A RECEPÇÃO DAS IDEIAS NATURISTAS DE GEORGES HÉBERT NOS PERIÓDICOS BRASILEIROS (1913-1940) Carolina Nascimento Jubé1 PALAVRAS-CHAVE: Georges Hébert; naturismo; Brasil INTRODUÇÃO Georges Hébert, passou por uma guinada naturista quando lançou o livro Guide Pratique d’Éducation Physique (1909). Ele promoveu os banhos e o trabalho ao ar livre ao afirmar que o “treinamento é feito naturalmente pelo trabalho, com o torso nu, o maior tempo possível, e também por meio dos banhos de ar em todas as estações.” (HÉBERT, 1916, p.VII). Muitos estudiosos afirmaram que a maior influência em sua proposta naturista foi conferida pela proximidade com Dr. Paul Carton (1875-1947). O naturismo cartoniano ofereceu uma originalidade singular à obra de Hébert, assim como, um caráter doutrinal e uma dimensão de filosófica de vida à seus adeptos. As práticas naturistas, já populares na Europa, chegaram ao Brasil ainda nas primeiras décadas século XX. Inúmeras matérias sobre o tema circularam nos periódicos nacionais e narraram a importância dos banhos de sol, de ar e da seminudez. Associaram assim, os usos da natureza à cultura física e ao Método Natural de Hébert. Essa combinação seria a solução para o raquitismo, para o sedentarismo, e outros males que lesavam toda a sociedade brasileira. Combateria ainda o alcoolismo, o tabagismo, e demais vícios que desvirtuavam o caráter dos cidadãos e enfraquecia a raça. OBJETIVO Analisar as ideias naturistas de Hébert que chegaram ao Brasil por meio de periódicos nacionais que circularam entre os anos de 1913 a 1940. METODOLOGIA Para este trabalho foram utilizadas como fontes periódicos brasileiros que publicaram, entre os anos de 1913 a 1940, matérias sobre o Método Naural de Hébert e seus princípios. Foram elencados: Fon-Fon!; Jornal do Brasil; O Imparcial; O Imparcial Sportivo; Correio da Manhã; Gazeta de Noticias e O Paiz. A metodologia do trabalho consiste em confrontar estas fontes com as referências brasileiras e francesas como, Soares (2003), Delaplace (2005) e 210
Villaret (2005), a fim de compreender de forma aprofundada a recepção das ideias de Hébert no Brasil pelo viés da natureza. DISCUSSÃO As preocupações nacionais, recorrentes do início do século XX, com as epidemias, os vícios e a falta de vigor físico da mocidade, despontaram nas matérias dos periódicos brasileiros. Os princípios de cura pela natureza, por meio dos banhos de ar, de sol e a nudez controlada, foram publicados nos jornais em forma de recomendação médica. Higienistas, como Dr. Moncorvo Filho, colocaram em prática a “ginástica natural” pelo método de “Hébert e Carton” com a finalidade de curar as crianças. As observações médicas veiculadas nesse período defendem ainda, a importância dos banhos de sol e de ar na vida física e moral dos cidadãos. Seu papel fundamental estava na revigoração da saúde e da raça e também no tratamento, por exemplo, de crianças tuberculosas. As matérias trouxeram referências contundentes aos princípios de Hébert. As qualidades viris e morais, a vontade, a coragem, o sangue-frio, assim como os deveres para com a pátria e o altruísmo, foram extraídos dos ensinamentos do autor francês e propagados nos periódicos brasileiros. Os jornais da época aconselhavam a prática de uma ginástica útil e metódica em contato com os elementos da natureza, com os banhos e com uma vida ao ar livre. Asseguraram a importância de estimular, desde cedo, o hábito do exercício físico como maneira de desenvolver o organismo e cuidar do corpo. Houve ainda, recomendações para a adoção do Método Natural nas instituições de ensino brasileiras. CONCLUSÃO Foi possível concluir que os princípios e as propostas naturistas de Hébert chegaram ao Brasil ainda na década de 1910 e se vincularam ao pensamento médico higienista por meio de uma abordagem voltada aos tratamentos terapêuticos de doenças e para conservação da saúde. Os processos de cura são, portanto, importantes indícios de um campo onde as ideias de Hébert penetraram. É possível certificar que, a ligação com Dr. Carton e com os fundamentos do naturismo francês, foram determinantes para que o nome de Hébert tenha chegado no Brasil. Desse modo, conseguimos compreender um ponto da recepção da obra e das ideias de Hébert, fato que corrobora para o melhor esclarecimento da relação histórica entre as práticas ginásticas propostas na França por meio do Método Natural e sua adaptação à realidade brasileira.
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FONTE DE FINANCIAMENTO Apoio financeiro FAPESP/CAPES. Processo nº 2014/16989-4, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
REFEÊNCIAS
DELAPLACE, J-M. George Hébert: Sculpteur du corps. Paris: Vuibert, 2005. SOARES, Carmen. L. Georges Hébert e o Método Natural: Nova sensibilidade, nova Educação do corpo. Rev.Bras.Cienc.Esporte. Campinas, v.25, n.1, p.21-39, set. 2003. VILLARET, Sylvain. Histoire du naturisme en France. Depuis le siècle des lumières. Paris: Vuibert, 2005. 1
Doutoranda, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. E-mail:
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