A revolução científica

June 7, 2017 | Autor: Gisiela Klein | Categoria: Newton, Isaac, Copernican Revolution, Iluminismo Revolução Cientifica
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECÔNOMICAS – ESAG
PROGRAMA ACADÊMICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO


Disciplina: Epistemologia da Ciência em Administração
Turma: Mestrado Acadêmico 2015
Professor: Mauricio C. Serafim
Discente: Gisiela Hasse Klein
Aula: A revolução científica
Obra estudada: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, 2005. v. 3. Segunda Parte: "A revolução científica", pp. 139-260.

Sobre o que é o livro?
O trecho analisado do volume 3 de História da Filosofia trata da revolução científica (1543-1687). Giovanni Reale e Dario Antiseri relatam os impactos das descobertas científicas no pensamento humano, as divergências entre os cientistas e a Igreja, a relevância dos instrumentos para a ciência e o contexto mágico-hermético da época. Narram o desenrolar dos fatos até Newton e a fundação da física clássica.

O que está sendo dito, de modo detalhado, e como está sendo dito?
Com a revolução científica, a imagem do Universo mudou e com isso mudou também a imagem do homem e todas as relações institucionais existentes até então. Foram aproximadamente 150 anos que alteraram profundamente toda a sociedade e resultaram no mundo que temos hoje.
Em 1543, Nicolau Copérnico publicou De Revolutionibus Orbium Coelestium mostrando que a terra não é o centro do universo, mas sim o sol, e que a terra gira em torno do sol. São seis postulados: o mundo é esférico; a terra é esférica; a terra e a água são uma única esfera; o movimento dos corpos é circular; uniforme e perpétuo; a terra se move em círculos em torno do sol e sobre seu próprio eixo; e as dimensões do céu são enormes.
Com a publicação, Copérnico não altera apenas a astronomia, mas promove uma revolução filosófica, tirando o homem do centro universo. Copérnico retoma os clássicos, defendendo as propriedades matemáticas da verdade em um universo geometricamente ordenado.
Esse acontecimento marcou a história da humanidade. A partir daí, a ciência não era mais um discurso sobre o mundo do papel, mas sobre o mundo da natureza (Galileu). O método hipotético-dedutivo prevaleceu, com uma ideia da ciência metodologicamente controlada e publicamente controlável, rejeitando-se as pretensões existencialistas e filosóficas aristotélicas. O cientista não deveria se preocupar com a substância, mas sim com a função.
Aparece a figura do cientista experimental, que usa instrumentos e une a teoria e a técnica. Aparecem também as instituições acadêmicas, laboratórios e os homens trocam informações a longas distâncias. A ciência se torna pública, no sentido de que as hipóteses podem ser controladas publicamente. E, além disso, ela é autônoma e independente da fé ou da filosofia.
Fato curioso trazido pelos autores é que a revolução científica caminhou paralelamente à tradição mágico-hermética. Enquanto Copérnico, Galileu e Newton comprovavam e publicavam suas descobertas financiadas pelos nobres, esses mesmos nobres seguiam com seus astrólogos, mágicos e alquimistas. É como se dois mundos coexistissem (até hoje).
No decorrer da revolução científica, temos ainda Tycho Brahe (1546-1601), que criou o sistema de órbitas; e Johannes Kepler (1571-1630), copernicano e neoplatônico que substituiu o movimento circular pelo movimento elíptico. Galileu Galilei (1564-1642) foi um dos expoentes e teve a vida marcada pelas divergências com a Igreja. Em 1609, Galileu construiu a luneta e a usou como instrumento científico comprovando o que Copérnico havia escrito. Denunciado ao Santo Ofício, foi processado e condenado a não mais ensinar a teoria copernicana. Mesmo assim, seguiu com seus estudos e publicações o que o levou a segunda condenação. Desta vez, é forçado à abjuração e ao confinamento. Seguiu escrevendo até sua morte em 1642. Teorizou sobre fé e ciência, defendendo a autonomia de uma em relação a outra. É de Galileu a conclusão de que a ciência explica como vai o céu e a fé explica como se vai ao céu.
Por fim, temos Isaac Newton (1642-1727). Estudou em Cambridge, mas deixou Londres em 1666 por causa da peste. Refugiado no campo, consegue estudar e desenvolver suas teorias sobre a natureza da luz, o cálculo infinitesimal, até a formulação das leis da força da gravidade e a fundação da física clássica.
Newton levou a revolução científica ao seu ápice e a razão newtoniana, controlada pelo experimento, influenciou o empirismo inglês, o iluminismo francês e Kant. Eisntein escreveu: "Newton foi o primeiro que conseguiu encontrar uma base claramente formulada a partir da qual deduziu grande número de fenômenos mediante o raciocínio matemático, lógico, quantitativo e em harmonia com a experiência. Ele podia esperar que a base fundamental de sua mecânica, com o tempo, conseguiria fornecer a chave para a compreensão de todos os fenômenos." (página 241)

O livro é verdadeiro? Todo ele ou somente parte dele?
O trecho do livro analisado é verdadeiro. Reale e Antiseri resgatam os principais fatos da revolução científica contextualizando-a historicamente. A partir da leitura, é clara a influência desse período na atualidade e também é claro o contexto que favoreceu tal desenvolvimento. A tentativa dos doutos em separar a ciência da fé para conduzir a ciência com autonomia levou ao extremo da negação da metafísica. Talvez o empirismo nada mais seja que uma forma de fugir das divergências filosóficas. Na prática, o conhecimento por meio da experiência ganha espaço, se desenvolve à margem do debate sobre a substância, e nos leva ao ápice da ciência natural.

E então? Qual a importância do livro para mim?
Além da revisão histórica e bibliográfica, o interessante do texto para mim foi a análise sobre a instrumentalização da ciência. "No curso da revolução científica, os instrumentos entram na ciência com função cognoscitiva. Em suma, a revolução científica sanciona a legalidade dos instrumentos científicos como potencialização dos nossos sentidos". (página 150). Em 1964, Marshall McLuhan retoma esse conceito em "Os meios de comunicação como extensões do homem". Enquanto no século XVI, os instrumentos potencializaram os sentidos do homem e permitiram a visão do cosmo e o entendimento do céu, no século XX, os meios de comunicação (também entendidos como instrumentos) potencializam nosso poder cognitivo nos levando a um mundo globalmente conectado, alterando profundamente nossas relações sociais, nossa visão de mundo e nossas instituições.
Outra ponderação feita pelos autores e que merece avaliação atual é sobre a presença da tradição mágico-hermética. Mesmo com a descoberta, em 1543, do funcionamento do nosso sistema solar e, mais tarde, a comprovação por Galileu da órbita dos planetas e da formação estelar, temos em 2015, diariamente, em nossos meios de comunicação mais respeitados o horóscopo, herança dos astrólogos daquela época. E mesmo com toda a evolução científica de 1543 até nossos dias, ainda temos cartomantes, tarólogos, quiromancistas e magos ouvidos e respeitados por líderes mundiais que tomam decisões acerca de vida de milhares de pessoas.

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