A relevância da fotografia na pesquisa e na escrita etnográficas: Os espaços públicos nas cidades de Natal/RN (Brasil) e Porto (Portugal)

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A relevância da fotografia na pesquisa e na escrita etnográficas Os espaços públicos nas cidades de Natal/RN (Brasil) e Porto (Portugal)1, 2

Fernando Manuel Rocha da Cruz DPP/UFRN

Introdução No presente artigo, procuramos refletir sobre o uso da fotografia na pesquisa e na escrita científicas. As duas cidades que nos servem de lócus para essa reflexão são as cidades do Porto, em Portugal, e Natal, no estado do Rio Grande do Norte (RN), no Brasil. A cidade do Porto fica localizada no noroeste de Portugal, se constituindo como a capital da região Norte (NUTS II) e da Área Metropolitana do Porto (NUTS III). É sede do município com o mesmo nome, possuindo uma área de 41,42 km² de área. A sua população é de 237.591 habitantes (Censos de 2011). O Grande Porto conta com 1.287.282 habitantes, integrando os municípios de Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia (PORDATA, 2015).

Fig. 1 – A cidade do Porto, a partir do calçadão de Vila Nova de Gaia. Na foto, vemos a Ribeira (do Porto), primeiro centro histórico da cidade. O ponto mais alto da cidade é ocupado pela Torre dos Clérigos, um projeto de Nicolau Nazoni (1754 e 1763). Entre as duas cidades o rio Douro. A Ribeira se constitui como lugar de excelência para o turismo da cidade com bares, restaurantes e lojas de artesanato, para além, da paisagem

1Trabalho

apresentado na XIII Semana de Antropologia da UFRN, realizada entre os dias 02 e 05 de março de 2015, Natal/RN. 2 Para citação: CRUZ, Fernando Manuel Rocha da Cruz. A relevância da fotografia na pesquisa e na escrita etnográficas: Os espaços públicos nas cidades de Natal/RN (Brasil) e Porto (Portugal). In: Anais da XIII Semana de Antropologia da UFRN. Natal, RN: UFRN. 2015 (no prelo)

privilegiada sob a margem da cidade de Vila Nova de Gaia e as caves do Vinho do Porto. Foto de 28 de junho de 2009, às 18h093. Autoria própria.

Natal tem uma população estimada em 862.044 habitantes, sua área territorial é de 167.263km2, possuindo uma densidade demográfica de 4.805,24 hab/km2. É a capital do estado do Rio Grande do Norte e da Região Metropolitana de Natal (RMN). A RMN tem uma população de 1.485.505 habitantes4 e reúne onze municípios: Natal, Parnamirim,

São

Gonçalo

do

Amarante,

Extremoz,

Ceará-Mirim,

Macaíba,

Maxaranguape, Monte Alegre, Nísia Floresta, São José de Mipibu e Vera Cruz. Natal é uma cidade com elevada procura turística, sendo conhecida como “cidade do sol e mar” (IBGE, 2015).

Fig. 2 – Praia de Ponta Negra e o Morro do Careca. A praia de Ponta Negra é uma das praias eleitas pelo turismo em Natal e o Morro do Careca se constitui como principal ícone da cidade. O calçadão de Ponta Negra se constitui como local de intensa atividade de ambulantes que vendem alimentos, bebidas, vestuário, tapetes, telas, artesanato e outras utilidades. Igualmente se promovem viagens por mar e pelo estado do RN. Este calçadão sofreu intervenção urbanística entre 2012 e 2014. Foto de 13 de novembro de 2011, às 13h07. Autoria própria.

Nestas duas cidades, desenvolvemos trabalho de campo. Inicialmente, no Porto, entre 2007-2011, e em Natal, a partir de 2011 sobre os espaços públicos. Aqui, importa a reflexão sobre dois espaços: A Avenida dos Aliados, na cidade portuense, e a Praça Augusto Severo, na cidade potiguar.

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Todas as horas indicadas no artigo são locais. População estimada em 2014 (IBGE, 2015).

O espaço público é definido como um espaço contínuo, constituído em rede, de utilização permanente e complexa ao contrário do espaço privado que se concebe como fragmentado, normalmente de utilização temporária, agregada e monofuncional. Os espaços públicos urbanos compreendem os espaços abertos de domínio e usos públicos nomeadamente zonas verdes e rede viária. (MARTINS, 1996, p. 12) Praças, ruas ou jardins se inscrevem no domínio público, não podendo por isso ser objeto de venda. (FERNANDES, 1991, p. 166). O uso privado do espaço público pode todavia ocorrer, embora com um carácter precário e revogável, continuando a propriedade a ser pública. Assim, a afetação desses espaços deverá ter por finalidade o uso público ou o serviço público (MARTINS, 1996, p. 14-15). O Código Civil brasileiro estatui no seu art. 98º que “São públicos os bens de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno”. Daí que os espaços públicos se incluam nos bens públicos definidos como “aqueles que integram o patrimônio da Administração Pública direta e indireta” (WEBJUR, 2015). Suas características assentam na inalienabilidade, imprescritibilidade e impenhorabilidade.

Fig. 3 – Barreira de segurança no show de Geraldo de Azevedo, na Praça Augusto Severo, em Natal, conforme programação do projeto “Agosto da Alegria”. Normalmente, existem espaços reservados para o palco, camarins, equipe técnica, espaços de segurança quando se realizam shows em espaço público. Nestes casos, o espaço público fica desprovido da sua característica de acessibilidade a todos os cidadãos e durante as 24 horas do dia. Foto de 1 de setembro de 2012, às 21h59. Autoria própria.

Finalmente, importa referir que o presente artigo tem por base uma pesquisa de campo de cariz etnográfico de dois eventos: a "Feira do Livro" do Porto, em 2010 e o "Agosto da Alegria", em 2012, na cidade de Natal.

Os eventos nos espaços públicos Quer na cidade do Porto (Portugal), quer na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte (Brasil), os espaços públicos são utilizados, entre outros, para a organização de eventos culturais, esportivos, religiosos, políticos. Optamos neste artigo, como referimos pela Feira do Livro, na cidade do Porto e pelo Agosto da Alegria, na cidade de Natal. A 80ª Feira do Livro do Porto realizou-se entre 27 de maio e 13 de junho de 2010, na Avenida dos Aliados, com 126 pavilhões. Foi organizada pela APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e contou com o apoio institucional da Câmara Municipal do Porto5. Durante este evento, realizaram-se sessões de autógrafos, momentos musicais, apresentação de livros, debates e leituras.

Fig. 4 – Feira do Livro do Porto, em 2011. Realizada na Avenida dos Aliados, em espaço público aberto movimentou milhares de pessoas durante o período de 27 de maio a 13 de junho. Para além dos pavilhões de venda de livros, foram recriadas praças e salas com lugares para lançamento de livros, conferências, sessões de autógrafos, ateliês de pintura e atividades com crianças. Na foto, o jornalista da TVI6, Júlio Magalhães fazendo a apresentação do livro “O Homem que Sonhava Ser Hitler” de Tiago Rebelo (ao centro). Foto de 19 de junho de 2010, às 19h28. Autoria própria.

A segunda edição do “Agosto da Alegria” realizada em Natal, pela Secretaria Extraordinária de Cultura do Estado do Rio Grande do Norte, realizou-se entre 8 de

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Equivalente de Prefeitura. Canal privado da televisão portuguesa, em sinal aberto.

agosto e 7 de setembro de 2012. A programação do evento se apoiou em dez eixos temáticos (Circuito Brincantes, Circuito Parafolclórico, Artes Visuais, Artes Cênicas, Audiovisual, Academia, Diversidade, Feiras, Outros Agitos e Música).

Fig. 5 – O show de Geraldo de Azevedo com a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte (OSRN) na Praça Augusto Severo, na Ribeira (Natal) teve lugar no dia 1 de setembro de 2012. Contou ainda com a participação do Coral Harmus e Coral Canto do Povo. Último show marcado para a Praça Augusto Severo. Foto de 1 de setembro de 2012, às 21h17. Autoria própria.

A fotografia nos textos científicos A partir da abordagem etnográfica, com especial destaque para o registro fotográfico, procuramos identificar e compreender mecanismos de utilização do espaço público nas duas cidades, dado o potencial turístico de ambas. A utilização de tecnologias e imagens na pesquisa científica e na representação de culturas, vidas e experiências é, hoje em dia, prática comum (PINK, 2004, p. 1). A fotografia tem por base duas características que são nomeadamente o registro mecânico de uma realidade e o conteúdo de uma expressão através da identificação de significados. Deste modo, a fotografia cumpre três grandes funções: •

Documental, ao se constituir como reflexo, testemunho e representação da realidade;



Artística, por procurar criar emoções;



Textual, visto ser um meio de transmissão de ideologias e valores (GUTIÉRREZ, 1995, p. 241).

A fotografia parece também diferenciar-se de outros meios de registro e construção de imaginários como a imprensa, o cinema e a televisão, por fragmentar mais radicalmente a cidade, por exemplo. A fotografia oferece instantes descontínuos que podem aspirar a uma representatividade mais extensa, mas separando sempre a experiência do contexto. Deste modo, a fotografia é semelhante às percepções isoladas e acumulativas dos habitantes das grandes cidades que a desconhecem na sua totalidade (CANCLINI, 1999, p. 110).

Fig. 6 – Na Avenida dos Aliados, onde foi instalada a Feira do Livro do Porto, foi ainda reservado um espaço junto à Câmara Municipal do Porto, para a instalação de um telão patrocinado pela marca de automóveis Hyundai e pela FIFA para a visualização em direto dos Jogos da Copa do Mundo de futebol de África do Sul. A Avenida dos Aliados é conhecida como a “sala de visitas” do Porto e neste espaço público podemos ver o piso com um tapete verde com uma dupla conotação: gramado de um estádio de futebol e tapete de sala de visitas. Foto de 19 de junho de 2010, às 18h46. Autoria própria.

Fig. 7 – Espaço reservado para o público assistir aos jogos da Copa do Mundo de futebol de África do Sul. No limite estão os pavilhões da Feira do Livro do Porto. A fotografia é seletiva, uma vez que o enquadramento não mostra o telão visualizado na foto anterior, assim como aquela não permite visualizar este enquadramento. O espaço central é deixado livre, apenas sendo ocupado no momento dos jogos. Em outros momentos, o público

(cidadãos) aproveitam para parar ou se sentar no limite dos dois espaços, entre a Feira do Livro e o espaço reservado para a visualização dos jogos da Copa do Mundo. Foto de 19 de junho de 2010, às 20h03. Autoria própria.

Os etnógrafos começaram por utilizar as imagens como auxiliares do trabalho de campo para descrever e interpretar, para completar informação com os saberes locais obtidos na interlocução com os seus informantes e mesmo para comparar ou percepcionar as diferenças e as semelhanças. As imagens serviram como sinais, como descrição ou representação, para recordar ao permitir a observação diferida, bem como, como forma de rememoração através de um olhar mais distanciado e crítico (RIBEIRO, 2003, p. 398). Acrescentaríamos mesmo que a fotografia se tem constituído como peça primordial ou única para a reflexão, à semelhança do diário de campo, não apenas complementando este importante instrumento da pesquisa, mas igualmente como seu substituto. A fotografia digital, por exemplo, possui um conjunto de informações importantes como, por exemplo, a data e a hora, para além das características formais relativas às dimensões, tipo de imagem, resolução, profundidade de bits.

Fig. 8 – Pormenor da Feira do Livro do Porto. Alguns pavilhões optaram por decorar seus espaços com propaganda de livros, contos, autores… Quando o pesquisador opta por fechar o enquadramento, perdem-se pormenores relativamente ao seu contexto. Fotografia de 19 de junho de 2010, às 18h45. Autoria própria.

Fig. 9 – A Feira do Livro do Porto foi organizada ao longo da Avenida dos Aliados sob a forma de corredores. O corredor central permite a proximidade do público aos livros expostos e às atividades organizadas. No espaço exterior o público é convidado a entrar através da propaganda ao evento, mas de alguma forma fecha o evento sobre si próprio, como se existisse na organização do espaço público, a possibilidade de estar “dentro” ou “fora”. A abertura do enquadramento relativamente à foto anterior ganha em pormenores, nomeadamente sobre o público, o “fora” e o “dentro”. Foto de 19 de junho de 2010, às 18h45. Autoria própria.

Quando os pesquisadores produzem fotografia ou vídeo, estes elementos visuais, tal como a experiência de os criar e debater, tornam-se parte do conhecimento etnográfico (PINK, 2001, p. 17). Não existe, porém, um critério rígido que distinga as fotografias etnográficas daquelas que não o são. Qualquer fotografia pode ter interesse etnográfico, ou ver serem lhe atribuídos significados num dado momento ou por uma razão específica. Os seus significados são porém arbitrários e subjetivos. A mesma fotografia pode possuir uma multiplicidade de significados (até mesmo conflituais entre si) em diferentes momentos da pesquisa e de representação etnográficas, ou ao ser vista por diferentes pessoas ou audiências em diversos contextos temporais, históricos, espaciais e culturais. Parece assim, importante que os pesquisadores tentem compreender os discursos individuais, locais e culturais nos quais as fotografias têm significado, quer na pesquisa de terreno, quer nos discursos acadêmicos (PINK, 2001, p. 51). A ênfase na reflexividade tem sido, por isso, a vertente mais importante na recente literatura da Antropologia Visual e nos textos interdisciplinares sobre a utilização de metodologia visual (PINK, 2004, p. 4).

Fig. 10 – O espaço público se organiza em função do evento. O show de Alceu Valença, à semelhança de outros shows do Agosto da Alegria, na Praça Augusto Severo, reuniu ambulantes que visualmente dificultavam a visualização do show com seus cartazes anunciando sobretudo bebidas. No entorno, encontravam-se ainda outros ambulantes com comidas e bebidas. Quando o pesquisador decide fotografar tem que decidir sua posição e enquadramento, ou seja, entre o ético e o estético. Foto de 25 de agosto de 2012, às 23h18. Autoria própria.

Há, no entanto, que atender aos condicionalismos do lugar, bem como aos condicionalismos técnicos nessa reflexão. Quantos aos condicionalismos do lugar, devemos ter em conta a “gestão do medo” (CRUZ, 2011, p. 90-92), ou seja, a sensação de segurança/insegurança do lugar e da própria cidade. Esta é variável de cidade para cidade e entre espaços urbanos da mesma cidade. A cidade de Natal se demonstra ser mais insegura que a cidade do Porto, segundo seus próprios residentes. Há, no entanto estratégias para a diminuição desse sensação de insegurança como evitar alguns lugares da cidade, ou não os frequentar a partir de determinada hora, ou ainda evitar estar sozinho em determinados espaços urbanos. O pesquisador não está isento deste “ambiente de medo” e carregar uma câmera fotográfica em determinados espaços ou em determinados horários o transforma em potencial vítima de crime. As condições pluviométricas podem ser também impeditivas da cobertura fotográfica de eventos em espaço público. A cidade do Porto tem mais dias de chuva do que a cidade de Natal, assim como o regime da pluviosidade é mais contínuo nesta cidade do que a de Natal. Porém, analisando os dois eventos – Feira do Livro do Porto e Agosto da Alegria em Natal –, a probabilidade de chuva era maior em Natal do que no Porto devido à estação das chuvas na cidade potiguar, em agosto, o que se verificou, por exemplo, em alguns momentos durante o show de Alceu Valença (Agosto da Alegria).

Fig. 11 – Nos eventos públicos, normalmente estão publicitados os apoios e patrocínios. Mesmo se realizando em espaços públicos, dito “espaço de todos” ou “espaço democrático”, o espaço serve para divulgar as ações de entidades públicas e privadas no apoio da cultura e de outro tipo de eventos. Mais uma vez o pesquisador tem que decidir sobre a inclusão da propaganda das entidades públicas e privadas em seus textos científicos. Foto de 25 de agosto de 2012, às 23h18. Autoria própria.

Quanto aos condicionalismos técnicos, estes têm a ver com as características da máquina fotográfica, ângulo e enquadramento escolhidos, profissionalismo técnico do pesquisador ou do fotógrafo, entre outras. Estas características podem influenciar a interpretação da imagem. Há, então, que as ponderar para que se compreenda o sentido e o alcance da mesma. Tal como o texto, a imagem pode ser equívoca e subjetiva. Podemos, contudo reduzir essa subjetividade complementando texto e imagem e, não substituindo o texto pela imagem e vice-versa. A complementariadade do texto e da imagem enriquecem nosso conhecimento sobre a realidade pesquisada e o texto científico. Desse modo, entendemos que a imagem não vale por si, quer no sentido da sua caracterização como etnográfica, quer na atribuição de um sentido de objetividade.

Fig. 12 – Final do show de Geraldo Azevedo. Ao contrário dos shows anteriores, este último show terminou à hora que os anteriores haviam começado. À hora que o público saía da Praça Augusto Severo, outros estavam chegando, equivocados com o horário de início do evento. Foto de 1 de setembro de 2012, às 22h13. Autoria própria.

Há, por fim, que referir que a própria redução do tamanho da fotografia no texto científico (largura x cumprimento x pixels) pode implicar a perda de pormenores e de legibilidade. O mesmo se pode passar na impressão do texto científico. É importante o pesquisador atentar às características da pós-escrita, já que a imagem pode ser comprometida na impressão e nos meios de divulgação do artigo científico (Anais em papel, CD ou online; impressão a laser ou jato de tinta; na publicação online, o tipo de página web).

Conclusões A utilização da fotografia deve ser pensada quer enquanto técnica de pesquisa, quer na própria escrita, quer ainda na publicação do texto científico. Enquanto técnica de pesquisa devem ser ponderadas quer as suas possibilidades, quer as suas limitações. A fotografia pode ser utilizada como diário de campo ou em complemento a este. Porém, o caráter subjetivo que a mesma encerra, deve levar o pesquisador a refletir não apenas sobre o modo de produção, mas também sobre a própria captação das imagens dado estarmos perante uma técnica de pesquisa que pode ser fragmentária e limitativa dos contextos reais que pretende identificar e definir. A análise reflexiva da fotografia permite que a imagem dialogue com os outros elementos etnográficos apreendidos pelo pesquisador que deverá ter ainda em conta as limitações técnicas e contextuais inerentes

ao seu equipamento, ao lugar, ao horário da captação da imagem, ao domínio do próprio equipamento, etc. A seleção das imagens a captar devem levar em consideração o objeto e os objetivos da pesquisa. Na elaboração do artigo científico, a imagem deve dialogar com o texto, o qual não deve se limitar a expressar unicamente os significados da fotografia. O diálogo deve ser profícuo, enriquecedor e complementar. Para além disso, há que atender ao tipo, tamanho e à própria seleção das imagens. O tipo de imagem e o tamanho (largura, altura, pixels) devem ser utilizados com comedimento já que imagens pequenas dificultam a análise das mesmas, assim como imagens com baixo número de pixels. O próprio tratamento de imagem deverá ser explícito no texto científico, uma vez que pode levar à eliminação de pormenores ou a uma redefinição das cores ou do próprio enquadramento. De referir ainda, a importância das legendas na relação complementar com as fotografias, ao contextualizarem as imagens e fornecendo outras informações essenciais à sua interpretação. Finalmente, importa relevar a pós-escrita, nomeadamente as questões relativas à publicação dos textos científicos com imagens. Por vezes, são impostos limites do número de pixels das imagens a publicar em CD’s ou online. No entanto, o próprio tipo de papel, bem como o modo de impressão podem diminuir o grau de legibilidade da imagem e de seus pormenores, ou pelo contrário, valorizar as imagens utilizadas. Há, então, que ponderar todos estes elementos para que a fotografia seja valorizada e potenciadora dos textos científicos.

Referências bibliográficas CANCLINI, Néstor García. Imaginarios Urbanos. Buenos Aires: Eudeba. 1999. CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. A tematização nos espaços públicos: estudo de caso nas cidades de Porto, Vila Nova de Gaia e Barcelona. Uma análise sobre a qualidade e estrutura dos espaços públicos. Tese de doutorado. Porto: FLUP. 2011. FERNANDES, José Pedro (Dir). Dicionário Jurídico da Administração Pública. Lisboa: Direção-Geral da Contabilidade Pública. 1991. GUTIÉRREZ, Marisol Rodríguez. Testimonio y poder de la imagen. In: BAZTÁN, Ángel Aguirre (Ed.). Etnografía: Metodología cualitativa en la

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