A Relevância dos Setores Criativos da Moda, Música e Artesanato no Município de Serra de São Bento/RN: Pesquisa Qualitativa no Âmbito das Políticas Públicas de Fomento da Economia Criativa

June 3, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Cultural Studies, Turismo, Música, Economia Criativa
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

IASMIN DA COSTA CRUZ

A RELEVÂNCIA DOS SETORES CRIATIVOS DA MODA, MÚSICA E ARTESANATO NO MUNICÍPIO DE SERRA DE SÃO BENTO/RN: PESQUISA QUALITATIVA NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA

NATAL 2015

IASMIN DA COSTA CRUZ

A RELEVÂNCIA DOS SETORES CRIATIVOS DA MODA, MÚSICA E ARTESANATO NO MUNICÍPIO DE SERRA DE SÃO BENTO/RN: PESQUISA QUALITATIVA NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas. ORIENTADOR: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz

NATAL 2015

IASMIN DA COSTA CRUZ

A RELEVÂNCIA DOS SETORES CRIATIVOS DA MODA, MÚSICA E ARTESANATO NO MUNICÍPIO DE SERRA DE SÃO BENTO/RN: PESQUISA QUALITATIVA NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO DA ECONOMIA CRIATIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Aprovado em: 07 de Dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz (DPP/CCHLA/UFRN/Presidente)

Prof. Dr. Patrick Le Guirriec (DPP/CCHLA/UFRN/Examinador Interno)

Me. Valéria de Fátima Chaves Araújo (Examinador Externo)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder saúde e a graça de chegar até aqui, e por ser a mão que me dá forças para não desistir. A minha mãe, minha maior incentivadora, que me deu coragem para concluir esta segunda graduação. Ao meu pai, que nunca mede esforços para me apoiar, e que tanto me ajudou neste trabalho, inclusive indo a campo comigo. Aos amigos da vida toda, pelo amizade sincera e por compartilhar comigo os medos e os receios de mais essa jornada. Aos amigos feitos durante o curso e que levarei para sempre comigo, pelos momentos compartilhados. Ao meu orientador, Prof. Fernando Cruz, pela paciência e compreensão, pelas palavras sensíveis de incentivo, mesmo quando eu só merecia um puxão de orelha, e por ter me acompanhado até ao último minuto. Sem vocês eu não teria conseguido!

RESUMO

A Economia Criativa se baseia no ciclo econômico de produtos, bens e serviços com valor agregado no simbólico, na cultura, na arte e no empreendedorismo. Foi institucionalizada no Brasil em 2012 com a criação da Secretaria de Economia Criativa. No presente trabalho buscamos entender de que forma a economia criativa contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural do município de Serra de São Bento, no estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista o seu potencial turístico e cultural. A pesquisa tem como objetivo compreender a relevância dos setores criativos nesta cidade. Inicialmente conceituamos a Economia Criativa e suas políticas, e analisamos o seu papel na geração de renda e estímulo ao turismo no local estudado. Optamos pela metodologia qualitativa, com aplicação de entrevistas e registro fotográfico. A Economia Criativa tem sido pouco incentivada no município, pela falta de estímulos e incentivo para o seu desenvolvimento. Tanto as políticas públicas federais, como as estaduais e municipais, são deficitárias, ou nulas, no atendimento à demanda do município. É necessário o apoio das políticas definidas no plano da Secretaria de Economia Criativa, considerando a realidade local. É preciso desenvolver políticas de caráter inovador que acompanhem a dinamicidade dos setores aqui estudados, e que compreendam não só o estímulo à produção, mas principalmente atenção especial ao fomento do consumo.

Palavras-Chave: Artesanato. Cultura. Economia Criativa. Moda. Música. Turismo.

ABSTRACT The Creative economy is based on the economic cycle of products, goods and services with added value services in symbolic, culture, arts and entrepreneurship. It was institutionalized in Brazil in 2012 with the creation of the Creative Economy Secretariat. In this study we seek to understand how the creative economy contributes to the economic, social and cultural development of Serra de São Bento, in Rio Grande do Norte state, in view of its touristic and cultural potential. The research’s objective is to understand the importance of creative industries in this city. Initially We conceptualize the creative economy and its policies, and we analyze its role in the income’s generation and to tourism stimulus in the studied location. We choose qualitative methodology, with application of interviews and photographic registration. Creative economy has been underexplored in the city, by the lack of stimuli and incentive for its development. Both federal and state public policies, as municipal authorities are in deficit, or null, in attend the city’s demand. It is necessary to support the policies defined in the Creative Economy Secretariat’s plan, considering the local reality. We need to develop policies of innovative character that accompany the dynamics of the studied sectors, and that understands not only the production stimulus, but mainly special attention to consumption stimulating.

Keywords: Culture. Creative Economy. Fashion. Handicraft. Music. Turism.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do município de Serra de São Bento no estado do Rio Grande do Norte ............................................................................................................................................. 23 Figura 2 - Localização do município de Serra de São Bento ............................................... 23 Figura 3 - Pirâmide etária de Serra de São Bento .......................................................... 24 Figura 4 - Fachada da fábrica/showroom Daya na cidade de Serra de São Bento ......... 27 Figura 5- Interior da fábrica Daya ............................................................................................ 28 Figura 6 - Interior da fábrica D’Cleas ....................................................................................... 29 Figura 7- Interior da loja D’Cleas .............................................................................................. 29 Figura 8 - Cantora Kiara Wilka .................................................................................................. 31 Figura 9 - Artesã Maria da Penha no Café Serrano .............................................................. 33 Figura 10 - Artesanato produzido pelas artesãs da cidade .................................................. 34

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Comparação das classificação das categorias culturais e setores criativos segundo a SEC e a UNCTAD ........................................................................................ 33 Quadro 2 – Produto Interno Bruto de Serra de São Bento ............................................. 34

LISTA DE SIGLAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística KM - Quilômetro PIB - Produto Interno Bruto RN - Rio Grande do Norte SEC - Secretaria de Economia Criativa UNCTAD - Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio de Desenvolvimento UNESCO - Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura ASSECOM/RN - Assessoria de Comunicação do Rio Grande do Norte SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas DCMS - Departamento de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido WIPO - Organização Mundial da Propriedade Intelectual IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 2. ECONOMIA CRIATIVA ........................................................................................ 14 3. SERRA DE SÃO BENTO: CONTEXTUALIZAÇÃO E ECONOMIA CRIATIVA.....22 3.1 Caracterização sociodemográfica de Serra de São Bento............................. 22 3.2 A Economia criativa em Serra de São Bento...................................................26 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 37 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 39

6. APÊNDICES ......................................................................................................... 41

1. INTRODUÇÃO

A Economia Criativa é caracterizada pela criação, produção e distribuição de produtos e serviços que utilizam como recursos produtivos a criatividade, o conhecimento e o ativo intelectual. Nesse contexto, no campo da economia, a cultura é tratada como um ativo econômico com potencial para gerar emprego e renda, e há uma valorização do capital intelectual e da criatividade para produção de bens e serviços. Howkins (2001, p. 12) afirma que “a criatividade não é algo novo, tampouco a economia, mas a novidade está na natureza e na extensão da relação entre elas e como elas se combinam para criar valor e riqueza extraordinários”. Na Nova Economia, como também é denominada, o valor econômico dos produtos não está atrelado somente às matérias primas utilizadas, mas também ao seu valor simbólico, ao talento e ao processo produtivo. A Economia Criativa tem se destacado no mundo todo. Nos Estados Unidos os empregos em setores criativos aumentaram em 20 milhões, e os salários atingiram aproximadamente 2 bilhões de dólares, cerca de metade dos salários do referido país. No Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Japão o setor de trabalhadores criativos representa de 30% a 40% da população ativa (FLORIDA, 2011b, p. 166). Na Europa, a Economia Criativa cresceu 12% mais rapidamente do que a economia total, empregando cerca de 4,7 milhões de pessoas em 2004. No Reino Unido a Nova Economia representa 8% da renda nacional e 5% da força de trabalho e é responsável por um em cada cinco empregos em Londres. Na Dinamarca a Economia Criativa representou 5,3% do PIB, sendo responsável por 12% do número total de empregos (SANTOS-DUISENBERG, 2008, p. 64). No Brasil se observa a tendência internacional. Em 2013 a indústria criativa no país contava com 251 mil empresas, e gerava um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 126 bilhões, o que representava 2,6% do total produzido no Brasil em 2013. Nesse ano aumentou o número de empregos criativos formais em todos os estados brasileiros, bem como cresceu o salário médio da classe criativa (FIRJAN, 2014, p.10). 9

Em todas as cidades existe um ambiente ou potencial criativos, que pode ser fomentado ou desenvolvido. No presente estudo propomos uma análise voltada para o município de Serra de São Bento, localizado na mesorregião Agreste Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte (RN), que vem se tornando conhecido por seu potencial turístico, o qual é estimulado pelas belezas naturais, clima ameno, gastronomia e cultura, sendo um dos principais destinos procurados para a prática de esportes radicais e ecoturismo, e considerado pelo estado como um de seus principais pontos turísticos (ASSECOM/RN, 2014), ao lado de Pipa, São Miguel do Gostoso, Mossoró, dentre outras. A cidade é também escolha de quem procura desfrutar da culinária típica e atividades culturais da região, sendo conhecida por realizar todos os anos o Festival Cultural e Gastronômico de Inverno, durante os meses de julho, atraindo turistas de todo o Rio Grande do Norte e de outros estados. Para incrementar o potencial turístico da região serrana do Agreste e estimular o seu desenvolvimento a partir de uma maior divulgação, o Sebrae, em parceria com as prefeituras locais, criou o roteiro Paraísos do Agreste, que engloba as cidades de Serra de São Bento, Passa e Fica e Monte das Gameleiras, e incentiva a prática do turismo rural, de aventura, cultural e de compras, com destaque para as melhores opções de hospedagem, restaurantes, passeios, esportes radicais, e atividades culturais. (SEBRAE, 2013) O turismo é um fator que impulsiona o desenvolvimento econômico e social de uma localidade, sendo, portanto, grande estímulo para a economia criativa. No município de Serra de São Bento a produção criativa local é muito valorizada, o que gera oportunidades de emprego e renda para a população. Dentre os setores criativos, escolhemos analisar aqueles que, a primeira vista, mais se destacam na cidade, quais sejam, os setores da moda, da música e do artesanato. Diante da importância da economia criativa para o referido município, se faz necessário o estímulo a iniciativas e novas formas de incentivo que possibilitem o incremento e o crescimento desta área na região, principalmente por meio de Políticas 10

Públicas de fomento à economia criativa. A promoção da economia criativa na cidade incentivará à interiorização do turismo no estado, possibilitando o desenvolvimento do município, beneficiando não só os empreendedores e comerciantes como também a população local, tendo em vista que o aumento do fluxo de turistas tem efeito direto na economia e no mercado econômico, sendo importante fator gerador de renda. O presente estudo se mostra relevante na medida em que o município de Serra de São Bento constitui uma região rica do estado do Rio Grande do Norte, que possui potencial significativo de crescimento, mas que ainda é pouco explorado, tendo em vista que a cidade pode usufruir muito mais de suas características locais e pessoais, incrementando o seu grande atrativo que é a criatividade. Diante disso, a pergunta que nos fazemos é: de que forma a economia criativa contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural do município de Serra de São Bento/RN, tendo em vista o potencial turístico da região? O objetivo geral da pesquisa é compreender a relevância dos setores criativos do município de Serra de São Bento/RN. Para isso, é necessário conceituar as Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa e analisar o papel da economia criativa na geração de renda e estímulo ao turismo no município. O método utilizado para a realização deste estudo é o da pesquisa qualitativa, este que visa a análise aprofundada dos dados, sem considerar a quantificação ou representações numéricas, mas sim um aprofundamento da compreensão do objeto estudado, não existindo nesse tipo de abordagem fórmulas ou receitas pré-definidas que orientem o pesquisador (GIL, 2008, p. 31; GOLDENBERG, 1997 apud SILVEIRA; CORDOVA, 2009, p. 31). Na pesquisa qualitativa o pesquisador é, simultaneamente, sujeito e o objeto de suas pesquisas, sendo o desenvolvimento imprevisível. A amostra tem por objetivo produzir informações aprofundadas e ilustrativas, seja ela pequena ou grande, desde que capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, p. 58). Isto é, a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, 11

com foco na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Minayo (2001) afirma que a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. São críticas à pesquisa qualitativa o empirismo, a subjetividade e o envolvimento emocional do pesquisador (MINAYO, 2001, p. 14). O pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos deste tipo de pesquisa, tais como a excessiva confiança no investigado como instrumento de coleta de dados, o risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado, a falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas, a falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes, a certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados, a sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo, e o envolvimento do pesquisador na situação pesquisada, ou com os sujeitos pesquisados (CERVO, 2002). Foi realizada pesquisa bibliográfica, a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses, que constitui parte da pesquisa descritiva do trabalho. As duas técnicas de pesquisa que mais utilizamos na pesquisa foram: a aplicação de entrevistas semiestruturadas, dada a possibilidade de colocação de questões suplementares no contexto da entrevista e o registro fotográfico. As entrevistas são uma conversa entre o entrevistador e entrevistado, cujo objetivo é colher informações. É uma técnica que pode ser aplicada a todas as camadas da sociedade, tendo como características a flexibilidade para elaboração do roteiro de entrevista e sua aplicação. Porém, suas desvantagens estão na possibilidade de o entrevistado não entender corretamente a questão realizada, ser induzido a resposta e ou não expor os fatos e/ou dados. (NEVES,1996, p.3) Já o registro fotográfico é necessário para a coleta de dados e informações e as desvantagens constituem o fato de que o pesquisador terá que selecionar os fatos, podendo deixar de lado informações que poderiam ser úteis, ou não poder utilizar fotografias por poder afetar o direito à imagem. 12

Quanto à estrutura do trabalho, este será dividido em introdução, capítulo teórico contendo os principais conceitos sobre a temática da Economia Criativa e as respectivas políticas públicas de fomento, capítulo empírico sobre os dados colhidos em campo, identificando os principais setores criativos existentes na cidade e o seu papel na economia e no desenvolvimento cultural e social, bem como uma análise sóciodemográfica da cidade. Por fim, a conclusão com propostas críticas para o incentivo desta política na região estudada.

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2. ECONOMIA CRIATIVA

Inicialmente, é mister apresentar os principais conceitos e desenvolvimentos teóricos acerca da temática abordada neste trabalho. O termo Economia Criativa provém da expressão Indústria Criativa, a qual surgiu no campo das políticas públicas. Tal expressão apareceu de início no projeto denominado Creative Nation, primeira política cultural lançada por um país (CRUZ, 2014a, p. 16), nomeadamente pelo governo australiano no ano de 1994. Com esse projeto, a Austrália tinha por objetivo desenvolver políticas públicas de valorização da cultura, tendo o trabalho criativo como estratégico para o desenvolvimento econômico daquela nação (BENDASSOLLI et al, 2009; CARVALHO; CARVALHO, 2013). Landry (2011, p. 7-8) afirma então que o projeto “Nação Criativa” reconheceu a cultura pelo seu valor identitário e econômico. A referida política despertou interesse internacional, e foi na Inglaterra, segundo Newbigin (2010), que a expressão Indústria Criativa ganhou impulso, tendo sido esse país, o primeiro a propor o conceito de indústrias criativas. No ano de 1997, o governo do Primeiro-Ministro Tony Blair apresentou ao Reino Unido o plano “Nova Grã-Bretanha” e criou o “Creative Industries Task Force”, para organizar, por meio de planejamento e estratégias, e promover os setores das indústrias criativas e culturais. No mesmo ano, o governo britânico, através do Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) do Reino Unido, elaborou um mapeamento das indústrias criativas, no qual foram identificados 13 setores criativos no país, com capacidade de geração de emprego, renda e dinamização da economia (BENDASSOLLI et al, 2009; REIS, 2012): publicidade, moda, cinema, software, interativos de lazer, música, artes performáticas, indústria editorial, rádio, TV, museus, galerias e as atividades relacionadas às tradições culturais (NEWBIGIN, 2010). O mapeamento apontou as indústrias criativas como um importante elemento da economia do Reino Unido, tendo em vista que empregava 1,4 milhões de pessoas, 14

gerando cerca de 60 bilhões de libras por ano, o que correspondia a aproximadamente 5% da arrecadação (FLEW, 2011, p. 9). Com isso, através do conceito de indústrias criativas, o governo inglês propôs uma nova visão acerca dessas atividades que se relacionavam com criatividade e inovação. Neste documento, o DCMS conceituou as indústrias criativas como “aquelas atividades que têm sua origem na criatividade, na habilidade e no talento individual, e que potencializam a criação de emprego e riqueza através da geração e exploração da propriedade intelectual” (NEWBIGIN, 2010, p. 15). São exemplos: a propaganda, a arquitetura, o mercado de artes e antiguidades, artesanatos, design, design de moda, filme e vídeo, software de lazer interativo, música, artes cênicas, publicações, software de jogos de computador, televisão e rádio (MIGUEZ, 2007, p.102). Para Duisenberg (2008, p.62), indústrias criativas são o “conjunto de atividades econômicas com base no conhecimento e que fazem uso intensivo da criatividade e do conhecimento. Elas são capazes de gerar renda por meio do comércio e dos direitos de propriedade intelectual”. As características que definem as indústrias criativas podem ser divididas em três blocos: o primeiro bloco refere-se a uma forma de produção que tem a criatividade como recurso-chave, que valoriza a arte pela arte, que fomenta o uso intensivo de novas tecnologias de informação e de comunicação, fazendo uso extensivo de equipes polivalentes; o segundo bloco abrange os contornos específicos dos produtos gerados, tais como a variedade infinita, a diferenciação vertical e a perenidade; e o terceiro bloco representa uma forma particular de consumo, que possui caráter cultural e apresenta grande instabilidade na demanda. (BENDASSOLLI et al, 2009, p. 13)

A indústria criativa se diferencia da indústria cultural, pois “os setores criativos vão além dos setores denominados como tipicamente culturais, ligados à produção artístico-cultural (música, dança, teatro, ópera, circo, pintura, fotografia, cinema), compreendendo outras expressões ou atividades relacionadas às novas mídias, à indústria de conteúdos, ao design, à arquitetura entre outros” (BRASIL, 2011, p. 22). 15

No ano de 2004, a indústria criativa no Brasil era formada por 148 mil empresas. Em 2013, esse número passou para 251 mil empresas, representando um crescimento de 69,1% em quase uma década. A indústria criativa brasileira gera, por uma estimativa, um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 126 bilhões, que representa 2,6% do total produzido no Brasil em 2013, e 2,1% em 2004. Isto é, nesse período de tempo o PIB da Indústria Criativa avançou 69,8%, enquanto o PIB brasileiro cresceu 36,4% nos mesmos dez anos. No referido período, 2004 a 2013, houve aumento no número de empregos criativos formais em todos os estados brasileiros, o que permitiu um aumento da participação relativa dos trabalhadores na economia de 23 estados. Além disso, todos os estados apresentaram crescimento real do salário médio da classe criativa (FIRJAN, 2014, p.10). Os acontecimentos citados anteriormente, na Austrália e Reino Unido, em conjunto com o debate promovido pelas organizações internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO), despertaram interesse por parte de vários países para a adoção de políticas públicas de fomento da economia criativa (NEWBIGIN, 2010; MIGUEZ, 2007; CRUZ, 2014b). No Brasil, o debate sobre a economia criativa se intensifica a partir da realização da XI Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), no ano de 2004, em São Paulo. Este evento representou um marco internacional para a economia criativa, que passou a ocupar espaço nas agendas do Brasil e de outros países (MIGUEZ, 2007, p. 4; SILVA, 2012, p. 117). Como consequência da realização da Conferência da UNCTAD para a política cultural brasileira, foi criada no ano de 2012, pelo Ministério da Cultura, a Secretaria da Economia Criativa (SEC), que surgiu como tentativa de situar para o Brasil a economia criativa como um eixo de desenvolvimento descentralizador e sustentável, fundado na diversidade cultural do país (SILVA, 2012, p. 118). 16

O plano de gestão, políticas, diretrizes e ações da SEC, aprovado para o quadriênio 2011-2014, confirmou a distinção entre indústrias criativas e indústrias culturais, ao incluir os setores ligados às Novas Mídias, à indústria de conteúdos, ao Design, à Arquitetura, entre outros, em vez de limitar sua ação aos setores tipicamente culturais. O Plano da SEC adotou o termo “setores criativos” em detrimento de “indústrias criativas”, definindo os setores como “todos aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica” (BRASIL, 2011, p. 22). A UNCTAD, em seu Relatório da Economia Criativa 2010, classificou os setores criativos em quatro categorias: Patrimônio (Setores Criativos Locais Culturais - sítios arqueológicos, museus, bibliotecas, exposições; e Expressões culturais tradicionais artesanato, festivais, celebrações); Artes (Artes Visuais - pinturas, esculturas, fotografia, antiguidades; e Artes Cênicas - música ao vivo, teatro, dança, ópera, circo, teatro de fantoches), Mídia (Editoras e Mídias Impressas - livros, imprensa e outras publicações; Audiovisuais - filme, televisão, rádio e demais radiodifusões) e Criações funcionais (Design - design de interiores, gráfico, moda, joalheria, brinquedos; Novas Mídias software, vídeo games, conteúdo digital criativo; e Serviços Criativos- arquitetônico, publicidade, cultural e recreativo, pesquisa e desenvolvimento). (UNCTAD, 2010). Já a SEC identificou cinco categorias culturais: Patrimônio, Expressões Culturais, Artes de espetáculo, Audiovisual/do livro, da leitura e da literatura e Criações culturais e funcionais. A categoria cultural Patrimônio integra os setores criativos patrimônio material, arquivos, museus e patrimônio imaterial. Na categoria Expressões Culturais estão incluídos os setores criativos artesanato, culturas populares, culturas indígenas, culturas afro-brasileiras, artes visuais e arte digital. A categoria Artes de Espetáculo engloba os setores criativos dança, música, circo, teatro. Na categoria Audiovisual/ do Livro, da Leitura e da Literatura, estão presentes os setores criativos cinema e vídeo, publicações e mídias impressas. E, por fim, em Criações Culturais e Funcionais encontram-se os setores criativos moda, design e arquitetura (Brasil, 2012). 17

Quadro 1: Comparação das classificação das categorias culturais e setores criativos segundo a SEC e a UNCTAD

Fonte: CRUZ, 2014b.

A SEC estabeleceu a missão de “conduzir a formulação, a implementação e monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros” (BRASIL, 2012). O Plano da SEC identificou igualmente os desafios da economia criativa brasileira, aqueles que precisam ser enfrentados para possibilitar que 18

esta se assuma como política de desenvolvimento no Brasil. Os desafios são cinco: Levantamento de informações e dados sobre a Economia Criativa brasileira; Articulação e estímulo ao fomento de empreendimentos criativos; Educação para competências criativas; Infraestrutura de criação, produção, distribuição/circulação e consumo/ fruição de bens e serviços criativos; Criação/ adequação de Marcos Legais para os setores criativos (Brasil, 2012). Desse modo, a SEC tem como objetivos de atuação: 

Promover a educação para as competências criativas através da qualificação de profissionais capacitados para a criação e gestão de empreendimentos criativos;



Gerar conhecimento e disseminar informação sobre economia criativa;



Conduzir e dar suporte na elaboração de políticas públicas para a potencialização e o desenvolvimento da economia criativa brasileira;



Articular e conduzir o processo de mapeamento da economia criativa do Brasil com o objetivo de identificar vocações e oportunidades de desenvolvimento local e regional;



Fomentar a identificação, a criação e o desenvolvimento de polos criativos com o objetivo de gerar e potencializar novos empreendimentos, trabalho e renda no campo dos setores criativos;



Promover a articulação e o fortalecimento dos micros e pequenos empreendimentos criativos;



Apoiar a exportação de produtos criativos;



Apoiar a circulação e distribuição de bens e serviços criativos;



Desconcentrar a distribuição de recursos destinados a empreendimentos criativos, promovendo um maior acesso a linhas de financiamento;



Ampliar a produção, distribuição/difusão e consumo/fruição de produtos e serviços da economia criativa;



Promover o desenvolvimento intersetorial para a Economia Criativa;

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Efetivar mecanismos direcionados à consolidação institucional de instrumentos regulatórios (Brasil, 2012).

O Plano da SEC definiu a Economia Criativa como “o ciclo de criação, produção, distribuição/circulação/difusão e consumo/fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica” (BRASIL, 2011, p. 23). Para Caiado (2011), Economia Criativa é “o ciclo que engloba a criação, produção e, distribuição de produtos e serviços que usam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como principais recursos produtivos” (CAIADO, 2011, p. 15), isto é, diz respeito às atividades compreendidas nos “ciclos de criação, produção e distribuição de produtos e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual como insumo primário” (UNCTAD, 2010, p. 8). Está relacionada a “aquelas manifestações humanas ligadas à arte em suas diferentes modalidades, seja ela do ponto de vista da criação artística em si, como pintura, escultura e artes cênicas, seja na forma de atividades criativas com viés de mercado, como design e publicidade” (CAIADO, 2011, p. 15). Na definição de Miguez (2007), a Economia Criativa: (...) trata dos bens e serviços baseados em textos, símbolos e imagens e referese ao conjunto distinto de atividades assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade individual, cujos produtos incorporam propriedade intelectual e abarcam do artesanato tradicional às complexas cadeias produtivas das indústrias culturais. (MIGUEZ, 2007, p. 96-97)

A economia criativa “compreende setores e processos que têm como insumo a criatividade, em especial a cultura, para gerar localmente e distribuir globalmente bens e serviços com valor simbólico e econômico” (REIS, 2008, p.24). É um termo criado para nomear modelos de negócio ou gestão que se originam em atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade

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ou capital intelectual de indivíduos com vistas à geração de trabalho e renda. (SEBRAE, 2015) Pode-se dizer também sobre a Economia Criativa que: (...) São atividades econômicas que partem da combinação de criatividade com técnicas e/ou tecnologias, agregando valor ao ativo intelectual. Ela associa o talento a objetivos econômicos. É, ao mesmo tempo, ativo cultural e produto ou serviço comercializável e incorpora elementos tangíveis e intangíveis dotados de valor simbólico. (Economia Criativa na Cidade de São Paulo: Diagnóstico e Potencialidade, 2011, p. 15)

Por fim, quanto ao conceito de Economia Criativa, entendemos como Cruz (2014b, p. 3), que afirma: propomos que a economia criativa seja definida pelas atividades econômicas que têm objeto a cultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado. Deste modo, compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico. Trata-se por um lado da profissionalização de atividades culturais e artísticas, assim como o reconhecimento do valor econômico dos elementos culturais e artísticos incorporados em outras atividades econômicas como a gastronomia, a arquitetura ou os games. (CRUZ, 2014b)

Segundo o relatório da UNCTAD, os turistas são grandes consumidores de bens e serviços culturais e criativos, tendo em vista a busca pela experiência, culturas e espaços. É notório na cidade de Serra de São Bento que a economia é impulsionada pelo turismo. Diante dessa constatação, propomos uma análise de três setores criativos, enquadrados no âmbito da Economia Criativa, existentes na cidade, o da moda, da música e do artesanato, para entender o papel que desempenham no desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade.

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3. SERRA DE SÃO BENTO: CONTEXTUALIZAÇÃO E ECONOMIA CRIATIVA 3.1 Caracterização sociodemográfica de Serra de São Bento

A cidade de Serra de São Bento está localizada na mesorregião Agreste Potiguar e microrregião da Borborema Potiguar do estado do Rio Grande do Norte, distante 109 km da capital, Natal. O seu acesso se dá através da BR-226, RN-316 ou RN-160. Faz divisa com os municípios de São José do Campestre ao norte, Monte das Gameleiras a oeste, Lagoa d’Anta e Passa e Fica a leste, e com o estado da Paraíba ao sul, nos limites da cidade de Araruna/PB. Tornou-se município através da Lei estadual nº 2.337, de 31 de dezembro de 1938. (IBGE, 2015) O município possui um relevo característico entre 400 e 800 metros de altitude, em que predominam as serras de São Bento, do Meio e da Craibeira. Possui altitude média de aproximadamente 401 metros em relação ao nível médio do mar. A sua umidade relativa média anual é de 73%, com temperatura máxima que chega aos 32,0 °C, a média aos 25,6 °C e mínima 18,0 °C. Isto é, Serra de São Bento possui temperaturas amenas no inverno, isto é, no período de abril a setembro, e no verão, que vai de dezembro a março, as temperaturas são mais quentes, porém, ainda agradáveis em relação às demais cidades vizinhas, podendo ser considerada uma cidade de clima agradável. Segundo o IDEMA (2008), a cidade é conhecida hoje como uma das mais belas da região do Rio Grande do Norte, sendo emoldurada por planaltos, depressões e matas preservadas.

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Figura 1 - Localização do município de Serra de São Bento no estado do Rio Grande do Norte

Localização do município em vermelho Fonte: Google Imagens (2015) Figura 2 - Localização do município de Serra de São Bento

Localização da cidade em contorno vermelho Fonte: Google Maps (2015)

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Em 2010, o município de Serra de São Bento possuía 5.743 habitantes, dos quais 2.878 eram mulheres e 2.865 homens, sendo a população feminina maioritária, representando 50,11% da população residente. (IBGE, 2010) O município possui uma área territorial de 96,627 km2, apresenta densidade demográfica de 59,43 hab/km² e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de 0,582. (IBGE, 2010) O formato da pirâmide etária, com base larga e topo estreito, evidencia uma população jovem. As classes etárias inferiores a 30 a 34 anos demonstram um número de pessoas superior ao número das classes acima. Os homens são o grupo maioritário nos grandes grupos etários, sendo maioria nas classes de 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 30 a 34 anos. As mulheres são maioria nas classes de 0 a 4 anos e 25 a 29 anos. (IBGE, 2010) Figura 3 - Pirâmide etária de Serra de São Bento

Fonte: IBGE, 2015.

A população residente alfabetizada, em 2010, era de 3.327 pessoas. 1.776 pessoas frequentava creche ou escola nesse ano. Entre as pessoas com 10 anos ou 24

mais de idade, 3.360 não tinham instrução e tinham ensino fundamental incompleto, 695 tinham ensino fundamental completo e médio incompleto, 622 tinham ensino médio completo e superior incompleto, e 116 tinham ensino superior completo. (IBGE, 2010) Quanto à economia, o setor de atividade econômica predominante no município de Serra de São Bento é o dos serviços, seguido pela indústria e agropecuária. O PIB é de R$ 25.801,00 reais, sendo o PIB per capta correspondente a R$ 4.507,52 reais (IBGE, 2010).

Quadro 2: Produto Interno Bruto de Serra de São Bento

Fonte: IBGE, 2015.

A agropecuária do município contribui para o PIB com apenas R$ 948,00 reais, e está voltada para a criação de bovinos e caprinos, e o cultivo de alguns produtos de lavoura permanente (manga, maracujá, banana e goiaba) e temporária (feijão, a mandioca, milho e batata doce). (IBGE, 2012) Essa baixa produção está diretamente ligada ao relevo ondulado do município e o solo pedregoso, muito suscetível ao processo de erosão. A indústria contribui com R$ 2.451,00 reais, e é representada pela indústria têxtil, cujas pequenas fábricas geram empregos e renda para os moradores do município. (IBGE, 2012)

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O setor de serviços contribui com R$ 21.212,00 reais provenientes principalmente do setor público, comércio, restaurantes e pousadas presentes na região e que geram uma maior quantidade de emprego e renda para a população local. (IBGE, 2012) A prática do turismo em Serra de São Bento teve início em 2006, a partir da criação e realização do I Festival de Inverno do Município. Com a implantação do festival no calendário da cidade surgiu a necessidade de criação de uma rede hoteleira para suprir a demanda dos novos visitantes. Como as pousadas se encontram na zona rural da cidade, os proprietários começaram a explorar o turismo esportivo e ecológico, que oferecem a prática do rapel, passeio a cavalo, passeio de quadriciclo, bicicleta e trilhas ecológicas, sendo um ponto turístico principal desse segmento a tirolesa mais alta do RN, localizada na zona rural do município.

3.2 A Economia criativa em Serra de São Bento

Neste capítulo será apresentada a análise de conteúdo feita a partir das entrevistas realizadas com os representantes dos setores criativos do município de Serra de São Bento. Foram entrevistadas duas representantes do setor da moda, uma representante da música, uma do artesanato e um gestor público. As perguntas feitas relacionam-se com a questão econômica, cultural, as potencialidades e dificuldades do trabalho com a atividade desenvolvida e a visão acerca do turismo na região. A escolha desses setores criativos para análise se deu por serem os principais envolvidos com o turismo na região.

A) MODA A primeira entrevistada foi Maria das Graças Rodrigues da Silva, dona da Daya Confecções, empresa do ramo da moda infantil, fundada em 1993 em Serra de São Bento, que tem destaque no mercado local, nacional, e internacional, tendo participado, 26

em 2004, do Salão da Moda Paris - Prêt-à-Porter, um dos maiores eventos de moda realizado na Europa. A Daya conta hoje com duas fábricas e showrooms, uma em Serra de São Bento e outra em Passa e Fica (desde 2003), cidade vizinha, além de uma loja no Brás, em São Paulo/SP. As duas fábricas geram cerca de 150 empregos diretos e possuem uma capacidade produtiva de 100 mil peças por mês. Suas roupas são distribuídas em todo o Brasil, principalmente nos estados de Pernambuco, Ceará, Bahia, Piauí, Pará, Amazonas, Goiás, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, além do Rio Grande do Norte.

Figura 4 - Fachada da fábrica/showroom Daya na cidade de Serra de São Bento

Fonte: Autoria própria (2015)

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Figura 5- Interior da fábrica Daya, com alguns dos 150 empregados trabalhando na produção

Fonte: LIMA (2013)

A segunda entrevistada foi Maria Joseclea Ferreira dos Santos, proprietária da D’Cleas Confecções, que confecciona moda íntima. Maria Josecleia trabalhou na Daya e deixou a empresa para iniciar o seu próprio projeto, inaugurando a D’Cleas em 2002, esta que emprega cerca de 25 funcionários legalizados, e alguns em fase de teste ou contratados temporariamente na alta temporada. Produz cerca de 25 mil peças mensalmente, vendendo seus produtos no Rio Grande do Norte, na loja de Serra de São Bento e na loja de Natal, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro.

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Figura 6 - Interior da fábrica D’Cleas, situada no 1º andar, em cima da loja

Fonte: Autoria própria (2015)

Figura 7- Interior da loja D’Cleas, andar térreo do prédio

Fonte: Autoria própria (2015)

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Ambas as entrevistadas trabalham apenas no ramo da moda, tendo a renda gerada por essa atividade como a principal. Maria Joseclea não tem familiares que desenvolvam a mesma atividade, enquanto que Graça Rodrigues tem os filhos envolvidos com a moda, tanto que o nome da loja é uma homenagem à sua filha Dayane Rodrigues, hoje designer da Daya Confecções. Para Graça Rodrigues a importância do turismo para a moda em Serra de São Bento se dá na medida em que os visitantes passam a conhecer a marca e divulgar o município e a empresa para outras localidades. Ela oferece seus produtos na loja/showroom. Já Maria Joseclea conta com uma forma diferente de oferecer sua produção aos turistas: “Vem turistas, sempre vem três ônibus, uma ou duas vezes por mês. Nós vendemos mais pra fora, mais pra revenda. Temos uma loja em Natal, mas tem cliente de lá que compra aqui, porque tem família e quando vem passear aproveita. A gente tem um convênio com as pousadas, todos os turistas que vierem e se hospedarem têm o desconto de revenda, que seria só se eles comprassem as 30 peças, mas como tem o convênio dá desconto, e as pousadas trazem eles para cá”. (Maria Joseclea)

As duas representantes da moda não enxergam pontos negativos na associação da moda com o turismo no município, apenas observando os fatores positivos que seriam a divulgação da marca para outras cidades e estados, além de que o turista pode conhecer os produtos das empresas por preços acessíveis. A representante da Daya enxerga como fator positivo, ao desenvolver a atividade no município, a facilidade de encontrar mão-de-obra, e a facilidade de acesso dos funcionários à empresa, enquanto que o negativo seria a distância dos fornecedores de matérias primas. Já a representante da D’Cleas vê como fator positivo a ausência de concorrência, já que somente ela desenvolve há anos a atividade de produção de moda íntima na cidade. Para as entrevistadas a importância da cultura no município está em envolver crianças e jovens em ações que mudem a visão deles em relação ao mundo, possibilitando o seu desenvolvimento. 30

Graça Rodrigues afirma que a atual administração municipal tem ajudado na capacitação de mão-de-obra, e acredita que as medidas ou políticas públicas podem contribuir para um maior desenvolvimento de sua atividade nesse sentido, promovendo o treinamento e a capacitação da mão-de-obra. Já Maria Roseclea acredita que as medidas que ajudariam deveriam ser tomadas em relação ao turismo.

B) MÚSICA A entrevista com o representante da música foi realizada com Kiara Wilka, cantora e musicista de Serra de São Bento, que além da referida atividade exerce como profissão principal a de representante comercial, tendo a música apensa como uma renda extra para complementar e ajudar nas despesas de casa. Kiara começou cantando e tocando na igreja da cidade, o que continua fazendo, e agora se apresenta principalmente nas pousadas, fazendas, fazendo shows mais restritos, juntamente com seu irmão, que é contrabaixista, e também toca violão e teclado com ela, nos shows e na igreja. Figura 8 - Cantora Kiara Wilka se apresenta no Programa Resenhas do RN, da Intertv

Fonte: GSHOW (2015)

Para Kiara a música contribui para o desenvolvimento social e cultural do município por ser uma importante fonte de entretenimento, um diferencial, para as 31

pessoas distraírem, por considerar a cidade muito carente de tudo. Para oferecer seu trabalho aos turistas que visitam a serra, Kiara conta com a ajuda dos proprietários dos estabelecimentos, locais, como as Pousadas Villas da Serra e Pedra Grande, e o Café Serrano, que sempre realizam eventos para os hóspedes, como por exemplo noite do vinho ou do fondue. A cantora enxerga grande importância do turismo para a atividade que desenvolve, e só enxerga fatores positivos na associação da música com o turismo em Serra de São Bento. “O turismo influencia muito, porque o pessoal só fica interessado em chamar pra fazer música ao vivo se tiver turista. Como é que vão consumir? Porque o pessoal de fora valoriza mais. Por exemplo, se o Café Serrano fizer um evento pra o pessoal daqui eles nem me contratam, porque não adianta, não vai ter público, eles não vão ter como me pagar. Porém, no Festival de Inverno em determinados ambientes a gente tocou porque tava cheio de turista, o pessoal queria um diferencial”. “Pra mim não tem negativo na associação da música com o turismo, porque tudo favorece. Os pontos positivos é porque ajuda a divulgar nosso trabalho, através da divulgação do show no evento do Festival de Inverno e no programa Resenhas do RN eu comecei a tocar para várias pessoas, foi positivo pro meu trabalho, me ajudou, através disso o pessoal de outras cidades que nem sabiam que eu existia me convidaram pra tocar, depois disso já toquei em Lagoa Salgada, Lagoa de Pedra, Natal, Santo Antônio, e divulguei meu trabalho, agregou”. (Kiara Wilka)

Quanto a importância da cultura para o município, Kiara acredita que é importante para as crianças e adolescentes, principalmente para as crianças atendidas por ela em uma ação social, em conjunto com a prefeitura, por ser uma terapia e ajudá-los a lidar com a questão de drogas, envolvendo-os com a arte, já que, segundo ela, eles não têm tantas oportunidades na cidade. Kiara acredita que a administração municipal faz o que pode para valorizar a música local, sempre promovendo eventos culturais, como o aniversário da cidade, o Festival de Inverno, etc, e pensa que a música não dá dinheiro porque as pessoas não valorizam ou não querem pagar o que os músicos cobram. C) ARTESANATO

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Figura 9 - Artesã Maria da Penha no Café Serrano, um dos locais em onde as peças produzidas pelas

artesãs são expostos na cidade

Fonte: Autoria própria (2015)

A artesã Maria da Penha não vive somente da renda gerada pelo artesanato, pois recebe aposentadoria, tendo trabalhado antes na agricultura. Quanto a ter outros familiares a desenvolver a referida atividade, afirma: “Não, só eu mesmo. Ninguém se interessou. Eu chamei até minha filha, pedi pra ela ficar comigo, e ela “mãe, eu num sei não”. Aí eu digo “pois deixa eu só mesmo”. Tem uma cunhada minha, as outras são conhecidas”. (Maria da Penha)

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Quanto à questão econômica, afirma que demora para receber um retorno, pois os produtos são vendidos mais fora do município. A produção do seu artesanato é oferecida aos turistas que visitam Serra de São Bento nos estabelecimentos comerciais: “Oferece assim, aqui no Café Serrano, tem na Galinha da Serra também, e tem no Pôr do Sol, um restaurante lá. Não tem nenhuma loja pra vender essas coisas”. (Maria da Penha)

Figura 10 - Artesanato produzido pelas artesãs da cidade exposto no Café Serrano, servindo como

decoração para o local e vitrine para os produtos

Fonte: Autoria própria (2015)

Maria da Penha acredita que o turismo é importante para o artesanato do município pois melhora as vendas em algumas épocas, principalmente durante o Festival de Inverno, quando vende bastante. Para ela a gestão municipal ajudou muito ao levar para o município o projeto Lugares de Charme1, mas acredita que poderiam haver medidas ou

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O Projeto Lugares de Charme, idealizado pela designer potiguar Cris Ribeiro, tem como propósito repaginar cafés e restaurantes de pequenas cidades com até 20 mil habitantes e que tenham algum potencial turístico. Os estabelecimentos comerciais ganham uma nova cara, funcionando como vitrines de charme para os produtos dos artesãos da região. Além de decorar o ambiente, todos as peças expostas também estão à venda. A cidade de Serra de São Bento foi a primeira a receber o projeto.

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políticas públicas que promovessem o turismo, incentivando a realização, por exemplo, de feiras no município, para dar saída aos produtos.

D) GESTOR PÚBLICO

Para o prefeito da cidade de Serra de São Bento, Emanuel Faustino, os setores culturais e criativos ainda geram poucos empregos no município, motivo pelo qual as pessoas que desenvolvem as atividades relacionadas à área precisam ter outra atividade para complementar a renda. Quanto à importância das atividades dos setores culturais para o município, afirma: “São importantes pelo lado cultural, mas economicamente ainda são tímidas”. (Emanuel Faustino)

Para oferecer os produtos/atividades culturais aos turistas que visitam a serra, o gestor conta com apresentações e eventos em parceria com os empresários e com os indivíduos que exercem tais atividades, sendo por isso o turismo de grande importância para os setores criativos existentes no município. Para ele, a associação dos setores criativos da cidade com o turismo tem como fator positivo a divulgação, e como negativo a especulação financeira. O prefeito enxerga como fator positivo para o desenvolvimento das atividades relacionadas aos setores criativos no município a criatividade da população, e negativo a falta de verbas necessárias para investimento na área, por se tratar de um município pequeno, que sobrevive das poucas verbas federais existentes. Quanto à importância da cultura para Serra de São Bento, o prefeito vê como uma forma de preservar as raízes e preparar melhor as crianças e jovens, e acredita que as

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medidas ou políticas públicas na área da economia criativa que podem contribuir para um maior desenvolvimento do município são a realização de cursos, eventos, workshops e parcerias com instituições públicas e privadas para orientar as pessoas envolvidas, bem como a criação de projetos e a busca por mais recursos.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A economia criativa é um conceito recente, ainda em construção, mas que no contexto econômico atual vem se destacando no mundo todo. No Brasil especificamente, em razão da grande diversidade da cultura rica e forte do país, a Nova Economia tem sido uma fonte potencial de geração de emprego e renda. No entanto, o que se percebe é que ainda há carência de marcos legais adequados para regulamentar os setores criativos, bem como são tímidas as iniciativas que visem o fomento da área, sobretudo ao nível local.. O turismo na cidade de Serra de São Bento, apesar de recente, por ter começado a ser explorado a partir do ano de 2006, é tido como forte impulsionador econômico, tendo em vista que já atrai uma quantidade considerável de turistas que buscam cultura, em especial na realização anual do Festival Gastronômico e Cultural de Inverno, e no turismo esportivo e ecológico. Dentre os setores criativos existentes, aqueles que mais se destacam na cidade, por estarem atrelados ao turismo, são a moda, a música e o artesanato. De acordo com a definição dos setores criativos pelo Plano da Secretaria de Economia Criativa (BRASIL, 2012), a moda se insere no campo das criações culturais e funcionais, a música no campo das artes de espetáculo, e o artesanato se encaixa no campo das expressões culturais. Em uma análise geral dos setores criativos escolhidos, percebemos que o papel da Economia Criativa na geração de renda e empregos no município ainda é pouco expressivo, tendo em vista que as pessoas ainda não conseguem viver somente com a renda gerada pela música e pelo artesanato, com exceção do setor da moda, este sim bem desenvolvido e importante para a economia local, uma vez que as representantes da moda vivem somente da renda gerada por essa atividade, contando com lojas em outras cidades e com a revenda de sua produção para diversos estados do país. Quanto ao estímulo ao turismo, entendemos que os setores da moda, da música e do artesanato desempenham papel importante nesse sentido, especialmente estes dois 37

últimos, já que os turistas que visitam a cidade de Serra de São Bento são atraídos principalmente pelo Festival Gastronômico e Cultural, onde há apresentações e shows de diversos artistas, exposição e oficinas de artesanato e desfiles de moda das empresas locais. Concluímos que quanto à relevância dos setores criativos no município de Serra de São Bento, no geral, ainda que de forma tímida, estes desempenham um papel importante quanto à questão cultural, social e econômica, uma vez que contribuem para geração de emprego, principalmente no setor da moda, contribuindo para a realização pessoal e para preservar a história local, no caso do artesanato, e colaboram na formação de crianças e jovens, em especial a música, além de que todos os setores estimulam o turismo e veem nesse um mercado potencial para os seus produtos. O que percebemos é que a Economia Criativa tem sido pouco aproveitada no município, em razão da falta de estímulos e incentivo para o seu desenvolvimento ao nível do empreendedorismo. Os setores criativos dependem de parcerias dos empresários da região, proprietários das pousadas e restaurantes, para realizar suas atividades, porém, apenas essas ações não são suficientes para fomentar a Economia Criativa local. Tanto as políticas públicas federais, como as estaduais e municipais, são deficitárias, ou nulas, no atendimento à demanda local. É necessário o apoio das políticas definidas no plano da Secretaria de Economia Criativa, considerando a realidade local. Finalmente, concluímos que é preciso desenvolver políticas de caráter inovador que acompanhem a dinamicidade dos setores aqui estudados, e que compreendam não só o estímulo à produção, mas principalmente a atenção especial ao fomento do consumo.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BENDASSOLLI, Pedro F. et al. Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades. São Paulo: ERA, 2009. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rae/v49n1/v49n1a03.pdf. Acesso em: 02 nov. 2015.

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MIGUEZ, Paulo. Economia criativa: uma discussão preliminar. In: NUSSBAUMER, Gisele Marchiori (Org.). Teorias & políticas da cultura: visões multidisciplinares. Salvador, BA: EDUFBA. 2007. p. 95-113

LANDRY, Charles. Prefácio. In: REIS, Ana Carla Fonseca; KAGEYAMA, Peter (Orgs.). Cidades Criativas – Perspectivas. 1ª ed. São Paulo: Garimpo de Soluções & Creative Cities Productions. 2011. p. 7-15 LIMA, Maria Jan A Ine Trajano de. Reflexos do Dinamismo Das Atividades Têxteis Na Cidade De Serra De São Bento – RN. 2013. 58 f. Tese - Curso de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2013. Disponível em: . Acesso em: 25 out. 2015. NEVES, José Luis. Pesquisa qualitativa – Características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, 1996. NEWBIGIN, John. A Economia Criativa: Um guia introdutório. Londres: British Council. 2010. Disponível em: . Acesso em: 04 Nov 2015 RIO GRANDE DO NORTE. ASSECOM/RN. . Conheça o RN. 2014. Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2015. SANTOS-DUISENBERG, Edna dos. Economia criativa: uma opção de desenvolvimento viável? In: REIS, Ana Carla Fonseca (Org.). Economia criativa: como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Itaú Cultural, 2008. p. 52-73. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2015.

UNCTAD. Relatório de economia criativa 2010: economia criativa uma, opção de desenvolvimento. – Brasília: Secretaria da Economia Criativa/Minc; São Paulo: Itaú Cultural, 2012. 40

6. APÊNDICES

ROTEIRO DE ENTREVISTA - REPRESENTANTE ARTESANATO, MÚSICA E MODA * Vive somente com a renda gerada por essa atividade? * Tem outros familiares a desenvolver essa atividade? * Como a atividade contribui para o desenvolvimento social e cultural do município? * Como os produtos/atividades são oferecidos aos turistas que vêm visitar Serra de São Bento? * Qual a importância do turismo para a atividade que desenvolve e para o município? * Quais os fatores positivos e negativos da associação da atividade que desenvolve ao turismo? * Que fatores positivos e negativos encontra em Serra de São Bento para o desenvolvimento da atividade? * Qual a importância da cultura para o município de Serra de São Bento? * Recebe algum apoio da Prefeitura? * Que medidas ou políticas públicas podem contribuir para um maior desenvolvimento de sua atividade e do município de Serra de São Bento?

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ROTEIRO DE ENTREVISTA - GESTOR PÚBLICO * Os setores culturais geram muitos empregos no município? * As pessoas conseguem viver somente com a renda gerada pelas atividades dos setores culturais? * Qual a importância econômica das atividades dos setores culturais para o município de Serra de São Bento? * Como os produtos/atividades culturais são oferecidos aos turistas que vêm visitar Serra de São Bento? * Qual a importância do turismo para os setores criativos existentes no município? * Quais os fatores positivos e negativos da associação dos setores criativos existentes no município ao turismo? * Que fatores positivos e negativos encontra em Serra de São Bento para o desenvolvimento das atividades relacionadas aos setores criativos existentes no município? * Qual a importância da cultura para o município de Serra de São Bento? * A Prefeitura apoia as pessoas que exercem atividades dos setores culturais do município? * Que medidas ou políticas públicas na área da economia criativa podem contribuir para um maior desenvolvimento do município de Serra de São Bento?

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