A RUÍNA COMO ROSTO OU SIMULACRO? RUÍNAS E TEMPORALIDADES COLÓQUIO INTERNACIONAL 13 e 14 de Outubro de 2016

May 24, 2017 | Autor: Emília Ferreira | Categoria: Photography, Painting, Ruins, Modern Ruins
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A RUÍNA COMO ROSTO OU SIMULACRO? EMÍLIA FERREIRA (IHA, FCSH, UNL)

RUÍNAS E TEMPORALIDADES COLÓQUIO INTERNACIONAL 13 e 14 de Outubro de 2016 FACULDADE DE ARQUITECTURA, LISBOA 13 DE OUTUBRO DE 2016

A ruína como rosto ou simulacro? Topic(s): The Ruin and the Arts Keywords: Ruína, tempo, pintura, fotografia, memória Abstract: Perfeita metáfora para o tempo, a ruína tem, como elemento pictórico, história própria. Fundo de paisagem, elemento cenográfico simbólico do conhecimento dos antigos, em obras do Renascimento, ou alegoria da nova ordem que nasce sobre os escombros do paganismo, em algumas representações da natividade, ela assume proporções diferentes no final da época Moderna, quando começam a delinear-se os contornos do romantismo — corrente de atenção ao tempo e à história. Actualmente, ela mantém uma franca e pujante presença nas Artes Plásticas. O modo como se concebe plasticamente a ruína ilumina conceptualmente não apenas o conceito de belo, mas o de tempo. Se o século XVIII mostra a ruína como a beleza ameaçada pela morte, num tempo em que a finitude se torna uma preocupação concreta, no século XXI a presença do fim (incluindo o do próprio planeta) está não apenas representada como com frequência contida no corpo da obra, começando na efemeridade dos materiais e chegando à fragilidade simbólica do representado — mesmo quando os materiais são clássicos e afirmam algum intrínseco desejo de perenidade. Na arte contemporânea, a ruína evoca com frequência um tempo excessivamente rápido; as construções registadas são nossas contemporâneas, o seu tempo de vida foi curto — ou concorreu para a rápida ruína do mundo. A destruição pode ser operada por vários factores (acidente, incidente, acto voluntário; terrorismo, decisão urbanística ou comercial). A memória tem falhas e alimenta situações de Ahlzeimer social. A renovação é uma exigência de um tecido urbano em constante mutação, em luta com um espaço comum de memória e uma urgência de intervir, de ganhar terreno e dinheiro, mesmo comprometendo a identidade. Entre dois tipos de ruína — a que se mantém de pé graças a constantes intervenções (excessivas, por vezes, incongruentes no seu aspecto final, como um rosto aviltado pela cirurgia plástica) e a que se torna ruína antes de se dar o tempo de envelhecer, de se degradar — fica a nossa solidão colectiva: acariciamos a ruína como um elefante acaricia o crânio descarnado de um antepassado, tentanto detectar-lhe o que resta, de memória, de afectos, de informação sobre nós mesmos. Na minha comunicação analisei vários conceitos de ruína na contemporaneidade, através de obras de artistas portugueses contemporâneos como Rui Macedo, Catarina Patrício, Martinho Costa, Hugo Barata, Ana Rito e Ricardo Geraldes, para inquirir sobre que memória e identidade estamos a construir e que ruínas pessoais significam o desabar da nossa estrutura mais íntima.

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