A relação entre os hiperbens e a afirmação de Deus em Charles Taylor: Buscando o sentido do self em uma sociedade secularizada

September 29, 2017 | Autor: C. Fernandes Guim... | Categoria: Charles Taylor
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A relação entre os hiperbens e a afirmação de Deus em Charles Taylor: Buscando o sentido do self em uma sociedade secularizada Caroline Ferreira Fernandes* RESUMO Nosso escopo fundamental nesse artigo é compreender como se deu efetivamente o processo de secularização no Ocidente pelo viés narrativo adotado por Charles Taylor. Além do mais buscaremos evidenciar a possibilidade de uma afirmação autêntica de Deus nesse imaginário social a partir de uma noção do self como avaliador forte e enquanto movido pelo que ele chama de hiperbens, bens de vida que são qualitativamente hierarquizados pelo ser humano. Para isso, dividiremos nosso trabalho em três partes fundamentais: A primeira parte compreenderá as transformações culturais e históricas que permitiram irromper o que chamamos de mundo desencantado e também mostrar que o processo de secularização, mais do que histórico, é uma transformação no modo com que as pessoas lidam com o sagrado e com a religião. Na segunda parte, faremos alusão as três fontes de preocupação da sociedade contemporânea destacadas pelo autor, a saber, o individualismo exacerbado, a primazia da razão instrumental e o despotismo suave. Tentaremos evidenciar ainda que o fenômeno da secularização é também um mal-estar que enfrentamos em nossa civilização e que requer a nossa resposta. Por fim, na terceira parte defenderemos a tese de que as noções de avaliação forte e de hiperbens desenvolvidas por Taylor podem iluminar nosso caminho quanto a possibilidade de afirmar Deus autenticamente e de buscar pelo sentido do self numa sociedade que se nomeia secularizada. Palavras-chave: Charles Taylor. Processo de secularização. Self. Hiperbens. Introdução Nosso principal objetivo nessa comunicação é delinear o percurso histórico do fenômeno da secularização a partir da tese defendida por Taylor de que mais do que uma história do processo de desencantamento do mundo, ele pretende narrar uma história das transformações em nossas condições de crença, da passagem de um período em que a experiência de plenitude era indubitavelmente transcendente para um período em que essa experiência passa a poder ser feita no âmago da imanência, ou melhor, é quase impossível que não seja feita assim. Em A Secular Age, Taylor ressalta seu intuito de compreender o motivo * Mestranda em Filosofia da FAJE/MG. Bolsista da CAPES. E-mail: [email protected]

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pelo qual "passamos de um mundo no qual o lugar de plenitude era compreendido sem problematizações como fora ou 'além' da vida humana, para uma era de conflitos na qual essa interpretação é desafiada por outras que localizam a plenitude 'dentro' da vida humana" (TAYLOR, 2010, p. 29).

No livro supracitado, Taylor fará uma genealogia da noção de

espiritualidade, desde suas transformações mais visíveis, com o que chamamos imprecisamente de desencantamento, até as suas raízes fundamentais donde ultrapassamos a noção de um mundo simplesmente desencantado para um mundo plural e aberto ao desenvolvimento da fé. Assim sendo, percebemos que a sua empreitada é, antes de tudo, resgatar a ideia de que não vivemos uma história de "subtração" nem de perda da religião, mas sim um momento de transformações em nosso modo de olhar a religião e de seu lugar nessa sociedade tão aclamada por secularizada. Nessa perspectiva, uma questão fundamental norteará o nosso trabalho e todo o volumoso livro de Taylor, a saber: "Por que era praticamente impossível não acreditar em Deus, digamos, no ano de 1500, em nossa sociedade ocidental, ao passo que, em 2000, muitos de nós acham isso não apenas fácil, mas até mesmo inescapável?" (TAYLOR, 2010, p. 41). A partir dessa pergunta, queremos narrar a história dessa passagem, que além de ser a história do processo de secularização é a história de uma crise da cristandade e do surgimento de novas formas de expressar a fé, que evidenciamos na modernidade como pluralismo religioso. Assim sendo, nosso texto, além de mostrar esse percurso histórico, buscará mostrar a explosão de consequências que o fenômeno da secularização e a modernidade como um todo trouxeram para a sociedade contemporânea. Nosso autor constata que a sociedade contemporânea sofre de certo mal-estar e os identifica em três grandes problemas ocasionados pelo quadro intelectual e cultural fornecido pela modernidade, a saber, o individualismo exacerbado, a primazia da razão instrumental e a perda de liberdade na vida política, intitulado por ele, por influência de Alexis de Tocqueville, como despotismo suave. Analisaremos cada um baseado na leitura de Taylor e ainda identificaremos uma relação entre essa sensação de mal-estar e a secularização, cujo sintoma faz-se explícito ao longo de A Secular Age. Por fim, mostraremos que vivemos em um momento de crise de identidade, de uma visível perda de sentido na sociedade contemporânea cuja possibilidade de se encontrar uma possível resposta a esta crise está na noção de que somos moldados por uma ontologia moral mais rica do que aquela proposta pelo naturalismo, cujos pontos cruciais são as noções de

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hiperbens e avaliações fortes. Tendo em vista a delimitação desses conceitos, mostraremos que há a possibilidade de se afirmar Deus autenticamente em uma sociedade secularizada desde que se mostre que a nossa identidade não se forma desengajadamente, mas encarnada na história, em nossas escolhas por "bens de vida" e em nossa capacidade de transcender o espírito. 1. Uma narrativa do processo de secularização Charles Taylor já no prefácio de A Secular Age ressalta que o seu objetivo é "contar uma história, uma versão do que geralmente chamamos de 'secularização' no Ocidente moderno e, ao fazê-lo, tentar esclarecer o que vem a ser esse processo, geralmente invocado, mas ainda não muito claro" (TAYLOR, 2010, p. 7). Nesse sentido, nosso intuito também é esclarecer narrativamente um fenômeno tão discutido, mas ainda tão imprevisível em relação aos seus efeitos para a nossa sociedade. Nosso intuito, portanto, é delimitar o percurso de Taylor e a tese de que a secularização é uma marca da sociedade moderna sem esvaziá-la completamente de Deus, mas possibilitando-a viver novas dimensões de fé nesse imaginário social moderno já constituído. 1.1 - Três modos de descrição de secularização Segundo Taylor, existem dois grandes modos de caracterizar a secularização na história, sendo adotado por ele um terceiro modo, que poderá abarcar os outros dois, mas possibilitando um novo olhar sobre o fenômeno. A primeira descrição de secularização diz respeito à fragmentação da sociedade em duas esferas distintas, o público e o privado. Nesse ponto, Taylor mostrará que a crença religiosa é retirada da esfera pública para se tornar privatizada, essa é uma das marcas de sociedades seculares. O Estado ocidental moderno passa a ser livre da antiga conexão com a igreja. Segundo Taylor, a secularização é compreendida neste modo como um momento de privatização da religião, onde "os espaços públicos foram supostamente esvaziados de Deus ou de qualquer referência a uma realidade derradeira" (TAYLOR, 2010, p. 14). Por fim, Taylor afirma que nas sociedades seculares torna-se possível "engajar-se totalmente na política sem jamais encontrar Deus" (TAYLOR, 2010, p. 13). O segundo modo de conceptualizar o irrompimento da secularidade na modernidade ocidental enfatiza um declínio geral da religiosidade, ambos na prática e na crença. O homem moderno passa a procurar as raízes de seus comprometimentos morais e políticos na razão e não mais no poder explicatório das narrativas religiosas. Taylor afirma que "nesse segundo

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sentido, a secularidade consiste no abandono de convicções e práticas religiosas, em pessoas se afastando de Deus e não mais frequentando a igreja" (TAYLOR, 2010, p. 15). A terceira descrição de secularidade, sendo essa a perspectiva adotada por Taylor, diz respeito as "condições da fé". Seu objetivo é compreender "a mudança na passagem de uma sociedade em que a fé em Deus é inquestionável e, de fato, não problemática, para uma na qual a fé é entendida como uma opção entre outras e, em geral, não a mais fácil de ser abraçada" (TAYLOR, 2010, p. 15). Taylor mostrará que esse modo de compreender o processo

cultural

de

secularização

fará

jus

aos

fenômenos

que

vivemos

na

contemporaneidade. Para Taylor, a sociedade moderna não passou simplesmente por um desencantamento, no sentido de Max Weber, mas sim por uma transformação de uma condição ingênua de crença e para novas opções de crença. Nesse sentido, podemos perceber que a tentativa de Taylor é restabelecer o lugar da cristandade na sociedade contemporânea, trazer à tona qual é o lugar da religião nessa sociedade secularizada e como a crise da cristandade provocou no self moderno, na identidade protegida, um forte sentimento de desorientação, de mal-estar e de vazio, possibilitando ao self moderno uma busca incessante "de algumas fontes espirituais alternativas" (TAYLOR, 2010, p, 361). Assim sendo, podemos afirmar que permanecemos em uma tensão entre os valores transcendentais e os valores cotidianos, passamos por uma transformação em um tempo que era superior e litúrgico, para um tempo unívoco, não hierárquico, comum, ou seja, secular. Todas essas transformações serão concebidas por Taylor como uma profunda mudança no nosso sentido de plenitude. Seu objetivo será compreender por que somos agora capazes de alcançar essa experiência sem nos voltarmos explicitamente para a transcendência, por que somos capazes de buscar pelo bem viver sem necessariamente termos fé em Deus ou nos referirmos a Ele. 1.2 Três baluartes da fé minados: Self poroso X Self protegido Para responder a pergunta fundamental que fizemos na introdução, a saber, "por que era praticamente impossível não acreditar em Deus, digamos, no ano de 1500, em nossa sociedade ocidental, ao passo que, em 2000, muitos de nós acham isso não apenas fácil, mas até mesmo inescapável?" (TAYLOR, 2010, p. 41), Taylor nos mostra três baluartes da fé, onde a presença de Deus é inegável em todas as esferas da vida das pessoas, onde não há dissociações entre a religião e a política, entre a esfera pública e a esfera privada, entre a transcendência e a imanência. Taylor mostrará que na idade média a realidade está

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amalgamada em Deus. Taylor identifica o primeiro baluarte da fé como aquele que diz respeito ao nosso lugar no cosmos, à nossa noção de hierarquia e de localização bem determinada. O segundo baluarte é a implicação de Deus ao surgimento da pólis, Deus é visto em todas as dimensões da sociedade, não somente como criador, mas como mantenedor da própria criação. O terceiro e último baluarte da fé na idade média é a noção de que vivíamos em um mundo encantado, permeado por espíritos e demônios, é nesse sentido que Taylor nomeia esse self de poroso, pois era vulnerável a esses espíritos, havia uma sensibilidade no homem medieval com essas forças cósmicas. Segundo Taylor, com a obra da Reforma protestante esses baluartes da fé foram minados por uma noção de que a fé deveria ser desenvolvida interior e pessoalmente pelos indivíduos e que essa noção de hierarquia tão comum na idade média não podia mais ser sustentada. O movimento de reforma surgiu com um profundo sentimento de insatisfação do homem medieval diante dessa estrutura bem determinada. Nesse sentido, não será sem razão a forte adesão ao pensamento de Lutero, que propagou durante o movimento um ponto fundamental em seu tempo, que fora a noção da salvação pela fé. A esse respeito Taylor salienta: "o ponto importante é que, ao propor a salvação pela fé, Lutero tocou a questão nevrálgica de seu tempo, a preocupação e o medo centrais, que dominavam sobremaneira a piedade leiga, e impulsionou toda a extorsão das indulgências, a questão do julgamento, da danação e da salvação" (TAYLOR, 2010, p. 98-99). Todas essas características serão uma preparação para a chegada do humanismo na idade moderna. Taylor deixa bem clara a posição de que os movimentos de renovação religiosa serão momentos de ascensão de novas práticas espirituais e humanas que se enraizarão no período moderno. Sobre o seu propósito, ele reitera: Estou esboçando um retrato do mundo que perdemos, um mundo no qual as forças espirituais afetavam os agentes porosos, no qual o social estava fundamentado no sagrado e o tempo secular nos tempos superiores, uma sociedade, sobretudo, na qual o jogo da estrutura e da antiestrutura era mantido em equilíbrio, e esse drama humano revelou-se no interior de um cosmos. Tudo isso foi desmantelado e substituído por algo bem diferente na transformação à qual, em geral e imprecisamente, chamamos de desencantamento (TAYLOR, 2010, p. 83).

Nesse sentido, pode-se dizer que o caminho para a noção de self protegido estava preparado, a modernidade será marcada por uma profunda noção de interioridade e de consciência de si que dará lugar à dimensão da fé e de self poroso da idade média. Por self protegido, Taylor concebe como a capacidade de desengajamento característico da 5

modernidade, e a noção de que tudo passa a ser referenciado à mente. Essa distinção entre self poroso e protegido torna clara a virada reflexiva fundamental preparada pela reforma, ao colocar no indivíduo a dimensão da escolha, que apesar de um ganho reflexivo e de florescimento humano, preparou a chegada do humanismo exclusivo que trará ao homem moderno uma cosmovisão mais centrada na imanência e no próprio sujeito, onde o caminho para o surgimento da modernidade e da explosão de seus efeitos estava trilhado. 2 - A constatação dos mal estares da modernidade: A explosão de efeitos Taylor mostrará claramente que o enraizamento dos imaginários sociais modernos de que falamos, principalmente a noção de liberdade autodeterminante e a adesão pelo humanismo exclusivo, provocará o que Taylor concebe como o efeito nova que "propaga uma variedade cada vez mais ampla de opções morais ou espirituais, por toda a extensão do imaginável e talvez até mais além" (TAYLOR, 2010, p. 357). Esse efeito nova revelará uma mudança radical em relação ao plano espiritual do indivíduo e, principalmente, em relação à configuração de sua própria identidade causando em nós uma sensação de mal-estar e vazio diante do paradoxo fundamental da nossa sociedade que cresce amplamente em questões materiais, mas que tem revelado profunda incompreensão em relação as questões humanas e espirituais. Taylor reitera: "Agora vivemos numa supernova espiritual, uma espécie de pluralismo galopante no plano espiritual" (TAYLOR, 2010, p, 358). Sendo assim, Taylor chamará a explosão de consequências desse efeito nova de malestares da modernidade. O homem moderno tem passado por uma "ampla sensação de malestar diante do mundo desencantado, uma sensação de mundo como absoluto, vazio, como uma busca multiforme por algo dentro ou além dele que pudesse compensar o sentido perdido com a transcendência;" (TAYLOR, 2010, p. 361). Nessa sensação de mal-estar, o homem moderno, aparentemente invulnerável e protegido, perceber-se-á na posição de um ser em constante movimento de busca por algo que o preenche, por fontes alternativas de plenitude. No livro The Ethics of Authenticity, Taylor se posicionará claramente em relação à ética da liberdade, ou melhor, da autenticidade, propagada pela modernidade, mostrando suas fontes de preocupação como características visíveis de nossa cultura e sociedade contemporâneas. Preocupações essas não somente debatidas no âmbito teórico, mas também no âmbito prático, sendo sentidas no mundo da vida como “uma perda ou um declínio, mesmo enquanto, paradoxalmente, a nossa civilização 'se desenvolve'” (TAYLOR, 2011, p. 11). Nosso objetivo nessa segunda parte é evidenciar em linhas gerais suas principais

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características. 2.1 - Individualismo exacerbado A primeira fonte de preocupação destacada por Taylor em nossa sociedade é o individualismo exacerbado, que tem ultrapassado as fronteiras da liberdade e da possibilidade de ser autêntico e fiel a si mesmo, para um centramento nocivo em si mesmo que prejudica a convivência, a formação intersubjetiva, o reconhecimento do outro e, consequentemente, uma autêntica afirmação de um ser transcendente. Para Taylor, o que mais nos preocupa, e é uma marca da nossa sociedade, é o que nos levou à conquista da liberdade moderna. Para adquirirmos o direito de escolha, de sermos nós mesmos, passamos a esquecer, ou melhor, a solapar as ordens constitutivas que nos moldam enquanto seres humanos. O individualismo e a conquista da nossa liberdade nos foi concedida às custas da perda de sentido no todo. Citando Taylor, "a liberdade moderna foi ganha por nossa fuga dos horizontes morais" (TAYLOR, 2011, p. 12). Obviamente, não defendemos um retrocesso e isso seria mesmo um equívoco, mas o que defendemos é uma retomada de consciência, uma nova visão acerca do mundo e do próprio self em que a liberdade não é mais conquistada pela perda de horizontes fundamentais, mas sim pelo reconhecimento dos mesmos, do mundo, de si mesmo, do outro e possivelmente Deus. Portanto, pode-se dizer que a nossa maior fonte de preocupação não se restringe ao que ganhamos, mas sim ao que perdemos com essa tentativa de solapar as ordens constitutivas que moldavam nossas condutas morais. Taylor afirma que "tal perda de propósito estava ligada a um estreitamento. As pessoas perderam a visão mais abrangente porque se centraram na vida individual" (TAYLOR, 2011, p. 13). Esse é o fenômeno que Taylor chama, inspirado por Max Weber, de "desencantamento do mundo". Com ele, as coisas perderam parte do seu encanto (TAYLOR, 2011, p. 13) Concluímos que o individualismo reflete um paradoxo fundamental em nossa sociedade, afinal, é considerado uma conquista inegável da nossa civilização, ganhamos a liberdade de sermos nós mesmos, mas, ao mesmo tempo, perdemos a dimensão espiritual e constitutiva que nos moldavam, mostrando o lado sombrio do individualismo que "é o centrar-se em si mesmo, que tanto nivela quanto restringe nossa vida, tornando-a mais pobre de significado e menos preocupada com os outros ou com a sociedade" (TAYLOR, 2011, p. 14) e, principalmente, com a nossa relação com o transcendente.

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2.2 - Primazia da razão instrumental O segundo mal-estar identificado por Taylor é a primazia da razão instrumental. Vivemos na era da manipulação e do reducionismo, nosso intuito é o controle sobre tudo, inclusive sobre o ser humano. Todas as nossas atitudes são verificadas em termos de custobenefício, de eficiência. Por 'razão instrumental' Taylor entende como "o tipo de racionalidade em que nos baseamos ao calcular a aplicação mais econômica dos meios para determinado fim. Eficiência máxima, a melhor relação custo-benefício, é a sua medida de sucesso" (TAYLOR, 2011, p. 14). A razão instrumental que estamos envoltos em nossa sociedade revela-se paradoxal, ao mesmo tempo, que se mostra libertadora, também ameaça dominar a nossa vida e "eclipsar os fins independentes" (TAYLOR, 2011, p. 15), que deveriam guiá-la. "Os sacrifícios que a razão instrumental fugitiva nos impõe são bastante óbvios no endurecimento de uma perspectiva atomística, em nossa impenetrabilidade na natureza" (TAYLOR, 2011, p. 97). Esse tipo de racionalidade, em que se privilegia o produto e não o processo, não poderá abarcar as dimensões significativas do ser humano e por isso se revela ameaçadora. É fato que se estamos realmente enclausurados em uma "jaula de ferro", na expressão de Max Weber, será necessário uma delimitação prática do que entendemos por essa racionalidade, afinal, quanto aos problemas que ela se propôs a tratar inicialmente, como nos âmbitos da tecnologia, economia e de mercado, ela tem se revelado promissora. Não obstante, no que diz respeito aos problemas humanos práticos tem se revelado ameaçadora. Logo, deverá haver "um momento de deliberar o que devem ser nossos fins, e se a razão instrumental deve desempenhar um papel menor em nossa vida" (TAYLOR, 2011, p. 17). Portanto, não queremos retroceder no que tange aos ganhos tecnológicos inegáveis, mas mostrar que a razão instrumental tem avançado seus próprios limites, ou seja, a tentativa de torná-la realizável nas questões peculiarmente humanas ameaça a nossa própria condição de agentes engajados no mundo. 2.3 - Despotismo suave O terceiro mal-estar destacado por Charles Taylor é uma nova forma de despotismo suave, já explicitado por Alexis de Tocqueville, uma perda de liberdade política, em que "tudo será governado por um 'enorme poder tutelar' sobre o qual o povo terá pouco controle" (TAYLOR, 2011, p. 19). Esse mal-estar decorre dos dois primeiros que tratamos, ele é o resultado de um atomismo individual em que se privilegia a esfera privada e relega a

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participação política à tutela do Estado, em que se encontra "ameaçada a nossa dignidade como cidadãos" (TAYLOR, 2011, p. 19). Desse mal-estar, decorre a fragmentação que é o perigo mais alarmante, "surgido quando as pessoas se veem cada vez mais atomisticamente, posto de outro modo, como cada vez menos ligadas a seus colegas cidadãos em projetos comuns e alianças" (TAYLOR, 2011, p. 112). Percebe-se, portanto, que esse mal-estar é decorrente de uma valorização da vida privada e uma despreocupação com a vida pública, revelando um "tipo de indivíduo que ficará 'fechado em seu próprio coração'", Taylor diz que: "eles preferirão ficar em casa e desfrutar as satisfações da vida privada, contanto que o governo vigente produza os meios para tais satisfações e os distribua abertamente" (TAYLOR, 2011, p. 18). Por conseguinte, constata-se que Taylor percebe na civilização contemporânea uma crescente alienação e apatia políticas, onde o indivíduo se resigna em seu próprio ser, ou melhor, na sua vida privada em detrimento de sua participação da vida pública, ocasionando, portanto, uma generalizada falta de liberdade política. Esse é o diagnóstico de nossa sociedade atual, "uma sociedade fragmentada em que seus membros acham cada vez mais difícil a identificação com sua sociedade política como uma comunidade. Essa falta de identificação pode refletir uma perspectiva atomista, na qual as pessoas acabam enxergando a sociedade como puramente instrumental" (TAYLOR, 2011, p. 116). Para finalizar a descrição desse mal-estar, percebemos que a fragmentação e o atomismo sociais que marcam a nossa sociedade é decorrência dos outros dois mal-estares que abordamos e o aparente fracasso da iniciativa democrática. 2.4 - Secularização: Imaginários sociais modernos constituídos A secularização pode ser descrita como uma profunda ruptura com o pano de fundo anterior que descrevemos na primeira parte, suas principais características se imiscuem com os principais fatores da modernidade, ou seja, com a consolidação dos imaginários sociais modernos. O homem moderno, ao pertencer a um tempo secular, "está radicado no tempo comum, está vivendo a vida do tempo comum, em oposição àquelas pessoas que se distanciam disso a fim de viverem próximas da eternidade" (TAYLOR, 2010, p. 75). Nesse sentido, o homem moderno, ou melhor o self protegido, não faz mais referência aos espíritos e às forças cósmicas do mundo encantando, mas passa a ser senhor de si mesmo, a ele caberá ordenar a criação já dada pelo poder da sua razão e pelo seu exercício. O homem moderno não é mais voltado e guiado pelos chamados tempos "superiores" da idade média, mas sim

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pela possibilidade de desengajamento em todas as esferas humanas, seja na vida privada ou pública, sem mesmo precisar se referir a Deus. Taylor salienta ainda que "para o self moderno, protegido, existe a possibilidade de tomar distância, desengajar-se de tudo fora da mente. Meus objetivos últimos são aqueles que surgem dentro de mim, os significados cruciais das coisas são aqueles definidos em minhas respostas a elas" (TAYLOR, 2010, p. 55). Portanto, o self protegido, diferentemente do self poroso, é profundamente desengajado, ou seja, é capaz de abstrair de si mesmo, da sua história e de suas crenças para lidar com o mundo instrumentalmente. Esse desengajamento, só passou a ser possível a partir de uma distinção moderna fundamental entre mente e corpo, pois para o homem moderno no contexto da secularidade, Taylor observa, que o significado passa a estar situado exclusivamente na mente humana e não mais nas coisas, como outrora. Essa noção, já evidenciada de forma ingênua pelos nominalistas, será a marca fundamental do período moderno. Segundo Taylor, a partir dessa distinção, pode-se dizer que um novo sentido de self e de seu lugar no cosmos surge. Sobre a nossa nova concepção de mundo, Taylor mostra que "vivemos hoje em um mundo no qual o único lugar de pensamentos, sentimentos, vigor espiritual é o que chamamos de "mentes"; as únicas mentes do cosmos são as dos seres humanos; e as mentes são limitadas, de forma que esses pensamentos, sentimentos etc. estão localizados no "interior" delas" (TAYLOR, 2010, p. 46). Nessa perspectiva, vivemos em um mundo cuja ordem é estabelecida por nós e não por uma ordem externa, a nossa velha ideia de cosmos cederá lugar à noção de um universo neutro. Não intentamos aqui mostrar todas as nuances e transições que há entre o self poroso e o self protegido, nem as diferenças entre a ideia de cosmos e a do moderno universo neutro. Mas sim salientar que a tomada de posição do homem moderno além de gerar um ideal de autorrealização, uma confiança em si mesmo e no poder da razão, provocou o que Taylor chamará de um senso de desorientação, uma sensação de vazio e mal-estar diante do desencantamento do mundo. Nesse sentido, defendemos a tese de que a secularização, mais do que um fenômeno irrompido juntamente com a modernidade, é um possível reflexo do mal-estar e da possível nostalgia do homem contemporâneo em relação à transcendência. Não é sem razão a afirmação de Taylor que: Talvez o sinal mais claro da transformação em nosso mundo seja o fato de, hoje, muitas pessoas olharem para trás para o mundo do self poroso com nostalgia, como se a criação de uma fina fronteira emocional entre nós e o cosmos fosse agora vivida como uma perda. O objetivo é recuperar um pouco desse sentimento perdido (TAYLOR, 2010, p. 56).

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Assim sendo, o homem moderno se mostrará em busca de algo que o transcende, ou melhor, de "compensar o sentido perdido com a transcendência; e isto não diz respeito apenas àquela época, mas se trata de uma característica que ainda continua na nossa" (TAYLOR, 2010, p. 361). A partir dessa afirmação podemos defender a tese de que a nossa cultura não tem se mostrado irreligiosa como alguns teóricos da secularização defendem, mas sim uma cultura aberta a outros tipos de manifestação de crenças e espiritualidades, evidenciando a ideia já muito debatida de que a nossa cultura é plural tanto em relação a outras manifestações religiosas quanto a novas dimensões de espiritualidade. Segundo Elton Ribeiro: É importante perceber que a tese de Taylor sobre a secularização não exclui a religiosidade da sociedade contemporânea. Para ele, a sociedade contemporânea não pode ser entendida simplesmente como irreligiosa. A verdade é que, à medida que antigas formas de religiosidade foram enfraquecendo, outras novas foram surgindo e ganhando força. Essas novas formas se mostram como tentativas de viver a fé e a espiritualidade em uma nova situação, na qual a religião já não é algo partilhado por todos (RIBEIRO, 2012, p. 69).

3 - Hiperbens e noção de avalização forte: possibilitando a afirmação autêntica de Deus e o sentido do Self. Nosso intuito nesse ponto é mostrar que a partir da noção de uma crise identitária e desorientação, que vimos no tópico acima, é possível afirmar Deus em uma era secularizada. Afinal, um homem em crise é um ser perdido na incerteza radical da sua existência, nessa situação ele perde a noção de suas configurações incontornáveis e entra em choque geralmente com a sua própria autossuficiência e com o poder da razão. Defendemos a tese que esse é um momento propício para se buscar outras fontes alternativas de plenitude, tendo em vista a sensação de vazio causada pelo mundo já desencantado, e também para se buscar Deus de forma autêntica. A tese que defendemos aqui, portanto, é a de que a ontologia moral proposta por Taylor é capaz de afirmar a categoria de transcendência como um movimento existencial do ser humano. 3.1 - Hiperbens e avaliação forte Desde trabalhos mais recentes, como Sources of the Self, obra datada de 1989, Taylor tem se revelado um crítico da própria realidade sem cair no erro de depreciá-la como se não estivesse inserido nela. Nesse sentido, sua busca fundamental é por compreender a própria realidade e é no interior dessa realidade que o fenômeno da secularização tem se destacado como um fato inegável da sociedade moderna, que nos impulsiona a respondê-lo. Defendemos, portanto, que Taylor buscará em A Secular Age compreender não só um fenômeno da modernidade, mas a própria identidade do self que foi se formando e se 11

transformando ao longo dos últimos séculos sem deixar de ser marcado por um elemento espiritual que o constitui, ou seja, evidenciando que ainda existe um lugar para a crença em uma era secular. A tese defendida pelo nosso autor, portanto, é a de que nós somos naturalmente seres que se autointerpretam e se autoavaliam, nesse movimento de autoconhecimento o homem está sempre em busca de sentido e configurando sua própria identidade. Adotando essa concepção, podemos dizer que nos diferencia das outras espécies para Taylor, é a nossa capacidade de avaliar nossos desejos, de ponderar previamente acerca das nossas escolhas. Nesse movimento propriamente humano somos capazes de avaliar forte e fracamente. Não obstante, segundo Taylor, a conquista da racionalidade moderna tem nos impulsionado por avaliar fracamente, temos sentido necessidade de dominar os resultados de nossas ações sem nos engajarmos em determinados desejos, sem sermos movidos pelos desejos, pelos bens fundamentais. Essas características foram contribuições inegáveis da visão naturalista da realidade, visão essa que tendia ao desengajamento e à frieza da razão. Taylor pondera ainda que "nesse tipo de naturalismo, geralmente nos deparamos com uma admiração pelo poder da razão fria, desengajada, capaz de contemplar o mundo e a vida humana sem ilusão e de agir com lucidez para o melhor no interesse do florescimento humano" (TAYLOR, 2010, p. 22). No entanto, essa tendência de avaliar fracamente promovida pelas doutrinas naturalistas e utilitaristas tem se mostrado obsoleta e causadora de certos males, afinal, como o nosso autor salienta, "a razão por si só é estreita e, cega às exigências de plenitude, avançará talvez para a destruição humana e ambiental se não reconhecer limites; ela talvez seja movida por uma espécie de orgulho ou arrogância" (TAYLOR, 2010, p. 22-23). A partir dessa contundente afirmação, defendemos a ideia de que ao reconhecermos as limitações da razão, somos capazes de reconhecer algo mais profundo e mais pleno que será capaz de preencher o vazio da existência causado pelos espaços vazios do universo, como já afirmava Blaise Pascal. Consoante Taylor, "a mente racional deve se abrir para algo mais profundo e mais pleno. Isto é algo interno; são nossos próprios sentimentos ou instintos mais profundos. Devemos, portanto, sanar a ruptura dentro de nós criada pela razão desengajada ao situar o pensamento em oposição ao sentimento, ao instinto ou à intuição" (TAYLOR, 2010, p. 23). Essa afirmação de Taylor, remete-nos a uma tese já sustentada por ele de que as avaliações fracas que estão atreladas aos resultados das ações e, portanto, desengajadas, não são capazes

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de nos florescer em humanidade, pois somos seres de avaliações fortes, que nos interessamos pela qualidade das motivações, que procuram avaliar e decidir por bens de vida, bens hierarquicamente superiores aos bens comuns. Essa noção de superioridade de bens, que há bens de vida considerados imprescindíveis, é chamada por Taylor de hiperbens. Nessa perspectiva, acreditamos que só poderá haver uma busca autêntica por plenitude e, portanto, a possibilidade de uma afirmação autêntica de Deus, se considerarmos como naturalmente humana a ideia de que somos seres que avaliam não só fracamente, mas fortemente, que somos motivados pelos nossos desejos de segunda ordem, ou seja, que nos envolve e nos engajam a ser melhores, que somos seres complementares de razão e desejo e, principalmente, que há bens louváveis e desprezíveis, bens inferiores e superiores, e que a todo momento nos movemos para a boa vida. A nossa ideia principal é a de que sendo um avaliador forte, nós somos movidos existencialmente com mais profundidade do que como avaliador fraco, possibilitando-nos ser uma pessoa mais articulada e engajada. Taylor salienta que: um avaliador forte efetivamente examina seus desejos e metas de modo mais profundo porque ele caracteriza suas motivações com maior profundidade [...]. Motivações e desejos não apenas importam em virtude de nos atrair para preferências, mas também em função do tipo de vida e do tipo de sujeito que especificamente esses desejos integram (TAYLOR, 2007, p. 20).

Para finalizar, queremos salientar que ser um avaliador forte é refletir sobre o tipo de pessoa que queremos ser e essa "reflexão nos leva para o centro de nossa existência enquanto agentes" (TAYLOR, 2007, p. 20). Ao sermos levado ao âmago da existência, a busca por plenitude e por afirmar algo que vá além de nós mesmos torna-se não só uma consequência do processo, mas uma necessidade fundamental. Não obstante, queremos contra-argumentar que viver em uma era secular nos possibilita novas afirmações de crença e de modo autêntico e, consequentemente, não ingênuo, mas também nos possibilita viver uma vida como avaliador fraco e, portanto, viver na superfície e sem profundidade. Alguém é considerado superficial "porque busca realizar desejos sem ser motivado por questões mais 'profundas' sobre o que esses desejos expressam e sustentam em relação a modos de vida; ou se preocupa com essas questões de modo trivial e irrelevante" (TAYLOR, 2007, p. 21). Essa é a grande ambivalência da nossa época tanto espiritual quanto moral. Afinal, como vimos na transição do período medieval para o período moderno, o self protegido perdeu seu lugar no cosmos, não é mais pautado por horizontes de significação e sofre pelas consequências de ter eclipsado da sua vida e, portanto, das suas configurações incontornáveis o aspecto transcendente da existência, ou seja, a possibilidade de se afirmar 13

Deus. Sendo assim, é inegável que haja um descrédito quase que irremediável à noção de ontologia moral diante da nuvem epistemológica que o agente moral tem se configurado. Obviamente, a descrença não é justificativa plausível para que não haja um espaço moral no qual o self se orienta, mas a nossa grande dificuldade, no entanto, será fundamentar essa ontologia moral a partir de uma concepção renovada da identidade do self e orientada para o bem. 3.2 - Afirmação autêntica de Deus Como vimos no tópico anterior, ser um avaliador forte é estar antes de tudo engajado com a sua própria existência e com o modo mais elevado e nobre de ser. Assim sendo, Taylor mostra que há uma relação inextrincável entre esse tipo de avaliação e a nossa identidade, segundo ele, repudiar nossas avaliações fortes é o mesmo que rejeitarmos a nós mesmos, pois "com esse repúdio eu teria minha interioridade violentamente desagregada e seria incapaz de avaliar com autenticidade" (TAYLOR, 2007, p. 29). Nessa perspectiva, sustentamos a tese de que essas categorias fundamentais do ser humano mostradas por Taylor podem ser consideradas como um movimento articulador da vida do cristão e como a possibilidade de se afirmar Deus autenticamente numa era secular. Esse movimento de articulação do indivíduo nos direciona à busca por um sentido pleno de nossa existência, ao anseio por uma vida que se liberte do vazio da própria consciência de si. Nessa dialética fundamental, o homem moderno passa a poder perceber o movimento da transcendência não como uma dimensão extra opcional, mas como uma condição iniludível do espírito humano. Pode-se dizer, portanto que o processo de secularização em que se tentou negar Deus como norte da existência humana colocando a razão como ordenadora não nos tirou a capacidade de sermos profundos em relação ao valor da existência, à transcendência e a nós mesmos, pois ser profundo é, "entre outras coisas, ser capaz de auto-reflexão radical" (TAYLOR, 2007, p. 37), de se auto-interpretar, de mudar rotas, de se descobrir e reavaliar nossas posições. Por isso afirmamos a ideia de que há uma relação entre uma autêntica afirmação de Deus e a ideia de avaliação forte e, consequentemente, de hiperbens. Para finalizar, pode-se dizer que a nossa ideia só poderá se tornar sustentável se considerarmos uma antropologia e uma ontologia moral de base mais rica e profunda do que aquela em que a modernidade tentou fundamentar. Pois a afirmação de Deus em nossa era passa a ser uma questão central sobre a própria condição humana, onde o movimento da

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racionalidade não tem dado conta de descrever sem termos em mente que somos seres de avaliações fortes e de profunda orientação ao bem e à plenitude da existência. Conclusão Podemos concluir que com essa noção de avaliações, Taylor admite que sempre estamos sujeito a reavaliações, afinal, ser humano é estar sujeito às imperfeições da própria condição humana. Nesse sentido, caberá a cada um se auto-interpretar e reavaliar determinadas posições para que se reconstitua e floresça ainda mais como ser humano. Nisso está a nossa responsabilidade "somos responsáveis no sentido que sempre podemos, por meio de novas concepções, modificar nossas avaliações para melhor, e, consequentemente, também nos tornarmos melhores" (TAYLOR, 2007, p. 34). Nesse sentido, torna-se perceptível que se somos seres de reavaliações não ficaremos sempre em um mesmo patamar e que estamos sujeitos a buscar por Deus e pela plenitude da melhor forma possível, pois o movimento de secularização que narramos e que vivemos não nos tirou essa condição humana de nos tornarmos melhores em humanidade. Referências FRANÇA, Mario Miranda. Um cristianismo inédito?, Perspectiva Teológica, 40 (2008), 181205. RIBEIRO, Elton Vitoriano. Charles Taylor e a secularização. Brotéria 170 (2010) 147-156. ____________. Reconhecimento ético e virtudes. São Paulo: Loyola, 2012. ____________. Existe um imaginário social secularizado na América Latina? Horizonte, Belo Horizonte, v. 11, n. 29, p. 133-148, jan./mar. 2013 - ISSN 2175-5841. TAYLOR, Charles. What is human agency?, in Human agency and language - Philosophical papers 1. Cambridge: Cambridge University Press, 1985, tradução brasileira, O que é agência humana?, in SOUZA, Jessé; MATTOS, Patrícia. Teoria crítica no século XXI. São Paulo: ANNABLUME, 2007, pp. 9-39. ____________. Sources of the self - The making of the modern identity. Cambridge: Harvard University Press, 1989, tradução brasileira, As Fontes do Self: a construção da identidade moderna. 3ª. ed. São Paulo: Loyola, 2011. ____________. The ethics of Authenticity. Cambridge: Harvard University Press, 1992, tradução brasileira, A ética da autenticidade. São Paulo: Realizações, 2011. ____________. A Secular Age. Harvard University Press, 2007, tradução brasileira, Uma Era Secular. São Leopoldo: Unisinos, 2010.

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