A psicologia política: ser/estar nos interstícios das disciplinaridades (2015)

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No interstício das disciplinaridades A psicologia política

Organizadores

Alessandro Soares da Silva Felipe Corrêa

No interstício das disciplinaridades: a psicologia política Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.) 1ª Edição - Copyright© 2015 Editora Prismas Todos os Direitos Reservados.

Editor Chefe: Vanderlei Cruz [email protected] Diagramação: Cláudia Reucher Capa e Projeto Gráfico: Bruno Marafigo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por:Isabel Schiavon Kinasz Bibliotecária CRB 9-626

Nome do Autor XXXX No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 2015 / Nome do Autor. – X. ed. – Curitiba : Editora Prismas, 2015. XXX p. ; 21 cm ISBN: XXX-XX-XXXXX-XX-X 1.XXX. 2. XXX. 3. XXX. 4. XXX. 5. XXX. I. Título. CDD xxx.xxx(xx.ed) CDU xxx(xx)

Editora Prismas Fone: (41) 3030-1962 Rua: José Tomai,924 - Sta Felicidade Curitiba/PR - CEP: 82015-630 www.editoraprismas.com

A psicologia política ser/estar nos interstícios das disciplinaridades Alessandro Soares da Silva1

1  Professor Editor da Revista Psicologia Política, líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Política, Políticas Públicas e Multiculturalismo - GEPSIPOLIM - e docente no Programa de PósGraduação em Psicologia Social do Instituto de Psicologia e da graduação em Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, Brasil.

Introdução O ano de 2010 foi particularmente importante para a Psicologia Política enquanto campo. Neste ano, completaram-se 100 anos da publicação do livro de Gustave Le Bom, Psychologie Politique et Defénse Sociale (1910). Também em 2010 celebramos os 10 anos de fundação da Associação Brasileira de Psicologia Política e da Revista Psicologia Política. Ao pensarmos o campo, sobretudo balizados por esses dois eventos, caminhamos para fazer, neste texto, algumas breves considerações acerca da Psicologia Política desde nossa própria trajetória de pesquisador e editor da revista Psicologia Política. A reflexão que aqui fazemos, foi já ensaiada nos editoriais que escrevemos para a revista e em outros de nossos textos. Como já dissemos antes, não se trata aqui de realizar homenagens ou mesmo de enaltecer a figuras de pais-fundadores, pois nos parece problemático pensar um campo desse lugar. Além disso, não é muito simples estabelecer quem seria esse tal pai-fundador do campo. Fazer algo do gênero é sempre temerário. Tal atitude nos levaria a fixar, indevidamente, em uma pessoa o que, na realidade, é fruto de um processo que ultrapassa o limite da ação isolada de um ou outro pensador. Esse tipo de posição nos parece uma armadilha bastante atraente aos que gostam de justificar a ciência a partir de fatos quase mitológicos. Em certa medida, entendemos que isso poderia ser o caminho para a construção de uma espécie de memória oficial da Psicologia Política e que serviria à manutenção de certos grupos oficiais e de certos interesses que, em si mesmos, atuariam para homogeneizar o campo e fazer dele uma disciplina com rubores de paradigNo interstício das disciplinaridades: a psicologia política 15

ma. Realmente, não são esses nossos interesses e posições. Contudo, e sem que caiamos nesse tipo de armadilha, faz-se mister recordar o centenário da obra de Le Bon, somente, e tão-somente, porque ela é a mais conhecida dentre diversas publicações sobre Psicologia Política que emergiram no final do século XIX e nos princípios do XX. Claro está que Le Bon não foi o primeiro a pensar em uma Psicologia Política – para ele próprio, o fundador da Psicologia Política foi Maquiavel – e nem mesmo o primeiro a usar o termo num título em uma obra de sua autoria. Antes dele houve outros autores que pensaram e nominaram suas obras como sendo de Psicologia Política. Lembramos aqui dos trabalhos do também francês Émile Boutmy intitulados Essai d’une Psychologie Politique du Peuple Anglais au XIX Siécle (1901) e Éléments d›une Psychologie Politique du Peuple Américain (1902), do italiano Nicolà Forneli autor de Dove si va? Appunti di Psicologia Politica (1903) e do galego Elói Luis André chamado El Histrionismo Español. Ensayo de Psicología Política (1906). Em 1908, Vitor de Brito publicou no Brasil um livro chamado Gaspar Martins e Julio de Castilhos: estudo crítico de psychologia política. Certamente, essas obras são menos conhecidas e todas, inclusive a de Le Bon, pouco ou quase nada estudadas. Ao lembrarmos o recente centenário do livro Psychologie Politique et Defense Sociale de Gustave Le Bon (1910), recordamos os distintos esforços de homens e mulheres para que se estabelecesse um lugar de produção de conhecimento que se desse no interstício disciplinar. E não poderia ser diferente, sendo a Psicologia Política um fenômeno decorrente das diversas questões que mobilizaram médicos, bacharéis em direito, filósofos, cientistas políticos, sociólogos e também psicólogos sociais. É nes16 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

se espaço transfronteiriço que nasce um campo marcadamente aberto ao diálogo científico que visa a superação de questões que transcendem as barreiras disciplinares.

Notas sobre a Psicologia Política Essa obra de Le Bon foi traduzida para diversos idiomas, dentre os quais o espanhol (1911) e o português (1921), tendo refletido consideravelmente na formação de pensadores interessados em investigar as articulações possíveis entre psicologia e política. Isso aponta, portanto, para o momento vivido nas nascentes ciências sociais e para o desenvolvimento de uma dada economia política que ordenou o maior ou o menor desenvolvimento dessa nova face da ciência como tal. Não obstante, a obra de Le Bon pensa a Psicologia Política como um campo de conhecimento “interdisciplinar”. Muitas são as críticas que essa obra e seu autor receberam e recebem, mas nem por isso ela deixa de ser importante. Le Bon levantou nessa obra um conjunto de temários que continuam atuais na Psicologia Política, ainda que vistos por outros olhares. Sindicalismo, (neo)colonialismos, governança e relações internacionais são alguns deles. Algo bastante significativo para nós, é o fato de Le Bon (1921, p. 6) pensar na Psicologia Política como sendo “sciencia do governo” e ser “tão necessária que os estadistas não a poderiam dispensar”. Nesse sentido, podemos dizer que um dos temas que mais se desenvolve na Psicologia Política contemporânea refere-se às políticas públicas ou, porque não dizer, à essa sciência do governo. No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 17

Vale pontuar que, quando foi publicada, a obra de Le Bon, ou mesmo dos autores que lhe antecederam, a psicanálise não era ainda um referencial consolidado, mas que se consolidou como possibilidade de se observar e analisar os fenômenos que costumamos chamar de psicopolíticos. É clara a influência desse autor no desenvolvimento de textos psicossociais de Freud, como apontou Serge Moscovici (1996). Do mesmo modo, as contribuições de Wilhelm Reich (1976, 1988), Antonio Gramsci (1992), Charles Merriam (1924), Harold Lasswell (1933, 1948), Alfred Sauvy (1949, 1957), Andrea Devoto (1960), William Stnone (1974) e outros certamente colocam de manifesto diferenças e antagonismos entre a Psicologia Política leboniana, o desenvolvimento dela própria, bem como de seu atual estado da arte. Hoje, a Psicologia Política recebe significativas contribuições oriundas das mais diversas áreas do saber, tendo destaque autores como Bert Klandermans, José Manuel Sabucedo (1996, 2000), Alexandre Dorna (1998, 2004, 2007), Maritza Montero (1987, 1991, 2009), Ignacio Martín-Baró (1985, 1991), Salvador Sandoval (1989, 1994, 2001), Graciela Mota (1990, 1999, 2002), Ángel Rodriguez Kauth e Julio Seoane (1988) e David Sears (2003). Essa faceta da Psicologia Política como espaço de encontros já foi abordada por Montero e Dorna (1993), quando falam dela como uma disciplina que se constrói em uma encruzilhada. Mas, na verdade, para nós, ela é bem mais que um espaço de saber que está em um momento no qual necessita decidir para onde deve ir. De fato, o que se chama de encruzilhada é um espaço de encontros que se originam exatamente por serem lugares de passagem. Espaços como as encruzilhadas possibilitam encontros. Desses encontros surgem novos olhares para a realidade. Mas não só; desses 18 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

encontros nascem diálogos mais duradouros que abrem portas para a produção de respostas mais eficazes em um mundo marcado pela complexidade (Silva, 2012). Portanto, a Psicologia Política constitui-se como um campo dinâmico e aberto à mudança, cônscio de que se produz no interstício da disciplinaridade e se firma mediante o diálogo entre as distintas possibilidades de produção de saberes sobre os fenômenos coletivos que vivem homens e mulheres na sociedade, complexa para uns, pós-moderna para outros, mas que, indubitavelmente, está marcada pelo signo da transformação. Sem sombra de dúvidas, a Psicologia Política latino-americana é bastante diversa, mas se há algo que aproxima as abordagens que se elaboram nesta parte do planeta é o seu compromisso com a mudança social, a qual possibilita vivermos em um mundo mais justo. Foi nesse sentido que Montero e Dorna escreveram: Para a libertação, para a transformação social […] a psicologia política da América hispano e lusoparlante encontra o caminho que a vincula à ação e aos problemas mais urgentes desses países, mas não como colocou Le Bon nos princípios do século, desde o poder e para governar “melhor”, mas para construir uma sociedade que possa dar a si mesma um governo de acordo com suas necessidades.” (Montero e Dorna, 1993, p. 12)

No que concerne à obra de Gustave Le Bon, podemos dizer que ela guarda um papel importante na produção de um conhecimento que disputou (e disputa ainda hoje) hegemonia, um lugar de reconhecimento no âmbito das ciências sociais. Para Le Bon (1921, p. 7), “a psychologia politica se edifica com materiaes diversos, de que os No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 19

principaes são: a psychologia individual a psychologia das multidões e, enfim, a das raças.” E, em certa medida, não pouco dessa afirmação se encontra em debate ainda hoje. A obra de Le Bon punha em debate elementos da modernidade frente a um imenso número de mudanças sociais vividas na passagem do século XIX para o XX, sobretudo na França, e atribuía à ação política daqueles que exerciam o poder o papel de conduzir as multidões de maneira a produzir/garantir a harmonia social e a manutenção de um determinado status quo. Por isso, o outro nome da psychologia política é sciencia do governo. Essa visão leboniana de que a psicologia política seria a ciência do governo ganha mais sentido na atualidade; em um mundo em que, cada vez mais, as políticas públicas ganham um papel mais central na vida dos sujeitos, dos/das cidadão/dãs. Sem a participação efetiva em governos, não há como nos darmos essa tal sociedade. Nesse sentido, um dos objetivos da psicologia política é saber mais sobre como se desenvolvem os fenômenos políticos e o porquê se produzem da forma que se produzem. Disso decorre que, didaticamente, se poderia dizer que em um primeiro nível organizativo da psicologia política estariam os cidadãos e as questões referentes ao como e porquê pensam sobre a política e seu fazer; as expressões cidadãs e seus modos de materializar-se, de participar ou mesmo negar-se a participar nos processos políticos; ou ainda o modo como percebem a eficácia das instituições políticas, representantes e líderes, ou inclusive o governo em seu conjunto. (Silva, 2012, p. 14)

As motivações individuais, as ideologias e as tendências são importantes aspectos de estudos psicopolíti20 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

cos, visto que indivíduos se agregam em partidos, movimentos e organizações que agrupam e consolidam o poder. Motivações individuais e ideologias também guardam importante e estratégica relação com as motivações coletivas, originando uma dialética indivíduo-coletivo que permite a construção de novas sínteses acerca do ser humano e do mundo no qual ele vive. Destarte, a política pode ser tomada como um ponto de partida para muitas atividades sociais que vão desde escândalos, marketing, tecnologia da informação e manejo da informação, até a sofisticação, a desconfiança, o cinismo, a corrupção, a violência política, as políticas públicas, a socialização e a identidade, passando pelas preferências de partido, de ideologia, pela polarização da ideología e filiação política. Esse é um exemplo de possibilidades de usos de uma psicologia política num mundo marcado pelas desigualdades. Mesmo alí ela pode ter um papel transformador. Como já apontamos em outra ocasião, os grandes transtornos e interrupções nos sistemas políticos e nos governos tiveram lugar nos tempos de crises, sejam elas de ordem pessoal, interpessoal, social e/ou econômicas. Nesses momentos crescem as percepções de que governos são incapazes, corruptos ou incompetentes. Nesses momentos cresce a participação, mas esta nem sempre gera mudanças duradouras, quem sabe exatamente porque não se gera uma cultura de participação permanente, de controle social. E é nesse campo de transformação dessa cultura da passividade que necessita de crises para mover-se, que vemos uma prática científica da psicologia política e daqueles que a fazem. Sem mudanças nas esferas privada e pública nas quais os sujeitos vivem e atuam No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 21

não será possível fazermos um mundo melhor e nem sermos mais felizes (Silva, 2012, pp.14-15).

Entre os múltiplos fatores que se interpõem no caminho da felicidade estão aspectos da vida humana que, juntamente com a polarização da ideologia política, especialmente à luz da mescla com o racismo, as questões de gênero e de orientação sexual, os desafios econômicos e a ideologia religiosa marcam lugares simbólicos que (im)possibilitam um ser/estar no mundo e não podem ser corretamente analizados desde uma hermenêutica das disciplinas. Esses fenômenos transcendem as fronteiras disciplinares e se encontram no mesmo interstício em que emerge a psicologia política. Entendê-los depende de uma capacidade de dialogar e de promover/participar de encontros, que podem ter lugar no âmbito do campo psicopolítico.

Notas sobre a Psicologia Política brasileira Tais preocupações podem ser vistas quando observamos mais atentamente os grupos de pesquisa e suas linhas de investigação, que se relacionam diretamente com a Psicologia Política no Brasil. Quem sabe, fazer um diagnóstico dessa evolução seria muito interessante; mas, infelizmente, não caberia nesse texto. Contudo, vale dizer que, desde que se fundou a Associação Brasileira de Psicologia Política – na Fundação Escola de Sociologia e Política (FESP), São Paulo, em 10 de dezembro de 2000 – até o presente momento, foram muitos os avanços que o campo viveu em nosso país. Houve uma expansão dos grupos, tanto 22 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

em número de grupos que assim se reconhecem, quanto no número de pesquisadoras/es envolvidas/os. Trata-se de um crescimento constante e sólido. A Psicologia Política enquanto campo institucionalizado surge em 1965, momento em que se ofertou a primeira disciplina com esse nome no curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais. Não se pode dizer que sua presença fosse orgânica e dinâmica. Ela também chegou as ser ofertada na Universidade de Brasília em um período curto nos anos 1980, reaparecendo em 2009 nas ciências políticas. Como um campo de produção intelectual, os trabalhos de Victor de Britto (1908) ou de Francisco José Oliveira Vianna (1921, 1933, 1949) foram muito importantes para que se assentassem as bases de uma Psicologia Política brasileira. Entretanto, a criação do grupo de trabalho em Psicologia dos Movimentos Sociais na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPPEP), em 1981, e o Núcleo de Pesquisa em Psicologia Política e Movimentos Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 1986, foram fundamentais para a dinamização do campo. Nessa dinâmica de trabalho em prol da consolidação do campo, o Núcleo de Psicologia Política e Movimentos Sociais da PUC-SP, liderado pelo professor Salvador Sandoval, organizou o I Simpósio Nacional de Psicologia Política em maio de 2000. Como frutos desse encontro nasceram a Associação Brasileira de Psicologia Política (ABPP), inicialmente nomeada como Sociedade, e a Revista Psicologia Política (RPP). O primeiro número da RPP foi resultado de algumas das intervenções do simpósio, trabalhadas para serem artigos científicos que tratassem de temas relevantes na No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 23

Psicologia Política brasileira. O primeiro fascículo foi lançado em abril de 2001, com oito artigos advindos de oito instituições nas quais a Psicologia Política era uma possibilidade concreta de se pensar a realidade. Deste então, a RPP gerou 28 fascículos em 13 volumes; publicou 212 artigos científicos e reuniu 259 autores e autoras advindos, originalmente, da antropologia, administração, educação, educação física, filosofia, direito, marketing, comunicação social, história, política, psicologia e sociologia, o que faz da revista e da ABPP um espaço verdadeiramente interdisciplinar, que contribui para os encontros que permitem a produção da Psicologia Política. Em 13 anos, recebemos contribuições enviadas da Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, México, Peru, Portugal e Venezuela. E, como não poderia deixar de ser, devemos recordar os esforços dos editores Salvador Sandoval e Marco Aurélio Máximo Prado (2001-2007) e Celso Zonta (com quem trabalhei em parceria) (2008-2011). Na primeira dupla de editores tivemos um originário da história (graduação) e das ciências políticas (pós-graduação) e outro da psicologia (graduação) e da psicologia social (pós-graduação). Na segunda dupla de editores, um era originário da psicologia (graduação) e da psicologia social (pós-graduação) e outro da filosofia (graduação) e da psicologia social (pós-graduação). Isso aponta para a importância desses encontros nas fronteiras disciplinares, pois eles de fato impulsionaram o campo psicopolítico no Brasil e a ação desses editores foi verdadeiramente comprometida com olhares transfronteiriços, o que permitiu à Psicologia Política consolidar-se enquanto um campo que não se compreende como uma subdisciplina da grande área Psicologia, mas como parte da área Interdisciplinar de produção de conhecimento. O 24 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

mesmo se pode dizer da ação dos quatro presidentes da ABPP: Leoncio Camino (2000-2002); Salvador Sandoval (2002-2004); Cornelis Johannes van Stralen (2004-2008; 2010-2014); Marco Aurélio Máximo Prado (2008-2010). A cada gestão da ABPP e a cada fascículo da RPP vemos claramente o compromisso com a construção de uma Psicologia Política crítica e transformadora e a serviço de uma sociedade justa, na linha do que foi proposto por psicólogos/as políticos/as como Ignácio Martín-Baró, Silvia Lane, Maritza Montero, Ángel Rodriguez Kauth, Graciela Mota, Leoncio Camino e Salvador Sandoval. O labor das diretoria da ABPP e dos editores da RPP tem reunido inúmeros/as pesquisadores/as do campo que tem procurado refletir sobre aspectos de uma sociedade complexa e que exige cada vez mais uma resposta interdisciplinar. É nesse quadro, e com esse intuito, que percebemos os esforços dos/as autores/as que publicaram seus artigos na RPP. Tratar de aspectos teórico-práticos da Psicologia Política e do que significa esse espaço de produção de saber e de intervenção profissional ainda tem sido um desafio importante para o campo. Exatamente pelo fato de a Psicologia Política originar-se no interstício das disciplinas é fundamental discutir qual a sua relevância enquanto um campo científico que desempenha um papel social e político. Alexandre Dorna (1998), José Manuel Sabucedo (1996, 2000), Maritza Montero (1987, 1991, 2009), Marco Aurélio Máximo Prado (2000, 2001) e Alessandro Soares da Silva (2012) analisam criticamente aspectos históricos, teórico-epistemológicos e mesmo as definições mais frequentes utilizadas na literatura especializada com vistas a entender seus alcances e limitações. Nesse processo, há concordâncias e discordâncias, pois há quem veja a Psicologia Política como uma subdisNo interstício das disciplinaridades: a psicologia política 25

ciplina capaz de gerar suas próprias teorias, outros como uma disciplina independente da ciência política e alguns mais, como nós, como um campo interdisciplinar de conhecimento. Esse debate faz com que esteja em discussão o que usualmente se aponta como seu objeto e campo de estudo; as inconsistências e os interesses que jogam um importante papel na definição do que vem a ser a Psicologia Política. Nesse jogo de interesses, ainda estamos lutando por consolidar e alcançar o reconhecimento dos aportes latino-americanos para Psicologia Política, os quais contêm, para além das contribuições teóricas, um verdadeiro chamado ao compromisso pela luta contra a tirania e a opressão. Quem sabe por isso temas como políticas públicas e direitos sejam temas recorrentes na Psicologia Política brasileira. O estudo do direito e das políticas públicas como objetos privilegiados da Psicologia Política pode ser entendido pelo fato de que eles impõem/possibilitam aos indivíduos padrões de formas de vivenciar interações sociais marcadas pelas relações de poder e que lhes permitem diferentes formas de ser/estar no mundo, em sociedades complexas. Lila Spadoni (2009), por exemplo, afirma que a legislação organiza muitas formas de interações humanas e pode ser estudada enquanto representações sociais de grupos majoritários. Discute também o impacto da legislação sobre as representações dos grupos minoritários, que podem gerar comportamentos de submissão ou de desviança. Temas como políticas públicas de saúde e ordenamento do Estado; relações entre este último, o terceiro setor e os/as cidadãos/ãs; mudanças sociais advindas da ação política de atores coletivos (como os movimentos sociais, que pautam temas-tabu como família, homossexualidade, acesso e permanência na terra, formações identitárias que transgridem a normalidade dominante etc.) 26 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

não só forçam a sua discussão, mas contribuem para que a própria Psicologia Política seja pensada à luz das dinâmicas que põem em marcha a própria história contemporânea. Nesse sentido, há uma perspectiva que vê, a partir da obra e vida de Sílvia Lane, na própria psicologia social crítica uma forma de Psicologia Política. (Lima, Ciampa e Almeida, 2009) A justificativa mais corrente é a de que a práxis em psicologia social ressalta sua relação com a transformação das condições sociais e individuais contemporâneas, sendo que, nessa perspectiva, a psicologia deveria estar a serviço da emancipação, desenvolvendo uma práxis crítica e criadora. Para Aluísio Lima, Antonio Ciampa e Juracy Almeida (2009), por exemplo, haveria a necessidade de se compreender a psicologia social, também, como Psicologia Política, enquanto afirmação de uma psicologia social crítica, aberta a novos modos de ser e agir, preocupada com os projetos de vida individuais e com a dinâmica dos processos históricos e sociais. Porém, essa leitura amarra a Psicologia Política como subdisciplina ou como mera variante da psicologia social, o que foge por completo das origens históricas que possibilitaram a emergência da Psicologia Política. (Sabucedo 2000; Silva, 2012) Ainda assim, essa leitura é tão legítima quanto as demais leituras que co-habitam o campo.

Notas sobre a Psicologia Política latino-americana A tensão existente entre a Psicologia Política euro-estadunidense e a Psicologia Política latino-americana é sabida e pública. Não foram poucas as tensões vividas durante a Reunião da Cidade do México e acirradas em No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 27

Barcelona. Desde os anos 1980, as diferenças existentes entre essas duas grandes matrizes da Psicologia Política semearam entre psicólogos/as políticos/as iberolatinoamenricanos o desejo de um espaço institucional alternativo à Internacional Society of Political Psychology (ISPP). Portanto, as raízes da Associação Ibero-Latinoamericana de Psicologia Política (AILPP) remontam aos anos 1970-80, quando emerge a Psicologia Política latino-americana, inspirada na produção intelectual e na ação coordenada por Ignacio Martín-Baró, Maritza Montero, Graciela Mota, Silvia Lane e Leoncio Camino e outros psicólogos políticos. A fundação da ISPP em 1978 não foi suficiente para gerar um espaço associativo que congregasse os/as profissionais e pesquisadores/as latino-americanos/as, visto que os seus modelos de leitura teórica da realidade e de intervenção eram bastante distintos dos utilizados nos Estados Unidos. Quando latino-americanos/as compareciam às reuniões da ISPP sentiam dificuldade de interagir com uma abordagem hegemônica e que se apresentava neutra. Além disso, os fazeres latino-americanos eram comumente menorizados, tidos como uma produção científica pouco séria. Isso se agravou na Reunião da Cidade do México – DF, na qual Maritza Montero foi eleita presidente da ISPP. Nesse momento, estava claro que duas maneiras de posicionar-se e colocar-se diante da Psicologia Política concorriam e desejavam se impor, seja para manter o poder, a posição euro-estadunidense, seja para resistir ao silenciamento – a posição ibero-latinoamericana. Sempre que pesquisadores/as iberoaméricanos/ as se encontravam, esse era um tópico das conversas: a necessidade de outra organização, alternativa à ISPP, que se alinhava sempre a partir do hemisfério norte. No Brasil, a cada vez que organizávamos um dos simpósios da 28 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

ABPP marcávamos datas para darmos o início a esse labor fundacional. Essa ação ganhou força quando, em 2008, participou, por nosso convite, do V Simpósio Brasileiro de Psicologia Política, Nelson Molina Valencia (Colômbia) e Joelle Bergère Dezaphi (Espanha). Nessa ocasião, havíamos posto como data de fundação o XXXIII Congresso Interamericano de Psicologia da Sociedad Interamericana de Psicologia (SIP), que se celebraria em Medellín, na Colômbia, nos dias 26 e 27 de Junho de 2011. Para isso, começamos a trabalhar fazendo contato com os/as principais pesquisadores/as da região. Esse labor ganhou ainda mais força quando estivemos fazendo um pós-doutorado na Universidade de Santiago de Compostela, sob a supervisão de José Manuel Sabucedo, entre 2009 e 2010. Lá, por diversas vezes, desenhamos manuais, coletâneas e encontros que propugnavam a criação de uma União Ibero-Latinoamericana, tentativa e conversas que se deram conectadas com Salvador Sandoval e Nelson Molina Valéncia. Por fim, associou-se a esses esforços o Grupo de Psicologia Política da Universidad Nacional de Córdoba (Argentina), liderado por Silvina Alejandra Brussino. Compartilhamos a coordenação desses trabalhos com Nelson, Silvina e Salvador, apoiados institucionalmente por Leoncio Camino, Elio Parisi, Graciela Mota, José Manuel Sabucedo, Joelle Bergère Dezaphi, Maritza Montero e outros. Quando da concretização do simpósio que apresentaríamos a SIP e que Nelson Valéncia se encarregara de organizar, com nosso apoio, vimos por bem chamar José Manuel Sabucedo, Graciela Mota, Wilson Lopez Lopez, Salvador Sandoval e Silvina Brussino. Infelizmente, nem Salvador nem Graciela puderam estar presentes. Como preparação para Medellín, Silvina Brussino compartilhou com todos nós e nossas redes um documento que propunha a No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 29

fundação de uma rede de Psicologia Política. Feitas as poucas emendas ao documento, em Medellín realizamos duas reuniões, nas quais se associaram cerca de 30 pessoas. O documento proposto por Brussino chamava-se Red Iberoamericana de Psicología Política e nele se lia que a rede deveria ser capaz de: 1.) Proporcionar uma análise de conjuntura que possibilite identificar os elementos sócio-políticos emergentes prioritários que hoje interpelam a disciplina, pautando assim uma agenda de trabalho articulada e compartilhada. 2.) Promover o desenvolvimento da investigação, proporcionando espaços de intercâmbio, estudos comparativos e colaborativos que tenham como objetivo a construção de conhecimento interdisciplinar e latino-americano sobre as vinculações dos sujeitos e dos grupos com o âmbito político, fortalecendo, por sua vez, a produção e a circulação de conhecimentos e ferramentas de intervenção. 3.) Fortalecer o diálogo acadêmico por meio: a.) do intercâmbio de docentes, bolsistas e estudantes, defendendo uma circulação fluida e sistemática do conhecimento gerado nos distintos âmbitos da rede, viabilizando a subscrição de convênios institucionais em nível universitário que contribuam com a consecução desse objetivo; b.) da organização de eventos científicos internacionais e encontros de trabalhos específicos da área, que possibilitem a socialização das diversas produções e o intercâmbio de saberes; c.) da geração de espaços de co-formação nas distintas instituições e âmbitos nos quais estão inseridos os grupos e colaborar com a hierarquização e a atualização dos/as profissionais da área; d.) da geração de uma revista latino-americana de Psicologia Política. 4.) Gerar novas redes de comunicação e potencializar as já existentes com vistas a aumentar a visibilidade da área e a sistematização das experiências locais, geran-

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do, assim, uma integração maior dos diferentes saberes do campo, favorecendo o intercâmbio entre os grupos. 5.) Possibilitar a realização de acordos específicos de trabalho entre integrantes da rede para o desenvolvimento de projetos concretos de investigação inter-grupais. 6.) Convocar para a participação e envolvimento psicólogos e outros cientistas sociais interessados na Psicologia Política latino-americana nas distintas circunstâncias do território, assim como o desenho de políticas públicas que demandem uma intervenção especializada, promovendo o compromisso social dos profissionais da área. 7.) Posicionar-se criticamente diante das instâncias correspondentes em relação às condições de precarização do trabalho que vêm marcando nossos grupos. 8.) Promover nas instituições pertinentes o debate sobre a inclusão da Psicologia Política como área de exercício legal da profissão de psicólogo em todo o território latino-americano e como disciplina obrigatória na formação de psicólogos e cientistas sociais latino-americanos. (Brussino e cols., 2011)

No dia 29 de julho de 2011, em Medellín, concertou-se a fundação da AILLPP e estabeleceu-se que Silvina Brussino seria a Secretária Geral pró-tempore da rede/associação até que se celebrasse em Córdoba o 1º Encuentro Ibero Latinoamericano de Grupos y Equipos de Psicología Política, entre os dias 2 e 4 de Novembro de 2011. A meta estabelecida em 2008 havia sido alcançada. Não restam dúvidas que o encontro cordobês constituiu um frutífero espaço de intercâmbio de idéias e de um levantamento efetivo acerca do estado da arte da Psicologia Política na região. No encontro, 11 países participaram de mesas investigadores: Peru, Colômbia, Costa Rica, México, Venezuela, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Espanha e Portugal. Com a fundação da AILPP, No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 31

as revistas de Psicologia Política argentina e brasileira passaram a ser veículos oficiais de comunicação, tendo um de seus fascículos focado em temas eixo para a Psicologia Política latino-americana. Entre 31 de julho e 3 de agosto de 2012, celebramos em Lima, no Peru, o I Congreso Iberoamericano de Psicología Política e o II Encuentro Iberoamericano de Grupos y Equipos de Investigación en Psicología Política. No congresso, elegeu-se a primeira diretoria da associação, cabendo-nos a Secretaria Geral Adjunta e a Brussino a Secretaria Geral. A fundação dessa nova entidade – passados 114 anos das obras do francês Emile Boutmy, 107 do livro do brasileiro Victor de Britto e 105 anos do clássico livro de Gustave Le Bon –, traz uma força renovada a um campo que tem enfrentado muita resistência no universo das ciências estabelecidas. Como é sabido, a Psicologia Política constituiu-se fora dos muros da universidade e só muito recentemente começou a abrir espaço dentro do meio universitário com a fundação da ISPP (Silva, 2012). Entretanto, parece-nos que a fundação da AILPP vem trazer à luz outro jeito de fazer Psicologia Política, em que o campo constitui-se interdisciplinarmente e no qual o encontro de saberes disciplinares possibilita a produção de novos olhares, de novas formas compreensivas dos fenômenos coletivos.

Considerações finais Essa tem sido a história não só da Psicologia Política brasileira, mas de toda a produção latino-americana. Nesse campo, encontram-se filósofos, historiadores, cientistas políticos, bacharéis em direito, sociólogos e antropólogos, comunicadores e psicólogos. Juntos, esses e outros 32 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

profissionais têm se esforçado por construir a Psicologia Política a partir de distintos e variados diálogos interdisciplinares. Disso a revista Psicologia Política tem sido testemunha em seus 13 anos de existência. Ao lermos a produção psicopolítica latino-americana, ao observarmos as diferentes formas de intervenção que se faz desde a Psicologia Política, percebemos o comprometimento com posturas científicas críticas e sólidas. Percebemos que cada uma delas, ainda que partam de lugares hermenêuticos diferentes, fundamentam-se em complexas argumentações que são resultantes de encontros, de diálogos, ocorridos nas fronteiras disciplinares e, muitas vezes, para além delas. Essa é a cara da Psicologia Política brasileira e ibero-latino-americana, fruto dos esforços da comunidade científica que se agrega em torno ao campo da Psicologia Política. Esta produção de textos não se restringe a posicionamentos politica e socialmente comprometidos. Não se trata disso a Psicologia Política! Não se trata de uma psicologia comprometida politicamente. Na verdade, é importante fecharmos esse capítulo reforçando a idéia que orienta desde sua criação a revista Psicologia Política, da qual atualmente somos editores: a Psicologia Política como um “campo de estudos interdisciplinar”, o qual se interessa pelo estudo das problemáticas “que tem como epicentro a reflexão sobre o comportamento político nas sociedades contemporâneas”. Realmente não se pode perder de vista que O ponto de intersecção entre estas duas áreas científicas – Psicologia e Política – tem sido a preocupação com a construção de um universo de debate no qual nem as condições objetivas nem as subjetivas estejam ausentes, pelo contrário, estão sendo compreendidas, por diferentes abordagens teóricas, como codeterminantes, portanto, constituintes dos comportamentos coletivos, dos discursos, das ações sociais e No interstício das disciplinaridades: a psicologia política 33

das representações que constituem antagonismos políticos no campo social. (RPP, 2001, p. 8)

Essa é a perspectiva que temos buscado guardar e construir desde que iniciamos nossos estudos do campo: uma Psicologia Política que está deslindada no âmbito da interdisciplinaridade, que se faz nas “encruzilhadas” do conhecimento, nos “interstícios disciplinares”. Portanto, vemos nos encontros e diálogos interdisciplinares ocasião para que a produção que a Psicologia Política trouxe e traz à comunidade científica torne-se um caminho para a mudança social. Esse tipo de postura é importante porque garante uma produção de saberes no campo psico-político que é teórico-metodologicamente capaz de ter maior alcance, tanto reflexivamente quanto interventivamente. A acolhida dessa postura por parte de um grupo expressivo da comunidade de psicólogos/as políticos/as mostra como temos avançado rumo a uma leitura alternativa e efetiva da Psicologia Política que pode contribuir muito para a Psicologia Política mundial, quando investigadores/as de outras partes do globo decidirem olhar para este rincão. Certamente, a Psicologia Política brasileira e latino-americana contém um conjunto de contribuições que guarda elementos comuns e que auxiliam numa compreensão inovadora de fenômenos políticos que afligem o mundo contemporâneo. Esse modo de olhar que temos construído coletivamente abre portas para um pensamento mais crítico e comprometido com a transformação social no instante em que nos convidam a repensar (nosso) o cotidiano e a ações que são levadas nessa dimensão estruturante da vida humana. De modo particular, esse é o modo de trabalhar e pensar que realizamos no Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia Política, Políticas Públicas e Multiculturalismo (GEPSIPOLIM). (Almeida, Silva e Corrêa, 2012; Costa, D‘Addio, Bosso e Souza, 2013). 34 Alessandro Soares da Silva & Felipe Corrêa (Orgs.)

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