A REDE SOCIAL COMO ESPAÇO PARA PRODUÇÃO DE IMAGENS DE MODA EM UM PROJETO DE EXTENSAO TECNOLÓGICA SOCIAL NETWORKING AS SPACE FOR THE PRODUCTION OF FASHION IMAGES IN A PROJECT OF TECHNOLOGICAL EXTENSION

May 30, 2017 | Autor: A. Fontana Valentim | Categoria: Analise de Redes Sociais, Fashion
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A REDE SOCIAL COMO ESPAÇO PARA PRODUÇÃO DE IMAGENS DE MODA EM UM PROJETO DE EXTENSAO TECNOLÓGICA SOCIAL NETWORKING AS SPACE FOR THE PRODUCTION OF FASHION IMAGES IN A PROJECT OF TECHNOLOGICAL EXTENSION Alessandra Olisia Medeiros, IFSC1 [email protected] Carolina Sasso Simon, IFSC2 [email protected] Anamélia Fontana Valentim, IFSC3 [email protected] Resumo Este trabalho se fundamenta no entendimento de que a moda e a tecnologia imprimiram mudanças na divulgação das imagens de moda, diminuído sua atuação em revistas e fazendo parte deste período atual habitado pelas redes sociais. Este pressuposto serviu de base para a criação de um projeto extensão tecnológica finalizado em 2015 e que apresentaremos brevemente neste estudo. Este recorte descreve e analisa a constituição de procedimentos e competências no desenvolvimento e consultoria de produção de moda e fotográfica para lojistas de um shopping de varejo que atuou como parceiro no projeto. Palavras-chave: Produção de Moda; Imagem; Rede Social; Abstract This paper is founded on the argument that fashion and technology have imprinted changes in the dissemination of fashion images, reducing its activities in magazines and being part of a time inhabited by social networks. This assumption was the basis for the creation of a technological extension project completed in 2015 and which will be presented briefly in this study. This paper describes and analyzes the establishment of procedures and capacities used in the development and fashion and photography consultancy for a retail shopping center that served as a partner in the project. Keywords: Fashion production; Image; Social Networking;

Introdução e contextualização As diversas transformações ocorridas ao longo do século passado e atualmente, especialmente na área tecnológica, levaram o setor produtivo à adaptação de novas formas de produzir e promover bens e serviços. No presente, no que diz respeito à moda, a competição acontece com maior intensidade, sendo que a rapidez da informação acelera os processos produtivos e de distribuição dos produtos. Acompanhando as transformações e a velocidade das transformação da moda temos as imagens de moda, se seguirmos toda sua evolução desde as primeiras revistas percebemos que as informações sobre qualidade, preço, materiais e outros atributos antes adicionadas à imagem em forma de legenda, hoje são muitas vezes dispensáveis. 1

Técnica em Produção de moda, bolsista do CNPq pelo projeto de extensão aqui apresentado e graduanda de Tecnologia em Design de Moda pelo IFSC, campus Araranguá. 2 Técnica em Produção de moda, bolsista do CNPq pelo projeto de extensão aqui apresentado e graduanda de Tecnologia em Design de Moda pelo IFSC, campus Araranguá. 3 Professora de moda no Instituto Federal de Santa Catarina, campus Araranguá. Graduada em Tecnologia em Moda e Estilo e especialista em Moda: criação e processo produtivo pela UNESC. Mestre e Doutoranda em Ciências da Linguagem pela UNISUL. Orientadora do projeto.

Com o passar dos anos, a imagem foi sendo simplificada, ao passo que a mensagem adquiria complexidade: as ilustrações foram substituídas pela fotografia, a quantidade de texto diminuiu, muitas vezes chegando a uma imagens somente. As imagens, porém, são expressivas, capazes de transmitir mensagens além do que se vê e de fazer o leitor refletir. (TESSER, 2012, p.219)

Embora muitos e variados, os canais de comunicação que a moda utiliza evoluíram e a comunicação com os consumidores é cada vez mais próxima, especialmente com o advento das redes sociais e a visibilidade que elas implicam. Com tamanha exibição as empresas de moda precisam produzir conteúdo e “oferecer uma forte “história” ou pano de fundo por trás da marca que leve o cliente a descobrir mais”. (MOORE, 2013, p.12). Para que o público perceba os componentes da marca é imprescindível ter uma visão plena do que a marca deve significar. Dentro desta preocupação, a publicação de imagens dos produtos de moda deve seguir uma coerência com a razão de ser da marca e promover a valorização daquele produto dentro das competências da fotografia de moda. Esta breve contextualização nos serve para apresentar a percepção que deu inicio ao projeto de extensão tecnológica envolvendo a instituição proponente IFSC, no atendimento de demandas tecnológicas da região da AMESC, especialmente na instituição parceira que foi um shopping de varejo da cidade de Araranguá. O projeto contemplado com apoio financeiro dos órgãos MEC/SETEC/CNPq e com duração de dois anos (2014-2015) foi intitulado “Consultoria e prestação de serviço de Produção de Moda

para promoção de artigos de vestuário produzidos na região da

AMESC4”. Dentro das linhas de ação do projeto a proposta foi contribuir para o fortalecimento dos arranjos produtivos locais, desenvolvendo consultorias e serviços tecnológicos, mais especificamente na área de produção de moda e fotografia de moda. Percebemos que as imagens de produtos publicados nas redes sociais por empresas da região onde localiza-se a instituição proponente não eram profissionais e na maioria das vezes acabavam por desvalorizar o produto. Entende-se por não profissionais neste estudo imagens que mostram os produtos exibidos de forma desfavorável, como em cabides pendurados em maçanetas de provador, com o tecido amarrotado, utilizando como suporte manequins em mau estado de conservação ou vestidos em pessoas, porém, sem o acréscimo de acessórios, calçados, produção de maquiagem e cabelo, além de possuírem baixa resolução. Junto a esta observação nota-se também que as próprias vendedoras são responsáveis pela produção de moda, fotografia e publicação nas redes sociais, especialmente Instagram e Facebook. O campus do IFSC Araranguá e possui dois cursos na área de Moda, o de Tecnologia em Design 4

Associação dos municípios do Extremo Sul Catarinense.

de Moda e o Técnico em Produção de Moda, este último sendo parte efetiva do projeto já citado. Na cidade o setor de confecção é representativo em termos econômicos e de geração de postos de trabalho sem a exigência de qualificação profissional. Segundo os estudos de Kauling (2011) nas indústrias de confecção da região não foram observados o emprego de gestão do design e marketing demonstrando um fraco grau de inovação, produção de artigos com valor agregado e utilização de tecnologias. Com base neste contexto que envolve a moda global e local e a área tecnológica, todas as transformações forçaram o setor produtivo à adaptação em novas formas de comunicação. Com a competição acirrada e consumidores bombardeados com informações de moda a promoção de moda é uma vertente da moda que cresce rapidamente e tem de se adaptar, especialmente às redes sociais. Na medida que a procura por publicidade impressa de moda cai e as revistas e jornais saem de cena, o consumidor assume o comando de suas fontes de informação online e com isso a produção de moda também ganha mais facetas e possibilidades. O objetivo desta introdução é apresentar parte da fase exploratória do projeto que serviu para a criação de pressupostos e instrumentos de atuação do mesmo. O recorte que aqui fazemos compreende o campo da pesquisa qualitativa, onde iremos apresentar de que forma a construção teórica elaborada na fase inicial do projeto foi levada à prática empírica. Finalmente à luz das teorias utilizadas pretendemos problematizar o espaço das redes sociais como possibilitador da consolidação do produtor de moda como profissional capaz de promover o produto de moda adequadamente, especialmente na área de abrangência do projeto e dentro dos resultados e avanços esperados com a execução do mesmo. A fotografia de moda como imagem Dentre os períodos históricos tradicionalmente apresentados onde considera-se a presença da moda atuando na mudança do vestuário, ou seja, após o século XIV, destacamos um período que coincide com a criação da alta-costura e que foi fundamental para o entendimento de moda como imagem, a consolidação do capitalismo no século XIX. A primeira mudança observada por Walter Benjamin (2009) no século XIX e que nos permite relacionar moda à imagem foram as galerias, ruas de comércio cobertas por ferro e vidro que representavam a arte a serviço do comércio. Neste ambiente de transformações urbanas as ruas são cobertas e transformadas em passagens. Benjamin (2009) no texto de 1935 e 1939 “Paris, a capital do século XIX”, descreve esse período de conflitos entre o velho (nostálgico)

e o novo (futuro). Este espaço de novidades que se sobrepõem de forma constante apresenta a vitrine como imagem a ser consumida, assim como a própria mercadoria que apresenta. Nas exposições universais, também observadas por Benjamin, a fotografia ganha espaço em eventos que exaltavam o desenvolvimento técnico e fortaleciam o capitalismo, assim, as mercadorias exibidas passam a ter valor de troca superior ao seu valor de uso. O fetichismo da mercadoria sacraliza a mesma como objeto de distinção, a moda segundo Benjamin (2009, p. 44) “prescreve o ritual segundo o qual o fetiche da mercadoria deseja ser adorado.” A moda se torna imagem quando se torna fetiche, na vitrine não se pode tocar a mercadoria, isso dá acesso a uma fantasmagoria onde o homem frequenta estes espaços para deixar distrair-se. Esta breve associação que fazemos entre a passagem do século XIX para XX e a moda como imagem é fundamental para entender a dimensão que a moda pode ter quando deslocada da sua materialidade e aliada à tecnologia. Trazendo para a atualidade podemos evidenciar essa relação entre moda e imagem com a visibilidade que ganha ao estar inserida na era dos compartilhamentos on-line. Neste espaço de troca de informação as redes sociais estão se tornando indispensáveis para as marcas de moda firmarem relações de identificação com seu público. Entende-se por rede social “estruturas dinâmicas e complexas formadas por pessoas com valores e/ou objetivos em comum, interligadas de forma horizontal e predominantemente descentralizada”. (Duarte; Quandt; Souza, 2008, p.34). Para os consumidores, segundo Moore (2013), o desenvolvimento da internet modificou a maneira como o público se abastece de informação sobre as marcas e também o quanto elas os influenciam. Há uma exigência maior de informação e envolvimento, quase individual, que escapa ao discurso tradicional de venda. A indústria da moda em rápida transformação, com sua necessidade de compartilhar ideias e imagens, envolve-se com os clientes em um nível emocional e, para se manter à frente das novas tendências, abraçou essa nova era da comunicação com entusiasmo. (MOORE, 2013, p.16)

Diante da relevância que as redes sociais possuem para os negócios de moda e da observação sobre a carência de imagens de moda adequadas nas publicações realizadas por marcas da região da AMESC no facebook e instagram foi criado então o projeto de extensão tecnológica que uniu em parceria o a instituição proponente (IFSC) e um shopping de varejo da cidade de Araranguá.

Métodos de trabalho desenvolvido no projeto de extensão Com base no entendimento que a tecnologia, especialmente relacionada à produção e compartilhamento de informações, trouxe mudanças e operou adaptações para a moda o projeto propôs disponibilizar a troca de conhecimento entre os alunos da área de moda da instituição e os lojistas participantes. De forma prática o projeto iniciou com a seleção de dois bolsistas que dariam apoio às atividades, foi realizada a aquisição de equipamentos como, computador, impressora fotográfica, armário desumidificador para os equipamentos fotográficos que a instituição já possuía, acervo bibliográfico especializado, instalação de softwares de edição de tratamento de imagens. Na sequencia foram realizados cursos de gestão de mídias sociais e tratamento de imagem pela coordenadora e outra professora da instituição para aperfeiçoamento e posterior capacitação dos bolsistas. Na etapa seguinte, com a constituição de procedimentos e competências para o projeto, apresentamos aos lojistas nossa proposta de atuação. Que se direcionou para a produção moda e fotográfica, quinzenal ou mensal, assessoria na publicação e acompanhamento dos impactos no que diz respeito à visibilidade das imagens. Uma produção de moda é uma composição de elementos que definem um estilo, e o produtor de moda é o profissional responsável pela montagem de uma imagem de moda; é ele que escolhe e reúne as roupas e os acessórios que serão fotografados, gravados ou expostos. (JOFFILY; ANDRADE, 2013)

Após visita às lojas e pesquisa sobre as tendências que muitas vezes estavam relacionadas aos produtos a equipe do projeto se reunia e planejava a tomada de decisões para agendar o dia da sessão de fotos. Por se tratar de um projeto sem contrapartida financeira por parte da instituição parceira todos os profissionais foram voluntários, entre eles modelos, maquiadores, cabeleireiros e assistentes de fotografia. Em algumas ocasiões o fato de termos colaboradores voluntários dificultou o agendamento de sessões fotográficas e no caso das modelos exigiu da equipe do projeto busca por conhecimento sobre direção de modelos. “Modelos iniciantes, em particular, confiam na experiencia do fotografo para guia-las em poses bem sucedidas. Mesmo modelos bem experientes [...] precisam que o fotografo ajuste suas poses.” (PEGRAM, 2014) Outra diretriz criada a partir de pesquisas em livros, blogs e sites especializados em moda foi a opção por fazer as fotos especialmente na rua ou em locais públicos, de forma que a ambientação da própria cidade servisse de aproximação entre o consumidor e a marca.

Segundo Moore (2013) a fotografia de rua compõe a ideia de um estilo pessoal que não necessariamente se baseia em tendências. Este entendimento contribuiu para criação de fotos que se diferenciavam daquelas em que o mesmo produto fotografado já havia aparecido no catálogo ou lookbook. De acordo com Moore (2013), ao permitir que as pessoas saibam o que a marca está fazendo e para quando, isto é poderoso, pois, possibilita a concorrência entre marcas pequenas e maiores. Por fim com a publicação de imagens de moda fora dos períodos de lançamento ou fora dos estúdios e com maior frequência nas redes sociais percebemos uma maior garantia de comunicação em tempo real e retorno quanto à avaliação do produto por parte do cliente. Considerações Finais Finalizando o trabalho direcionamos nossa atenção para a importância de um profissional que coordene a produção de imagens de moda veiculadas em redes sociais por pequenas empresas e lojistas. O técnico em produção de moda é habilitado para elaborar a composição de looks direcionados para produção publicitária, seja em vitrines, exposições, desfiles, entre outros tipos de apresentação pública como as mídias sociais. Entendemos que projetos de extensão como este propiciam maior visibilidade ao trabalho que pode ser executado por este profissional de moda e por consequência valorizam o produto desenvolvido na região especialmente em sua forma de divulgação. Referências BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009. DUARTE, Fábio; QUANDT, Carlos; SOUZA, Queila. O tempo das redes. Sao Paulo: Perspectiva, 2008. JOFILLY, Ruth; ANDRADE, Maria de. Produção de Moda. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2013. KAULING, Graziela B. A inserção da gestão do design no processo de desenvolvimento de produtos em empresas de confecção de Araranguá. Dissertação (mestrado) – Faculdade de arquitetura, Programa de Pós-Graduação em design. UFRGS, Porto Alegre, 2011. MOORE, Gwyneth. Promoção de Moda. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. TESSER, Priscilla. In: FAÇANHA, Astrid; MESQUITA, Cristiane. Styling e criação de imagem de moda. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2012.

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