“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado”. (João 3.14)
SUMÁRIO O texto bíblico ....................................... 03 Introdução ............................................. 04 A serpente de bronze evidencia o pecado do povo ................. 06 A serpente de bronze evidencia a punição divina .................... 13 A serpente de bronze evidencia a urgência do arrependimento do povo ....................... 22 A serpente de bronze evidencia a possibilidade da cura do povo .................................... 26 Considerações finais ............................. 36 Referências Bibliográficas ..................... 38
O TEXTO BÍBLICO: NÚMEROS 21.4-91 4 Então, partiram do monte Hor, pelo caminho do mar Vermelho, a rodear a terra de Edom, porém o povo se tornou impaciente no caminho. 5 E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água? E a nossa alma tem fastio deste pão vil. 6 Então, o SENHOR mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel. 7 Veio o povo a Moisés e disse: Havemos pecado, porque temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós as serpentes. Então, Moisés orou pelo povo. 8 Disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá. 9 Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava. 1
Todas as referências bíblicas, exceto os apócrifos, estão na versão revista e atualizada, segunda edição.
INTRODUÇÃO Símbolo de vida? De fertilidade? Apropriação de mitos cananeus? Lembrança dos amuletos egípcios? Mera representação do pecado? Hator, deus egípcio? Sim, o texto em estudo é repleto de dificuldades tanto para o judeu quanto para o cristão católico ou protestante. Afinal, por que Deus usou um símbolo potencialmente enganoso para curar o povo? Pois é... A serpente abrasadora de bronze,2 por isso, requer nossa máxima atenção. Em suma, “o relato que temos à frente visa livrar-nos de todas as superstições similares, assegurandonos que Yahweh é a origem de toda cura, em2
Conforme Gordon J. Wenhan, nas escavações em Timna, cerca de 25 quilômetros ao norte de Eliat, acharam-se notáveis confirmações desta história bíblica, ou pelo menos da sua origem no período de peregrinações no deserto. Ao pé de um dos Pilares de Salomão em Timna, Rothenberg encontrou um templo de Hathor, deus egípcio, usado no século XIII a.C.. Quando abandonado pelos egípcios em cerca de 1150 a.C., ele foi tomado pelos mídianitas, que o cobriram de cortinas e fizeram dele um santuário em forma de tenda, algo semelhante ao tabernáculo. Dentro dessa tenda-templo, no santuário, foi encontrada uma serpente de cobre com doze centímetros de comprimento. Outras serpentes de bronze foram encontradas em diferentes locais no Oriente Próximo, mas nenhuma tão perto ao local da tradição bíblica como esta.
bora esses relatos apontem para um símbolo do poder divino. O próprio símbolo, contudo, não tem nem tinha virtude alguma” (Champlin). Ao que parece, o evento se deu na viagem do povo de Israel em direção á Canaã. Uma vez que o rei de Edom não permitiu que passassem por suas terras, os israelitas rodearam o país (Nm 20.21-22): Nm 20.20-21 – “Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro, com muita gente e com mão forte. 21 Assim recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu país; pelo que Israel se desviou dele”.
Tal acontecimento resultou em pecado do povo, serpentes abrasadoras que os atormentavam e o levantamento da chamada serpente abrasadora de bronze (ou uma liga com cobre, considerando-se algumas descobertas arqueológicas e Dt 8.9). “Curioso é o fato de que ainda hoje naquelas regiões ocorrem as epidemias causadas por mordeduras de serpentes”. Dt 8.9 – “terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pe-
dras são ferro e de cujos montes cavarás o cobre”.
Naturalmente, o episódio da serpente abrasadora de bronze traz alguns importantes ensinamentos que podem ser compreendidos nesse livreto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O texto é um “pré-Calvário do Antigo Testamento” (Beacon). Entre o tipo e o antitipo, os textos bíblicos estudados levantam a preciosa lição da redenção. Foram evidenciados alguns de seus fundamentos: (1) a confirmação do pecado do homem, (2) a justiça da punição divina, (3) a urgência do arrependimento dos pecados e (4) a possibilidade de cura pela fé. Entre a serpente inanimada de bronze e o Cristo vivo de Deus, são estabelecidas passagens que devem configurar o temor e exemplo cristãos, como exortou Paulo: “não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes” (1 Co 10.9). Ainda que muitos pesquisadores semeiem pontes entre o Egito e a serpente de bronze, bem como aos mitos conhecidos e rituais de proteção, tanto o animal como o metal escolhido referendam um aspecto sacrificial e remidor; “o semelhante cura o semelhante”. O próprio cobre, em sua coloração avermelhada, pode aludir tanto à inflamação ardente
causada pelo veneno das serpentes como o símbolo da serpente impura morta que cura e purifica os que nela mirarem. Daí o Senhor Jesus associar seu sacrifício com o levantamento da serpente de bronze. Enfim, não é o símbolo que redime, seja a serpente de bronze ou a cruz de madeira. O que purifica é o simbolizado: Jesus. Ao olhar para o símbolo deve-se vislumbrar o Deus que cura e perdoa. Por isso, o homem ferido de morte pela antiga serpente, o diabo, pode ser curado para a Vida se olhar confiadamente para o Cristo levantado na cruz.
Rev. Ângelo Vieira da Silva e-mail:
[email protected] blog: revavds.blogspot.com.br
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