médio

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FLÁVIO HENRIQUE NAVARRO HASHIMOTO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: O ESPORTE COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Londrina 2016

FLÁVIO HENRIQUE NAVARRO HASHIMOTO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: O ESPORTE COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Ensino de Geografia. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Lopes Fonseca.

Londrina 2016

FLÁVIO HENRIQUE NAVARRO HASHIMOTO

A PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: O ESPORTE COMO INSTRUMENTO PARA O ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Ensino de Geografia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Orientador: Prof. Dr. Ricardo Lopes Fonseca Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________ Prof.ª Dr.ª Eloiza Cristiane Torres Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________ Prof.ª M.ª Karen Carla Camargo Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, 11 de agosto de 2016.

Dedico este trabalho para Deus e a minha família...

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, por essa grande vitória conquistada e dou graças por tudo... Agradeço ao meu orientador Professor Dr. Ricardo Lopes Fonseca pela humildade, dedicação, compreensão e paciência que teve comigo ao longo do processo de realização dessa pesquisa... Aos meus pais (Lourdes e Oséias) pelo apoio dado não só durante a pesquisa, mas ao longo da minha vida... As minhas irmãs (Tamyres e Esther) e meu irmão (Emanuel)... As professoras Dr.ª Alice Yatiyo Asari e Dr.ª Ruth Youko Tsukamoto por todo o apoio durante a minha graduação... Aos meus amigos (as) formados na faculdade, principalmente ao Diego, Edson, Rheider e Thiago pelos grandes momentos nessa caminhada... Gostaria de agradecer a prof.ª Dr.ª Jeani Delgado Paschoal Moura por acreditar desde o começo da graduação que um rapaz atrapalhado poderia se tornar um professor... A professora Dr.ª Eloiza Cristiane Torres pela preocupação e cuidado que teve durante as dificuldades tidas durante o curso da especialização e a prof.ª Ms. Karen Carla Camargo por ser uma das bancas... As prof.ª Dr.ª Adriana Castreghini de Freitas Pereira e Prof.ª Dr.ª Patrícia Fernandes Paula Shinobu pela grande ajuda que deram durante o curso da especialização... Ao Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, em especial a prof.ª Jani A. Costa Sumigawa, que cedeu o espaço escolar e o apoio dado durante a pesquisa... Ao Anderson, da secretaria da pós do Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Londrina, por ter me ajudado com todo o processo burocrático tido durante o curso... Também não poderia deixar de agradecer a todos os professores do curso de Especialização em Ensino de Geografia da Universidade Estadual de Londrina.

“e conhecereis a verdade, e a verdade de vos libertará” (JOÃO 8.32).

HASHIMOTO, Flávio Henrique Navarro. A Prática Pedagógica Inovadora no Ensino de Geografia: o esporte como instrumento para o ensino de Geopolítica no 3º ano do Ensino Médio. 2016. 73 fls. Monografia (Especialização em Ensino de Geografia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2016.

RESUMO

O ensino de Geopolítica realizado no Ensino Médio na disciplina de Geografia muitas vezes não é trabalhado da melhor forma e acabam se tornando conteúdo antes voltado para o lado histórico do que geográfico. Com isso, é necessário o professor utilizar novos meios que permitem o ensino-aprendizagem do aluno. Nessa perspectiva, o trabalho tem como foco central propor a utilização do esporte como ferramenta auxiliadora no ensino de Geopolítica. Por meio disso, foi realizada uma oficina com alunos do 3º ano do Ensino Médio utilizando o esporte como base de exemplificação de uso da Geopolítica realizada ao longo da história e atualmente. Se observou que, por meio do esporte o aluno pode verificar a importância dos grandes eventos esportivos para o país sede e para os participantes, não só visando o lado de entretenimento, mas sim para o lado da política. Os alunos compreenderam que o número de medalhas ou conquistas refletem aos interesses geopolíticos e que muitas vezes são utilizados como formas de rivalizar contra o país adversário geopolítico. Palavras-chave: Prática Pedagógica Inovadora. Ensino de Geografia. Esporte. Geopolítica. Inovação.

HASHIMOTO, Flávio Henrique Navarro. The Pedagogical Innovative Practice in Geography Teaching: sport as a tool for teachhing Geopolitics in the 3rd year of high school. 2016. 73 fls. Monograph (Geography Teaching Specialization) – State University of Londrina, Londrina, 2016.

ABSTRACT

The Geopolitics of teaching done in high school in geography discipline is often not working optimally and end up becoming content before facing the historical side of that geographical. With this, you need the teacher to use new means to teaching and student learning. In this perspective, the work is mainly focused propose the use of sport as a helper tool in teaching Geopolitics. By this, a workshop with students of the 3rd year of high school using sport as exemplification of basic use of Geopolitics held throughout history and today was held. It was observed that through sports the student can verify the importance of major sporting events for the host country and the participants not only aimed at the entertainment side but to the policy side. Students understand that the number of medals and achievements reflect the geopolitical interests and are often used as ways to compete against rival geopolitical country.

Key words: Pedagogical Innovative Practice. Geography Teaching. Sport. Geopolitics. Innovation.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – O “Heartland” de Mackinder ................................................................... 22 Figura 2 – Mapa da ordem mundial para Haushofer ............................................... 25 Figura 3 – Livro didático utilizado ............................................................................ 44 Figura 4 – Mapa da Renda per capita dos países do mundo de 2010 .................... 45 Figura 5 – Mapa de IDH dos países do mundo de 2010 ......................................... 46 Figura 6 – Atividade aluno 1 .................................................................................... 51 Figura 7 – Atividade aluno 2 .................................................................................... 53 Figura 8 – Atividade aluno 3 .................................................................................... 56

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Clássicos da Geopolítica ........................................................................ 18 Tabela 2 – Total de medalhas dos países sul-americanos nos Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos de Verão .................................................................................... 47

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBO

Confederação Brasileira de Orientação

DCEs

Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná

EJA

Educação de Jovens e Adultos

EUA

Estados Unidos da América

FIFA

Fédération Internacionale de Footbal Association

IDH

Índice de Desenvolvimento Humano

PPI

Prática Pedagógica Inovadora

PPIs

Práticas Pedagógicas Inovadoras

PPP

Projeto Político Pedagógico

RPC

República Popular da China

SEED/PR

Secretaria de Estado de Educação do Paraná

URSS

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2

GEOPOLÍTICA.......................................................................................... 15

2.1

GEOPOLÍTICA CLÁSSICA ............................................................................... 16

2.2

A GEOPOLÍTICA NAS DIRETRIZES CURRICULARES DO PARANÁ ......................... 26

2.3

IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO ENSINO MÉDIO ........................ 28

3

PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA .................................................. 30

3.1

CONCEPÇÕES GERAIS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA ......................... 31

3.2

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR EM INOVAR .................................................. 34

3.3

O ESPORTE COMO ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA .................... 37

4

RELAÇÃO

ESPORTE-GEOPOLÍTICA:

A

REGIONALIZAÇÃO

DO

ESPAÇO MUNDIAL .................................................................................. 41 4.1

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 41

4.2

PROPOSTA PEDAGÓGICA .............................................................................. 42

4.3

RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................ 47

CONCLUSÃO ........................................................................................... 59

REFERÊNCIAS......................................................................................... 63

APÊNDICES..............................................................................................70 APÊNDICE A – Plano de aula...................................................................71 APÊNDICE B – Atividade aplicada............................................................73

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1 INTRODUÇÃO

Partindo da necessidade de propor diferentes formas para o ensino de geopolítica no Ensino Médio, o presente trabalho tem como objetivo utilizar o esporte como instrumento auxiliador nos conteúdos geopolíticos da disciplina de Geografia no 3º ano do Ensino Médio. Com esse propósito, esta pesquisa procurou trabalhar conforme propõem as Práticas Pedagógicas Inovadoras e as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná na disciplina de Geografia. O esporte atualmente é uma das maiores expressões culturais e de entretenimento no mundo e, a sua prática também serve como uma forma de “escape” de uma vida sem muitas oportunidades. Já outros, praticam esporte como atividade física para a saúde. Não é difícil ver em uma roda de amigos uma discussão de jogos de futebol ou de algum acontecimento esportivo. O esporte possibilita momentos únicos de paixão e união, além de ser um passatempo. Mas também, as modalidades esportivas servem como forma de manifestar acerca de algo ou ser utilizado como ferramenta para o jogo político. Um grande exemplo do uso do esporte na Geopolítica aconteceu nos Jogos Olímpicos de Verão em 2008 realizado em Pequim, na China. Esta Olimpíada ficou marcado pela disputa esportiva entre os EUA (Estados Unidos da América) e da RPC (República Popular da China), na briga pelo topo do quadro geral de medalhas e a supremacia esportiva naquele momento. No final da competição a China conquistou o primeiro lugar e, de quebra, o fim de uma hegemonia estadunidense de três edições olímpicas seguidas – 1996; 2000; e 2004 – de liderança. Quando os jogos foram realizados na China, era o momento único de mostrar para o mundo a sua grande força e, para isso, teria que vencer no quadro geral de medalhas nada mais que a maior potência esportiva do mundo em atividade, os Estados Unidos. Outro ponto, não era só vencer a grande potência esportiva, mas sim mostrar a grande força da economia crescente chinesa perante o mundo durante os jogos, por meio da enorme visibilidade que o evento proporciona para a cidade e o país sede, já que as atenções no período do evento se voltam grandemente para o país em que está sendo realizado a competição. Outros exemplos do uso do esporte em ações geopolíticas ocorreram diversas vezes no período da Guerra Fria. Os EUA e a URSS (União das Repúblicas

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Socialistas Soviéticas) nunca se enfrentaram diretamente, militarmente, mas aconteceram diversos encontros esportivos em que as duas nações o aproveitaram como forma de disputa geopolítica. Um grande exemplo desse conflito aconteceu em duas edições dos Jogos Olímpicos de Verão (Moscou-1980 e Los Angeles-1984), na qual a edição realizada em Moscou-URSS teve o boicote dos EUA e de parte de seus aliados. Essa atitude fez com que, os países aliados a URSS boicotarem a edição seguinte, realizado em Los Angeles-EUA. Na Europa, um exemplo clássico do uso do esporte como forma de disputas geopolíticas acontece na Espanha, por meio dos times Real Madrid Club de Fútbol e Futbol Club Barcelona, responsáveis por não realizarem apenas um dos maiores clássicos futebolísticos do mundo, mas sim um confronto em campo entre as cidades de Madrid (Espanha) e Barcelona (Catalunha). A Catalunha usa o esporte como forma de manifestar repúdio ao governo-central da Espanha e mostrar a sua vontade em querer a independência diante da coroa espanhola, representada pelo clube da capital. Por meio desses e de outros exemplos não há como dizer que o esporte é apenas um entretenimento. Por isso, por que não utilizar o esporte como ferramenta de ensino de Geopolítica? A relação esporte-Geopolítica é intensa e sempre se atualiza. Então, por que determinados professores de Geografia sentem uma certa dificuldade em trabalhar com conteúdo de Geopolítica em sala de aula? Por meio dessa questão se norteará está monografia, uma vez que se tem casos de professores de Geografia que realizam as suas aulas muito mais voltadas para a disciplina de História, do que de Geografia. Por meio dessa problemática essa pesquisa se justifica importante, já que procurou propor novos meios que auxiliem o ensino-aprendizagem e possibilite tornar as aulas de conteúdo da Geopolítica voltada para a ciência geográfica e não apenas uma descrição histórica. Outro ponto de extrema importância se deve ao professor de Geografia, que necessita buscar ferramentas, neste caso o esporte, que possibilita o melhor aprendizado e contribua para o desenvolvimento da leitura crítica do aluno de Ensino Médio, já que é nesta faixa etária que eles estarão iniciando fortemente o seu papel de cidadãos. O uso do esporte se deve a busca de poder inovar e de possibilitar um novo meio para o ensino.

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O trabalho está estruturado em três capítulos, sendo que o primeiro buscou realizar uma breve revisão da Geopolítica Clássica, iniciando por meio da formação da Geografia Política, responsável pelo desenvolvimento da Geopolítica. Neste mesmo capítulo, abordou-se como é descrito a Geopolítica nas Diretrizes Curriculares do Paraná na disciplina de Geografia e a importância dessa área para o Ensino Médio. O segundo capítulo focou em abordar sobre a PPI (Prática Pedagógica Inovadora). A discussão nesse capítulo buscou reforçar, discutir e destacar a importância do professor, mesmo com todas as dificuldades da carreira docente, procurar meios alternativos que possibilite inovar as suas aulas e que essas possam tornar as aulas com mais sentido para os alunos. No terceiro e último capítulo apresentou-se os resultados obtidos na parte prática dessa pesquisa e os também os procedimentos metodológicos. Essa pesquisa é importante para o ensino, uma vez que busca contribuir para o desenvolvimento de ideias e trilhas para o ensino de Geografia e, consequentemente, da Geopolítica. Mesmo com as dificuldades encontradas na carreira docente é necessário buscar meios alternativos que possibilite uma mudança. Através desta perspectiva, este trabalho focou em não se concentrar apenas nas dificuldades, mas sim em de poder colaborar para a melhora do ensino.

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2 GEOPOLÍTICA

A Geopolítica muitas vezes é confundida com a Geografia Política ou vice-versa. Essa confusão se deve a proximidade do significado dos dois termos/conceitos. No dicionário Michaelis (2009), a Geopolítica é descrita como um ramo da Antropogeografia que tenta interpretar a vida e a evolução política dos países por meio de fatores geográficos. Já a Geografia Política é colocada como uma área da Geografia, responsável pelo estudo da divisão e estatística dos países (AURÉLIO, 2015). Vesentini (2004) aponta que a Geopolítica nasceu oficialmente em 1905, quando o sueco Rudolf Kjellén (nasceu em 1864 e faleceu em 1922) aplicou o termo em seu trabalho “As grandes potências” em uma revista sueca. Já a Geografia Política surgiu em 1897, graças a Friedrich Ratzel (nasceu em 1844 e faleceu em 1904), através das suas obras intituladas “Antropogeografia” e “Geografia Política” (RAFFESTIN, 1993). De acordo com Hashimoto (2013), a Geografia Política é a relação dos aspectos físicos de seu território, com os aspectos humanos (sendo a religião, idioma, tamanho e distribuição da população) de um país. Martins e Pianovski (2013, p. 27) apontam que, a Geopolítica “é o conjunto que permitem avaliar a capacidade dos Estados por meio de suas características territoriais”. Através disso é possível, por meio da capacidade de um Estado, impor regras sobre o “Estado inferior”, sem necessidade dominá-lo territorialmente. A Geopolítica tem como objetivo, estudar o Estado como um organismo geográfico e político. Além disso, o seu papel é de analisar como um Estado se relaciona (de forma política) com os outros países. Então, este capítulo teve como objetivo abordar a Geopolítica, por meio do contexto histórico desta área da Ciência, para compreender melhor sobre o que ela é. Após esta parte, foi trabalhado como é abordada a Geopolítica nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná na disciplina de Geografia, para verificar como deve ser trabalhada essa Ciência, pelo menos no Estado do Paraná, no Ensino Médio. Por fim, foi tratado sobre a importância do ensino de geopolítica no Ensino Médio.

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2.1 GEOPOLÍTICA CLÁSSICA Não é admissível falar acerca da história da Geopolítica e esquecer o histórico da Geografia Política. Pode-se dizer que, “a Geopolítica é filha da Geografia Política”. A Geopolítica está muito entrelaçada com a Geografia Política, já que uma se inspirou na outra, fazendo com que essas Ciências possuam grande relação. Oficialmente, Vesentini (2004), descreve que o termo Geopolítica nasceu através do jurista sueco Rudolf Kjellén. Só que, antes do sueco outros pesquisadores já pensavam sobre algumas características da Geopolítica, porém, sem utilizar especificamente o termo. Andrade (1993, p. 5) aponta que o “conhecimento geopolítico já vinha sendo desenvolvido, desde a antiguidade, por soberanos como Dario I da Pérsia e por Alexandre Magno da Macedônia, ao estruturarem os seus impérios”. Também é necessário apontar que, outros povos que existiram ao longo da história da humanidade utilizaram ou aplicaram atributos da Geopolítica, mesmo não se referindo ao termo. As diversas guerras que aconteceram antes do aparecimento do termo Geopolítica e da sua definição específica utilizaram algumas características geopolíticas. Em uma guerra é preciso ter estratégias geopolíticas para combater e vencer o inimigo, senão pode causar à autodestruição do país. Mattos (2002) diz que, antes da Geopolítica ter um nome que a caracterizasse como ramo do conhecimento científico, a origem dela veio através das observações sobre a influência da Geografia na ação do homem na Terra. Essa influência foi muitas vezes um objeto de pesquisa de estudiosos no passado. Entretanto, por meio de Friedrich Ratzel que surgiria a base da Geopolítica Clássica. Essa base consiste em a Geografia Política. Por isso que no início deste subcapítulo foi posto a referência “a Geopolítica é filha da Geografia Política”. Raffestin (1993) aponta que, a Geografia Política já vinha sendo formada desde Heródoto, tendo como ancestrais grandes pesquisadores e pensadores como Platão, Aristóteles, Botero, Bodin, Vauban, Montesquieu, Turgot e entre outros. Um desses exemplos foi Maquiavel, que escreveu sobre a importância da centralidade do poder em seu livro: “O Príncipe”.

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Maquiavel trabalhou com conhecimentos da Geografia Política na sua época, só que ele não utilizou este termo em sua obra. Para ele, o Estado deveria ter um novo príncipe no lugar de um antigo, pois este príncipe novo irá “parecer antigo e logo o tornam mais seguro e mais firme no Estado do que se fosse um príncipe antigo” (MAQUIAVEL, 1515, p. 142). Castro (2005) aponta que, essa afirmação de Maquiavel se deve ao Século XVI, período este em que a Itália estava sendo invadida por outros reinos. A centralidade do poder por um príncipe novo, com leis e regulamentos novos, permitiriam resgatar a força italiana e comandar a sua redenção. Essa opinião de Maquiavel são alguns dos primeiros ideais que dão origem à Geografia Política. A Geografia Política para Ratzel, conforme Castro (2005), tinha como desígnio demonstrar que o Estado é fundamentalmente uma realidade humana que só se completa sobre o solo de um país. O Estado, em todos os seus níveis de desenvolvimento, são organismos vivos que necessitam do solo, daí vem à importância do território. Para Ratzel, dizer que o Estado é um organismo vivo se deve a influência que ele teve com a obra de Charles Darwin (nasceu em 1809 e faleceu 1882) “A Origem das Espécies”. É através dessa influência que Ratzel, em 1880, propõe o termo Geografia Cultural e, em 1882 ele troca novamente o termo para Antropogeografia. Essa mudança aconteceu porque Ratzel queria que a Geografia se utiliza a teoria do evolucionismo, segundo Costachie e Damian (2010, p. 299) [...] thus, in 1880 he proposed the term of cultural geography, in 1882 he suggested the term of human geography (Antropogeography), pursuing that the geography to answer the questions raised firstly by the theory of evolutionism1.

Além de Darwin, Raffestin (1993), afirma que Ratzel teve influência de historiadores, como Mommsen e Curtius e de geógrafos como Ritter e Reclus. Além desses ele recebeu uma forte influência do filósofo Herbert Spencer, responsável por lhe apresentar a obra de Darwin. Ratzel acreditava que para um Estado sobreviver dependeria do seu ambiente ou território. O seu território teria que fornecer os seus subsídios e recursos

1

Tradução: assim, em 1880, ele propôs o termo da geografia cultural, em 1882, ele sugeriu o termo da geografia humana (Antropogeography), buscando que a geografia fosse responder às questões colocadas em primeiro lugar, a teoria do evolucionismo.

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para se sustentar. Pode-se dizer então que, para a Geografia Política a relação homem-natureza é a sua abordagem (VESENTINI, 2004). Castro (2005) aponta que, além do seu território o Estado Alemanha, na época de Ratzel, só conseguiria seu destino de potência e conseguir se mais que as outras potências europeias por meio da consolidação duradoura da reunificação germânica. A autora aponta a percepção que Ratzel tinha no século XIX sobre a situação de atraso da Alemanha ser prejudicial e, que, só seriam adequados para o crescimento germânico quando o Estado se tornasse forte, legitimando o enraizamento do seu povo no território ou solo pátrio. Daí vêm a importância de um Estado ter a identificação com o território. Com o passar dos anos a Geografia Política faria surgir a Geopolítica, conforme os estudos de Ratzel. Se a Geografia Política é um dos enfoques da Geografia, no qual estuda a distribuição dos Estados na superfície da Terra e o problema do estabelecimento de fronteiras, além dos tipos de organização do território a que eles se originam, a Geopolítica fica como um saber comprometido com o pensamento e com objetivos políticos, mesmo analisando o Estado como produtor de um espaço. A Geopolítica não tem um critério científico (ANDRADE, 1993). TABELA 1 – Principais clássicos da Geopolítica. PESQUISADORES

ANO DO SEU

NACIONALIDADE

SURGIMENTO Alfred T. Mahan

1890

Estados Unidos

Rudolf Kjellén

1905

Suécia

Halford J. Mackinder

1919

Inglaterra

Karl Haushofer

1924

Alemanha

Fonte: o próprio autor.

Na Tabela 1 é possível verificar por ordem de ano, a origem e quais foram os pesquisadores marcantes da Geopolítica Clássica. É graças a eles que é possível compreender o que foi a Geopolítica Clássica – mesmo assim, houveram vários outros grandes pesquisadores. Foram estes que ganharam destaque devido as suas grandes teorias e suas aplicações. Um dos primeiros a trabalharem com a Geopolítica foi o estadunidense capitão Alfred Thayer Mahan (nasceu em 1840 e faleceu em 1914),

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que mesmo não utilizando o termo em seus trabalhos é considerado um dos clássicos da geopolítica. Em 1890, conforme United States of America (2015), Mahan publica a sua obra mais conhecida, “A influência do poder marinho sobre a história” [...] in 1890, Captain Alfred Thayer Mahan, a lecturer in naval history and the president of the United States Naval War College, published The Influence of Sea Power upon History, 1660–1783, a revolutionary analysis of the importance of naval power as a factor in the rise of the British Empire. Two years later, he completed a supplementary volume, The Influence of Sea Power upon the French Revolution and Empire, 1793–18122.

Nesta obra, Mahan aborda a importância do poder naval como um fator de ascensão do Império Britânico. Dois anos depois, o autor publica uma obra em que trata o “Sea Power” na Revolução francesa e no Império Francês. Para Mahan, segundo United States of America (2015), o controle britânico dos mares, alinhado ao enfraquecimento da força naval de outros rivais europeus, abriu espaço para a emergência da Grã-Bretanha como dominante do mundo militar, político e econômico. Com essa forma de conquistar o domínio do mundo, Mahan acreditava que os EUA deveriam repetir a ação britânica para alcançar o poder do mundo. “A posse de grande poder marinho, dessa forma, seria indispensável para um Estado que almejasse tornar-se importante potência mundial” (VESENTINI, 2004, p. 17). Mahan pensava que os Estados Unidos, como a Grã-Bretanha, era uma grande ilha, só que continental – a América é uma ilha em que esta os Estados Unidos, então era preciso protegê-la para se ter a sua segurança – e para isso, era preciso fortalecer o seu poderio marítimo para se defender de seus inimigos. Esse auto proteger não é só o físico ou a perda de território, mas sim garantir o seu controle comercial e político, e para isso acontecer, os Estados Unidos, teriam que dominar o continente americano – não precisando a América ser um território dos Estados Unidos literalmente – para se tornar um dos dominantes do mundo e garantir a sua segurança. Além disso, Mahan apontava que era preciso que os EUA criassem colônias para garantir o seu domínio. Com esse pensamento, os EUA conquistaram 2

Tradução: em 1890, o capitão Alfred Thayer Mahan, professor de história naval e presidente do Colégio de Guerra Naval dos Estados Unidos, publicou A Influência do Poder Marinho sobre História, 1660-1783, uma análise revolucionária da importância do poder naval como um fator de a ascensão do Império britânico. Dois anos depois, ele completou um volume suplementar, a influência do poder do mar sobre a Revolução Francesa e Império, 1793-1812.

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em 1898 as Filipinas através do Tratado de Paris – um arquipélago da Ásia que declararia a sua independência em 1898, mas reconhecida apenas em 1946 – e Porto Rico, além da instauração do protetorado sobre Cuba através de sua vitória na Guerra Hispano-Americana. Após essas conquistas se consolidou o poderio marítimo estadunidense no Caribe – e com isso na América – e o Pacífico (MELLO, 1999). Após a vitória na Guerra Hispano-Americana sobre a coroa espanhola, serviria como base para a independência cubana e aumento maior do controle no continente pelos Estados Unidos. Esse modelo de dominação ainda é aplicado pelos Estados Unidos, tanto no Pacífico, quanto no Caribe. Atualmente os EUA contém diversos territórios ou ilhas na Oceania, além ainda de dominar Porto Rico e as Ilhas Virgens no Caribe. A ideia de fortalecer o poder marinho para Mahan, de acordo de Vesentini (2004), tem a ver com o fortalecimento dos EUA no mundo, que na época estava vivenciando mudanças na sua política externa e se consolidando como uma das grandes potências do mundo, graças ao enfraquecimento da Inglaterra. Para ele, esse era o momento ideal dos Estados Unidos substituírem os ingleses. Após o falecimento de Mahan em 1914, aconteceu a inauguração do canal do Panamá que era uma grande ideia sua, porém ele não pode presenciar. De acordo com Mello (1999), após a morte de Mahan as suas ideias continuaram a serem implantadas graças aos seus seguidores. A sua visão de ilhacontinente estadunidense no mundo foi fortemente realizada. Para os seus seguidores, os EUA deveriam dominar, ter a hegemonia na América, conter a expansão japonesa no Extremo Oriente e, além disso, em médio prazo, destruir a supremacia marítima mundial da Inglaterra (MELLO, 1999), algo bem realizado. Outro grande clássico da Geopolítica que fez uma das maiores contribuições para a formação dessa Ciência foi Kjellén. “A expressão Geopolítica tenha sido usada pela primeira vez [...] por Kjellén, na Suécia” (ANDRADE, 1993, p. 5). Foi graças a Kjellén que essa área é denominada Geopolítica e os futuros estudos que apareceram utilizaram este termo. Outro detalhe, “as suas teorias serviram de base para o encontro do conhecimento geográfico sistematizado e o dos generais alemães” (SANTOS; BOVO, 2011, p. 2). Foi através de sua obra, “As grandes potências”, conforme apontam Santos e Bovo (2011), ensaio este lançado em 1905 e editado em 1916, passando a ser “O Estado como forma de vida”, foi responsável em separar da Geografia Política

21

a Geopolítica. Essa obra foi lançada na Suécia e é primeiro trabalho que o termo “Geopolítica” apareceu pela primeira vez. Antes disso, já existiam pesquisas ligadas ao termo, como já foi abordado anteriormente, mas sem a utilização propriamente do termo. Vesentini (2004) aponta que Kjellén buscou criar diferenças entre a Geografia Política e a recém Geopolítica, inventada por ele. Essas diferenças estariam na abordagem de cada uma. A Geografia Política tem uma abordagem mais geográfica – relação homem-natureza – e a Geopolítica tem uma abordagem mais política – perspectiva do Estado perante a dimensão espacial de sua atuação – para o sueco (VESENTINI, 2004). Para Kjellén, segundo Santos e Bovo (2011), mesmo ele sendo um seguidor de Ratzel, ele não acreditava que o Estado é como um organismo vivo, mas sim como um “organismo geográfico”. O Estado-território é a sua abordagem. Conforme Mattos (2002), a Geopolítica de Kjellén transpassa a Geografia Política de Ratzel, devido por ser mais dinâmica. A Geopolítica, para o autor, é a mistura da interação dinâmica de três fatores: da Política, da Geografia e da História, que conduz a uma perspectiva dos acontecimentos do Estado. Martins (2009) expõe que, no entender de Kjellén, a Geopolítica é um ramo das Ciências Políticas e não da Geografia. Isso fez com que, os geógrafos se tornassem como seguidores de Ratzel e adeptos da Geografia Política, enquanto os cientistas políticos, – sendo ou não seguidores de Kjellén – responsáveis pela Geopolítica, mesmo tendo alguns que não defendam a Geopolítica como área das Ciências Políticas, mas também não a colocam na Geografia. Com a criação de Kjellén, o termo/conceito Geopolítica se expandiu rapidamente no início do século XX. Devido aos acontecimentos da época, a Geopolítica estava sendo plantada em um “solo roxo” ou rico e teve a possibilidade de crescer. Depois de Kjellén, surgiu outro grande clássico da Geopolítica Clássica, foi Halford John Mackinder (nasceu em 1861 e faleceu em 1947). Mesmo Mackinder não ter utilizado o termo geopolítica também, ele é considerado um grande teórico da Geopolítica Clássica (VESENTINI, 2004). Mackinder criou diversos conceitos que foram reproduzidos pela maioria dos geopolíticos, até se tornarem clássicos. “Pivot area, world island, anel

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insular, anel interior ou marginal e, principalmente o heartland” (VESENTINI, 2004, p. 18). Mackinder se tornou o oposto de Mahan, conforme aponta Mattos (2002) que os consideras sublimes, já que o primeiro é o criador do poderio marítimo, e o segundo do poderio terrestre. Enquanto um defendia que para ter o domínio ou o poder era preciso ter uma força militar marítima forte, o outro apontava que era preciso dominar a terra ou o solo. Mackinder era inglês (país marítimo militar), mas escreveu uma das mais importantes obras sobre o poder continental ou poder terrestre, o “The Heartland” (MATTOS, 1975). Para Mackinder, quem dominasse o centro do poder do mundo dominaria o próprio mundo. FIGURA 1 – O “Heartland” de Mackinder.

Fonte: Engdahl (2015).

A Figura 1 mostra a localização do Heartland localizada na “Zone Pivot” proposto por Mackinder. Essa zona é de extrema importância, uma vez que quem a dominasse, dominaria o mundo. Mattos (2002) descreve que Mackinder tinha a preocupação do perigo que os britânicos poderiam ter da terra europeia, então com isso ele buscou e formulou uma teoria de poder mundial, baseada na criação de uma massa continental europeia em torno de uma área central, denominada de área pivô. Essa área pivô está

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localizada na Eurásia – que abrange os continentes da África, Ásia e Europa – o velho mundo. A Eurásia para Mackinder é denominada de world island, que é um grande bloco de terras (VESENTINI, 2004). Como é nessa região que vive a maior parte da população mundial, Mahan apontava em seus estudos que a maioria das guerras da história da humanidade aconteceram nessa região, demonstrando a importância de dominar essa área. Com isso, dentro dessa grande ilha existe a pivot area ou área pivô, que está localizada na região central da ilha – sendo uma parte da Europa e da Ásia. No coração da pivot área existe uma área que se chama heartland (terra-coração), sendo uma região geoestratégica e que está localizado na Europa Oriental (VESENTINI, 2004). Mas por que o heartland era importante para Mackinder? Segundo Mello (1999), o pivot area foi formulada em 1904 e reelaborada em 1919, sob a denominação heartland. Essa região tem uma importância para o poderio mundial graças as suas condições geográficas. A região é importantíssima porque contém características interessantes, que são: a presença de uma porção importante da maior planície do mundo, que prolonga desde a região dos estepes russos até os Países Baixos, da Alemanha e do norte da França, favorecendo a mobilidade das populações e dos exércitos; e a presença dos maiores rios do mundo, beneficiando a navegação (VESENTINI, 2004). Alguns anos mais tarde surgiria mais um grande clássico da Geopolítica Clássica, o alemão Karl Ernst Nikolas Haushofer. Foi graças à Haushofer que a Geopolítica se tornou conhecida, porém ganhou uma imagem negativa perante o mundo. Com Haushofer o período da “Geopolítica Clássica” se encerra a partir da sua morte (ARCASSA; MOURÃO, 2011). Haushofer nasceu em Munique na Alemanha em 27 de agosto de 1869, em uma família da burguesia intelectual alemã. Em 1887, quando tinha 18 anos, ele se alistou como oficial de carreira do exército (ARCASSA, 2014). Arcassa (2014) registra que, de 1908 até 1910 Haushofer viajou em missão diplomática ao Extremo Oriente. Em 1912 o alemão escreveu o seu primeiro livro, “Dai Nihon”, obra sobre o Japão. Em 1919 escreveu o seu segundo livro, “Orientações Fundamentais no Desenvolvimento Geográfico do Império Japonês, 1854-1919”.

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De acordo com Losanno (2008), o militar alemão iniciou os seus estudos somente com 50 anos, após abandonar a sua carreira militar. Com isso, em 1919 ele obtém o título de geógrafo pela Universidade de Munique, graças aos dois livros que foram resultados da sua permanência no Japão. Segundo Vesentini (2004), Haushofer lança uma revista sobre estudos geopolíticos que contou com o apoio de geógrafos, militares, cientistas políticos, historiadores, economistas e alguns professores universitários conceituados da época. A revista teve um grande impulso e o seu crescimento não permitiu que a Geopolítica se tornasse só mais uma ciência nova, mas sim uma Ciência de extrema importância. Para isso, a revista abordava diversos temas, como o “espaço vital” para a Alemanha – necessidade de novos territórios para a nação alemã, principalmente na Europa Central e na África (VESENTINI, 2004). De acordo com Andrade (1993), foi na Alemanha Nazista que o general e geógrafo Haushofer se tornou famoso por ter defendido a superioridade da raça ariana dos alemães e o direito de conquista dos territórios vizinhos. Ele utilizou a Geopolítica como base para justificar essas atitudes adotadas pelo Nazismo, governado por Adolf Hitler – III Reich da Alemanha Nazista, país que existiu entre os anos de 1933 a 1945. Hitler se apoiou em muitas ideias de Haushofer para justificar a sua política. Isso faz com que “a Geopolítica sai do âmbito das reflexões políticas ou acadêmicas para torna-se uma teoria que dirige ou justifique uma ação política” (LOSANO, 2008, p. 447). Haushofer criou a teoria da ordem mundial ideal, sendo constituído pela Alemanha, Rússia (URSS na época), Japão e os Estados Unidos, como os responsáveis pela dominância do mundo. Para o geopolítico, seriam essas as nações que teriam a capacidade de dominarem o mundo, devido as suas localizações.

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FIGURA 2 – Mapa da Nova Ordem Mundial para Haushofer.

Fonte: próprio autor.

A Figura 2 representa o mapa ideal da Nova Ordem Mundial para Haushofer, a partir de seus estudos. Para ele, uma aliança entre a Alemanha, Rússia e Japão, contra a Inglaterra, França e China, não envolvendo os Estados Unidos, seria a melhor estratégia. Conforme Vesentini (2004), essa divisão dividiria o mundo em quatro blocos ou zonas continentais, que constituiria da seguinte forma: 

Zona de influência alemã, que abarcaria a Europa (menos a Rússia), a África e o Oriente Médio;



Zona de influência estadunidense que seria toda a América;



Zona de influência russa, que abrangeria todo o território soviético e o Sul da Ásia; e



Zona de influência japonesa que compreenderia o Extremo Oriente, Sudeste Asiático e Oceania.

Mas, com a derrota da Alemanha Nazista na II Guerra Mundial, todos os chefes do governo hitlerista foram procurados, julgados e condenados. Mesmo que

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Haushofer, antes de ter sido acusado de ter participado junto com alguns militares e intelectuais em uma tentativa de assassinar Hitler para pôr fim à guerra (VESENTINI, 2004), não foi capaz de ser usada como justificativa. Com o fim da guerra e a derrota alemã, conforme Arcassa e Mourão (2011), a Geopolítica é marcada como uma “ciência alemã”, onde, cientificamente e ideologicamente o espaço vital e a vontade de conquista e dominação de Adolf Hitler foi usada com mais fervor. Em 1945, o grande geopolítico Haushofer foi preso pelos Aliados e proibido de dar aula na Universidade de Munique, até que no ano seguinte ele mata a sua esposa Martha Mayer-Doss e em seguida se suicida. Com a sua morte a geopolítica foi deixado de lado, pois graças a Haushofer e com a Alemanha Nazista de Adolf Hitler que a utilizou, deixou marcada a geopolítica como um produto do Nazismo. Depois de um tempo, alguns estudos de geopolítica começaram a surgir. A partir da década de 1970, Vesentini (2004) relata que, a Geopolítica volta com todo vapor. Ela vinha com novas teorias, que não estivesse ligada ao passado, sendo teorias voltadas com cunho ideológico, como o embate entre o Capitalismo vs. Socialismo, principalmente, da Guerra Fria ou sobre uma provável III Guerra Mundial, por exemplo. Existiram sim pesquisas que estivessem focados com o que era trabalhado até a II Guerra Mundial, mas não eram tão expressivos e não tiveram uma grande visibilidade. Nos países vencedores ela ficou marcada como uma ciência dos países derrotados (Alemanha, Itália e Japão) e quando era trabalhada, era por meio de uma forma de criticá-la e não a enriquecer com novas teorias e ou estudos.

2.2 A GEOPOLÍTICA NAS DIRETRIZES CURRICULARES DO PARANÁ

As DCEs (Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná) são documentos elaborados pelo Governo Estadual, junto com uma comissão contendo representantes do setor educacional, para servir como referência para o ensino da educação básica do estado do Paraná, sendo a Geografia uma das contempladas. Por meio da SEED/PR (Secretaria Estadual da Educação do Estado do Paraná), segundo Assunção (2012, p. 32), é publicado as DCEs [...] em 2008 a SEED/PR publica as DCEs representando o resultado de um processo de atualização e revisão do Currículo Básico que foi

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discutido e construído pelos professores da rede estadual, das equipes técnicas da SEED/PR e de Universidades.

No que se refere a Geopolítica, foi verificado a diretriz referente a disciplina de Geografia. A Geopolítica aparece na questão a respeito da dimensão econômica do espaço geográfico e a consideração da dimensão política do espaço geográfico. Para as Diretrizes Curriculares da Educação Básica Geografia, a Geopolítica é um dos itens da “apropriação da natureza e sua transformação em produtos para o consumo humano” (PARANÁ, 2008, p. 70). Posteriormente, a Geopolítica é abordada como uma área responsável por englobar, segundo Paraná (2008, p. 71), “os interesses relativos aos territórios e às relações de poder que os envolvem”. Por meio disso, Paraná (2008, p. 71) aponta que deve possibilitar ao aluno interpretar o espaço que vive [...] compreenda o espaço onde vive a partir das relações estabelecidas entre os territórios institucionais e entre os territórios que a eles se sobrepõem como campos de forças sociais e políticas. Os alunos deverão entender as relações de poder que os envolvem e de alguma forma os determinam, sem que haja, necessariamente, uma institucionalização estatal, como preconizado pela geografia política tradicional.

Em seguida, é tratado referente a Geografia no Ensino Médio, sendo que a temática Geopolítica se faz presente na diretriz. Só que antes dessa etapa, de acordo com Paraná (2008, p. 79), no Ensino Fundamental II espera-se que os alunos [...] tenham noções básicas sobre as relações socioespaciais nas diferentes escalas geográficas (do local ao global) e condições de aplicar seus conhecimentos na interpretação e crítica de espaços próximos e distantes, conhecidos empiricamente ou não.

Com essa formação vinda do Ensino Fundamental II, busca-se o aprofundamento e ampliação dos conhecimentos, partindo do respeito da abstração do aluno no Ensino Médio. Os conteúdos relacionados ao espaço geográfico global, como o continental e regional, devem ser melhor aprofundados, conforme destaca as diretrizes (PARANÁ, 2008). A Geopolítica surge, conforme se pretende no ensino de Geografia no Ensino Médio, de acordo com Paraná (2008, p. 79), através das seguintes perguntas [...] qual é a configuração geopolítica do mundo hoje? Sempre foi assim? Como era num passado recente? Por que mudou? Como foi esse processo de mudança de fronteiras e relações econômicas,

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sociais e políticas em diferentes países e regiões do planeta? Quais as consequências disso para o mundo?

E com isso, se espera que o aluno forma/construa com seu sensocrítico mais aprofundado, verificar como se dá a relação geopolítica global. Essa questão é importante, já que pode permitir ao aluno averiguar a relação local-regionalglobal.

2.3 IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO ENSINO MÉDIO

Como já abordado anteriormente, o ensino da Geopolítica no Ensino Médio possibilita o trabalho do senso-crítico do aluno. “Fazer com que os homens adquiram essa consciência crítica é uma das tarefas do [...] professor em Geografia que se preocupa com a cidadania e democracia” (GOMES; VLACH, 2006, p. 5, grifo nosso). O professor é um dos principais responsáveis em realizar a alfabetização política, sendo que o professor de Geografia devido sua formação tem uma responsabilidade extra. Na disciplina de Geografia do Ensino Básico os conteúdos da Geopolítica, segundo Teixeira e Silva (2015, p. 141), estão relacionados com questões voltadas para a formação do conhecimento político [...] suas contribuições são comumente voltadas à formação política e participativa do aluno, havendo portanto uma introdução básica ao desenvolvimento do conhecimento sobre representação política, funções e estruturação social, por meio do entendimento do espaço e das relações que ele articula sobre o território e concomitantemente em sua organização.

Esse papel da Geopolítica no ensino de Geografia na Educação Básica é relevante, uma vez que, principalmente, se tratando de alunos do Ensino Médio, o adolescente inicia nessa etapa a se envolver mais com questões políticas – não que antes iria – devido ao seu direito ao voto facultativo. Na Constituição Federal de 1988 art. 14 § 1 inciso II b garante o voto facultativo para maiores de 16 anos e menores de 18 anos (BRASIL, 1988). O voto facultativo significa que, o adolescente tem direito de voto em eleição (tanto Municipal, Estadual e Federal), de referendo populares (como aconteceu em 2005 sobre a proibição de comércio de armas de fogo e munição no

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Brasil), além de ter o direito de ir a não votar sem sofrer alguma punição e livre para fiscalizar os representantes políticos. Com o processo de amadurecimento e a vontade de discutir sobre política cada vez mais aflorado nos adolescentes nos últimos anos, graças às redes sociais na internet. Segundo Teixeira e Silva (2015, p. 143), os temas referentes à Geopolítica se relacionam com diversas questões sociais [...] à Geopolítica se encontram relacionados em distintas discussões na sociedade, principalmente pelos fatos adversos em que a relação de poder incorre, qualquer que seja sua forma.

Segundo Pegoretti, Oliveira e Frick (2015), por meio do ensino da Geopolítica que se conduz a uma alfabetização política nos futuros cidadãos. Por meio da Educação Básica no ensino de Geografia, nesse caso no Ensino Médio, o olhar espacial

desencadeará

estudos

das

geograficidades,

colaborando

com

o

melhoramento de outros campos geográficos e, com isso, poder exercer a cidadania. Se o ensino da Geopolítica for trabalhado de uma forma que possibilite

os

alunos

compreender,

geograficamente,

as

relações

político-

socioambientais que acontecem no lugar em que vive, por exemplo, já é um grande passo. Essa questão é importante, pois permitirá ao aluno a realizar o seu papel de cidadão individual (direitos e deveres) e coletivo, além de exigir do Estado – neste caso o Municipal, Estadual e Federal – melhorias.

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3 PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA

Atualmente o ensino exige do professor não só o conhecimento científico da disciplina. Mas demanda do professor uma prática pedagógica, que possibilite o aprendizado e a formação do senso-crítico do aluno. O formato de aula tradicional para os dias de hoje se mostra muitas vezes ineficaz. Mesmo assim, o formato de aula tradicional não deve ser banalizado por completo, mas deve-se ser melhor trabalhado quando se necessita desse modelo. Com esse problema, muitos pesquisadores apontam que a solução seria à buscar por novos métodos de ensino. Alguns afirmam que é preciso utilizar novas ferramentas para o ensino, já outros dizem que o professor deve modificar a sua forma de ensinar ou melhorar a sua didática. Considerando todas essas ideias, e entre outras, é plausível afirmar que elas estão ligadas à prática pedagógica do professor. De uma forma geral, o professor tem a possibilidade de inovar a sua forma de ensino. Um dos caminhos de inovar a aula é destacado pela PPI (Prática Pedagógica Inovadora). Mas o que é a PPI? Será que é possível trabalhar no ensino de Geografia a PPI? A PPI, conforme aponta Cunha (2008, p. 22), visa realizar “uma ruptura necessária que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade”. A autora destaca que a ruptura não é apenas a inclusão de novidades no ensino, principalmente tecnológicas, sob a ótica do meio técnico-científico-informacional, mas sim de um todo. Por meio disso, este capítulo abordou acerca da PPI, iniciando com uma introdução de seu significado. Nesta etapa se discute o conceito e como é tratada esta área do ensino. Em seguida, discutiu-se a “importância do professor inovar” o seu modo de ensinar. Essa abordagem é importante, pois foi trabalhado referente o porquê o professor deve inovar-se quando está ensinando. Após essas duas partes, será tratado sobre “o esporte como alternativa para o ensino de Geografia”. Foi discutido como o esporte pode ser um instrumento diferencial e inovador para o ensino geográfico na educação básica.

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3.1 CONCEPÇÕES GERAIS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA INOVADORA

A Educação Básica deve proporcionar oportunidades para os alunos por meio de uma educação de qualidade, sendo que só será alcançada através de transformações e ou modificações. É necessário que a escola se torne uma instituição que possibilite o acesso à conhecimentos, além de torná-los públicos e democráticos (FERNANDES; BLENGINI, 2012). Um dos caminhos para alcançar esse objetivo se dá por meio de uma prática pedagógica diferenciada, que possibilite permitir o acesso a ciência, leitura crítica e cidadania, de uma forma ampla. Boscoli (2007) aponta que, tomando por base que a escola deve proporcionar situações positivas de aprendizagem para os alunos poderem realizarem as relações entre o conteúdo aprendido no ambiente escolar com o mundo, é necessário motivar e inovar na sala de aula. Isso é necessário, uma vez que é o professor que tem a possibilidade de verificar a capacidade do (s) aluno (s) se estão compreendo. A sociedade mudou e a escola parece que não, mesmo existindo normas atuais como as DCEs. A maioria das aulas são realizadas na forma expositiva, formato que impossibilita o desenvolvimento do conhecimento. As aulas expositivas são aulas que focam no professor, tornando o aluno em um mero espectador (KRUGER; ENSSLIN, 2013). Segundo Selvatici e Silva (2014), a escola tem um importante papel social, não apenas na democratização dos conteúdos, mas como corresponsável pelo desenvolvimento individual de seus integrados, tendo que inseri-lo como cidadãos autônomos e conscientes na sociedade. É necessário mudar a escola e torná-la em um espaço motivador para o aluno (SANTOS; RUSCHEL; SOARES, 2012). Segundo Souza e Silva (2010), tendo o professor como principal responsável e capacitado por efetivar uma prática pedagógica diferenciada, é possível realizar a construção de situações didático-pedagógicas com mais precisão e eficiência. O professor tem um papel importante para o aluno, partindo da importância de tornar as aulas espaços/tempos proveitosos e não espaços/tempos perdidos. É necessário realizar a inovação das práticas pedagógicas aplicadas nas aulas e, consequentemente, tornarem o colégio “atrativo”.

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Um dos pontos indispensáveis para obter novos meios para o ensino se faz por meio da interação professor-aluno. Quando se interage com o aluno, o professor demonstra para ele que está conversando e não doutrinando e ou pregando. Além disso, o modo de comunicação no formato de diálogo possibilita transformar o silêncio da sala de aula em um local de diálogo de conhecimento. Só que, é preciso tomar certos cuidados com esse formato, uma vez que é indispensável haver um planejamento que garante o andamento correto da aula e não disperse o que deve ser discutido (AZZI; SILVA, 2000). O diálogo entre professor-aluno não permite tornar o conteúdo abordado “sem sentido”. Azzi e Silva (2000) expõem que, muitas vezes o professor abdica dessa interação e só realiza a transmissão de informações e conhecimentos. Nesse caso, a interação surge como algo secundário, suplementar e ou em uma eventual situação. Além da interação/diálogo entre professor-aluno, para se realizar as PPIs (Práticas Pedagógicas Inovadoras) são necessários à realização de estratégias que focam na efetivação da fabricação do conhecimento e do senso-crítico. As PPIs buscam alcançar a liberdade científica e cidadã do aluno. Como destaca Freire (2002, p. 12), “ensinar não é transferir conhecimento [...] mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido”. O professor e o aluno devem saber que vivência o conteúdo, como aponta Freire (2002, p. 21) [...] como professor num curso de formação não posso esgotar minha prática discursando sobre a Teoria da não extensão do conhecimento. Não posso apenas falar bonito sobre as razões ontológicas, epistemológicas e políticas da Teoria. O meu discurso sobre a Teoria deve ser o exemplo concreto, prático, da teoria. Sua encarnação. Ao falar da construção do conhecimento, criticando a sua extensão, já devo estar envolvido nela, e nela, a construção, estar envolvendo os alunos.

O autor demonstra a sensação que tinha como professor acerca da importância de ser mais dedicado à profissão. Os alunos não devem ser tratados como depósitos de informação, mas sim de formadores de opinião embasada. Freire (2002, p. 21), também destaca que um professor deve ser um aventureiro responsável, como ele era [...] como professor crítico, sou um “aventureiro” responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada que

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experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se.

A fala de Freire se relaciona muito com as PPIs, uma vez que o professor, mesmo com todas as suas dificuldades profissionais, necessita vislumbrar algo que colabore para a melhoria da educação. Para Germano (2015), o professor não deve ser um mero leitor, pois quando se leciona é importante antes de ir na sala de aula realizar a pesquisa do conteúdo que abordará. Mesmo proferindo para professores de Escola Dominical, Germano (2015, p. 2) consegue transmitir algo que também acontece no Ensino Básico [...] a mediocridade, a inconsistência, a falta de profundidade de algumas aulas são decorrentes do comodismo de professores que não “mergulham” nos livros, ou em outras fontes de informação e conhecimento, no preparo de suas aulas.

O autor ainda aponta que a pesquisa é uma importante fonte de conhecimento, já que envolve a leitura. Esse envolvimento possibilita ao professor estar em constante atualização do seu conhecimento e senso-crítico. Além do mais, não é coerente ser um professor sem ser ao mesmo tempo pesquisador. A pesquisa também é apontada como importante para o professor para Cunha (2004), ao afirmar como a investigação pode permitir a produção de conhecimentos, favorecendo a formação profissional e cidadã. A pesquisa instiga o professor a realizar uma autocrítica de seus pensamentos e experiências. As PPIs, de uma forma geral, buscam proporcionar na educação possibilidades de criar o interesse do aluno pelo conteúdo trabalhado e veja sentido nele. Infelizmente, em todas as disciplinas lecionadas no Ensino Básico no Brasil, alguns alunos não conseguem relacionar o tema ensinado na sala de aula com o mundo fora do colégio. Essa deficiência cria uma visão de o “por que estou aprendendo isso? ” Isso é preocupante. Calvente (2008, p. 3) aponta que a educação não pode ser apenas uma transferência de conhecimento [...] educação não é transferência do conhecimento, já que não existe um saber pronto, a verdadeira educação é um ato dinâmico e permanente de conhecimento, com descoberta, análise e transformação da realidade pelos que a vivem.

As PPIs mesmo sendo relevantes, antes de mais nada, precisam estarem alinhadas com as normas educacionais em ação do momento, e com o

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projeto político pedagógico da escola – os PPP (Projeto Político Pedagógico). Não adianta o professor realizar todo esse trabalho se não estiver entrelaçado com o que é determinado. De acordo com Tomita (2012, p. 43, grifo nosso) é “indispensável [...] o aluno se desvincule da prática de exaustiva memorização voltada para a reprodução e passe a adotar uma nova forma de pensar que o capacite a formular argumento de produção própria”. Tomita (2012, p. 43-44) aponta sobre a importância o professor lançar-se em um novo olhar [...] dentre inúmeras oportunidades, outra forma que possibilita atrair o gosto para o ensino de Geografia pode ser pelo uso de uma estratégia para que os alunos e professores entendam que, na sociedade atual, nossas vidas tornaram-se um grande desafio.

É interessante e bem aceito na sala de aula o uso de atividades, como caminhar, correr, dançar, cantar, pintar e entre outras, que contribuem para a interação do aluno. Essas e diversas alternativas possibilitam expandir o mundo do aluno e reconhecer que o espaço não é neutro e nem ocasional (TOMITA, 2012). Por meio dessas atividades e outras, possibilita tornar relevante a Geografia. Seguindo a ideia da autora, é possível relacionar o esporte nas PPIs, independente do conteúdo for trabalhado na Geografia. No caso da Geopolítica, o esporte é uma dessas formas que possibilitam contribuir positivamente para o ensino, graças à diversos exemplos que nações utilizaram o esporte como formar de realizar suas estratégias geopolíticas, além de trabalhar com algo do cotidiano do aluno e de fácil acesso à informação, mas que muitas vezes não é de conhecimento deles. A PPI visa a motivação e a criação pelo gosto pelo conhecimento por parte dos alunos, além de trabalhar com o senso-crítico de uma forma mais atrativa. Para que aconteça, é necessário no ensino de Geografia o professor estar alinhado com o pensamento, ação e sentimento (TOMITA, 2012). Se não estiver em sintonia com esses procedimentos, dificilmente o professor conseguirá despertar no aluno o gosto pela Geografia.

3.2 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR EM INOVAR

Muito se tem discutido sobre o modo que o professor deve trabalhar em sala de aula ou qual deva ser a forma em que deve ensinar. A maior parte dos

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professores utilizam o método de aula expositiva para ensinar o que se pretende. O problema é que, a maioria dessas aulas do método expositivo tornam “cansativas” e desinteressante para os alunos, além de oferecer ao professor uma rotina trabalhista sem sentido ou sem objetivo, graças a sua ação de evitar ao máximo “inovar as suas aulas”, já que impossibilita a inovação e fere o gosto profissional pelo magistério. Mas o que é esse método de aula expositiva? Godoy (1997) descreve que é a técnica de ensino mais antiga e utilizada na educação, de uma forma geral. Além disso, este método é muitas vezes colocado como o principal modelo de ser trabalhado em sala de aula, fazendo com que os outros modelos sejam apenas complementares. No Brasil o modelo de aula expositiva, denominada de aula tradicional por alguns, vem do período dos jesuítas, de acordo com Lopes (2012), como primeiro modelo formal de ensino utilizado no país e era baseado na estratégia da oratória. Este modelo foi muito usado no período da colonização dos portugueses no Brasil e persiste fortemente no ensino atualmente. Mas o método de aula expositiva não deve ser abandonado ou banalizado, pois em certas situações essa prática é a melhor alternativa para ser utilizado. O problema é que alguns professores colocam esse método como o único e que outros métodos não seriam apropriados ou não se encaixam. Mas por que será? O método de aulas expositivas tem seus pontos favoráveis, dependendo do conteúdo. Este método “pode despertar a motivação do discente para uma temática especifica, quando estabelece relação entre fatos de interesse do aluno e os objetivos gerais da disciplina” (GODOY, 1997, p. 77). Para isso, é preciso o docente “inovar”, conforme Pensin e Nikolai (2013), quando afirmam que a inovação está ligada na educação a orientações tecnicistas de ensino e aprendizagem. Essas modificações buscam incluir novas formas para o ensino, sem descartar os processos pedagógicos tradicionais. No minidicionário Bueno (2000, p. 438) o termo inovar é definido como “renovar; introduzir medidas novas; reformar; modernizar; atualizar”. Esse termo cada vez mais fazendo parte da educação, uma vez que diversos estudos buscam a inovação no ensino, principalmente na Educação Básica. O termo inovação significa “novidade; reforma; modernização; atualização” (BUENO, 2000, p. 438), e na educação sempre se está procurando essa inovação. Por isso, é preciso que o professor se inova e, porque não, se reciclar. A reciclagem profissional é necessária

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no magistério, uma vez que a sociedade sempre se está se modificando e o professor precisa acompanhá-la, como diversos profissionais fazem ao longo de seu período profissional. Uma das formas abordadas para inovar o ensino se refere a utilização de recursos didáticos, conforme Barbieri (2011, p. 31) destaca, “possibilitam ao professor trabalhar com metodologias diferentes os mesmos conteúdos”. Com isso, é possível conseguir alcançar o objetivo com um número maior de alunos, porque alguns possivelmente tem dificuldades de aprendizado e com os recursos possibilite a integração desses alunos. Para Tomita (2012, p. 35), “o ensino é um processo interativo, diferente de doutrinar, pregar, anunciar ou meramente repassar conteúdos e informações”. As atividades realizadas devem focar a aprendizagem e possibilitar desenvolver a capacidade de visão e leitura crítica do mundo e do meio em que se está inserido. O professor precisa ter a consciência do importantíssimo papel que a sua profissão tem para a sociedade, e com isso buscar alternativas para as suas aulas, mesmo com os problemas encontrados. Sobre os recursos didáticos, Ramos (2012, p. 15) aponta que os recursos tecnológicos estão se tornando um dos caminhos que auxiliem a educação [...] os recursos tecnológicos são instrumentos de inovação na mediação entre o ensino e a aprendizagem, que são utilizados como ferramentas através de práticas pedagógicas que são mediadas através do professor, através de atividades em sala de aula, que envolva o aluno no processo de ensino.

Com o avanço rápido da tecnologia e a aproximação cada vez mais cedo na vida humana com os aparelhos tecnológicos, estão ocorrendo mudanças na sociedade. A educação, segundo Rodrigues e Barni (2009, p. 8835), está sendo impactada [...] os recursos tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem passam por mudanças rápidas na sociedade contemporânea, que vem afetando diretamente o papel da escola como articuladora do conhecimento sistemático.

Mas não são apenas os recursos tecnológicos os responsáveis pela inovação na educação, mas também há outros meios que estão sendo proposto, tais como o “trabalho de campo”. Independente de atividade ou recurso que o professor utilizar, deve-se ter a clareza do real objetivo que se pretende e qual é o ganho para

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a educação. O professor, em certos casos, é a única saída ou chance de oportunidade de mudança na vida do aluno, então é necessário que o professor, mesmo com as situações encontradas no magistério, tenha consciência e cuidado do seu papel na sociedade.

3.3 O ESPORTE COMO ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA

Como já abordado no subcapítulo anterior, o professor necessita buscar meios que contribuem para o ensino do aluno. Meios, como o uso de aparelhos tecnológicos são abordados por diversos pesquisadores que discutem sobre as suas contribuições para o ensino. O esporte é um desses meios que possibilitam contribuir para o ensino do aluno, principalmente neste caso a disciplina de Geografia. O esporte faz parte do dia a dia da sociedade e representa diversas situações para cada cultura. Para determinadas pessoas o esporte é uma forma de expressão cultural, outros utilizam o esporte como negócio lucrativo e, para alguns, como uma atividade física. É difícil habituar-se em uma sociedade sem termos a prática do esporte, pois essa expressão ou prática faz parte da nossa história. O esporte sempre acompanhou a evolução da sociedade, sendo difícil de apontar exatamente quando apareceu. Atualmente existem diversas modalidades praticadas no mundo inteiro, a exemplo do futebol, do basquete e do vôlei. Mas também existem modalidades praticadas em determinados lugares apenas, como o Sepak Takraw3. Mas o que significa o termo esporte? No minidicionário Bueno o esporte é uma “prática metódica dos exercícios físicos; divertimento; distração” (BUENO, 2000, p. 322). O esporte, academicamente, é definido como uma atividade física que trabalha com as habilidades motoras, focando uma ou diversas partes do corpo, dependendo da modalidade, como aponta Barbanti (2006, p. 57) sobre o que é o esporte [...] uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. 3

Esporte popular praticado no Sudeste Asiático e que é jogado com uma bola de fibra sintética e por duas equipes de três jogadores separados por uma rede parecida com a do vôlei (GLOBO ESPORTE, 2014).

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Entretanto, essa definição se aplica melhor para o esporte organizado ou profissional, como a Copa do Mundo de Futebol, por exemplo. Agora, o esporte praticado no dia a dia não se aplica nessa definição. A melhor forma de definir o desporto é dizer que é uma “recreação” (BARBANTI, 2006, p. 58). No minidicionário Bueno (2000, p. 659), recreação é “recreio; lazer; divertimento”. Desta forma, podemos definir que esporte é uma prática de repouso, de divertimento ou descanso. Portanto, o esporte é uma expressão de atividade física que é realizado por diversos motivos. O desporto serve tanto para a saúde quanto fonte de renda. Mas qual é relação que o esporte pode ter com a disciplina de Geografia no Ensino Básico? Pode parecer estranho imaginar duas áreas distintas se interrelacionando, com foco o ensino do senso-crítico, mas na verdade já existem estudos relacionados com esse objetivo. Para que seja possível realizar a relação do esporte com a disciplina de Geografia, o professor deve partir da interdisciplinaridade. De acordo com Fazenda (2011), o termo interdisciplinaridade não possuí um significado exclusivo, pois se trata de um neologismo. Mesmo não tendo uma única definição, a interdisciplinaridade é muitas vezes apontada como uma relação de duas ou mais disciplinas. Augusto et al. (2004, p. 278) apontam que a “interdisciplinaridade é entendida como a necessidade de integrar, articular, trabalhar em conjunto”. Para isso, o professor deve buscar o trabalho da interdisciplinaridade como um caminho para realizar a inter-relação esporte-Geografia. Visto como, são os professores os protagonistas na implantação das práticas interdisciplinares na Educação Básica (AUGUSTO et al., 2004). O professor de Geografia tem a possibilidade de trabalhar com diversas temáticas na ciência geográfica aproveitando o esporte como uma ferramenta e ou meio. É possível realizar atividades relacionando com a Cartografia; Clima; População e Geopolítica – como este presente trabalho buscou. O professor pode articular com outro ou mais professores de outras disciplinas para realizar o que se pretende, como um projeto. A interdisciplinaridade, como destaca Ferreira (2010, p. 14), faz o professor sair de sua zona de conforto

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[...] a interdisciplinaridade se efetiva como uma forma de sentir e perceber o mundo e estimula o sujeito do conhecimento a aceitar o desafio de sair de uma “zona de conforto” protegida pela redoma do conteúdo das disciplinas e retomar o encanto da descoberta e da revelação do novo e complexo processo de construção do saber.

Para Machado (2009), é possível trabalhar o lugar com o esporte, uma vez que o país sede de algum evento esportivo pode ser considerado, mesmo em um curto período, como o lugar da modalidade ou jogos. O autor cita o exemplo do futebol, que durante a Copa do Mundo de Futebol, organizado pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association4), o país sede se torna o espaço vivido desta modalidade, uma vez que o cotidiano de relações entre firmas, instituições e pessoas se encontram ali. Já para Alburquerque (2012) a orientação pode também ser utilizada para o ensino, modalidade esportiva essa representada pela CBO (Confederação Brasileira de Orientação) no Brasil, esporte este que surgiu em 1918 como forma de treinamento na academia militar da Escandinávia, até se tornar em um esporte no qual o jogador deve passar por pontos de controle delimitados em um terreno desconhecido. Além desse objetivo, o competidor deve realizar no menor tempo possível e contendo o auxílio de mapa e bússola. Por meio desse esporte é possível trabalhar com a Cartografia no ensino, uma vez que se faz necessário o trabalho sobre a questão da localização e da leitura cartográfica. Os esportes de inverno também podem ser utilizados como ferramentas para o ensino da Geografia Física, de uma forma geral, mesmo o Brasil não sendo uma potência nessa área do esporte. E os espaços construídos para a prática esportiva, tanto profissional quanto para a comunidade, são meios de trabalhar a questão da urbanização, por exemplo. O interessante é que existem diversas possibilidades do esporte ser uma ferramenta para o ensino de Geografia. Mesmo com todas as dificuldades que a carreira docente se encontra no Brasil, antes de mais nada o professor precisa ter a consciência de seu papel na formação da sociedade, desde o desenvolvimento do futuro profissional até do novo cidadão, principalmente. Se o professor deseja contribuir com a melhora da educação no país ele (a) precisa modificar a sua forma de trabalhar e, com isso, fazer parte de

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Tradução: Federação Internacional de Futebol.

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uma mudança positiva na educação. Os caminhos da mudança são difíceis, mas precisam ser realizadas. O esporte pode ser uma passagem para o desenvolvimento social. A relação esporte-Geografia possibilita um melhor trabalho que contribua para o desenvolvimento da leitura crítica do futuro cidadão, como ensiná-lo a exigir os seus direitos e de realizar os deveres perante a sociedade. O esporte possibilita contribuir muito no ensino de Geografia, mas depende extremamente do professor.

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4 RELAÇÃO ESPORTE-GEOPOLÍTICA: A REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL

Como já abordado no capítulo anterior acerca da importância do professor buscar a inovação de sua atuação profissional, visando proporcionar uma melhor compreensão do conteúdo para o aluno, além de possibilitar o desenvolvimento de sua leitura crítica, o professor necessita não ter medo de sempre realizar uma autocrítica de sua forma de atuação. Também deve não ter medo de usar ideias novas que pareçam sem nexo com o conteúdo ensinado. Por meio disso, este trabalho buscou realizar uma relação de uma área da sociedade em uma temática abordada da disciplina de Geografia na Educação Básica. Foi utilizado o esporte como uma ferramenta auxiliadora para o ensino de Geopolítica, uma vez que o mundo esportivo tem um potencial grande de contribuição para o ensino da Geografia. Com esse objetivo, este capítulo focou em apresentar os resultados sobre o uso do esporte no ensino de Geopolítica na disciplina do Geografia. A pesquisa foi realizada no 3º ano do Ensino Médio, do período noturno do Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros. Esta instituição de ensino está localizada na rua Serra do Roncador, nº 574 – no bairro Jardim Bandeirantes (Região Oeste), LondrinaPR. Inicialmente, o capítulo começa abordando sobre os “procedimentos metodológicos”. Nesta parte foi exposta como se deu o processo de montagem da atividade realizada e uma breve caracterização geral da instituição de ensino em que foi executada a pesquisa. A seguir é apresentado sobre a “proposta pedagógica” realizada. Logo após essa etapa, é discutido sobre “a relação esporte-Geopolítica: a regionalização do espaço mundial”, parte está, em que é abordado sobre os resultados obtidos na atividade realizada.

4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Foi definido o Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, localizado no município de Londrina-PR, como o local de realização da pesquisa. Foi determinado, conforme a orientação da professora local, realizar em uma turma do 3º

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ano do Ensino Médio noturno. O colégio foi fundado por meio do Decreto nº 17.781 de 30 de dezembro de 1969, iniciando a funcionar no ano de 1970. Atualmente o colégio oferece três etapas da Educação Básica – Ensino Fundamental II; Ensino Médio; e EJA (Ensino de Educação de Jovens e Adultos). O seu funcionamento se dá nos horários matutino, vespertino e noturno (COLÉGIO ESTADUAL ANTÔNIO DE MORAES BARROS, 2010). Antes do preparo da aula, foram realizados diversos encontros com o orientador e, posteriormente com a professora do colégio. Nessas reuniões foram discutidos sobre como se daria a parte prática desta pesquisa. Foi importante a realização dessas conversas, pois possibilitou detalhar o máximo possível que se precisa para atingir o objetivo principal definido inicialmente no projeto. Após essa etapa de reuniões com o orientador e a professora do colégio, foi feito o levantamento bibliográfico sobre a temática definida e a filtragem delas. Buscou durante o processo de preparo da aula, utilizar autores que poderiam contribuir para a parte prática, além de possibilitar aos alunos uma melhor compreensão do tema e verem sentido em suas vidas e na atividade. Na preparação da aula foram definidos a ordem dos conteúdos que seriam ensinados e realizado uma atividade que possibilitasse o aluno poder demonstrar o quanto compreendeu. Nesta avaliação buscou não a tornar “decoreba”, mas sim avaliar a leitura crítica do aluno quanto ao conteúdo abordado.

4.2 PROPOSTA PEDAGÓGICA

Foi definido nas reuniões com o orientador e a professora do Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, que a parte prática da pesquisa fosse realizada no formato de aula de oficina, com a duração de duas horas aulas – uma aula de 50 minutos e outra de 45 minutos – sendo que seriam a quarta e quinta aula do dia 29 de junho de 2016. Foi escolhida essa modalidade porquê possibilita permitir a realização de diálogos mais abertos com os alunos (MARTINS; FREITAS; FELDKERCHER, 2009). Tinha-se definido realizar mais de uma oficina, mas imprevistos surgiram e impossibilitaram. Inicialmente, foi proposto realizar três oficinas com a mesma duração da realizada, sendo que a primeira iria ser trabalhada toda a definição da Geopolítica, a segunda seria trabalhada sobre a relação que o esporte tem na

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Geopolítica e como alguns dados refletem o poder de investimento dos países no esporte. Por fim, a terceira oficina seria realizado uma atividade que buscasse verificar a compreensão dos alunos sobre o que tinha sido trabalhado. Mesmo não sendo possível realizar dessa forma, foi possível verificar o interesse pela temática por parte dos alunos e da professora do colégio. Sobre a escolha de realizar no formato de oficina as aulas, Martins, Freitas e Martins, Freitas e Feldkercher (2009, p. 4356), apontam que esse formato permite a independência ao professor [...] a oficina pode estabelecer uma independência das ações educacionais em relação aos modelos que priorizam mais uma área do saber do que outra, ou seja, oportuniza estratégias de resistência à qualificação ou desqualificação de saberes pelas agências oficiais de ensino.

Decidido o formato da aula, foi realizado o plano da mesma contendo o conteúdo abordado e como se daria à avaliação dos alunos. No Apêndice 1 se encontra o plano de aula da oficina e utilizou-se um modelo de plano de aula elaborado pelo Prof.º Ms. Paulo Negri (NEGRI, 2008). De início, foi determinado começar realizando as seguintes perguntas para os alunos responderem: Por que o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos de Verão 2016? Qual é a importância que um evento esportivo de grande porte tem para um país sede? Depois das opiniões dadas pelos alunos, foi iniciado o desenvolvimento da oficina, conforme é exposto logo a seguir.

PRIMEIRA ETAPA: Foi realizado uma breve introdução do significado da Geopolítica e como se deu o processo de sua formação. Para não deixar o início no formato de aula expositiva e semelhante como uma aula da disciplina de História, foi perguntado para os alunos citarem exemplos de nações ou povos que eles conhecem, relacionados com o conteúdo abordado, para não permitir logo o desinteresse ou criar uma ideia de não importância da Geopolítica. Também foi colocado um mapa-múndi disponível no colégio no meio do quadro e disponibilizado um altas geográfico5 para cada aluno, que serviram de material de apoio, já que a intenção era não permitir a dispersão dos alunos e ou não compreensão do conteúdo abordado.

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IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. 218 p.

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SEGUNDA ETAPA: Terminada a primeira etapa, se iniciou a etapa seguinte com uma discussão sobre como o esporte é utilizado pelas nações como forma de realizar disputas geopolíticas. Foram apresentados alguns exemplos e perguntados o porquê essa (s) nação (ões) usam, algumas vezes, as modalidades esportivas como local de disputa geopolítica.

TERCEIRA ETAPA: Nesta etapa trabalhou-se relacionando o conteúdo definido pela professora do colégio, de acordo com seu cronograma letivo, com a temática Geopolítica. Esse conteúdo se refere sobre as regionalizações mundiais criadas ao longo do Século XX, como forma de dividir os países de acordo com algumas características – econômico; desenvolvimento; e renda. Para isso, foi utilizado o livro didático da série como material de apoio. A Figura 3 mostra a capa do livro didático “Geografia: espaço e vivência” vol. 3 e 2 ed. da editora Saraiva. Os autores são Levon Boligian e Andressa Turcatel Alves Boligian. FIGURA 3 – Livro didático utilizado.

Fonte: Boligian e Boligian (2013).

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QUARTA ETAPA: Nessa etapa, foi realizada a comparação – em forma de discussão – dos mapas de Renda per capita dos países do mundo de 2010 e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)6 dos países do mundo de 2010, disponíveis no livro didático do colégio, com dados referentes as medalhas ou destaques esportivos que algumas nações possuem. A Figura 4 mostra o mapa de Renda per capita dos países do mundo de 2010 localizado na página 65 do livro. FIGURA 4 – Mapa de Renda per capita dos países do mundo de 2010.

Fonte: Boligian e Boligian (2013).

Já a Figura 5 representa o mapa de IDH dos países do mundo de 2010 situado na página 68 do livro didático.

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O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento (UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME, 2016).

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FIGURA 5 – Mapa de IDH dos países do mundo de 2010.

Fonte: Boligian e Boligian (2013).

Em seguida foi solicitado que os alunos citassem exemplos que conhecem de disputas fortes entre países no esporte.

QUINTA ETAPA: Nesta etapa foi realizada uma atividade que compõe de duas partes, sendo que a primeira constituiu em colorir dois mapas políticos da América do Sul, conforme é pedido na legenda. Essa atividade, segundo Alves e Siebra (2009, p. 5), permite trabalhar a localização do espaço [...] as diversas representações cartográficas quando utilizadas ou trabalhadas em sala de aula, com base em uma metodologia que defina tais métodos cartográficos constituem elementos importantíssimos para a compreensão e localização do espaço.

No Apêndice 27 se encontra a atividade aplicada, como forma de verificar a compreensão dos alunos. Para a realização dessa atividade foi passado na O mapa utilizado na atividade está disponível no blog “Meu Mundo Geográfico”, no link http://meumundogeografico.blogspot.com.br/2014_02_01_archive.html. 7

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lousa o número total de medalhas dos países da América do Sul nos Jogos PanAmericanos e Jogos Olímpicos de Verão. Na Tabela 2 é demonstrado a quantidade de medalhas8 nesses dois eventos esportivos. TABELA 2 – Total de medalhas dos países sul-americanos nos Jogos PanAmericanos e Jogos Olímpicos de Verão. JOGOS PANAMERICANOS TOTAL DE MEDALHAS 1050 8 1205 286 484 119 18 10 112 10 83 575

PAÍS Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Guiana Paraguai Peru Suriname Uruguai Venezuela

OLÍMPIADAS DE VERÃO TOTAL DE MEDALHAS 70 0 108 13 19 10 1 1 4 2 10 12

Fonte: Quadro de Medalhas (2016) e Bets Sports (2016), adaptado pelo autor.

Depois os alunos realizaram uma comparação dos dois mapas trabalhados, na etapa anterior, junto com as informações obtidas nos mapas coloridos. Essa divisão permitiu o aluno compreender a importância que as modalidades esportivas têm para algumas nações e não para outras, além de verificar o porquê certas nações são potentes em alguns esportes e não em outros. Foram abordadas características culturais, econômicas, da educação e da política, que estão interligados ao esporte e mostrar como o esporte não é apenas uma prática de entretenimento.

4.3 RESULTADOS OBTIDOS

Foi definido durante as reuniões com o orientador e a professora do colégio, trabalhar com o seguinte tema: “A Regionalização do Espaço Mundial”. O

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Como essa atividade foi realizada antes dos Jogos Rio 2016, foi demonstrado o total de medalhas olímpicas conquistadas pelos países até as Olímpiadas de Londres 2012 e Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015, no quadro.

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capítulo apresenta uma breve introdução das divisões políticas realizadas durante o Século XX, bem como a divisão dos aspectos naturais, separando-as pelos seguintes critérios. Por meio das seguintes perguntas: Por que o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos de Verão 2016? Qual é a importância que um evento esportivo de grande porte tem para um país sede? Se deu o início da oficina. Nesse começo, os alunos, de uma forma geral, opinaram que a Rio 2016 e outros eventos esportivos, só serão realizados no Brasil como motivos para a corrupção; “festa para rico”; tirar dinheiro de áreas importantes, como da saúde e da educação; e de enganar o povo. Essa visão dos alunos se deve a crise política, com o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e os casos de corrupção em vários setores, além da recessão econômica que o país passa durante a realização da pesquisa. Outra justificativa se refere aos gastos exorbitantes para a realização desses megaeventos no Brasil, comparado com edições esportivas de outros países. Em comparação com edições da Copa do Mundo de Futebol, a edição realizada em 2014 no país teve um custo total de R$ 27,1 bilhão, contendo obras inacabadas espalhadas por todo o Brasil e a construção de elefantes brancos (RIZZO, 2015), em comparação com a edição de 2006 disputada na Alemanha, que teve um custo de € 1,410 bilhão9 (MATTOS, 2006). Já a Rio 2016 é previsto ter um custo total em torno de R$ 42 bilhões10, em comparação com os Jogos Pan-Americanos realizado em Guadalajara no México em 2011, que custou US$ 1,34 bilhão no total na época – US$ 947,5 milhões da iniciativa privada e US$ 296,2 milhões da iniciativa pública11. Mesmo que sejam justificativas plausíveis foi necessário instigá-los perceberem o real sentido que esses eventos têm para o país. Infelizmente, devido a todas essas causalidades que aconteceram durante o processo de preparação dos eventos esportivos no país, os governantes desviaram o verdadeiro foco que se tem quando se aceita realizar um evento esportivo e, com isso, a sociedade começa a criar uma visão diferente do real objetivo que se espera. A partir de uma rápida citação de

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R$ 4,2 bilhão na época da reportagem; NOTÍCIAS AO MINUTO. Rio-2016: custo total estimado é de R$ 42 bilhões. 2016. Disponível em: . Acesso em: 06 set. 2016; e 11 DELMANTO, Júlio. Guadalajara usa Pan do Rio como exemplo do que não fazer em megaeventos. 2011. Disponível em: . Acesso em: 06 ago. 2016. 10

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exemplos de países que foram sedes de eventos esportivos, com o propósito de mostrar para o restante do mundo a sua força, foi possível os alunos compreenderem melhor sobre ser sede de um evento de esporte. Após essa parte, foi realizado uma breve introdução de Geopolítica, abordando como ela se iniciou; quem foram os grandes pensadores e as suas ideias; relacionando exemplos práticos como forma de mostrar sentido – algumas vezes usando até ações realizadas por parte do Brasil, como justificativa de abordar algo próximo do aluno – e; instigando o conhecimento dos alunos para trabalhar o sensocrítico. Notou-se que, mesmo sendo um conteúdo já programado na grade curricular da série, é possível utilizar técnicas ou instrumentos, com o objetivo de proporcionar uma melhor compreensão do conteúdo e tornar a aula mais atrativa. Os alunos, até os ditos não participativos ou não que mostram interesse pela aula, foram os que mais contribuíram, devido as dúvidas que eles questionaram e a necessidade de buscar respostas, conforme o relato da professora do colégio ao final da oficina. Depois foi trabalhado com o livro didático, focando sobre as regionalizações do espaço mundial. Para isso, foi posto um mapa-múndi no meio do quadro de giz e entregue um atlas geográfico disponível no colégio para cada um. É importante que cada um tenha o material em mãos, uma vez que não permite ou evita distrações ou desatenções durante a oficina. Foi interessante essa parte da oficina, já que os alunos puderam trabalhar a leitura cartográfica e conseguirem compreender melhor algo que parece sem nexo, como as regionalizações criadas por alguns países. De acordo com alguns relatos por parte dos alunos, compreenderam que ao longo da história determinados países foram os responsáveis por regionalizar o mundo, conforme os seus interesses, e não de acordo com questões regionais. Teve até um comentário de um dos alunos, dizendo sobre como os países do continente africano foram regionalizados não respeitando os povos locais, causando guerras civis em vários países. Por fim, se deu a realização da atividade individual, como forma de verificar a compreensão diante o conteúdo abordado. Realizado toda a parte prática, se deu a análise das atividades realizadas pelos alunos. A finalidade dessa análise objetivou, verificar se tem a possibilidade de usar o esporte nas aulas de Geopolítica da disciplina de Geografia no 3º ano do Ensino Médio. Por meio disso, se observou nas atividades alguns pontos, positivos e negativos.

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A Figura 6 (Atividade aluno 1), exibe o resultado de um dos alunos. Nessa figura se vê no primeiro exercício o acerto de quase 100% nos mapas, errando apenas na parte de definir qual legenda Suriname se encaixaria no mapa dos Jogos Pan-Americanos. Mas é possível notar a precisão que esse aluno buscou em localizar o quadro que se encaixa cada país, procurando indicar corretamente. O mesmo acontece no mapa seguinte, referente aos Jogos Olímpicos de Verão. Já no segundo exercício, de acordo com o aluno 1, todos os países sul-americanos contêm diversas conquistas nos Jogos Pan-Americanos, e com índices altos, principalmente Brasil e Argentina, mas que nos Jogos Olímpicos essa realidade muda. Para ele, isso se deve porque os países mais desenvolvidos contêm índices maiores diante dos sul-americanos por causa do poder de investimentos em áreas estratégicas, como a educação e esporte. Já os países sul-americanos por não poderem ter essas mesmas condições socioeconômicas, os impedem de se tornarem grandes potências esportivas mundiais. Se nota como esse aluno, utilizando os mapas e o que foi abordado na oficina, conseguiu compreender e relacionar como o fator socioeconômico do país poderá refletir em seus desempenhos esportivos, independente de competição. Em países com maior investimento, maior será as suas conquistas esportivas, já que esse país contém um poder de investimento maior diante de outros, conforme o aluno depois relatou no final da oficina sobre como conseguiu relacionar esses fatores.

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FIGURA 6 – Atividade aluno 1.

Fonte: o próprio autor.

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Percebeu-se por meio da rápida leitura realizada pelo aluno, verificar a compreensão que se teve em relação a fatores econômicos e educação, duas áreas importantíssima que impactam a realidade esportiva do país. A Figura 7 mostra o resultado do segundo aluno.

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FIGURA 7 – Atividade aluno 2.

Fonte: o próprio autor.

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Nesta figura é possível verificar a quase totalidade de acerto nos mapas - esqueceu apenas de indicar a Colômbia no mapa dos Jogos Olímpicos de Verão – e conseguiu oferecer uma resposta, mesmo que superficial, interessante no segundo exercício. De acordo esse aluno, como o Brasil tem IDH alto e renda per capita maior, em comparação com seus vizinhos, permite ao país realizar mais investimentos em diversas áreas, como educação, em comparação com os outros países sul-americanos, além de também permitir ao Brasil realizar maiores investimentos nos atletas para as competições esportivas, neste caso nos Jogos Olímpicos. Por meio dessa leitura, possibilita verificar a relação que o IDH, junto com a renda per capita, permite ao país ter um certo privilégio em poder direcionar mais investimentos para o esporte, em comparação com outros. Se observou na leitura do aluno, que esse privilégio só acontece por causa do seu desenvolvimento ser maior que outros países e, com isso, o Estado pode realizar investimentos. Já a próxima figura (Figura 8) demonstra um resultado interessante para a educação, principalmente para o ensino de Geografia na Educação Básica. Não foi apenas esse aluno, mas por meio de outros também foi possível constatar a má formação cartográfica que tiveram durante o seu processo de ensino. Por meio da Figura 8, demonstra um exemplo dessa má formação cartográfica, algo que deve ser levado em consideração porque se trata de um aluno do 3º ano do Ensino Médio (a última série da Educação Básica no Brasil), que não sabe interpretar mapas. Essa situação é inquietante, pois a leitura cartográfica permite o aluno compreender o espaço, conforme destacam Rios e Mendes (2009, p. 1-2) [...] o domínio da linguagem cartográfica constitui-se num fator de relevância para o desenvolvimento e ensino dos conteúdos relacionados a Geografia entre outras disciplinas escolares, [...] porque a partir desses conhecimentos, os alunos, passam a compreender melhor a organização do espaço onde eles se encontram, minimizando dessa forma as dificuldades nas séries posteriores, onde os conteúdos se apresentam de forma mais complexa.

Esse problema se deve ao seu processo de alfabetização cartográfica durante a sua formação. Essa deficiência é um dos fatores que causam a sensação do “sem sentido” ao estudar Geografia, além de permitir criar uma imagem que a Geografia não serve ou sem importância na vida dele. Claro que a carreira de

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magistério no país sofre muitos problemas, mas é preciso verificar como modificar essa realidade e pôr em prática. Sobre o exercício realizado de forma incorreta, nota-se o erro grave cometido quando indicou a localização do país Equador nos dois mapas da atividade. Para esse aluno, mesmo com um atlas geográfico e o livro didático em mãos, além de um mapa-múndi exposto no meio da lousa, o país Equador se localiza no Oceano Atlântico. Mesmo escrito em itálico o nome Equador para diferenciar do outro nome Equador (país), esse aluno não acertou. Outro erro se deve também aos números expostos no quadro do total de medalhas, indicado de forma incorreta no mapa e, consequentemente, na legenda. Já no segundo exercício, o aluno respondeu que nos Jogos PanAmericanos todos os países têm resultados positivos, até mais que Brasil e Argentina, e nos Jogos Olímpicos todos têm resultados péssimos, tendo apenas o Brasil como destaque. Infelizmente, alinhado com alguns erros cometidos no exercício anterior, se nota uma certa dificuldade de poder relacionar as informações fornecidas pelos mapas, junto com o conteúdo já abordado antes, além dos mapas disponibilizados, indicar que Brasil e Argentina contém menos medalhas que os outros países sul-americanos não é correto. Esses dois países são os maiores vencedores nessas competições no continente, devido aos fatores abordados durante a oficina.

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FIGURA 8 – Atividade aluno 3.

Fonte: o próprio autor.

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Infelizmente esse não foi o único caso. Houveram casos de alunos localizarem um país no lugar de outro ou de não indicar qual legenda fornece a informação do país. Não é positivo essa situação que alguns alunos tiveram em trabalhar com mapas, pois eles são meios de transmissão de informação (ABREU et. al., 2004). Mesmo com esses resultados negativos, houveram casos positivos, como acertos nos mapas e respostas relevantes, como o fator IDH em relação ao tamanho da capacidade de investimentos oferecem uma garantia de maiores investimentos na população, que resulta melhores índices esportivos, neste caso o Brasil diante de seus vizinhos. Além desses problemas constatados, outros como a falta de interesse em ler em público ou conseguir formular a opinião na pergunta dois, foram os mais encontrados. Sobre a importância de trabalhar a leitura em público, de acordo com Silva e Almeida (2014, p. 5), o incentivo à leitura permite compreender o mundo e as particularidades em seu entorno [...] A internalização da leitura é um processo de compreensão de mundo que envolve características singulares da criança ou adolescente, levando a sua capacidade simbólica e de interação com outra palavra de mediação marcada no contexto social possibilitando a cognição do que foi lido.

Essa deficiência causa preocupação, já que são alunos do 3º ano do Ensino Médio e que estarão aptos a realizarem concursos públicos e vestibulares públicos, podendo sentirem mais dificuldade que outros nessas avaliações. No final da aula os alunos relataram a importância que a Geopolítica tem para a sociedade, já que por meio dela é possível compreender as ações realizadas pelos países. Outros disseram que não irão mais olhar com a mesma visão quando assistirem algum evento esportivo, principalmente os de níveis internacionais. Já uma aluna disse que agora entende o porquê alguns países investem muito na formação de um atleta, principalmente no caso dos Estados Unidos e recentemente da China, como forma de mostrar perante o mundo a capacidade de sua nação. Esse trabalho é importante porque pode demonstrar para os alunos que o esporte não é separado das relações sociais, econômicas e políticas, além de não ser exclusivamente como uma prática sem interesse por parte do governo. Por meio dessa pesquisa os alunos compreenderam a relação que o governo brasileiro vem realizando nos últimos anos no esporte, como o bolsa atleta, como forma de

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mostrar que o Brasil é forte ou potente. Outro ponto, mostrou como as regionalizações ao invés de integrar o mundo, servem como forma de segregar. A oficina conseguiu envolver todos os alunos, já que envolveu algo do cotidiano do dia a dia. Por pouco a oficina não conseguiu ser realizada no tempo determinado devido a participação dos alunos. Essa

oficina

proporcionou

resultados

relevantes,

mostrando

deficiências de conteúdo do meio acadêmico. Mas não devemos apenas verificar como se encontra a educação brasileira, mas sim procurar como melhorá-la. Nesse caso o esporte é mais um artifício positivo e relevante, não só para o ensino de Geopolítica, mas em um todo da Geografia, só que depende do professor ter a consciência de seu papel – independentemente da situação do magistério.

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5 CONCLUSÃO

Faz-se necessário discutir acerca da importância do professor em verificar técnicas práticas inovadoras. A Geografia, como disciplina na Educação Básica, precisa buscar caminhos que possibilitam dar sentido para os alunos sobre a Ciência. Mesmo que o magistério não ofereça situações compatíveis para a busca de uma educação inclusiva e de qualidade, o professor deve ter consciência que ele pode mudar a sua realidade, partindo da sala de aula. Mesmo que o tempo, para muitos professores seja escasso, não há nada mais que gratificante ver o seu trabalho oportunizando uma mudança na vida dos alunos. Deste modo, o professor necessita sempre encontrar-se atualizando, como forma de proporcionar uma auto avaliação profissional, além de procurar estudar sempre as suas turmas, já que não é correto dizer que um conteúdo aplicado de uma forma dará o mesmo resultado na outra. Deve-se ter à noção que cada aluno é um ser humano diferente, graças à sua formação cultural; religiosa; e educacional. É preciso inovar, mas de uma forma que possibilite a inclusão de todos os alunos e não afete a qualidade do aprendizado e do desenvolvimento do senso-crítico. O Ensino Médio é a última fase da Educação Básica, momento este em que o aluno entra no estágio de decisões das próximas etapas que dará quando se encerrar o Ensino Médio, como a busca pela carreira profissional. É preciso que o professor tenha o maior cuidado nessa fase, como nas outras, pois também é o momento de preparação da formação do futuro cidadão. O ensino de Geografia deve oferecer um conhecimento que faça sentido e que não seja fútil, pois é preciso darmos importância quanto a Ciência e desmitificar uma imagem de uma disciplina sem valor para a sociedade. A Geopolítica, como conteúdo abordado pela disciplina de Geografia na Educação Básica, é um dos casos que necessita fazer sentido para o aluno, e consequentemente ser abordado de uma forma que trabalhe o desenvolvimento da leitura crítica. Essa área precisa ser melhor abordada, uma vez que enfoca a relação geoestratégica política das nações, algo que afeta a sociedade, indiretamente ou diretamente. Os alunos precisam compreender que as ações realizadas pelos países não acontecem sem motivo e que afetará a sua vida ou até de seus familiares/comunidade. Mas infelizmente, muitas aulas dessa temática se tornam em

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descrição histórica e não estão pautadas na Ciência Geográfica. Através dessa situação, se torna necessário a busca de inovar o trabalho pedagógico. As PPIs têm como foco propor a auto avaliação do professor profissional, buscar soluções que possibilitem a melhora de sua prática pedagógica, partindo da ideia de inovação. O professor não deve descartar totalmente o conceito de aula tradicional, mas sim utilizar técnicas ou temáticas que permitam o desenvolvimento do ensino. O problema é que, ao utilizar uma área ou ferramenta diferente ou desconhecida da rotina do professor, acaba muitas vezes deixada de lado e as aulas continuam sendo realizadas no mesmo formato já trabalhado. É necessário que o professor saia da sua “zona de conforto”, pois ao invés de colaborar para o ensino só prejudica, além de desgastar ainda mais o profissional e aumentar a sua desilusão da carreira docente, porque não vê perspectiva. Por meio dessa questão, uma área que pode parecer desconexo com a Geografia e é sempre relacionado com a disciplina de Educação Física é o esporte, que pode ser um caminho. As modalidades esportivas conseguem ser essa ferramenta auxiliadora, não só em conteúdos geopolíticos, mas em outras temáticas. Por meio do esporte, países que não se combatem militarmente, usaram seus atletas como “soldados” para derrotar o seu oponente, vide o caso ocorrido na Copa do Mundo de 1998 de Futebol realizado na França, entre Estados Unidos 1x2 Irã. Nesta partida o governo iraniano tratou como uma batalha militar, já que os EUA são inimigos políticos desde o final da década de 1970. Outro exemplo se deve ao poder de investimento que certos países têm em relação aos outros. Países considerados mais desenvolvidos, com renda per capita e IDH melhores, conseguem investir mais na formação de atletas em comparação com outros. Os países que não contém esse “privilégio” geralmente se destacam em um ou três esportes, de uma forma geral, enquanto os que tem a capacidade de investir muito mais se destacam em diversas modalidades e na maioria das vezes estão entre os primeiros, em várias modalidades. Mazzei et al. (2014) destacam que, “conquistar sucesso esportivo internacional é considerado por muitos países uma ferramenta valiosa”. Muitos países aumentaram seus investimentos financeiros no esporte de alto rendimento visando alcançarem expectativas, tais como: o prestígio diplomático internacional; o orgulho nacional, e a propaganda eficiente sobre o desenvolvimento socioeconômico do país.

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O esporte faz parte do dia a dia e sempre está em constante mudanças, já que todo tempo existem diversas competições e interesses, além do entretenimento. Como o mundo esportivo, a Geopolítica também se modifica e sempre surgem momentos que impactam a sociedade. Com essas situações é interessante inter-relacionar essas duas áreas, como forma de mostrar as relações dos Estados. Quando um país visa ser sede de algum megaevento esportivo, conforme Costa (2013, p. 159), mira [...] atrair fluxos de capitais e de turistas antes, durante e depois dos jogos, nas consequências positivas das transformações urbanas relacionadas com a construção/melhoramento de instalações esportivas ou das infraestruturas gerais, na criação de serviços de telecomunicações eficientes, no impulso das economias locais, na maior oferta de emprego (especialmente em alguns setores como os da construção civil) e, no longo prazo, na disponibilização de baixos custos de transportes, graças à modernização das malhas rodoviárias e ferroviárias, além do aumento dos recursos destinados aos transportes públicos.

E indiretamente, segundo Costa (2013, p. 159), os megaeventos esportivos [...] podem incluir a receita de publicidade que apresenta a cidade anfitriã ou o país anfitrião como sendo um potencial destino turístico ou de negócios no futuro, a melhora na percepção da cidade ou do país sede por parte de um público internacional e um aumento do orgulho cívico da população local e nacional.

É preciso que futuras pesquisas se atentem ao momento atual, identificando os “oponentes” em campo, para explicar o porquê o esporte está sendo utilizado e qual é o interesse por detrás do confronto. É plausível dizer o como esta área não se desgastará e sempre se tornará atual. Outro ponto, por meio do esporte é possível trabalhar com a leitura cartográfica através da Geopolítica. Costa e Lima (2012, p. 109), destacam da importância da leitura cartográfica [...] a Cartografia tornou-se importante dispositivo metodológico na educação contemporânea, tanto para que o aluno tenha a capacidade de analisar o espaço em que vive quanto para atender às necessidades do seu dia-a-dia. Por meio dessa linguagem, torna-se possível realizar a síntese de informações, como também representar conteúdos.

Encerra-se este trabalho mostrando a importância da inovação em sala de aula, desde que esteja pautado no desenvolvimento educacional. A Geografia

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necessita dessa inovação e, para isso, é preciso/necessita sair do “comodismo”. O esporte pode ser uma das áreas que possibilitam contribuir com essa mudança no ensino geopolítico na disciplina de Geografia.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A Plano de aula Plano de Aula – Oficina 1 – Identificação: Escola: Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros. Professor: Flávio Henrique Navarro Hashimoto. Tema da Aula: Relação Esporte-Geopolítica: a regionalização do espaço mundial. Série: 3º ano. Data: 29/06/2016

Duração: 1 hora e 35 minutos.

2 – Missão Prevista: Espera-se que os alunos compreendam a definição da Geopolítica tendo o esporte como base. 3- Ação Didática Prevista: Introdução – Fase inicial da aula (35 minutos)

Inicialmente a aula começará perguntando para os alunos as seguintes questões: “Por que o Brasil será sede dos Jogos Olímpicos de Verão 2016?” e “Qual é a importância que um evento esportivo de grande porte tem para um país sede?” Com as respostas oferecidas pelos alunos serão anotados no quadro. Em seguida serão comentadas algumas respostas e o por quê dita. Essa etapa é importante porque com os argumentos falados servirão como base para o início da oficina. Depois, a partir das respostas, será perguntado o que sabem acerca da Geopolítica, seus principais pesquisadores, suas ideias e qualquer informação referente a essa temática. É necessário a realização dessa etapa nessa forma para que forneça o quanto de conhecimento os alunos tem a respeito da Geopolítica. Sabendo dessa informação na hora, será possível determinar o que ensinar primeiro.

Fase intermediária da aula (45 minutos)

Após perguntado e ouvido as respostas dos alunos acerca da Geopolítica, iniciará uma introdução sobre o que é essa temática, desde os primeiros autores

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e as teorias. Em seguida, será abordada à respeito das regionalizações mundiais criadas ao longo do Século XX, tanto natural quanto criadas para separar nações. Depois haverá uma relação que o esporte tem sobre questões geopolíticas, utilizando as regionalizações como base. Isso é importante, pois o esporte possibilita uma interdisciplinaridade na Geopolítica e auxilia uma melhor compreensão do conteúdo.

Fase final da aula (15 minutos)

No final da aula será realizada uma atividade contendo dois exercícios para serem entregues no término da aula. 5 – Síntese da Avaliação: O objetivo da aula é de proporcionar para os (as) alunos (as) uma compreensão acerca do que é Geopolítica e como o esporte influência as ações dos países. 6- Uso de Recursos:  Quadro de Giz;  Apagador;  Mapa-múndi;  Atlas Geográfico;  Livro didático; e  Giz. 7 – Referências/Bibliografia - MAQUIÁVEL Nicolau. O Príncipe. Tradução de Ridendo Castigat Mores. São Paulo: Fonte Digital, 1515. 164 p. Tradução de: II Principe. - MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo de Geopolítica? São Paulo: Hucitec, Edusp, 1999. 228 p. - VESENTINI, José William. Novas Geopolíticas. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2004. 125 p.

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APÊNDICE B Atividade aplicada

NOME:_______________________________________________________ N:_____ SÉRIE:__________ DATA:___/____/_____ 1) Localize e pinte nos mapas da América do Sul os países com mais medalhas e os de menos medalhas, conforme o quadro abaixo: JOGOS PAN-AMERICANOS:

JOGOS OLÍMPICOS DE VERÃO:

2) Com o mapa disponível no livro didático de IDH (p. 68) faça uma comparação com os mapas de medalhas dos Jogos Pan-Americanos e dos Jogos Olímpicos. R:_________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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