A representação da diáspora troiana em Estesícoro: dois retratos de uma fuga

May 29, 2017 | Autor: Sofia Carvalho | Categoria: Ancient Greek and Roman Art, Stesichorus, Ancient Greek Mythology, Archaic Greek Lyric
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Congresso Internacional Exodus: Migrações e Fronteiras Aveiro – 21, 22 e 23 de setembro 2016 Sofia Gil de Carvalho Abstract

A representação da diáspora troiana em Estesícoro: dois retratos de uma fuga. O tema da fuga dos Troianos na sequência da guerra encontra-se já em Homero que, apesar de não fornecer detalhes sobre o futuro dos sobreviventes de Tróia, não deixa por isso de o anunciar (20.293-308). O episódio foi sendo revisitado e explorado noutras instâncias (e.g. HH Aphr. 196-9, Pequena Ilíada fr. 30 GEF, Iliupersis arg. 1d GEF.). A nossa comunicação centra-se na análise de uma versão lírica do motivo da fuga dos Troianos: aquela do poeta do séc. VI a.C. Estesícoro de Hímera, em particular no seu Saque de Tróia. Estesícoro introduz duas importantes inovações no tratamento dos sobreviventes de Tróia: Hecuba é resgatada por Apolo que a leva para a Lícia (fr. 109 F); e Eneias parte em direção a Oeste com os seus companheiros (fr. 105 F). Esta última informação, preservada numa tabuinha de mármore romana datada do séc. I d.C, apresenta Estesícoro como o percursor da versão de Eneias e dos troianos no Ocidente, o que pode ser considerado em paralelo com a recorrência da representação de Eneias em peças de arte datadas de entre os finais do séc. VI e início do séc. V a.C. encontradas na Sicília e em Itália, o que sugere a difusão do mito entre comunidades gregas e não-gregas. O impacto da obra de Estesícoro, para quem o fenómeno da migração, do êxodo ou do exílio não seria certamente estranho, reside precisamente em trazer a si e à sua audiência estes míticos migrantes e a fazer deles parte integrante da ascendência do conjunto de comunidades em convívio (nem sempre pacífico) no Ocidente.

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