A SEXUALIDADE COMPÕE OUTROS MAPAS ESCOLARES?

June 4, 2017 | Autor: Steferson Roseiro | Categoria: Educação, CURRICULO, Sexualidades
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A SEXUALIDADE COMPÕE OUTROS MAPAS ESCOLARES? Sandra Kretli da Silva1 Steferson Zanoni Roseiro2

RESUMO Este objetiva problematizar os possíveis para a composição de novos mapas escolares em que a docência se vê desterritorializada pela potência da sexualidade. Aponta que se faz necessário um olhar atento para essas potências como busca por afirmações e criações de lugares na escola para que a sexualidade não seja apenas uma conversa entre jovens e crianças ou entre adultos e adultos. Como metodologia, utiliza redes de conversações (CARVALHO, 2009) que se constituem em redes de relações sociais, de comunidades, de formas de vida e de produção de subjetividades. Uma rede de conversações envolve, portanto, práticas discursivas, narrativas, imagens, sons, encontros, silêncios e silenciamentos que criam novas formas de comunalidade expansiva, o que implica assumir a ideia de potência de ação coletiva, ou seja, da capacidade dos praticantes do cotidiano (CERTEAU, 2001) em se relacionar com o intuito de trocar conhecimentos e ampliar os processos de aprendizagem e criação nos cotidianos escolares. Conclui que podem ser criados outros/novos espaços, mapas e modos de se fazer na escola, por meio das múltiplas perguntas que emergem nas redes de conversações entre alunos, professores e demais praticantes dos cotidianos escolares. Palavras-chave: Sexualidade. Currículo. Encontros.

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Professora adjunta do Centro Universitário Norte do Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito Santo, membro do Núcleo de Pesquisas em Culturas, Currículos e Cotidianos (Nupec 3). Contato: [email protected] 2 Bolsista de Iniciação Científica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo. Contato: [email protected]

QUEREMOS FALAR DE SEXO Um desejo grita e se expande dentro de nós, corre em nosso corpo, faz-nos animados, esperançosos, pulsante; outros se agitam, nossos corpos vibram e, em um segundo, todos estamos lançando perguntas – alvoroçados. Somos crianças – sete, onze ou treze anos... –, uma sala de aula e um contato com Salvador Dali: O grande masturbador, Salvador Dali

"Mas assim, por exemplo, eu estava explicando sobre o surrealismo hoje, com a turma maior, da quarta série, falando sobre os artistas nacionais, aí Tarcila do Amaral entrou. Eu estava falando sobre surrealismo hoje e percebi que eles estavam desanimados e aquele negócio todo. E eu já tinha levado a turma para o laboratório de informática, já tinha mostrado na lousa... tudo que pudesse fazer, eu já tinha feito. Aí eu peguei uma gravura de Salvador Dali em que eles tiveram que parar e ficar olhando os elementos para ver se realmente entendiam... Salvador Dali era muito confuso na ilustração dele, né? Aí eles ficaram parados e, de repente, viram lá, da cintura para baixo do homem, um volume na frente, que parecia o sexo do homem... E na cabeça da mulher! Assim... realmente, ele era instigado, a mensagem era subliminar. Impactante. 'Professora, a mulher está colocando a boca no pênis do homem?'. Ai a turma toda ficou 'Uau!'. Despertou o interesse." Essa é uma história contada por uma professora de Arte, uma pequena narrativa que nos atravessa e que, como dito, preenche-nos de desejos: uma turma que pede outras imagens

e conversas, exigindo, silenciosa, falar dos tabus, irromper com perguntas que não podem ser perguntadas; vemos também uma professora que se arrisca, fazendo-se acompanhar por "paisagens" escolares. Paisagens porque os desejos que se fazem sussurrantes – ainda que aos berros –, são sítios inabitados pela escola. E a geografia tende a reconhecer um espaço (CERTEAU, 2001) quando há vida a transitar por ali. Quando não, chamam de paisagem. Dessa forma, retomamos o título – sempre no plural. Querer é o verbo do desejo, é a potência de afirmação (PEIXOTO JÚNIOR., 2004). Ao dizer que queremos falar de sexo, damos corpo a um texto que se faz em tramas cartográficas, cruzando terras desocupadas e tentando habitá-las. É desejante porque se estabelece no coletivo e prepara-se, sempre, para se manifestar. Ao trazermos o relato da professora de Arte como ponto de partida para a escrita deste trabalho, o que vemos é um movimento de pensar a docência sob outra perspectiva em que é capaz de pensar com os alunos, com os desânimos – que podem e devem ser potencializados no ânimo – e com as cidades fantasmagóricas das escolas: para fins desse artigo, o sexo. Falamos, então, de um sexo/sexualidade que é potência e que não deve ser trocado por outras palavras, que não pode deixar de perambular pelas vozes: é força e tensiona a constituição de zonas de comunalidade (CARVALHO, 2009), empertiga-se nos campos e nas redes que se estabelecem nas escolas. Assim, apresentamos como objetivo deste trabalho problematizar os possíveis para a composição de novos mapas escolares em que a docência se veja desterritorializada pela potência da sexualidade. É preciso que olhemos para essas potências como busca por afirmações e criações de espaços na escola para que a sexualidade não seja apenas uma conversa entre jovens e crianças ou entre adultos e adultos, mas possa ser entendida como desencadeadora de processos de subjetivação que não se estabelecem com a visão dogmática da docência – que não se façam aulas, mas que possam também ser passagens, circulações, compartilhamentos de experiências, de escutas. Ou seja, fazer deste espaço um lugar praticado (CERTEAU, 2001). Assim, querer como forma de se enunciar, permite-nos pensar esses momentos de partilha (alunos-professora e professora-rede de conversação) como primeiros traços que dançam sobre um papel e sobre nossos corpos. Uma busca que talvez nos diga: podemos criar outros espaços, mapas e modos de se fazer na escola? As perguntas são tantas nas redes de conversação na formação de professores que elas se fizeram nos silêncios nos risos, nas trocas de olhares, nos comentários que não eram para serem ouvidos... Indagavam, nos momentos em que as narrativas se faziam presentes, o que elencamos como ponto de partida de nosso projeto: a sexualidade compõe outros mapas escolares?

Para Deleuze e Parnet (1998), o campo dos possíveis remete à compreensão de que indivíduos e grupos são feitos por linhas duras, que se referem a papéis modelados como família, profissão, consumo etc. que nos enquadrariam em todos os sentidos; e por linhas moleculares, que são bem mais flexíveis. Sob os fluxos moleculares, passariam os devires, microdevires. Existem também as linhas de fuga, que seriam as linhas que provocam as rupturas, ou seja, que nos conduzem numa direção não previsível e não preexistente. Vale ressaltar que todas essas linhas e segmentos coexistem, um pressupõe o outro. Como afirma Carvalho (2009, p. 63): “[...] Tudo é político, mas toda política é ao mesmo tempo macropolítica e micropolítica”. Pensar na relação entre linhas molares, moleculares e de fuga não é pensar em uma teorização que se põe à parte da escola – o nosso próprio convite (o pensar com a professora de Arte) é uma mostra desses atravessamentos. A professora deveria falar de surrealismo, mas, em um momento que não era previsto, surgiu uma pergunta que rompeu com o previsto: tornou-se um acontecimento. A aula sobre surrealismo também se transformou em uma conversa com a sexualidade. Isso é micropolítica e macropolítica se entrecruzando, são as linhas se fazendo visíveis. Para compor este trabalho, atravessaremos nossa escrita com três narrativas de professoras que nos convidam a deslocar a visão adultocêntrica da sexualidade, problematizando como as discussões com esse assunto podem tecer outras/novas conversas nos cotidianos escolares. Não é intuito deste textp compor visões negativas da educação; as histórias que se fazem nas escolas são potentes e cheias de desejos. Como no primeiro relato, queremos destacar a vida que se faz política nos cotidianos escolares. Esses recortes de vida que apresentamos são parte de uma pesquisa maior denominada "Currículo e formação de professores: devir-docência como afirmação da potência de aprendizagem de professores e alunos em composições curriculares" e, portanto, parte de uma pesquisa realizada na Rede Municipal de Ensino de Vitória/ES. POR UMA POLÍTICA DA SEXUALIDADE FALANTE Retomando o relato da professora de arte falando com O grande masturbador, de Dali, destacamos um ponto que move o pensamento para a relação que tenta se estabelecer nos contextos de sala de aula – a aluna que ousa perguntar: "Professora, a mulher está colocando a boca no pênis do homem?".

Pensando um pouco com Pais (2003), fazer surgir um burburinho que fale de sexualidades "[...] leva os jovens à adoção de valores diferentes ao das gerações de maior idade, ou seja, valores que explicariam possíveis descontinuidades entre gerações" (2003, p. 28, tradução nossa). Falar desse assunto que poderia ser silenciado faz-se como uma forma de romper com algo que impossibilite os outros possíveis para produzir uma escola com mais sentido para todos. Existe uma premissa de que certas conversas se façam em determinados espaçostempos – conversas educativas são para a escola, a biblioteca, a livraria; sobre jogos, pode-se falar em estádios, em lojas de equipamentos eletrônicos, em ruas residenciais; quando moda, dentro de butiques, desfile; etc. Deslizando em sua pesquisa pelas características que identificam os grupos da pesquisa realizada por José Machado Pais nesse artigo publicado no México, ao falar de grupos moralistas que apresentam uma série de características ao se citar/falar de sexo (sexo como forma de reprodução, sempre intimamente ligado ao amor, apenas depois do casamento, dentre outras características), o autor diz que a grafia social desse grupo aponta um universo típico de baixa escolaridade. Não querendo, entretanto, afirmar3 uma relação finalizada, problematizamos a situação reversa: até que ponto o moralismo territorial (e, incluindo aí, o moralismo escolar) contribui para a reprodução das vozes excluídas nos espaços escolares? Quando o assunto é sexo, quais conversas se fazem sensíveis e possíveis em instituições que dão primazia a essa dita moralidade? Como a escola pode contribuir para a desterritorialização da sexualidade periférica? Mas e também viceversa! Como a sexualidade pode romper com paradigmas e pintar/produzir outras escolaridades? Em seu livro, um estudo mais recente entre juventude e sexualidade do autor, Pais (2012) convida o leitor a pensar a sexualidade juvenil também como expressão de afetos, sentimentos e amores. Falar de sexo com jovens não é apenas falar de erotismo, embora também seja. As vozes juvenis ecoam amores, paixões, felicidades, mas também carregam desencontros, tristezas e silêncios. "As experiências de vida constituem o alimento de que se nutrem as subjetividades, ancoradas às formas de sentir, pensar e conhecer" (p. 16). Uma importante questão que o autor propõe é: temos produzido espaços para ouvir e conversar com esses jovens e suas histórias, desejos e experiências?

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Assim como também temos plena certeza de que o autor, em momento algum, quis categorizar a relação baixa escolaridade-moralismo sexual como algo de ordem direta.

Kids (1995)

Fazemos duas provocações para esta discussão do que as juventudes clamam com um filme norte-americano intitulado Kids (1995), sob a direção de Larry Clark. A narrativa fílmica é toda centrada na juventude: o longa-metragem está sempre focado em jovens com pouquíssimas aparições de adultos e com envolvimento de muitas crianças que beiram a adolescência, apresentando muitas transições de lugares que são "ocupados" por esses jovens apenas momentaneamente, como se não lhes fosse reservado um espaço específico. Nesses enfoques, somos convidados a pensar nos envolvimentos que uma vida sexual ativa permite: conversas entre grupos que se pensam "distantes" da vida adulta (como se esses jamais fossem capazes de entendê-los), pessoas que começam a explorar suas possibilidades e se encontram constantemente forçando seus limites, encontros com outras experiências do mundo; não são homens que vão atrás dos prazeres sexuais, são também mulheres que assumem outras forças; não são conversas de grupelhos, são conversas que atravessam grupos infinitos (incluindo, nisso, o atravessamento de outras idades, de outros tempos de envolvimento sexual). Enfim, com o filme podemos pensar numa sexualidade que é ponto de partida para uma vida que se faz diferente da vida adulta, que busca encontros e outras formas de organização. Nesse diálogo de quem questiona o adultocentrismo globalizado (tanto com o filme, quanto com a narrativa da professora), Pais (2004) nos conta dos modos de se comunicar de jovens brasileiros que se referem uns aos outros como cara(s), problematizando toda uma

noção de singularidade juvenil – a "cara" é onde as expressões e potências da afetividade são mais perceptíveis. Como mostra Rolnik (2011), o rosto é o local em que os desejos se tornam capazes de se expressar, compondo latitudes sentimentais. Enfim, uma manifestação de "caras" que se opõem às "caretas" e aos "coroas" (PAIS, 2004): Para estes jovens, o poder careta procura enquadrá-los no regime dominado pelos caretas, não por acaso também designados de "quadrados". Em contrapartida, os jovens sugerem ser por estes vistos como "desenquadrados", "desalinhados", "marginais", termos que apontam para uma exclusão que muitos jovens transformam em oportunidade para reafirmarem, exacerbadamente, suas identidades. (PAIS, 2004, p. 54).

Temos, então, que nos perguntar: como as linhas de fuga têm se feito possíveis nos ambientes que são pensados pelas políticas enquadrantes? Que deslocamentos se fazem presentes nas escolas diante das políticas "caretas" contra as manifestações sexuais? Perguntar, entretanto, à escola se ela está aberta às conversas com a sexualidade não pode implicar falar apenas de sexo como ato biológico de reprodução ou de saúde sexual e suas doenças. Isso já se faz presente no currículo prescrito. Quando a juventude afirma a sexualidade como uma potência afetiva/afectiva, está pedindo aos espaços em que se inserem para criar outras conversas (PAIS, 2012). Não se trata, também, de criar centros de terapia sexual ou de diálogos com sexólogos e sequer o pode. O que está nas tramas da juventude provoca um movimentar nessas forças "caretas". Pensando na escola, desafiar a "caretice" é pedir currículos que não inviabilizem diálogos. Para Carvalho (2009), para que a escola seja capaz de realizar movimentos intensivos de (re)existência4, ela deve ser capaz de se estabelecer como um corpo coletivo comum. Pensar esse corpo coletivo comum em suas relações singulares e acentradas, nas quais se propõe uma vida política ativa, compreendendo que esse comum seja sempre "[...] entendido como proliferação de atividades criativas, relações ou formas associativas diferentes" (p. 162). Portanto, Carvalho (2012) propõe a instauração de uma escola ciente de sua potência micropolítica, que se fundamente "[...] na complexidade e multiplicidade dos encontros dos corpos que [...] buscam potencializar a vida ativa e, portanto, ético-política" (p. 10). Em suma, quando crianças, adolescentes e jovens fazem perguntas que produzem em nós alguma careta, o que podemos? "'Tia, o que você acha: 15 anos é tarde para perder a virgindade?'. É o papo atual com elas no recreio. Talvez isso foi a coisa mais importante que ela teve naquela manhã na 4

Escrita que pegamos emprestada de Wancislao de Oliveira Júnior, em que estão em discussão/conflito os conceitos de resistência e de existência.

escola e pode ter sido; 'Porque se eu conversar com a minha mãe, tia, ela não vai entender. Ela já vai vir logo brigando, acha que eu já dei'.". Uma possível resposta? Não sermos caretas. É preciso acompanhar a vida – no sentido de continuar se movendo, de se permitir ser atravessado por outras linhas que não as molares – e de criá-las. É possível dizer que a vida escolar é regida e pensada com o currículo. Então o problema se torna em pensar: como os currículos – que são vida – pensam e fazem a sexualidade? Ora, se o currículo é tudo aquilo que é praticado no âmbito escolar, que se faz por sua capacidade ética – em que a ética deve ser concebida como prática, como maneira de ser (CARVALHO, 2012) –, devemos afirmar a força dos praticantes do currículo! "Eu levei 30 alunos, ontem, para o Museu Ferroviário e lá está uma exposição de movimento, de arte cinética e tal, e dessa vez foi som. E tem uma obra lá, quase que erótica, que todo mundo pensa na mesma coisa. É uma caixa vermelha e ela vai fazendo um barulho; dum, dum, dum, e os meninos vão esperando. Nisso nasce de dentro daquela caixa um tronco vermelho que sobe e desce de acordo com o barulho. E aquilo vai potencializando e os meninos lá! E eu pensando 'Meu Deus, vai dar merda'. E a mulher falava assim: 'Isso daqui não tem nada o que dizer sobre esse assunto'. E eu falava: 'Vai dar o que dizer!'. E o nome é 'A Poça', porque, lá pelas tantas, aquilo esburra alguma coisa vermelha, uma água, um líquido vermelho. Mas o negócio vai subindo e vai no dum, dum, dum. Aí lá pelas tantas ela falou assim: 'Não vamos comentar, então, quem gostou?'. Alguns levantaram a mão. 'Quem não gostou?'. Outros levantaram a mão. 'Quem ficou excitado?'. Dois levantaram a mão! E eu achei aquilo tão bonitinho porque eles não tiveram vergonha de se expor. Um que estava do meu lado, falou assim: 'Ô mente suja'. Porque, lógico que todos pensaram a mesma coisa, mas ele repetiu: 'Mente suja!'. Porque os meninos, ingenuamente... Aí eu contando para o professor e ele: 'Mas que crianças mais ingênuas'. E são rapazes! Eles têm 14 ou 15 anos. E lógico que todo mundo pensou a mesma coisa ali, mas eu achei tão bonitinho a ingenuidade, porque ela fez a pergunta e eles se colocaram." E o que esses relatos nos contam? O que podemos perceber nas vozes, histórias e vivências das três professoras? Decerto elas não pedem turmas massificadas de alunos moralizados. São falas de professoras que contam de suas aulas (duas professoras de Arte e uma professora do quinto ano) como espaços que possibilitam outras éticas, professoras que se imbricam na produção de currículos potentes.

O modo como a última narrativa é contada, por exemplo, faz-nos pensar o quanto aquele contato surpreendeu e colaborou para a produção de outros mapas afetivos no cotidiano escolar – a partilha da história com outro professor em um momento e, depois, com outros professores nas redes de conversação. Ela nos contava rindo de dois garotos que insistiam em falar (de novo) aquilo que era esperado não falar. E não interessa se um chama de ingenuidade ou de qualquer outra coisa; é a potencialização dessa manifestação dos dois alunos que nos chama a atenção: eles ousaram dizer o que não deveriam, não obstante a professora espalhou essa história como quem diz em um convite informal: "Vamos dizer aquilo que não devemos?". São esses fazeres que nos fazem apostar, assim, na possibilidade da produção desses mapas escolares que se fazem diferentes. Pensar diferente, pensar o que não pode ser pensado é uma aposta dos currículos que se fazem com os cotidianos, que estão sempre a se lançar perguntas: que outros modos potentes achamos para nos fazer professores? Como atravessar a docência que se faz dogmática com práticas, com vida, com acontecimentos? É possível pensar em uma docência que se envolva com seus jeitos de se emocionar, de estar em uma docência que se faz a todo momento? Conseguimos pensar as aulas como encontros que potencializem outras possibilidades de vida? UM PEDIDO À ESCOLA [...] nunca se sabe aonde uma conversa pode levar... uma conversa não é algo que se faça, mas algo no que se entra... e, ao entrar nela, pode-se ir aonde não havia sido previsto... e essa é a maravilha da conversa... que, nela, podese chegar e dizer o que não queria dizer, o que não sabia dizer, o que não poderia dizer... [...] por isso uma conversa não termina, simplesmente se interrompe... (LARROSA, apud CARVALHO, 2009). E como terminar um texto, então? É uma conversa! Não terminamos, apenas potencializamos – aqui é o nosso pedido à escola: vamos conversar?

REFERÊNCIAS CARVALHO, Janete Magalhães. Currículo e formação de professores: devir-docência como afirmação da potência de aprendizagem de professores e alunos em composições curriculares. Projeto de Pesquisa. Vitória: CNPq, 2012. CARVALHO, Janete Magalhães. Escola como comunidade de afetos. Petrópolis: DP et Alii; Brasília: CNPq, 2009. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano I: artes de fazer. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. São Paulo: Editora Escuta, 1998. Kids. Produção: Independent Pictures; The Guys Upstairs. Direção: Larry Clark. Estados Unidos, 1995. PAIS, José Machado. Jovens e a cidadania. Simpósio Internacional sobre Juventude. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004. Disponível em: . Acesso em: 5 de maio de 2014. PAIS, José Machado. Sexualidade e afectos juvenis. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2012. PAIS, José Machado. Sexualidad juvenil y cambio social: el caso de Portugal. Salud Publica de México, v. 45, 2003. PEIXOTO JÚNIOR., Carlos Augusto. A lei do desejo e o desejo produtivo: transgressão da ordem ou afirmação da diferença? PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, p. 109-127, 2004. ROLNIK, Suelly. Cartografias sentimais: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2011.

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