A REVISTA BIZZU NO CENÁRIO DA IMPRENSA CONTRACULTURAL

May 22, 2017 | Autor: Susana Reis | Categoria: Punk, Contracultura
Share Embed


Descrição do Produto

A REVISTA BIZZU NO CENÁRIO DA IMPRENSA CONTRACULTURAL[1]

Susana Azevedo Reis
Christina Ferraz Musse [2]

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar a revista de rock Bizzu, produzida
em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, na década de 1980. A Bizzu era
desenvolvida por jovens roqueiros e punks da cidade, mas destacava assuntos
diversos, como o movimento hippie e a política brasileira. Dessa forma,
para uma análise teórica, iremos empregar os conceitos de jornalismo
alternativo, utilizando os autores Bernardo Kucinski e José Luiz Braga, e
compreender a música e a cultura do rock como um produto contracultural,
valendo-se das obras de Paulo Chacon e Tupã Gomes Corrêa, para assim
entendermos a proposta da revista. Como metodologia, realizaremos uma
análise de conteúdo, para verificar quais assuntos eram os mais discutidos
e compreender como a revista se apresentava nesse cenário de imprensa
contracultural.

Palavras-chave: Imprensa. Narrativa. Rock. Contracultura. Bizzu

THE BIZZU MAGAZINE IN THE COUNTERCULTURAL PRESS SCENE

Abstract:
This article aims to analyze a rock magazine Bizzu, produced in Juiz de
Fora, in Wood Zone of Minas Gerais, in the 1980s. Bizzu was developed by
young rockers and punks of the city, but highlighted several issues, such
as the hippie movement and the brazilian policts. Thus, for a theoretical
analysis, we will employ the concepts of alternative journalism using the
authors Bernardo Kucinski and José Luiz Braga, and contraculture, and
understand the music and culture of rock as a counterculture product, using
the works of Paulo Chacon and Tupã Gomes Corrêa, in order to understand the
magazine's proposal. As a methodology, we will perform a content analysis,
to verify what subjects were the most discussed and to understand how the
magazine presented itself in this countercultural press scene.


KEYWORDS: Press. Narrative. Rock. Contraculture Punk. Bizzu.



1. Introdução


A cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, apresentou
nas décadas de 1970 e 1980 uma gama de jornais e revistas que produziam
conteúdo diferenciado da grande imprensa, em geral, conservadora. Esses
impressos eram confeccionados principalmente por jovens que viviam em
bairros marginalizados, participantes do movimento punk e hippie, e por
estudantes secundaristas e universitários, ou seja, por aqueles que se
sentiam de alguma maneira excluídos da sociedade e buscavam, através da
imprensa alternativa e marginal, uma maneira de dar voz aos seus desejos de
liberdade e igualdade.
Dentre esses impressos alternativos, encontramos a revista Bizzu, que
circulou na cidade na década de 1980, através de 10 edições. A revista se
mostra diversificada quanto ao conteúdo, falando de variados temas que
interessavam à juventude da época. Através de matérias, entrevistas, notas
e críticas musicais, cinematográficas e culturais, ela cria uma identidade
para o estilo dos jovens, narrando suas percepções sobre o rock (de todos
os estilos), além de discutir assuntos como esoterismo, medicina
alternativa e temas sociais e culturais.
Nosso objetivo com este artigo é, através da metodologia de análise de
conteúdo, desenvolvida por Laurence Bardin, procurar concretamente quais os
assuntos eram mais ou menos discutidos nessa revista, destacando, com
análise qualitativa, aqueles que possuírem maior recorrência. Assim,
poderemos compreender um pouco mais do teor do impresso e teremos um
panorama concreto dos conteúdos jornalísticos da Bizzu, ajudando-nos a
inseri-la dentro do contexto da época. Nossa hipótese é de que a revista
tenha um conteúdo baseado no modelo contracultural, que tem como principal
característica a busca por um ideal de mundo, onde a coletividade e o
estilo de vida alternativo sejam prioridade e o rock seja a trilha sonora.

2. Imprensa e contracultura

A imprensa alternativa ganhou destaque no cenário midiático brasileiro
no período da ditadura militar, que governou o país de 1964 a 1985. Eram
jornais e revistas que se utilizavam da arte, literatura e do jornalismo
mais crítico para debater assuntos que muitas vezes eram ignorados pela
grande imprensa. A censura promovida pelo governo ditatorial não permitia
que a grande imprensa se expressasse.
O pesquisador José Luiz Braga (1991) aponta três motivos principais
para o surgimento dessa imprensa alternativa. Primeiramente, a
disponibilidade, no mercado, de jornalistas críticos e qualificados que não
encontravam dentro da imprensa de mercado a liberdade necessária para se
expressarem. Existiam também vozes que perderam espaços de diálogo, como
os intelectuais, professores, integrantes da imprensa política partidária e
militante. Por fim, o empobrecimento de conteúdo dos jornais e da televisão
e uma produção jornalística que priorizava a disseminação de conteúdo
vinculado à indústria cultural, em consequência principalmente da censura,
e ocasionou a insatisfação de um público acostumado até 1964 a um
jornalismo que informava e criticava (BRAGA, 1991).
A imprensa alternativa surgiu como uma proposta de oferecer aos
leitores uma nova visão de mundo. Ela era composta de jornais e revistas
que buscavam a liberdade de expressão e o debate político. Mesmo na década
de 1980, quando a redemocratização começava a ser instaurada no Brasil,
alguns desses jornais permaneceram para debater assuntos que não eram ainda
discutidos pela grande mídia, como movimentos musicais, debates ambientais
e a cultura (KUCINSKI, 2003).
Existiam jornais anarquistas e marxistas, nacionalistas e
internacionalistas, católicos e feministas. Diante dessa variedade de
gêneros, Bernardo Kucinski divide a imprensa alternativa em duas linhas: a
política, com raízes no ufanismo brasileiro, nas ideias de valorização do
nacional, influenciada pelos jornais populares de 1950 e pelo ideal
marxista vulgar do meio estudantil dos anos 1960; e a linha de jornais
influenciados pelo movimento de contracultura norte americano e,
consequentemente, pelo anarquismo e pela ideologia existencialista de Jean
Paul Sartre[3]. Esses impressos estavam insatisfeitos com a sociedade
autoritária, comandada por uma classe média hipócrita que privilegiava
certos costumes e morais conservadoras (KUCINSKI, 2003).
Esses impressos contraculturais tornaram-se o meio pelos quais jovens
brasileiros puderam criticar e expressar seu descontentamento com os
padrões vigentes na sociedade. Brandão e Duarte (1990) comentam que a
contracultura buscou um estilo de vida alternativo e coletivo, mostrando-se
contra o consumismo, a industrialização indiscriminada, o preconceito
racial, as guerras e a violência. "[...] essa juventude mais crítica e
politizada nega a cultura vigente, até então sustentada e manipulada em sua
maior parte pela indústria cultural" (BRANDÃO; DUARTE, 1990, p. 12-13).
Os jornais e revistas ligados à contracultura buscavam, assim, tratar
temas relacionados a questões sociais, políticas, ao meio ambiente, aos
movimentos de juventude, como o estudantil e o punk, e marginal, além de
destacar a cultura literária, artística e musical que se consolidava fora
da grande mídia. Dentro deste contexto contracultural, o movimento de rock
ganha destaque e por isso acreditamos que a revista Bizzu se insere nessa
conjuntura.

2. Rock: a música como protesto
O rock and roll é um estilo musical nascido aproximadamente nos anos
1950, nos Estados Unidos, sendo originário de estilos variados, surgindo,
principalmente, como herança musical dos negros, com a mistura de ritmos
como o rhythm and blues[4], gospel[5] e ballad[6] (CORRÊA, 1989). Tupã
Gomes Corrêa (1990) explica que a migração das populações negras nos
Estados Unidos uniu o som que eles traziam da África, com instrumentos que
encontraram no novo país e, por consequência, os migrantes começaram a
desenvolver novos sons, que mais tarde foram apropriadas por brancos.
Ainda na década de 1950, o apresentador de televisão Alan Freed foi o
responsável em criar o nome rock and roll e disseminá-lo entre os jovens
brancos em programas onde juntava na plateia negros e brancos, como comenta
Paulo Chacon (1985): "Alan Freed, um disc-jóquei de Cleveland, Ohio,
percebeu que a música negra era um filão mercadológico consumível pelo
branco desde que se trocasse o nome de rhythm and blues, demasiadamente
negro, por algo mais branco: surgia assim o rock and roll" (CHACON, 1985,
p.10). Daí para frente, o estilo musical começou a ser disseminado por
interpretes que fizeram o rock ser conhecido e adorado em todo o mundo,
como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Little Richard, Fats
Domino, Gene Vicent e Paul Anka.
O rock é um estilo musical que sempre privilegiou a contestação e o
diferente, tanto na perspectiva sonora, quanto em suas letras, que vão
desde o teor sexual a protestos políticos, como comenta Corrêa:
Podemos definir o rock como o gênero de música pelo qual
se estabelece um limite de confronto com padrões sonoros
convencionais, mediante o preenchimento de todas as
extensões possíveis entre forma e conteúdo, pela proposta
de ruptura do tradicional, do usual, e daquilo que pode
vir a ser estabelecido, bem como de todos os discursos
auxiliares e não necessariamente sonoros. O que significa
dizer que o rock tem muito a ver com rebeldia (CORRÊA,
1989, p.39)


Sendo um gênero de periferia, o rock caracteriza-se por acompanhar
sempre movimentos sociais de contestação, servindo "de linguagem a esses
movimentos, enquanto eles se difundem pelo mundo" (CÔRREA, 1989, p.39). São
exemplos dessas agitações os grupos hippies e punks que, nos anos 1960 e
1970, respectivamente, tornaram-se os movimentos sociais de juventude que
mais se destacaram no meio do rock.
O estilo musical embalou diversas manifestações políticas e sociais
pelo mundo, além de se apresentar como forma de protesto, seja nos
festivais de música, como Woodstock[7], ou nas próprias letras de músicas.
O rock se disseminou pelo mundo através de diversos subgêneros: Rock
Psicodélico, Punk, Heavy Metal, Rock Progressivo, Hard Rock, Grunge, Blues
Rock, Indie Rock e Rock Alternativo. (CÔRREA, 1989). Não especificaremos
cada um nesse trabalho por questão de espaço, mas gostaríamos de destacar o
movimento punk, pois a revista Bizzu, mesmo tratando de assuntos diversos
do rock, era produzida principalmente pelo movimento punk de Juiz de Fora.
O movimento surgiu no final de 1970, na Inglaterra. No início, o punk
era a denominação dada às bandas inglesas que, em 1976 e 1977, começaram a
tocar um rock simples e rápido, com o vocal violento, usando instrumentos
sem muita técnica ou equipamentos sofisticados e sintetizador. As letras
eram de críticas, denúncias políticas, um radicalismo contra a indústria
cultural e a violência. "Aparece como uma nova subcultura juvenil que se
articula ao mesmo tempo em torno de uma reversão musical dentro do rock, e
de um modo de vestir inusitado e extremamente anormal" (ABRAMO, 1994, p.
43).
O movimento chegou ao Brasil em 1978, quando surgiram as primeiras
bandas punks em São Paulo. Em 1982, surge o selo independente Punk Rock,
que produz o primeiro disco do movimento no Brasil: Grito Suburbano.
Festivais de punk começam a aparecer, e há um grande intercambio entre os
punks das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Juiz de Fora. Essas trocas
acontecem por meio das fanzines e de festivais.
As fanzines são revistas mimeografadas ou xerocadas que falam sobre
bandas envolvidas com a cena, e assuntos referentes ao movimento,
circulando entre diversos grupos punks. As fanzines são feitas de punks
para punks e abrangem os mais variados assuntos, destacando a música e a
política. "A maioria é feita com copiadoras, grampeadas, sem páginas
numeradas, sem direitos autorais e nenhuma chance de rentabilidade."
(O'HARA, 2005, p.66). Mas existem publicações que possuem um conteúdo
underground semelhante às fanzines, como algumas revistas especializadas em
rock. Seu conteúdo é voltado para o mesmo público, e a maioria dos
integrantes da revista são punks. O que as diferencia são a boa diagramação
e a impressão realizada em gráficas. A revista Bizzu se enquadra nesse
grupo de revistas.


3. Bizzu: a revista de rock de Juiz de Fora
Como podemos definir uma revista? Daisi Vogel (2013) acredita que
todas as revistas possuem uma temporalidade expandida, por consequência de
sua periodicidade alongada, já que podem ser semanais, mensais ou até mesmo
anuais. Possuem mais tempo para organizar suas pautas e matérias e, dessa
maneira, "desmontam e remontam os noticiários, as atualidades e as
vivências" (VOGEL, 2013, p.17), ou seja, elas são capazes de fornecer um
panorama aprofundado e diferenciado de certas notícias, se comparadas aos
jornais diários:
Configuram, desse modo, montagens em que justapõe
fotografias, ilustrações, informações narrativas,
materiais diversos: pequenas súmulas de imagens do
contemporâneo. Toda revista propõe, de algum modo, uma
reflexão sobre o contemporâneo; nunca uma representação do
contemporâneo, mas uma apresentação materialmente estável
de imagens justapostas, do presente e de quaisquer tempos.
Sejam quais forem os temas a que se dediquem, o noticiário
recente ou a efeméride, a revista implica a reunião
espacial – o número e a edição – de materiais cuja a
temporalidade é diversa, heterogênica. (VOGEL, 2013, p.17)

Dessa forma, acreditamos que a publicação Bizzu se enquadra no formato
de revista, não apenas por possuir visualmente as características desse
tipo de impresso, mas por seu conteúdo apresentar essa "reflexão do
contemporâneo", oferecendo ao leitor uma visão da juventude da década de
1980, que até hoje permanece impressa em suas páginas. Vogel acredita que a
revista é "um objeto - arquivo que materializa uma certa configuração de
imagens e, portanto, um arquivo de memória, o que sugere o reconhecimento
do caráter heterogêneo do tempo que atravessa a revista" (VOGEL, 2013, p.17-
18).
A memória do estilo musical rock da década de 1980, na cidade de Juiz
de Fora, está impressa na revista Bizzu, que possuía um conteúdo voltado
para jovens que pertenciam à contracultura, e mais ainda para aqueles que
encontravam no gênero ideias semelhantes às suas. A revista publicava
matérias relacionadas à música, arte e cultura em geral. Encontramos na
publicação dois estilos opostos dentro do rock: ao mesmo tempo em que a
revista investe em assuntos da cultura hippie, que possui o rock
psicodélico como estilo musical, com matérias sobre esoterismo e medicina
alternativa, o movimento punk é um assunto recorrente, juntamente com os
festivais de músicas que eram produzidos pela revista, sendo destaque em
algumas edições. A maioria daqueles que escreviam no impresso, jornalistas
ou não, participavam do movimento punk da cidade, e tinham a revista como
meio para se expressarem.
A primeira edição da revista foi publicada abril de 1982, com a
realização do evento Noite do Bizzu, no teatro Pró-Música, no dia 20 de
agosto. "Luiz Carlos Maciel abordou o tema da 'Revolução cultural no
Brasil' e lançou o livro 'Negócio, seguinte', além do evento contar com uma
performance de Rogério Skylab" (SANGLARD, 2010)[8].
Na primeira edição, a revista aparece com o título Bizzú. Já na
segunda edição, o nome da revista perdeu o acento no título e assim
permaneceu nas outras edições. A revista teve pelo menos 10 edições, entre
1982 e 1986, sem uma periodicidade certa. As edições de zero a quatro foram
produzidas em 1982, de cinco a oito em 1983, a edição nove em 1984 e a
edição 10 em 1986. A pesquisa ainda está em andamento e buscaremos
verificar o número exato de edições e o por quê desses períodos longos
entre elas.
A redação funcionava na Rua Barbosa Lima, nº157, no centro da cidade
de Juiz de Fora, e a revista era impressa pela Esdeva Empresa Gráfica,
localizada na Av. Brasil, nº 1405, no bairro Poço Rico. O número de páginas
da revista variava, de 18 a 48 páginas, possuindo ilustrações e fotos em
preto e branco. A capa era colorida. A revista possuía publicidade e era
vendida, na cidade, na Zona da Mata Mineira e no Rio de Janeiro.
A edição 0 traz uma definição do que é a revista: "Muito prazer, este
é o primeiro número do Bizzu (dica rápida e rasteira) pra quem quer saber
de arte, cultura e política; de arte e desbunde" (EDITORIAL, 1985, p.1). A
revista publicava pequenas matérias, perfis de bandas e cantores,
entrevistas, notas, críticas e artigos de opinião. Os principais assuntos
que são destacados são o movimento e a música, principalmente o rock e o
punk, a cultura da cidade, festivais de música, movimentos alternativos e o
cinema.
O fundador da revista foi Marcos Petrillo. O conteúdo era produzido
com a colaboração de jornalistas, membros do movimento punk, fotógrafos,
historiadores, sociólogos, etc. Eram nomes recorrentes na revista: Carlos
Augusto de C. Villela, Cleofas Peixoto, Terezinha Alves, Toninho Buda,
Waltinho, Geraldo Muanis, Rogério Sky – Lab, Virginia Loures e Marcos
Petrillo. Além das reportagens, a revista apresenta charges, ilustrações,
fotografias e publicidade.


4. Metodologia de pesquisa: Análise de conteúdo
Para analisar o conteúdo da revista Bizzu, utilizaremos a metodologia
de análise de conteúdo, descrita por partir Laurence Bardin (2011). O
objetivo principal desse conjunto de métodos é descrever e interpretar o
que será analisado, decodificando a mensagem, para melhor entendimento do
conteúdo, fazendo uma análise quantitativa e qualitativa. Esse método pode
ser aplicado em diferentes fontes de dados, como material jornalístico,
imagens, discursos políticos, cartas, publicidades, romances, relatórios
oficiais, entrevistas, etc.
O método da análise de conteúdo é composto por três etapas: pré-
análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados,
caracterizado pela inferência e a interpretação. A pré-análise é a
organização do que será analisado e a sistematização das ideias iniciais,
"de maneira a conduzir um esquema preciso do desenvolvimento das operações
sucessivas, num plano de análise" (BARDIN, 2011, p.125). Nessa primeira
etapa, ocorre a leitura flutuante dos documentos, aquela em que surgem
hipóteses ou questões norteadoras, em função de teorias conhecidas. Após a
leitura flutuante, podemos definir o corpus que será analisado.
Depois, é realizada a referenciação dos índices e a elaboração dos
indicadores. Um índice poderá ser a menção de algum tema na mensagem, e a
frequência de um determinado índice poderá comprovar esse indicador
correspondente. Assim, a partir desses indicadores, pode-se finalizar o
recorte do texto em unidades de categorização para análise de temas de
codificações, para o registro de dados. O material pode ser assim editado e
preparado para a segunda etapa, a exploração do material. Esta é a parte
mais longa. Bardin explica que a fase consiste em operações de codificação,
onde ocorre a transformação dos dados brutos do texto por meio de recorte,
agregação e enumeração, que permite atingirmos "uma representação do
conteúdo e de sua expressão" (BARDIN, 2011, p.133). Por fim, teremos a
interpretação, sistematizando os resultados e buscando a construção do
conhecimento científico sobre o elemento analisado.
Após concluída a análise quantitativa, iremos nos realizar uma análise
qualitativa nas temáticas que obtiverem maior recorrência, para podermos
nos aprofundar mais dos assuntos discutidos na revista.


5. A análise de conteúdo da Bizzu
Em nossa pesquisa ao acervo da Biblioteca Municipal de Juiz de Fora,
tivemos acesso às edições zero e de quatro a dez, da revista Bizzu. Para
elaborarmos nossa análise, utilizamos o recorte de sete edições da revista
Bizzu, dos números quatro a dez, por elas serem sequenciais. A edição
quatro é do ano de 1982; as edições cinco, seis, sete e oito foram
publicadas em 1983; a edição nove em 1984 e, por fim, a edição 10 em 1986.
Essas datas não estão no expediente do jornal, mas foram identificadas
através de dados do acervo.
Para nossa pesquisa, buscamos analisar apenas os textos que se
apresentam no gênero prosa. Assim, ficaram excluídos os poemas e as sessões
Curtas e Rasteiras e Bizzus, que se apresentam em tópicos. Assim, em um
total de 113 textos, obtivemos em nossa classificação 97 Prosas, sete
Poesias e 11 Tópicos. A Tabela 1 demonstra os números coletados:
"Tabela de Textos "
"Índices "Frequência de ocorrência "
" "
"Temática "Frequência de Ocorrência "


"Edição 4 "Edição 5 "Edição 6 "Edição 7 "Edição 8 "Edição 9 "Edição 10
"Total " "Agenda "2 "- "1 "2 "- "2 "2 "9 " "Cinema "- "1 "1 "1 "1 "- "- "4
" "Crítica de Mídia "- "2 "- "- "- "- "- "2 " "Cultura em JF "- "- "1 "1 "1
"- "1 "4 " "Dança "- "- "1 " " "- "- "1 " "Ecologia "- "- "- "1 "2 "- "- "3
" "Esoterismo "1 "- "1 "- "2 "- "- "4 " "Introspecção "1 "- "- "1 "- "- "-
"2 " "Literatura "- "- "- "- "1 "- "- "1 " "Medicina Alternativa "1 "1 "1
"1 "- "- "- "4 " "Movimento Punk "- "1 "1 "2 "2 "- "- "6 " "MPB "2 "2 "- "1
"- "1 "- "6 " "Nacionalismo "- "- "- "1 "1 "- "- "2 " "Politica "2 "- "1 "-
"- "- "2 "5 " "Rock
Nacional "1 "3 "1 "3 "2 "8 "14 "32 " "Rock/Música Internacional "2 "1 " "1
"2 "1 "4 "11 " "Teatro "1 "- "- "- "- "- "- "1 " "Total de prosas "13 "11
"9 "15 "14 "12 "23 "97 " "Tabela 2


Como podemos observar, as matérias que possuem como temática Rock
Nacional são as mais recorrentes, com 32 textos em prosa, seguidas por
Rock/Música Internacional, com 11, Agenda, com nove, e Movimento Punk e
MPB, com seis cada. Todas as outras categorias aparecem com frequência
menor que cinco. Iremos focar, para a análise qualitativa, apenas nessas
cinco primeiras temáticas.
Os textos com o tema Rock Nacional oferecerem ao leitor um panorama do
rock nacional, destacando bandas que já possuem popularidade e aquelas
pouco conhecidas para os leitores. Além disso, há o destaque para as
dificuldades encontradas para essas bandas crescerem, devido ao mercado
capitalista e à falta de incentivo de gravadoras. Esses textos aparecem
principalmente na forma de perfis e entrevistas com bandas nacionais
conhecidas e pequenos grupos de rock espalhados pelo país.
São apresentados, por exemplo, na edição número seis, a banda
Paralamas do Sucesso, na matéria O novo Rock Carioca: "O grupo surgiu da
paixão de três rapazes pelos sons pulsantes e diferentes de grupos como
Clash, Police, Beat, etc. Ou seja, o som deles é um misto de Punk New Wave
como Ska Reggae, em relação a Londres eles estão menos atrasados que os
demais" (LEÃO, 1983, p.2). Já o cenário do rock no sul do país em 1986 é
exposto na matéria O rock no sul tá rolando as pampas: "Nos subterrâneos do
movimento, começam a se organizar os selos independentes, como a Acit, que
gravou um LP com o Tara (totalmente rock) e já citados Rock Garagem, e a
Pialo, que produziu um LP com a banda Porto Alegre Rock Bandaliera" (O
ROCK, 1986, p. 16).
Essa temática também aparece em matérias onde há críticas ao mercado
musical brasileiro, que não oferece espaço para novas bandas nacionais de
rock, e menções à indústria independente brasileira. Como exemplo, temos a
matéria Rock, sempre Rock, publicada na quarta edição da revista: "Mas na
nossa terrinha a coisa é crítica, as gravadoras marginalizam totalmente os
grupos nacionais, dizendo que o roqueiro brasileiro não vende disco. Mas o
papo é furado, a moçada está pintando aí a mil no triângulo Rio, São Paulo
e Belo Horizonte" (PAIN, 1992, p.3). No texto A produção independente é
viável no Brasil?, há um debate sobre como a música independente no Brasil
pode ser divulgada: "Na verdade, ainda não existem gravadoras de peso
atuando de forma independente no Brasil. Este movimento ainda está
começando a acontecer aqui, agora, sem sonhos e improvisos" (ANGRA, 1986,
p.36).
Na categoria Rock/Música Internacional estão inseridas matérias que
remetem a bandas e músicos internacionais, como Stones: Vintes anos de
Satisfaction: "Vinte anos na estrada. Rock, Satã, marginalismo, drogas e
mortes. Estamos falando dos Rolling Stones, que ao lado do the Who —
prestes a se dissolver — e dos Kinks, completaram duas décadas de
existências" (MUANIS, 1983, p. 1). A revista também fala de outras
experiências musicais no exterior, como o correspondente internacional Ace
Silva que conta suas experiências em boates norte-americanas: "O Club
abriga todas as tendências undergrounds – punks, rastafáris, rockabillys e
new waves.[...] Já presenciei também uma noite reggae. Os tipos eram os
mesmos de outras noites — punks, news, gays, embora a tendência reggae (com
seus típicos cabelos) predominasse." (SILVA, 1986, p.12)
Na categoria Agenda, foram selecionados textos onde aparecem eventos e
festivais, em sua maioria musicais. São coberturas e notícias desses
acontecimentos, como a matéria Noite do Bizzu: "Em agosto passado, foi
realizado no Pró-Música de Juiz de Fora, a Noite do Bizzu. Esta noite foi
uma espécie de coquetel, e por sinal bem sucedido, que contou com a
participação de Luiz Carlos Maciel" (NOITE, 1982, p. 7). Também há
destaque para os festivais de rock em Juiz de Fora e nas cidades aos
arredores: "13 de agosto, sábado, meio-dia. Data fatídica, sina dos
roqueiros. No gramado do Sport, um palco e um espaço para a explosão
começar" (I FESTIVAL, 1983, p.7).
Na categoria Movimento Punk, encontramos textos que retomam o
histórico do movimento e reforçam a identidade punk na cidade de Juiz de
Fora e no Brasil. O texto Punk: Gente de bem apesar das aparências busca
identificar o que é ser punk discutindo vários conceitos e estereótipos
rotulados pela mídia e pela sociedade:
Quem são os Punks? Loucos? Neuróticos?! Seguidores de
Johnny Rotten e Sid Vicius? Não... talvez desocupados,
gente de Guetos?!... acho que é pouco... lixo social,
perturbadores oficiais da ordem social. Mas o que é a
ordem social? Não seria o caos? Punk é o caos social... é
ou não é? Então taí a Mãezinha dos Punks... Mas ainda
assim estou em dúvida, não dá dizer o que são (PETRILLO,
1983, p.2).


No decorrer do texto, o autor gera uma hipótese do que é ser punk,
acreditando que o punk pode ser um hippie agressivo revoltado, por não
acreditar mais que a paz e o amor são as soluções para o mundo. É aquele
que se revoltou contra o sistema de opressão social que subordinou seus
pais, avós e tataravós. Associa o punk ao pobre, afirmando que o mendigo é
o primeiro punk, esquecido e repugnado pela sociedade.
Em outra matéria, Punks: Anarquia no Brasil, publicado na sexta
edição, Virginia Loures oferece uma visão mais ideológica do movimento
punk, associando-o à anarquia. Seu texto retoma a origem do punk que se
estabelece ao contrário do movimento hippie e os ideais de paz e
tranquilidade, com a busca pela libertação das desigualdades que o sistema
promove. Loures defende essa ideia utilizando letras de música, como a da
banda Coquetel Molotov: "Ficar o dia inteiro na fila do desemprego/Chega a
hora da entrevista,/Muito Prazer, Até outro dia" (LOURES, 1983, p.4).
A última categoria que iremos discutir, MPB, é representada por textos
que comentam sobre o estilo musical no Brasil, destacando algumas bandas e
criticando outras. Na quinta edição, no texto MPB: Os garimpeiros do disco
de ouro, Marcos Petrillo e Fábio Ribeiro criticam músicos que tocam apenas
para fazer sucesso e ganharem discos:
Parece que nem só os garimpeiros da Serra Pelada foram
acometidos pela febre do ouro, estão surgindo novos e
desta vez na M.P.B. É o pessoal do disco de outro. Gente
que anda fabricando música de fácil digestão para chegar
aos primeiros lugares de vendagem e levarem o troféu MMB —
Miséria Musical Brasileira. Este é o estimulante que tem
levado muita gente boa a entrar na paranoia da música
barata dirigida a um consumidor desatento e viciado em
ouvir porcarias e que não é capaz de exercitar seus
ouvidos para descobrir uma sonoridade que não seja aquela
convencional, fácil, bonitinha e sem nenhum valor
artístico. (PETRILLO; RIBEIRO, 1983, p.3)


Em contrapartida, na matéria Um pouco da história do 14 bis, um grupo
de raízes mineiras que soube transpor as montanhas, observamos como a banda
é destacada de forma positiva: "Quem realmente acredita no que faz, com
honestidade, pactuando com a verdade, vê o potencial de seu trabalho
alcançar os níveis mais altos, transformando-se num grande sucesso. Foi o
que aconteceu com o 14 Bis..." (UM POUCO, 1984, p.5).
A revista se apresenta, portanto, como verdadeiramente uma revista
musical, com destaque para o rock nacional. Observamos que essas cinco
primeiras categorias, que possuem maior frequência de ocorrência, possuem
vínculo com a música, com discussões e críticas musicais.


7. Considerações finais
Por ser uma publicação alternativa e contracultural, a Bizzu se
apresenta como uma revista que discute suas ideias de uma maneira mais
aberta, sem grandes pretensões ou anseios. O objetivo principal da
publicação é oferecer ao seu leitor uma visão sem estereótipos de uma vida
alternativa e de movimentos musicais brasileiros, tendo o rock and roll
como seu principal objeto de discussão. O rock foi um importante meio pelo
qual jovens marginalizados de diversos locais do mundo conseguiram
expressar seus desejos, medos e críticas livremente. Um estilo musical que
possibilitava a eles fazer uma música independente, onde podiam compor
livremente e possibilitava a experiência de sons e composições.
Estando o estilo musical do rock dentro do contexto da contracultura
e, se a Bizzu se apresenta como uma revista de rock, acreditávamos, no
início dessa pesquisa, que a revista iria apresentar um conteúdo maior
sobre este tema, o que se pode comprovar. As quatro primeiras temáticas
Rock Nacional, Rock/Música Internacional, Agenda e Movimento Punk, que
possuem algum vínculo com o estilo, somam juntas cerca de 50% do total da
revista. Existe uma ampla discussão, em textos de vários estilos: perfis,
críticas, entrevistas, análises de shows, cobertura e divulgação de shows e
bandas. Mesmo sendo uma revista local, a Bizzu consegue explorar todo o
contexto do rock mundial, discutindo ao assunto no âmbito local, nacional e
global.
Além disso, a publicação oferece uma diversidade de assuntos que fazem
referência ao movimento hippie, que também que se enquadra dentro do
movimento do rock, como a medicina alternativa e o esoterismo. As outras
matérias da revista tratam de temas políticos e sociais, oferecendo
destaque para debates da cultura local da cidade de Juiz de Fora.
A Bizzu se mostra assim uma publicação contracultural, de rock, que
oferece ao seu leitor em sete publicações uma grande gama de conteúdo sobre
o estilo musical e suas vertentes pelo mundo. Existiram algumas poucas
revistas de nível nacional que possuem esse mesmo formato de conteúdo, como
a revista a revista Rolling Stones, que circulou inicialmente em 1972 e
1973, a Bizz, que começou a circular em 1985 e se manteve até 2001, e a
revista Pipoca Moderna, que circulou em 1982 e 1983. Mas essas revistas se
concentravam em novidades a nível nacional e internacional.
Já a revista Bizzu se mostra um importante meio de divulgação do rock
dentro para Juiz de Fora e região, afinal a cidade necessitava de um meio
pelo qual esses jovens pudessem divulgar suas músicas e se inteirar do
assunto pelo mundo. Como a região não é pertencente aos grandes centros,
muitas vezes, certas notícias e novidades demoravam a chegar à cidade e, em
contrapartida, bandas locais não eram divulgadas em outros impressos
nacionais. Logo, a revista foi primordial para a divulgação desse conteúdo
local.


8. Referências bibliográficas


I FESTIVAL, Bizzu de Rock em JF. Bizzu, Juiz de Fora, nº 6, ano 2, 1983.

ABRAMO, Helena Wendel. Cenas Juvenis. Punks e darks no espetáculo urbano.
São Paulo:
Página Aberta, 1994.

ANGRA, Lúcio. A produção independente é viável no Brasil?. Bizzu, Juiz de
Fora, nº 10, ano 4, 1986

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70. 2011.

BRAGA, José Luiz. O Pasquim e os anos 70: mais pra epa que pra oba.
Brasília: Editora

BRANDÃO, Antônio Carlos, e DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos Culturais
da Juventude. São Paulo. Moderna. 1990.

CORRÊA, Tupã Gomes. Rock nos passos da moda: mídia, consumo X mercado
cultural. Campinas, SP. Paaripus, 1989

CHACON, Paulo. O que é rock?. São Paulo: Brasiliense. 1985

EDITORIAL. Bizzu, Juiz de Fora, nº 0, ano 1, 1982.
KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e Revolucionários. Nos tempos da imprensa
alternativa. 2ºEdição revisada e ampliada. São Paulo. Editora da
Universidade de São Paulo. 2003.

LEÃO, Tom. O novo Rock Carioca. Bizzu, Juiz de Fora, nº 6, ano 2, 1983.

LOURES, Virgínia. Punks: Anarquia no Brasil . Bizzu, Juiz de Fora, nº 6,
ano 2, 1983.

MUANIS,Geraldo. Stones: 20 anos de satisfaction. Bizzu, Juiz de Fora, nº 5,
ano 2, 1983.

NOITE, do Bizzu. Rock, sempre Rock. Bizzu, Juiz de Fora, nº 4, ano 1,
1982.

O'HARA, Craig. A filosofia do Punk: Mais do que Barulho. São Paulo, Radical
livros. 2005

O ROCK, do sul lá rolando as pampas. Bizzu, Juiz de Fora, nº 10, ano 4,
1986.

PAIN, Jones. Rock, sempre Rock. Bizzu, Juiz de Fora, nº 4, ano 1, 1982.

PETRILLO, Marcos. Punk: Gente de bem apesar das aparências . Bizzu, Juiz
de Fora, nº 5, ano 2, 1983.

PETRILLO, Marcos; RIBEIRO, Fábio. M.P.B. Os garimpeiros do Disco de Ouro.
Bizzu, Juiz de Fora, nº 5, ano 2, 1983.

VOGEL, Daisi. Revista e contemporaneidade: imagens, montagens e suas
anacronias. In: Frederico de Mello B. Tavares; Reges Schwaab (Org). A
revista e seu jornalismo. São Paulo: Penso
Edidors Ltda. 2013

SANGLARD, Jorge. A essência de Juiz de Fora nos anos 80. 2010. Disponível
em < http://www.cronopios.com.br/content.php?artigo=10488&portal=cronopio>.
Acesso: 20 de junho de 2016.

SILVA, Ace. Clima de magia e apocalipse no clube underground. Bizzu, Juiz
de Fora, nº 10, ano 4, 1986

UM POUCO, da história da 14 bis, um grupo de raízes mineiras que soube
transpor montanhas. Bizzu, Juiz de Fora, nº 9, ano 3, 1984.
-----------------------
[1] Trabalho apresentado no GT 2 Narrativas e textualidades midiáticas
[2] Universidade Federal de Juiz de Fora/ Programa de Pós-Graduação em
Comunicação; Emails: [email protected], [email protected].
[3] O existencialismo é uma corrente de pensamento que prega, em linhas
gerais, que o homem transcenda existencialmente, ou seja, que ultrapasse as
influências e as dependências impostas pela sociedade, passando a existir
individualmente. Há a busca pela liberdade em todas as esferas da vida.
[4] Rhythm and blues, muitas vezes abreviado como R & B, é um gênero da
música popular Africo-Americano que se originou na década de 1940. O termo
foi originalmente utilizado por gravadoras para descrever gravações
comercializadas predominantemente por afro-americanos que viviam nas
cidades.
[5] Gospel é um gênero musical composto e produzido para expressar a
crença, individual ou comunitária, cristã, produzida principalmente pelas
comunidades negras.
[6] Ballad é um tipo de música normalmente caracterizado por ter um ritmo
lento, com presença comum de vocais agudos, guitarras elétricas e/ou
acústicas e menos ênfase na percussão e baixo.
[7] Woodstock foi um festival de música realizado entre os dias 15 e 18 de
agosto de 1969 em Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos. O
festival exemplificou a era contracultural dos anos 1960 e 1970.

[8] Luiz Carlos Maciel destacou-se nos anos 1960 e 70 com suas ideias sobre
o underground e foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, em 1969. Já
Rogério Skylab é um cantor, músico, compositor e poeta brasileiro que
possui em seus trabalhos uma estética punk aliada a uma postura lírica.
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.