A presença de refugiados nas Caldas da Rainha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

June 3, 2017 | Autor: C. Henriques Pereira | Categoria: Refugee Studies, Refugees and Forced Migration Studies, Caldas da Rainha, Refugiados, Historia Local
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Cadernos de Estudos Leirienses – 8 * Maio 2016

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A presença de refugiados nas Caldas da Rainha durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) Carolina Henriques Pereira*

Breves considerações Pretende-se, ao longo da exposição, analisar o fenómeno de migração – refúgio – decorrente da situação de guerra na Europa no segundo quartel do séc. XX. A presença de refugiados provenientes da situação de guerra (19391945) é visível por toda a Europa e determina o espectro da realidade histórica europeia deste período. Analisar a posição e o papel que Portugal assumiu – enquanto país neutro e periférico – nesta demanda europeia que hoje, num momento em que ressurgem ódios e racismos de vária ordem, designamos por crise dos refugiados, torna-se imperativo. O aprofundamento desta temática centrar-se-á no estudo de caso da cidade das Caldas da Rainha, uma das «residências fixas», estabelecida em inícios dos anos 1940 para permanência limitada e transitória e, em alguns casos, fixação dos refugiados de guerra. Alguns destes optaram, inclusivamente, por permanecer e se fixar nesta cidade mesmo após o término da guerra. Poucos, aliás, permaneceriam aí até perecerem. Estes «estrangeiros», como a imprensa local os designava – caso da Gazeta das Caldas, que se analisará brevemente – determinariam toda a vida política, * Licenciada em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Mestranda em História Contemporânea na mesma faculdade. Presidente da Secção Filatélica da Associação Académica de Coimbra (SFAAC). Directora-Adjunta e colaboradora do mensário Notícias de Colmeias. Agradecemos, penhoradamente, à Professora Doutora Irene Vaquinhas pela partilha de conhecimentos e por todas as sugestões. A autora não segue as regras do novo Acordo Ortográfico.

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económica, social e cultural das Caldas da Rainha, no período da Segunda Guerra Mundial. A presença de refugiados em Portugal durante a Segunda Guerra Mundial Até ao findar da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), não existiam verdadeiras disposições universais que visassem o problema internacional das deslocações em massa que se faziam sentir por toda a Europa. É certo que com a Sociedade das Nações (SDN), logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), há o surgimento de uma certa preocupação a nível internacional em relação à questão dos refugiados, porém, somente nos anos 1950 é que se dá, efectivamente, um ponto de viragem – a partir do estabelecimento do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (1950) e da adopção da Convenção das Nações Unidas relativamente ao Estatuto dos Refugiados (1951). «Esta convenção, embora se limite aos refugiados da Europa, fornece uma definição geral de “refugiado” como sendo alguém fora do seu país e que não pode regressar devido a um receio fundado na perseguição por razões de raça, religião, nacionalidade, opiniões políticas ou pertença a um grupo social»1. No caso português houve um enorme fluxo de refugiados que passaram por Portugal ou aqui se fixaram enquanto fugiam à guerra e às perseguições de que eram alvo. Calcula-se que o número de refugiados desencadeados pela guerra atingiu, para o caso português, um valor superior a 100.000, todavia, o verdadeiro número de refugiados acolhidos por Portugal não se encontra ainda determinado. Irene F. Pimentel, discorda deste número e considera que terão entrado em Portugal cerca de 50.000 refugiados, tendo como pique principal o verão de 19402. Como refere a mesma autora, «saber 1

LIMA, Maria João e NEVES, José Soares – Cascais e a ‘memória dos exílios’. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 2005, p. 19. Para um maior aprofundamento da Convenção de Genebra (1951) relativa ao Estatuto dos Refugiados deve aceder-se a http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/pm/Tratados/ Amesterdao/conv-genebra-1951.htm (consultado a 05/01/2016). 2 PIMENTEL, Irene Flunser – Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial. Em fuga de Hitler e do Holocausto. 4ª ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015, p. 355. Quando a Alemanha ocupou a França, em Junho de 1940, muitos foram os indivíduos que rapidamente se deslocaram para outros países. Os países escolhidos por estes refugiados foram, sobretudo, os países neutrais onde estes creiam que estariam mais seguros de um possível ataque nazi. Portugal é um dos exemplos de «itinerário de

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exactamente quantos refugiados passaram por Portugal durante a II Guerra Mundial é, como se viu, difícil, devido à ausência de fontes. Não se sabe, em particular, se existe ou não a documentação do Serviço de Estrangeiros da PVDE, que poderia fornecer dados importantes sobre as entradas legais [muitos foram os refugiados ilegais] dos refugiados neste período. Por outro lado, os “verdadeiros” refugiados misturavam-se com os estrangeiros em geral e é difícil saber ao certo quem era quem»3. Portugal nunca foi, no entanto, um país de exílio. Este pequeno país litoral foi um país de salvamento para os refugiados de guerra, sendo, sobretudo, um país de trânsito. O acolhimento dos refugiados era totalmente apoiado e custeado por organizações internacionais de auxílio4 (como a JOINT«American Jewish Joint Distribution Committe»- e a HICEM) e não pelo Estado português. De certo modo, Salazar apenas deu «luz verde» à consecução do processo e nunca permitiu qualquer utilização de recursos públicos para o auxílio destes indivíduos. Em alguns casos, e devido à inexistência de auxílio governamental, a Cruz Vermelha5 e a Igreja ocupavam-se de casos urgentes. A fuga era realizada, fundamentalmente, através da Península Ibérica ainda que, por vezes, a mesma tenha sido conseguida por mar. Assim, se é verdade que os refugiados em Portugal se encontravam politicamente seguros o mesmo não se pode dizer relativamente à sua subsistência, uma vez que, «a maior parte não possuía bens [poucos foram os refugiados que tivefuga» (expressão de Patrick von zur Mühlen) deste período, uma vez que, era simultaneamente um porto de partida para o Atlântico em caso de emergência. 3 PIMENTEL, Irene Flunser – Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial…2015, p. 353. 4 Estas organizações de auxílio instalaram-se em Portugal, após a queda da França, o que permitiu que as mesmas continuassem a exercer a sua actividade em Portugal. Uma cópia de uma carta da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, de 5 de Abril de 1944, refere: «A Comunidade Israelita, foi auctorisada a, por intermédio do seu delegado Snr. Guilherme Silberman, a trazer de Lisboa para a cidade das Caldas da Rainha 60 Kilos de carne de vaca e vitela (carnes verdes) destinada a refugiados com residência fixada nas Caldas da Rainha, sob o patrocínio da referida Comunidade», Arquivo Histórico da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha (AHBMCR), Estrangeiros, Documento avulso. 5 Um documento enviado pela Cruz Vermelha Portuguesa (sediada em Lisboa), datado de 28 de Agosto de 1942, para a Câmara Municipal das Caldas da Rainha reconhece a prestação de serviços desta cidade durante o momento de crise que se vivia – guerra – agradecimento este que se estende ao auxílio que a Câmara Municipal dava no momento aos refugiados. A carta diz o seguinte: «Ainda esta Instituição [Cruz Vermelha Portuguesa] manifesta o seu grande reconhecimento pela gentilesa da Camara da digna Presidência de V. Ex.ª em desejar colaborar em beneficio dos que sofrem», AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso.

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ram a sorte de conseguir trazer parte dos seus bens] e restava-lhes pouco dinheiro que tinham podido salvar, destinando-se esse dinheiro a viagens, subornos e à própria sobrevivência»6. O discurso do Estado salazarista desde os inícios dos anos 1930, pautou-se por uma reacção face à presença de estrangeiros em território português e, como tal, o governo sentiu necessidade de travar a crescente imigração. O Estado Novo não desejava a entrada de indocumentados, indigentes, vagabundos ou de todos aqueles que considerava perigosos para a manutenção da segurança nacional. Assim, os «indesejados» como eram designados, a partir de determinada altura, tiveram que lidar com a forte perseverança da PVDE no que concernia à concessão de vistos. Desta forma, os cônsules vão perdendo a responsabilidade na concessão de vistos e esta função passou a ser assumida pelo Ministério do Interior e pela PVDE. Segundo Susana Chalante, «a todos aqueles que pretendessem fixar residência em Portugal, só seriam concedidos vistos depois de obtida a autorização do Ministério do Interior»7. Concomitantemente, a PVDE reforça o seu endurecimento ao solicitar em 1936, ao Ministério do Interior, seu superior, que os Governos Civis não estivessem autorizados a conceder autorizações de residência a determinados refugiados sem consulta prévia da polícia. A nova modalidade de autorizações de residência em Portugal estava agora sob a mão forte da polícia política. Igualmente, os vistos de trânsito (com duração de 48 horas) e de turismo encontravam-se sob a vigilância deste organismo repressivo. «A partir de 1937, a PVDE vê os seus poderes aumentados como “força autónoma na admissão de estrangeiros em Portugal”. Se já desde 1935 Agostinho Lourenço [director da PVDE] tenta controlar de uma forma mais independente a entrada e permanência dos forasteiros em território nacional, o ano de 1937 representa o início de um reforço de poder que vai atingir o seu apogeu em 1944, quando a PVDE passa a poder ter a faculdade de emitir passaportes»8. Para a PVDE era imperioso que Portugal não se tornasse um país de refúgio e não acolhesse todos aqueles «indesejáveis» que outros países europeus menosprezavam e expulsavam. 6

MÜHLEN, Patrik von zur – Portugal, itinerário de fuga. Vértice. 69. II série (1995), p. 14. CHALANTE, Susana – O discurso do Estado Salazarista perante o “indesejável” (1933-1939). Análise Social. Vol. XLVI (2011), p. 52. 8 CHALANTE, Susana – O discurso do Estado Salazarista perante o “indesejável”…, 2011, p. 56. 7

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Além dos impedimentos administrativos à entrada de determinados estrangeiros em Portugal, o governo português impediu que estes ocupassem o mercado de trabalho e que se instalassem definitivamente no país. Salazar, «(…) conseguiu, sem grandes feridas, que Portugal fosse um abrigo temporário sem que os refugiados se misturassem perigosamente com os portugueses»9, todavia, a presença destes em Portugal permitiria um novo advento. Os refugiados trouxeram consigo novos hábitos e padrões comportamentais que alteraram de forma significativa a mentalidade conservadora e tradicionalista dos portugueses desta época10. João de Barros, ilustre pedagogo e figueirense e um dos constantes articulistas do Diário de Lisboa referiu num seu artigo intitulado «hospitalidade» o seguinte: Pensa-se na infinita dôr que alastra pelo mundo (…). Alguns chegaram e passaram por aqui, no entanto. E, embora afligisse o triste espectaculo de panico e abandono que nos davam, ofereciam tambem ensejo a outro espectaculo e, esse, de inefavel reconfôrto: - à pratica e afirmação duma das mais limpidas e altas virtudes do povo português, a sua enleante, eficaz e amavel hospitalidade (…) todos acorriam no desejo de prestar qualquer serviço, de ajudar aqueles desconhecidos, de auxiliar aqueles perseguidos da sorte, num comovente e apaixonado anseio de fraternidade cristã11. Neste seu artigo, o autor defende a hospitalidade portuguesa e a vontade que a população, desde o pequeno agricultor ao mais alto aristocrata, sem 9

PIMENTEL, Irene Flunser – Refugiados. In DICIONÁRIO de história do Estado Novo. Dir. de Fernando ROSAS e J. M. Brandão de BRITO. Vol. II: M-Z. Venda Nova: Bertrand Editora, 1996, p. 825. 10 Esta é uma realidade transversal a todo o país onde houve contacto ou fixação de refugiados. O caso da Figueira da Foz, local de «residência fixa», é exemplificativo. Como demonstra Irene Vaquinhas num estudo bastante interessante, «na verdade, a II Grande Guerra veio dinamizar a Figueira da Foz. Na cidade, como escreve Luís Cajão, “desaguaram algumas centenas de refugiados”, “fugindo a Hitler e ao holocausto”, que alteraram a sua pacatez e imprimem novos hábitos, tendo exercido um efeito estimulante na sociedade local (…). Nas ruas bem animadas, disputavam-se verdadeiras competições musicais entre as várias orquestras que tocavam nos cafés, nos casinos e nos restaurantes, episodicamente acompanhadas por consagrados artistas internacionais que a Guerra conduzira até à Figueira», VAQUINHAS, Irene - O Casino da Figueira, sua evolução histórica desde o Teatro-Circo à actualidade (1884-1978). Coimbra: Palimage, 2012, p. 225-226. O Diário de Lisboa (DL) de 27 de Julho de 1940, dá conta da presença do célebre polaco, intérprete de Chopin, Witold Malcuzynski que nesse mesmo ano estaria na Figueira da Foz para dar um concerto. DL, 27/07/ 1940, fl. 4. 11 DL, 01/07/1940, fl. 1.

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divisão de sexo ou de idade, demonstrava para auxiliar os refugiados que chegavam a Portugal. Este testemunho demonstra que, contrariamente ao governo português, a população não temia a presença dos refugiados e insistia em ajudá-los em tudo quanto fosse necessário. A reacção da sociedade portuguesa foi, portanto, completamente díspar do forte e repressivo controlo do governo português face à questão dos refugiados, durante este período. No entanto, e apesar da repressão, a reacção do governo português à entrada de refugiados possuiu um carácter mais liberal e menos violento do que o seu congénere peninsular. Avraham Milgram considera que «(…) Portuguese and Spanish models relative to the entry of foreigners were very similar; the diference between them was more noticeable in the treatment offered the refugee. Portugal was, from the beginning, more liberal and less violent than Spain»12. Numa crónica de Ilse Losa, esta refere que: «Lisboa era o único porto neutro, pelo que Portugal se tornou uma espécie de sala-de-espera dos que tinham de seguir para os continentes ultramarinos, e aos quais, a partir de 1938, o governo português apenas permitiria permanecer 3 meses. Se até lá não tivessem conseguido visto de saída, eram expulsos ou detidos e, a partir de 1942, concentrados em Caldas da Rainha»13. Analisar-se-á, de seguida, o caso específico da «residência fixa» das Caldas da Rainha, onde muitos refugiados receberam acolhimento e, em alguns casos, se fixaram. O caso da «residência fixa» das Caldas da Rainha «A Figueira da Foz e a Ericeira eram, juntamente com os locais termais e hoteleiros do Buçaco, da Curia14 e das Caldas da Rainha, zonas de “residência fixa” onde nasceu a expressão “férias forçadas”. Nesses microcosmos onde o governo concentrou os refugiados, as populações sentiram muito a presença dos estrangeiros»15. Ainda antes da institucionalização governa12

MILGRAM, Avraham – Portugal, the consuls, and the Jewish Refugees, 1938-1941. Shoah Resource Center (1999), p. 10. 13 LOSA, Ilse – À flor do tempo. Porto: Edições Afrontamento, 1997, p. 8. 14 Para aprofundar a «residência fixa» da Curia vide HEINRICH, Christa - Preservar do esquecimento. Refugiados na região de Coimbra e da Curia. Vértice. 69. II série (1995) 16-21. 15 PIMENTEL, Irene Flunser – Refugiados entre Portugueses (1933-1945). Vértice. 69. II série (1995), p. 107.

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mental das «residências fixas» (locais de fixação para os refugiados), em 1942, muitos refugiados foram enviados para a Figueira da Foz e para as Caldas da Rainha, uma vez que, Lisboa se encontrava completamente sobrepovoada. Tardiamente, estas duas cidades foram destacadas como «residências fixas» e nelas acolheram inúmeros refugiados que, por razões várias, não tinham onde ficar. O governo português não demonstrava muita disponibilidade na obtenção de vistos, o que levou a que Augusto d’Esaguy sugerisse a permanência dos refugiados nestes locais, como forma de diminuir a tensão que se sentia nas fronteiras naquele momento. Assim foi. O Estado português «escoou» estas pessoas para zonas onde permaneceriam até terem condições para sair do país e, simultaneamente, escolheu para zonas de «residência fixa», os locais que possuíam condições estruturais para os acolher. A ida desses refugiados para essas localidades visava, igualmente, promover o desenvolvimento das mesmas. Desta forma, os refugiados foram deslocados para «(…) zonas balneares e termais, onde havia hotéis e pensões»16 e, inclusive, para o caso da Figueira da Foz, o casino. A grande corrente de refugiados nesta cidade levou a que houvesse uma grande urgência na obtenção de mercadorias e géneros alimentares. O abastecimento era então, um dos grandes problemas. Assim, muitas são as minutas enviadas para o Governo Civil de Leiria pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha, visando o envio de mais mercadorias para a subsistência de todo o município. Numa carta, enviada para o Governador Civil de Leiria, a 18 de Maio de 1942, por parte do Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, este último diz que: «Agradeço a informação prestada por V. Exª. de que o Delegado do Governo do Grémio dos Armazenistas e Retalhistas do Norte, Centro e Sul, autorisou um contigente extraordinário de mercadorias a este concelho, atendendo ao grande numero de estrangeiros actualmentte nesta cidade, com residencia fixada obrigatoriamente pelo Governo»17. A PVDE, manteve um controlo apertado dos refugiados e, conjuntamente, dos locais onde estes se encontravam18. Deste modo, todos os hotéis, pensões, cafés entre outros que tivessem hospedados refugiados e, em certos casos, onde estes estivessem empregados19, eram alvo de fiscalização 16

PIMENTEL, Irene Flunser – Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial.., 2015, p. 128. AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. 18 AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. Vide Anexo 1. 19 É certo que foi expressamente proibido aos refugiados exercerem qualquer profissão, contudo, 17

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ordinária. Os refugiados eram, igualmente, alvo de vigilância apertada. Numa minuta enviada pelo Comandante Geral da Polícia de Segurança Pública (PVDE/PIDE), em Junho de 1940, para o Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, à época Júlio Lopes, escreve-se: «A circunstancia de se encontrarem aqui, com residencia marcada nesta cidade, grande numero de refugiados [a imprensa regional das Caldas da Rainha sempre se referiu a estes como «estrangeiros», contrariamente ao que acontecia em Lisboa, por exemplo, como se vê] obriga a um cuidadoso serviço de policiamento da cidade e tambem à necessária vigilância sobre êsses mesmos refugiados»20. A estes refugiados eram concedidos vistos de 30 dias, renováveis. Todavia, o prazo para a autorização de residência rapidamente expirava o que representava um problema para estes refugiados. Aliás, a determinada altura, a PVDE deixou de renovar essas autorizações e pressionou os refugiados a obterem provas em como a sua partida para um outro país (um terceiro país) estava garantida, de modo a que, estes não pretendessem ganhar tempo e se fossem fixando definitivamente em Portugal. Assim, «essa prova passava pela obtenção de um visto de um país terceiro, válido por três meses, que podia, por exemplo, ser comprado no consulado da Costa Rica em Lisboa»21. Os cônsules, bem como os refugiados, sabiam que estes documentos de nada serviam (uma vez que, não existiam ligações de Lisboa para a Costa Rica), representando unicamente uma «farsa legal» para comprovarem a sua suposta intenção de partir. Ao mesmo tempo, estes documentos foram uma forma dos refugiados irem ganhando tempo de permanência num país seguro e pacato. Muitos refugiados, além disso, permaneceriam nestes locais de «residência fixa» mesmo após o fim da guerra. Numa carta enviada pela PVDE, no início de Dezembro de 1946, ao Presidente da Câmara Municipal das estes foram conseguindo pequenos trabalhos. Para o caso das Caldas da Rainha, há conhecimento de refugiados que davam aulas particulares de alemão ou até de ténis, entre outros trabalhos. «Os refugiados não podiam trabalhar nem sair dos locais de «residência fixa» sem autorização da PVDE, embora se deva dizer que estes nada tinham a ver com os campos de internamento franceses e espanhóis, pois os refugiados podiam deslocar-se livremente no seu interior e aí viviam em hotéis, pensões e quartos alugados [breve correcção: arrendados e não alugados], muitos deles apoiados pelas organizações americanas de apoio». PIMENTEL, Irene Flunser – Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial.., 2015, p. 132. 20 AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. Vide Anexo 2. 21 PIMENTEL, Irene Flunser – Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial.., 2015, p. 134.

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Caldas da Rainha lê-se o seguinte: «Solicito ainda a V. Exª. se digne mandar averiguar sobre quando pensam os indivíduos abaixo mencionados [Alice Doreen Topuz; Vicenta Ferrer de Valero e filha; Julia Surrey; Muriel Wooler; Joseph Graf e Baron Fergusson Lethbridge e esposa] sair de Portugal, visto já estarem normalizadas as circunstâncias que os trouxeram para aqui e nada actualmente justificar a sua permanência no país»22. Os refugiados que passaram por Portugal elogiaram, quase sempre, a hospitalidade que aí receberam. Alguns destes refugiados agradeceriam, mais tarde, o tratamento que tinham recebido. Renée Liberman Costa e Silva (apelido que adquiriu na sequência do seu casamento com um cidadão português) era uma mulher luxemburguesa de origem inglesa que veio para as Caldas da Rainha, quando os alemães começaram a invadir a Europa. Quando foi entrevistada em 1991, por Carlos Cipriano, declarou que: «De repente caímos no paraíso, nas Caldas havia de tudo! Era um Milagre!»23. Os «estrangeiros» vistos pela imprensa local – o caso da Gazeta das Caldas A Gazeta das Caldas – periódico trimestral – publicava-se nos dias 1, 10 e 20 de cada mês, nos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Cadaval, Lourinhã e Bombarral. Este jornal raramente publicava informações relativas aos refugiados presentes nas Caldas da Rainha. Os refugiados aí acolhidos eram, aliás, designados pela imprensa regional como «estrangeiros». Contudo, conhecem-se outros artigos que os mencionam enquanto refugiados: caso de um primeiro artigo intitulado «Refugiados estrangeiros em Caldas da Rainha»24 e outro designado «Refugiados nas Caldas»25 que, de certo modo, se diferenciam desta nomenclatura tendencial, entre outros breves artigos. Ainda assim, a 1 de Agosto de 1940, é publicado um pequeno texto intitulado «Os Estrangeiros», por um articulista que assinava com a letra «M.» que se transcreve abaixo e, que demonstra como os habitantes e o município das Caldas da Rainha acolheram os refugiados: 22

AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. Vide Anexo 3. MAMEDE, Adelino et alli – Página de História. 13. In SUPLEMENTO da Gazeta das Caldas. Coord. de Carlos CIPRIANO. Caldas da Rainha: Gazeta das Caldas, 1991, p. vi-vii. 24 Arquivo Distrital de Leiria (ADL), Gazeta das Caldas (GC), 20/07/1940, fl. 2. 25 ADL, GC, 01/08/1940, fl. 1. 23

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A cidade tem-nos oferecido, ultimamente, uma nota de vida cosmopolita, em virtude dos numerosos estrangeiros que nela, vieram acolher-se, foragidos da tormenta que assóla a maior parte da Europa. Dir-se-ia que estamos numa estação de turismo internacional, porquanto a cada passo, sôam aos nossos ouvidos diálogos e exclamações em várias línguas e dialectos. Se a aparencia desses praticantes de um turismo involuntario, não denota a alegre despreocupação do viajante em férias, não deixamos de neles observar um ar de tranquilidade, após o êxodo aflitivo. Esta permanencia nas Caldas, é, para eles, uma alta de repouso, aliviadora e reconfortante, da qual alguns, pela vida adiante, conservarão uma recordação amavel. Já muitos deles, publicamente expressaram a sua admiração pela linda terra caldense e a sua gratidão pela fidalga hospitalidade que nela lhe dispensaram. Mais uma vez – agora em condições imprevistas – esta terra bemfazeja aliviou gente aflita. Estes emigrantes foragidos dos horrores da guerra, alcançaram um país, não somente em plena paz, mas, até mesmo, em plena festa. Esta linda terra para onde tantos têm sido conduzidos, é a que mais se coaduna com as circunstancias em que a maioria deles se encontram: uma cidade ao mesmo tempo alegre e tranquila, por seu natural e tradição, singularmente acolhedora, e dispondo de todos os recursos para bem receber forasteiros, os ricos, os remediados e, até mesmo, os pobres. Especialmente aos estrangeiros, as Caldas oferece um dos mais típicos aspectos regionais da vida portuguesa; e, num meio farto, uma vida facil. Esses que por aqui vão estacionando, não encontrariam local onde melhor distrair o espirito, repousar os nervos e retemperar o animo. Quasi todos abala.ão em breve, retomando a sua triste marcha a caminho de novos destinos, mais ou menos incertos26. Porém, o grosso dos artigos referentes a estes «estrangeiros» pautavase pelo seu carácter institucional e informativo, ou seja, tinham como objectivo notificar os refugiados residentes nas Caldas da Rainha para a necessidade impreterível de renovação dos documentos de «residência» – vistos27. Não obstante, outros artigos que diziam respeito aos refugiados foram sendo publicados. A 1 de Julho de 1940, no pico da chegada de refugiados a Portugal, publica-se na Gazeta das Caldas um anúncio intitulado «Casas para re26 27

ADL, GC, 01/08/1940, fl. 1. Vide ADL, GC, 01/01/1939, fl. 5; GC, 01/01/1940, fl. 5; GC, 20/12/1943, fl. 1; GC, 01/01/1945, fl. 1.

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fugiados»28, que oferecia a estes casas mobiladas (ou não), um espaço para cultivo, referindo ainda, que estas casas se encontravam em zonas com fácil acessibilidade a transportes públicos. Um outro artigo relacionado com o alojamento dos refugiados intitula-se «Alojamento de Estrangeiros»29 e, tem como finalidade, a transcrição da legislação que exige a comunicação obrigatória à PVDE, por parte dos proprietários de hóteis e pensões, que possuam refugiados hospedados. A Faculdade de Letras de Lisboa, faz publicar um anúncio a 10 de Julho de 1943, onde anuncia um curso de férias destinado a estrangeiros, que se realizaria em Agosto nessa cidade. A organização era a seguinte: «1.º- Curso de português elementar; 2.º- curso de português complementar; 3.º- curso de filologia portuguesa; 4.º- curso de literatura portuguesa; 5.º - curso de história de Portugal. Haverá também visitas a monumentos e museus»30. Este artigo é, de certa forma, a demonstração da tentativa que houve por parte dos portugueses para uma maior inserção e ambientação destes estrangeiros ao território nacional. Uma outra temática, bastante idêntica nas notícias referentes a refugiados, encontrava-se na secção de desporto. Somente nos meses de Setembro e Outubro de 1943, encontram-se referências a quatro notícias de desporto, mais propriamente de ténis31, que dizem respeito directamente a torneios realizados entre os refugiados estrangeiros nas Caldas da Rainha e os caldenses. O ténis era um dos hobbies dos refugiados nas Caldas da Rainha. Estes, «dedicavam-se muito a actividades desportivas, sobretudo ao ténis. Organizavam-se de Maio a Outubro, uma série de torneios onde portugueses jogavam ao lado de estrangeiros»32. No entanto, percorrendo a Gazeta das Caldas, poucos são os artigos que referenciam a situação internacional. Quase que, se não fosse a presença de refugiados, se pudesse ficar com a ligeira impressão de que as Caldas da Rainha desconhecia a guerra. Um dos raros artigos que se conhece e que relata a situação de catástrofe a nível internacional, provocada pela guerra, é datado de 10 de Agosto de 1940 e é da autoria de Raymond Recouly. Este, 28

ADL, GC, 01/07/1940, fl. 2. ADL, GC, 01/02/1944, fl. 1. 30 ADL, GC, 10/07/1943, fl. 1. 31 ADL, GC, 01/09/1943, fl. 4; GC, 10/09/1940, fl. 4; GC, 10/10/1943, fl. 4; GC, 20/10/1943, fl. 4. 32 SOURE, Dulce e XIMENES, Marina – Marcas da II Guerra em Caldas da Rainha. Caldas da Rainha: Património Histórico – Grupo de Estudos da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, 1998, p. 16. 29

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escreveu um breve artigo após a sua passagem por Portugal que publicaria no Gringoire e onde a Gazeta das Caldas foi recuperar alguns trechos. Recouly refere em «Óasis na Europa atormentada» que «ao sair dessa terra vigorosa (a Espanha), eis, por um extraordinário contraste, o Portugal com os seus verdejantes e risonhos campos que o fazem aparecer, nos confins de uma Europa devastada pela guerra, como um óasis de opulencia e prosperidade (…). Tal é o espectaculo que acabo de ver»33. Conseguiram, em Portugal, obter uma salvação e uma acalmia social que teria sido impossível se tivessem permanecido nos seus países que, sucedaneamente, foram sendo ocupados durante a guerra pela Alemanha. Desta forma, e parafraseando Ilse Losa, «(…) apesar de uma série de casos trágicos e desesperantes complicações com a Pide, os “estranhos” desfrutavam aqui (…)», uma solidariedade e uma abertura da sociedade durante os «(…) “tempos cinzentos” (Brecht) da era da Segunda Guerra Mundial»34. A cidade das Caldas da Rainha foi, efectivamente, um local que bem soube receber e acolher estes refugiados que, devido à guerra, fugiam dos seus países e se viam obrigados a permanecer num país estrangeiro!

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ADL, GC, 10/08/1940, fl. 3. LOSA, Ilse – À flor do tempo…, 1997, p. 14.

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ANEXOS

Anexo 1: Documento de fiscalização da PVDE para ser preenchido pelos proprietários dos hotéis, bares e cafés que possuam refugiados hospedados ou ao seu serviço (20 de Dezembro de 1943). Fonte: AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. 335

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Anexo 2: A PVDE exige que a Câmara Municipal das Caldas da Rainha detenha uma vigilância apertada e um rigoroso policiamento sobre os refugiados que aí se encontravam (28 de Junho de 1940). Fonte: AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso. 336

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Anexo 3: Minuta enviada pela PVDE à Câmara Municipal das Caldas da Rainha pedindo esclarecimento relativo à continuidade de alguns refugiados nessa cidade, após o término da guerra (4 de Dezembro de 1946). Fonte: AHBMCR, Estrangeiros, Documento avulso.

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Fontes e Bibliografia Fontes 1. Arquivo Distrital de Leiria (ADL): – Gazeta das Caldas (GC): 1939 a 1950. 2. Arquivo Histórico da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha (AHBMCR), documentos avulsos: – Vistos de 30 dias; – Correspondência expedida pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha; – Correspondência recebida pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha. 3. Diário de Lisboa (DL): Janeiro a Julho de 1940.

Bibliografia – CHALANTE, Susana - O discurso do Estado Salazarista perante o “indesejável” (1933-1939). Análise Social. Vol. XLVI (2011) 41-63. – GILBERT, Martin – A Segunda Guerra Mundial. 6ª ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2010. – HEINRICH, Christa et alli – Fugindo a Hitler e ao Holocausto. Refugiados em Portugal entre 19331945. Lisboa: Goethe-Institut Lissabon, 1994. – HEINRICH, Christa - Preservar do esquecimento. Refugiados na região de Coimbra e da Curia. Vértice. 69. II série (1995) 16-21. – JUDT, Tony - Pós-Guerra. História da Europa desde 1945. Lisboa: Edições 70, 2006. – LIMA, Maria João e NEVES, José Soares – Cascais e a ‘memória dos exílios’. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 2005. – LOSA, Ilse – À flor do tempo. Porto: Edições Afrontamento, 1997. – LOSA, Ilse – Sob Céus Estranhos. 4ª ed. Porto: Edições Afrontamento, 2000. – LOSA, Ilse – O mundo em que vivi. 35ª ed. Porto: Edições Afrontamento, 2015. – MAMEDE, Adelino et alli – Página de História. 13. In SUPLEMENTO da Gazeta das Caldas. Coord. de Carlos CIPRIANO. Caldas da Rainha: Gazeta das Caldas, 1991. – MANTELLI, Brunello – XX. As perseguições e o extermínio dos judeus na Europa. In HISTÓRIA Universal. Rev. Científica de António LOUÇÃ. Vol. 15. Lisboa: Planeta Deagostini, 2005, p. 713744. – MARTINS, Maria João - O paraíso triste: o quotidiano em Lisboa durante a II Guerra Mundial. Lisboa: Veja, 1994. – MILGRAM, Avraham – Portugal, the consuls, and the Jewish Refugees, 1938-1941. Shoah Resource Center (1999) 1-31. – MILGRAM, Avraham – Portugal, Salazar e os Judeus. Lisboa: Gradiva, 2010. – MÜHLEN, Patrik von zur – Portugal, itinerário de fuga. Vértice. 69. II série (1995) 11-15. – PIMENTEL, Irene Flunser – Refugiados entre Portugueses (1933-1945). Vértice. 69. II série (1995) 102-111.

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– PIMENTEL, Irene Flunser – Refugiados. In DICIONÁRIO de história do Estado Novo. Dir. de Fernando ROSAS e J. M. Brandão de BRITO. Vol. II: M-Z. Venda Nova: Bertrand Editora, 1996, p. 823-825. – PIMENTEL, Irene Flunser e NINHOS, Claúdia - Salazar, Portugal e o Holocausto. Lisboa: Temas e Debates-Círculo de Leitores, 2013. – PIMENTEL, Irene Flunser - Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial. Em fuga de Hitler e do Holocausto. 4ª ed. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015. – RAMALHO, Margarida de Magalhães - Lisboa uma cidade em tempo de guerra. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2012. – ROSAS, Fernando – História de Portugal. Vol. 7: O Estado Novo (1926-1974). Coord. de José MATTOSO. Lisboa: Editorial Estampa, 1998. – SOURE, Dulce e XIMENES, Marina – Marcas da II Guerra em Caldas da Rainha. Caldas da Rainha: Património Histórico – Grupo de Estudos da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, 1998. – VAQUINHAS, Irene - O Casino da Figueira, sua evolução histórica desde o Teatro-Circo à actualidade (1884-1978). Coimbra: Palimage, 2012. – WASSERSTEIN, Bernard – On the eve. The Jews of Europe before the Second World War. London: Profile Books, 2013. – WASSERSTEIN, Bernard - Do Holocausto à salvação: a mulher que ajudou a salvar milhares de judeus. Lisboa: Vogais, 2014.

ERRATA Na página 330, a partir da linha 1 até à linha 4 onde se lê: «Numa minuta enviada pelo Comandante Geral da Polícia de Segurança Pública (PVDE/PIDE), em Junho de 1940, para o Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, à época Júlio Lopes, escreve-se:» deve ler-se: «Numa minuta enviada em Junho de 1940 pelo Presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, à época Júlio Lopes, para a Comandante Geral da Polícia de Segurança Pública (PSP) escreve-se o seguinte:».

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