A redescoberta de Debret no Brasil Modernista

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anderson ricardo trevisan é doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, onde realizou também seu pós-doutoramento, com estudos sobre pintura e cinema. É pesquisador do Grupo de Pesquisa em Cinema e Literatura da Unesp de Marília e pesquisador colaborador e docente credenciado do Instituto de Estudos da Linguagem, da Unicamp, trabalhando junto ao projeto de cooperação internacional A circulação transatlântica dos impressos: a globalização da cultura no século xix.

Paulo Menezes Departamento de Sociologia – fflch Universidade de São Paulo

ISBN 978-85-7939-314-3

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A redescoberta de Debret no Brasil modernista

Anderson Ricardo Trevisan

Paulo Menezes fflch-usp

temos frente aos olhos um instigante trabalho de investigação das condições simbólicas de constituição do social, realizado a partir de uma fundamentação teórica e metodológica densa e consistente, que remete aos mais instigantes trabalhos realizados pela Sociologia da Arte, pois “existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber, diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir” (foucault).

A redescoberta de Debret no Brasil modernista

tar pintar esta estranha combinação entre realeza e trópicos, com baixíssimo índice de urbanização e apropriação bastante diferencial do que poderia ser concebido como civilização. Agora, neste novo trabalho, todo este arcabouço de conhecimento se volta para um novo fenômeno social: a “redescoberta” de Debret no Brasil modernista. Redescoberta, que beira a reinvenção, força o olhar investigativo a também se reinventar, problematizando o que vê mas também o que se sabe sobre o que se vê, para dar conta desta imersão bastante peculiar que as telas e aquarelas de Debret vão encontrar nas páginas de uma revista impressa, de circulação imprecisa, que utiliza Debret não mais como alguém que colaborou na constituição a dimensão simbólica da realeza portuguesa em terras brasileiras, mas agora na direção da constituição de uma nação que quer se pensar e imaginar moderna e republicana.

Anderson Ricardo Trevisan

F

oucault disse, em História da Sexualidade II – O Uso dos Prazeres, que problematizar é a “tarefa de uma história do pensamento por oposição à história dos comportamentos ou das representações: definir as condições nas quais o ser humano “problematiza” o que ele é, e o mundo no qual ele vive”. É isso que se pode esperar da leitura do profundo trabalho de investigação executado neste livro por Anderson Trevisan. Fundamentado no que há de mais instigante nas análises fincadas na Sociologia da Arte (os textos de Pierre Francastel, que inventa a disciplina na França dos anos 1950), temos sempre em primeiro plano de análise uma investigação direta das obras de arte, aqui as páginas da revista, eleitas como elemento primordial de constituição de significados. Com isso se escapa de alguns modismos, atuais e antigos, de ver as manifestações artísticas como “reflexo” das condições sociais nas quais nasceram ou, mais atualmente, como mera derivação de “estruturas objetivas” e/ou posicionamento de autores e mecenas em lutas por poder, simbólico ou não. Este trabalho de Anderson começa, na verdade, anos atrás, quando elaborou sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da fflch-usp, sob o tema de Aquarelas do Brasil: estudos sobre a arte “documental” de Debret. Aqui, a pesquisa deslindou as dificuldades de um pintor francês, aluno de David, que aporta em terras brasileiras como membro da Missão Artística Francesa de 1816, com o intuito de ten-

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