A retórica da alteridade em foco: a presença judaica no quinto livro das Histórias de Tácito (século II E.C.) - SLIDES

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A retórica da alteridade em foco: a presença judaica no quinto livro das Histórias de Tácito (século II E.C.) Jônatas Ferreira de Lima Souza – UFRJ, Letras PortuguêsHebraico/Letras Clássicas Prof. Luiz Karol – UFRJ, Letras Clássicas

RESUMO • O objetivo desta atividade será introduzir o ouvinte nas questões de retórica da alteridade de Hartog e

caracterizar a presença judaica na literatura clássica latina. Para esse fim, tomaremos a obra Histórias, escrita pelo historiador e etnógrafo romano Cornélio Tácito (55-120) que narrou os incidentes ocorridos em Roma e em algumas províncias, inicialmente, no ano de 68, logo após a morte de Nero. Esses incidentes tiveram seu clímax no ano de 69, quando Roma foi governada por quatro generais de províncias – Galba (3 A.E.C. 69 E.C.), Oto (32-69 E.C.), Vitélio (15-69 E.C.) e Vespasiano (9-79 E.C.). Desses, Vespasiano foi o vitorioso e sua memória, suas ações e carreira militar foram celebradas por Tácito nessa obra. De 70 a 96 durou a dinastia de Vespasiano (os flavianos). No entanto, mais especificamente, iremos destacar o quinto livro dos cinco que compõem atualmente essa obra de Tácito. Nosso interesse está em ressaltar a opinião de Tácito sobre os judeus, o motivo dessa necessidade e as suas prováveis fontes, sendo que, o judeu-romano Flávio Josefo, em seu Contra Ápio, já apresentara, no final do século I E.C., uma lista de possibilidades de autores que mencionaram sobre os judeus no mundo clássico. Tácito, nesse quinto livro, deu destaque à conquista de Jerusalém (na Judeia) pelo general Tito, filho de Vespasiano, e suas legiões, narrando sobre a origem e costumes de seus habitantes, narrativa esta, sobre o conflito e origem de seu próprio povo, também escrita por Josefo no século I em sua Guerra dos Judeus.

Elementos do Estudo • • • • • •

Sobre François Hartog (1946-);

Sobre Tácito (55-120); Do que trata Histórias (104-109)? Sobre a Retórica da Alteridade (O Espelho de Heródoto); Histórias, V, 1-13 – Jerusalém e os Judeus; Identificando os elementos no texto latino;

Sobre François Hartog (1946-) • Historiador Helenista Francês (EHESS); • Trabalha com Historiografia Antiga e Moderna; • Obra: O Espelho de Heródoto (1980) – p. 229; HARTOG, F. O espelho de Heródoto. Ensaio sobre a representação do outro. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

Sobre Tácito (55-120) • Foi questor, pretor, cônsul e procônsul na Ásia Menor, além de historiador, etnógrafo e orador romano;

• Obras: Germânia, Vida de Agrícola, Dialogo dos Oradores, Histórias, Anais; GODLEY, A. D. The Histories of Tacitus – Books III, IV, and V. London: Macmillan, 1890.

Do que trata Histórias (104-109)? • “A forma como Tácito dispõe a estrutura dos livros nas Histórias é também indicadora, e, por sinal, uma grande evidência desse movimento de declínio e renovação que ele pretende demonstrar. Em primeiro lugar, temos o padrão de alternância entre res internae e res externae, que, na verdade, não é original, mas sim derivado diretamente de Tito Lívio [...]. Porém, há uma divisão em maior escala bem mais importante quanto à disposição do conteúdo, que é a diferença significativa entre o bloco formado pelos livros I a III e o bloco dos livros IV-V – diferença essa relacionada com a duração e o fim da guerra civil, que ocupa, através de Galba, Oto e Vitélio a primeira parte.[... MARQUES, J. B. Estruturas narrativas nas Histórias de Tácito. PHOÎNIX, Rio de Janeiro, 15-1, p. 76-90, 2009.

Do que trata Histórias (104-109)? • ...]O fim do livro III, em seu clima altamente trágico, é emblemático, pois narra justamente tanto a morte do último dos imperadores derrotados, Vitélio, quanto a destruição do Capitólio – de cunho fortemente simbólico – e, portanto, o ápice do caos vigente em Roma [...]. Os livros IV e V significam, então, a lenta retomada da ordem sob o estabelecimento do poder de Vespasiano” (MARQUES, 2009, p. 78, grifo da autora).

MARQUES, J. B. Estruturas narrativas nas Histórias de Tácito. PHOÎNIX, Rio de Janeiro, 15-1, p. 76-90, 2009.

Sobre a Retórica da Alteridade (O Espelho de Heródoto) • A “diferença” • “[...] dizer o outro é enunciá-lo como diferente – é enunciar que há dois termos, a e b, e que a não é b;” (HARTOG, 1999, p. 229)

• A “inversão” • “[...] não há mais a e b, mas simplesmente a e o inverso de a; [...] Quando se trata dos costumes, a diferença transforma-se em inversão. Além disso, o enunciado tem pretensões de universalidade: a inversão mede-se com relação ao resto do gênero humano” (HARTOG, 1999, p. 230)

Sobre a Retórica da Alteridade (O Espelho de Heródoto) • “os egípcios vivem num clima outro (héteros), às margens de um rio diferente (állos) de todos os outros rios, e ‘adotaram também, em quase todas as coisas, modos e costumes que são o inverso (émpalin) dos de todos os outros homens’” (HERÓDOTO, II, 35 apud HARTOG, 1999, p. 230).

• Exemplo da “inversão”.

Histórias, V, 1-13 – Jerusalém e os Judeus • “[...] Tácito buscou introduzir o triunfo dos flavianos, no início de 70 E.C., sobre a Judeia, mostrando também a importância de Vespasiano para o futuro do Império. Foi nesse espaço que Tácito dedicou um breve estudo sobre os judeus, Jerusalém e a Judeia. Talvez a presença desse breve relato sobre um povo não-romano, [...] derive do próprio espaço que o autor vinha dedicando aos exércitos romanos estacionados nas províncias, que, [...] embasou sua tese de que um imperador poderia ser feito longe da casa imperial romana, isto é, generais de boa fama que atuavam distante do centro, do qual, Vespasiano, seria esse primeiro modelo.” (LIMA, 2013, p. 155) LIMA, Jônatas F. de. Jerusalém: a última fronteira no oriente – a conquista da Judeia (70 E.C.) nas Histórias (Livro V) de Tácito. 2013. 290 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de História, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, 2013.

Histórias, V, 1-13 – Jerusalém e os Judeus • “As informações que Tácito nos apresenta sobre os judeus, certamente são baseadas em autores ou fontes não-judaicas. [...] Boa parte dessas fontes em potenciais de Tácito são duramente rebatidas por Josefo em 93 E.C.” (LIMA, 2013, p. 194) LIMA, Jônatas F. de. Jerusalém: a última fronteira no oriente – a conquista da Judeia (70 E.C.) nas Histórias (Livro V) de Tácito. 2013. 290 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de História, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN, Natal, 2013.

Identificando os elementos no texto latino • “Moyses, quo sibi in posterum gentem firmaret, novos ritus contrariosque ceteris mortalibus indidit.

Profana illic omnia quae apud nos sacra, rursum concessa apud illos quae nobis incesta.” (TÁCITO, Hist., V, 4.1)

• “Moisés, como que firmasse na posteridade da própria gente, inseriu hábitos novos e opostos aos

outros mortais. Lá é inteiramente profano o que entre nós é sagrado, ao contrário a concessão entre eles é que nos é impureza.”

• “[...] et quia apud ipsos fides obstinata, misericordia in promptu, sed adversus omnis alios hostile odium” (TÁCITO, Hist., V, 5.1)

• “[...] e porque entre eles mesmos a lealdade é teimosa, a compaixão em prontidão, mas contra todos os outros um rancor inimigo.”

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