A SOCIEDADE CIVIL FRONTERIÇA E OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO TRANSNACIONAL

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A SOCIEDADE CIVIL FRONTERIÇA E OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO TRANSNACIONAL ROLIM DE MOURA, Luiz Antonio 1 MAZZAROTTO, Sergio de Sá, Adm2 RESUMO O modelo de estado central e de regiões periféricas, com politicas voltadas a proteção e não a integração esta, dia a dia mais deteriorado. Os governos centrais não conseguem dar as respostas e atender aos anseios e peculiaridades destes ambientes transfronteriços. A necessidade da construção do ambiente de confiança e de empatia, traduzido pelo esforço e importância da formação de lideranças e decision maker´s é chave para o entendimento da inter-relação social, ambiental, econômica e estrutural das comunidades e ambientes de fronteira. Mesmo mantendo o status de ponto de controle, de gestão e manutenção da soberania, o estado nação no modelo econômico globalizado não tem como tratar as fronteiras como muros e seus habitantes apenas como colônias mantenedoras do direito ao solo. O desafio que as comunidades enfrentam, os exemplos europeus existentes mostram os passos necessários frente a nova agenda de desenvolvimento que o mundo pede e que se aplica integralmente ao ambiente de fronteira. O objetivo é apresentar o cenário e discutir passos e complementos as ações desenvolvidas, que podem contribuir para uma curva de aprendizagem mais curta e implementação de soluções mais perenes e efetivas. Palavras chave: Cooperação internacional. Fronteiras. Sociedade civil.

1 INTRODUÇÃO O ambiente de fronteira sempre foi tido como ponto de atrito e local de convergência de disputas, incertezas e tensão. A desconfiança entre os povos dos estados nação, seu histórico de guerras, diferenças e enfrentamentos, fez com que as cidades de fronteira fossem tidas como marcas de domínio, extremos populacionais onde o estado mostra seu poder de ocupação e presença.

Mestre em Engenharia de Produção – UFSC, Administrador de Empresas – UNIOESTE/ FACISA. Artigo apresentado para conclusão de Curso de Pós-Graduação MBA em Administração e Negócios Internacionais - UNINTER. 1

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Administrador (Faculdade Internacional de Curitiba), Especialista em Gestão Empresarial, Comércio Internacional e orientador de TCC do Grupo Uninter.

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A construção de instrumentos e de formas de acercamento se constitui como uma premência para estas regiões e comunidades, porém o simples pacto ou mesmo a sua formalização transnacional não soluciona todos os desafios. O desenvolvimento de líderes e a construção de governanças efetivas, reconhecidas e atuantes é um dos principais caminhos para a obtenção de soluções. Este artigo traz o contexto do desafio que as comunidades enfrentam, os exemplos europeus existentes e analisa os passos seguintes, necessários frente a nova agenda de desenvolvimento que o mundo pede e que se aplica integralmente ao ambiente de fronteira. O objetivo é apresentar o cenário e discutir passos e complementos as ações desenvolvidas, que podem contribuir para uma curva de aprendizagem mais curta e implementação de soluções mais perenes e efetivas. A pesquisa utilizada para o desenvolvimento do presente artigo foi realizada de através do método bibliográfico descritivo e documental, com consulta a artigos, teses, web sites e livros pertinentes ao tema da cooperação transfronteriça e seu macro ambiente, bem como exploratória, fruto de relatórios e visitas presenciais a Euroregiões europeias e ambiente de fronteiras do Brasil, em particular do estado do Paraná.

2 AMBIENTE,SOCIEDADE CIVIL FRONTERIÇA E CONSTRUÇÃO DE SOLUÇÕES O ambiente de fronteira sempre foi caracterizado por espaços onde as populações viveram momentos de tensão, sangue e morte. Em viagem pela região da Alsácia, na fronteira entre a França e Alemanha, ouvimos dos locais que aqueles belos campos foram arados com sangue. Na américa latina, medida a realidade da juventude do continente, não se faz diferente. As fronteiras de maneira geral, foram sempre marcadas através de processos tensos e com um viés de ocupação.

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As cidades limítrofes e suas populações neste contexto, exerceram importante papel geopolítico e institucional, com forte presença militar e com raras exceções, desenhadas urbanisticamente para a defesa, não para processos de integração. Com o advento da busca pela paz duradoura no pós guerra (1945, segunda guerra mundial) e a consolidação da União Europeia após a queda do muro de Berlim (em novembro de 1989), iniciou-se um processo de reconversão das fronteiras, com a implementação das Euroregiões 3 e com programas como INTERREG4. Segundo Figueiredo, Alessandro Farage (2008, pag. 51): A primeira euroregião foi denominada Euregio e foi fundada em 1958 na fronteira entre a Alemanha e a Holanda, no território de Enschede (Holanda) e Gronau (Alemanha). Após a Euregio, várias outras euroregiões e outros modelos de cooperações transfronteiriças se desenvolveram pela Europa.

Na atualidade, segundo a ARFE – Associação de Regiões de Fronteira da Europa, na Lista de Euroregiões E Processos De Cooperação Transfronteriça Na Europa 5, existem 187 regiões com processos estruturados de cooperação transfronteiriça e Euroregiões, existindo em torno de 109 Euroregiões.6 Figueiredo (2008, pag. 51) ainda traz que: Para os governos regionais estabelecerem uma cooperação transfronteiriç a, significa entrar em um campo político que, por muito tempo, pertenceu somente ao governo central, como trabalhar questões regionais transfronteiriças de planejamento territorial, políticas de transporte, tratamento de lixo e esgoto dentre outros assuntos – porque, antes da década de 1980, apesar da enorme quantidade de tratados internacionais, nada dava

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Euroregiões são as associações gêmeas, de maneira que, em cada Estado, envolvido é criada uma agência local, algumas vezes dentro do próprio município, que assinam um acordo entre elas, respeitando o sistema legal de cada país distinto envolvido. Fonte: EUROREGIÕES E POLÍTICAS REGIONAIS. A Dinâmica Política das Regiões de Fronteira da Europa. FIGUEIREDO, ALESSANDRO FARAGE – Dissertação Mestrado UFF. Niterói 2008. 4

INTERREG EUROPE é um dos instrumentos para a implementação da política de coesão da UE. Com esta política, a UE prossegue desenvolvimento harmonioso em toda a União através do reforço da sua coesão económica, social e territorial para estimular o crescimento nas regiões da UE e os Estados -Membros. A política visa reduzir as disparidades existentes entre as regiões da UE em termos de desenvolvimento económico e social e sustentabilidade ambiental, tendo em conta as suas características e as opor tunidades territoriais específicas. Fonte: http://www.interregeurope.eu/about-us/ 5 AEBR. LISTA DE EUROREGIÕES E PROCESSOS DE COOPERAÇÃO TRANSFRONTERIÇA NA EUROPA.

Disponível em: http://www.aebr.eu/en/members/list_of_regions.php. Acessado em: 01 de agosto de 2016. AEBR. Member Listo f the AEBR. Disponível em: http://www.aebr.eu/en/members/list_of_regions.php. Acessado em 01 de ago 2016. 6

Segundo Project Aims - http://www.euregio.nrw.de/project_aims.html

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competência para governos internacional (Aykaç, 1994).

regionais atuarem no campo da política

Deste fundamento e conceito, nasceram as Euro Regiões, espaços geográficos com uma governança conjunta, destinadas a buscar soluções locais para os desafios da integração e gestão dos recursos de apoio da União Européia.

A necessidade de equalização das diferenças entre os países, ter uma politica externa coordenada e, aliado ao fato de que a conexão econômica e principalmente logística na Europa (e a posteriori da União Europeia) no pós guerra era uma necessidade premente, implementou a constituição do Conselho da Europa, “um complemento politico aos esforço de cooperação econômica” (SEINFUS, 2008), 7 criado em 1949, apoiando o desenvolvimento destas políticas voltadas a uma ação coordenada no âmbito externo dos países. Assim criaram-se as condições para que as comunidades de fronteira e países pudessem constituir e atuar de forma conjunta e ordenada no ambiente fronteiriço, principalmente em projetos e ações voltadas a melhoria das condições de infraestrutura e conectividade. Estes acordos e modelos de gestão local foram fundamentais para no decorrer do tempo, estruturar a forma de receber e gerir os recursos e apoio. A base da destinação dos fundos foi a necessidade de atuação conjunta e integrada de regiões e comunidades fronteiriças, construindo um modelo exitoso de atuação. Segundo Cardoso, Fernando Henrique8: “O novo século está ávido por uma nova agenda. Não porque o tempo transcorreu, mas porque neste transcurso o mundo mudou, a economia mudou, as forças sociais e politicas mudaram e a própria cultura mudou”. Este cenário colocou os modelos implementados frente a novos desafios. O objetivo inicial, ligado a reconstrução, evoluiu para um conceito novo, o do bemestar, muito mais amplo e complexo que a solução para os problemas de intercâmbio econômico e conexão de infraestruturas.

SEITENFUS, Ricardo Antonio Silva. Manual das Organizações Internacionais. 5.a ed. Rev., atual. e amp. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed., 2008. 386p 7

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CARDOSO, Fernando Henrique. Nova agenda. O Estado de S. Paulo, São Paulo, p. A2, 9 ago. 2003. Apud de MATIAS, EDUARDO FELIPE PÉREZ,1972 – A humanidade de suas fronteiras – 4.a ed – São Paulo: Paz e Terra, 2014, PAG. 454

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Na figura 01 desenvolvemos em breve sistema o contexto geral da problemática e do desafio: CONTEXTO DA PROBLEMATICA DAS POPULAÇÕES DE FRONTEIRA

Fonte: Luiz Antonio Rolim de Moura, 2016.

Conceituar e construir o que denominamos bem-estar é mais que simplesmente atingir objetivos de projetos, pois traz em seu conjunto uma série de necessidade de equalização e soluções para problemas, que estruturas de projetos não resolvem, traduzem ou interpretam. Um exemplo, ocorreu em visita a Euroregião Pamina9 em 2013, no contexto do Projeto do SEBRAE/PR– Fronteiras Cooperativas10, foi apresentado junto ao rol de resultados 9

Região transfronteiriça do Reno Superior, nas cidades de Strasbourg (França) e Kehl (Alemanha). Fronteira Cooperativas, projeto transfronteiriço desenvolvido e executado pelo SEBRAE/PRcom apoio do SEBRAE/NA e b enchmarking técnico da ARFE – Associação de Regiões de Fronteira da Europa, no estado do Paraná, nas ciudades gemeas de Foz do Iguaçu(BRA), Pu erto Iguazu(ARG) e Ciudad del Este(PGY), e de Barracão(BRA), Dionísio Cerqueira(BRA) e Bernardo de Irigoyen(ARG), que visa o desenvolvimento das cidades gêmeas de fronteira através do fomento a criação de governanças tranfronteriças atuantes e executoras de ações, projetos e estratégias integradoras e potencializadoras do ambiente em prol do desenvolvimento integrado e sustentável das comunidades. O autor deste artigo foi um dos idealizadores do projeto e seu coordenador estadual junto ao SEBRAE/PRno período de execução do mesmo, de 2013 a 2016. 10

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o contexto dos desafios decorrentes da integração, principalmente no que tange aos protocolos laborais (migração de trabalhadores) e aspectos ligados a aposentadoria, pois jornadas e prestação de serviços em países diferentes, geram dificuldades de calculo das mesmas no futuro. Um dos pontos justificados pelos atores locais, foi a necessidade da construção do ambiente de confiança e de empatia, traduzido pelo esforço e importância da formação de lideranças e decision maker´s imbuídos do entendimento da inter-relação social, ambiental, econômica e estrutural das comunidades e ambientes de fronteira. O modelo de estado central e de regiões periféricas, com politicas voltadas a proteção e não a integração esta, dia a dia mais deteriorado. Os governos centrais não conseguem dar as respostas e atender aos anseios e peculiaridades destes ambientes transfronteriços. Mesmo mantendo o status de ponto de controle, de gestão e manutenção da soberania, o estado nação no modelo econômico globalizado não tem como tratar as fronteiras como muros e seus habitantes apenas como colônias mantenedoras do direito ao solo. O elemento diferenciador para enfrentar este cenário esta centrado nas pessoas, no protagonismo local: O desenvolvimento é um fenômeno que resulta das relações humanas. Afinal, são as pessoas que o fazem acontecer. Ele depende do sonho, do desejo, da vontade, da adesão, das decisões e das escolhas das pessoas. Isto é chamado de PROTAGONISMO LOCAL. (Sebrae)11

O case do Projeto Fronteiras Cooperativas, realizado pelo Sebrae/PR12, que consolidou a realidade do protagonismo local, tratou a melhoria do ambiente de fronteira do estado do Paraná com Argentina por meio de ações de potencialização do diálogo entre os atores envolvidos neste ambiente e pela promoção do associativismo transfronteiriço, gerando também uma referência possível de replicação em outras cidades gêmeas na faixa de fronteira do Brasil.

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Fonte: http://www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/o-que-e/protagonismo-local

12 O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), é um serviço social autônomo

brasileiro, parte integrante do Sistema S que objetiva auxiliar o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, estimulando o empreendedorismo no país.

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O projeto, foi respaldado na experiência de atuação do Sebrae/PR e metodologia do Programa Cidades Cooperativas, a extensa experiência em cooperação técnica internacional desenvolvida pelo projeto CDT – AL (Centro de Desenvolvimento de Tecnologias para Integração Transfroteriça de Micro e Pequenas Empresas na América Latina) e a colaboração e apoio técnico institucional da AEBR (ARFE) Association of European Border Regions. Teve por objetivo apresentar proposta de atuação para contribuir com o desenvolvimento local relacionado à geração de negócios tendo como base a atuação centrada nos aspectos relacionados à melhoria do ambiente que favoreçam o desenvolvimento dos pequenos negócios. O Sebrae/PR compreende que um modelo de atuação que concilie crescimento econômico, ecológico e social, utilizando soluções com inovação, tecnologia e fortalecimento de lideranças pode facilitar o desenvolvimento

de municípios

oportunizando setores empresariais. O fomento ao desenvolvimento de municípios ligados a faixa de fronteira encontra-se ligado a estas tendências. Estes conceitos e experiências, foram discutidos em Simpósio Fronteiras Classe Mundial do Sebrae/PR e AEBR em Foz do Iguaçu, realizado em Foz do Iguaçu - PR, em 09 de setembro de 2013, onde após as atividades para discussão e construção de conceito de Região de Fronteira Classe Mundial, gerando o conteúdo da Carta do Iguassu, documento de referência das discussões e balizador da construção do Projeto Fronteiras Cooperativas. Durante o referido simpósio, foi cristalino o comprometimento do público com o tema. Os relatos feitos confirmaram que muitas ações vêm sendo desenvolvidas para melhorar, valorizar e sedimentar o processo de cooperação transfronteiriça na América Latina e principalmente Europa. Tendo como ponto de partida apresentações e reflexões feitas por expertos em regiões de fronteira como Martín Guillermo Ramirez – Secretario Executivo da AEBR, Jose M. Cruz Rodrigues – Consultor internacional e contribuinte da AEBR, Nahuel Oddone – docente, notório especialista e experto da CEPAL e, o autor deste artigo coordenador de grupo técnico presente no evento, a respeito de integração,

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cooperação

transfronteiriça,

desenvolvimento

territorial

transfronteriço,

estabeleceram-se ideias propulsoras sobre o tema de grande complexidade dado suas características e que remetem grandes desafios e também oportunidades. No cenário dos desafios, foram elencados aspectos relevantes dentre eles: 

Necessidade de esforços para a integração política e institucional, criando e sedimentando uma identidade regional de cooperação na região de fronteira para que haja apropriação do conceito.



Pouco interesse das regiões de fronteira pelos “movimentos” do governo central, pois atuam de forma mais independente, dificultando a parametrização de critérios de avaliação diante da diversidade regional.



As fronteiras são vistas de forma muito aberta, com foco em interesses individuais.



Necessidade de formalizar, tornar reconhecido, legítima a integração.



Mapear as questões culturais sob o prisma da interculturalidade.



Realizar benchmarking das experiências europeias, com foco nas euroregiões e assim construir conhecimento para mapear as assimetrias entre os países.



Desenvolver a região de forma sustentável e não de assistencialista.



Abordar as cadeias de valor, considerando o conceito de estado-nação e as atividades produtivas.



Criação de indicadores para diminuir os gaps entre os diversos países

No cenário das oportunidades, vislumbraram-se: 

O protagonismo do Brasil na América Latina no âmbito da cooperação internacional.



A necessidade do estabelecimento de um diálogo empresarial, caminhando paulatinamente para um processo de integração política e institucional transfronteiriça.

Na figura abaixo apresentamos a linha do tempo que levou ao referido projeto:

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Fonte: Luiz Antonio Rolim de Moura, 2014 – ACI Sebrae/PR.

Em 2013, o Projeto Sebrae/PR- ACI (Projeto de Apoio à Cooperação Internacional) realizou os trabalhos de levantamento e diagnóstico da capacidade de cooperação técnica em instituições de apoio aos pequenos negócios nas cidades definidas. Após este levantamento, houve a apresentação da proposta e conceitos para aliados selecionados com o objetivo de promover a sensibilização da comunidade em geral de maneira a envolver interessados e lideranças locais. Assim, obteve-se a pactuação com as instituições diretamente envolvidas para execução do projeto por meio da assinatura de um Termo de Adesão junto aos aliados dos municípios de Barracão, Dionisio Cerqueira e Bernardo de Irigoyen no Brasil e Argentina na região sudoeste do estado do Paraná e oeste de Santa Catarina e, Foz do Iguaçu, Puerto Iguazu e Ciudad del Este, municípios no Brasil, Paraguai e Argentina na região oeste do mesmo estado.

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Fonte: Luiz Antonio Rolim de Moura, 2014 – ACI Sebrae/PR.

Fonte: Luiz Antonio Rolim de Moura, 2014 – ACI Sebrae/PR.

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O Projeto Fronteiras Cooperativas realizou a preparação das lideranças comunitárias e governamentais a fim de atuarem como principais atores no processo de incentivar a formação de governanças voltadas ao diálogo transfronteiriço com desenvolvimento de estratégias conjuntas para melhoria da visibilidade e atratividade internacional, formando grupos integrados de diálogo no ambiente de fronteira. O Sebrae/PR como instituição protagonista desta iniciativa, se propôs e realizou a orientação e promoveu a sinergia entre as necessidades e oportunidades das regiões da fronteira com o direcionamento para a linha estratégica da instituição de Desenvolvimento do Ambiente de Negócios, apoiando a estruturação de um Observatório de Oportunidades das Cidades-Gêmeas de fronteira, com ações voltadas ao fortalecimento das lideranças locais e associativismo. Como ações realizou de forma geral nos dois projetos/ territórios:              

Estruturação dos projetos. Gestão e Monitoramento. Acompanhamento da execução das Mensurações. Acompanhamento da execução das Avaliações. Avaliação Preliminar do Ambiente. Articulação e sensibilização para formação da Governança. Desenvolvimento de competências de Governança. Desenvolvimento de competências de Associativismo na Governança. Planejamento Estratégico da Governança. Mapeamento de pontos de oportunidades de interação entre as CidadesGêmeas. Promoção e realização de Diálogos Transfronteiriços. Estruturação de Núcleo Associativo com foco em Integração Transfronteiriça. Criação da Marca da Fronteira Cooperativa. Estruturação de Projetos de desenvolvimento da região de fronteira.



Estruturação e apoio ao funcionamento de governança e Observatório de Oportunidades das Cidades-Gêmeas de fronteira.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência das Euroregiões na Europa e do projeto Fronteiras Cooperativas na América do Sul, demonstram que arcabouços legais e fundos públicos de apoio são importantes, mas que este processo no tempo só supera suas falências e limitações através do protagonismo local. As comunidades motivadas e organizadas por seus lideres, constroem as soluções frente ao arcabouço legal disponível, com proposições e articulação de avanços junto

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aos governos centrais e constituindo um ambiente adequado e pró-ativo para o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões. O embaixador Lafer, Celso13 conceitua que: A vida internacional de um país move-se pela conjugação entre o universal – pensar a humanidade – e o específico – o cogitar sobre o nacional e o regional. Sobre essa dialética de complementariedade incidem simultaneamente fatores centrípetos e fatores centrífugos. De um lado, valores e princípios de aceitação geral na comunidade das nações, e, de outro, aspirações de interesses particulares das sociedades, à luz da sua singularidade cultural, histórica, econômica e política.

As fronteiras através da cidades gêmeas e territórios com significativo adensamento populacional e relações sócio-econômicas consolidadas, aplicam estas forças referenciadas por Lafer de uma maneira distinta da aplicação da posição nacional de cada pais. A realidade do dia a dia das comunidades de fronteira, traz a leitura utópica do território fronteiriço como um espaço do “não país” ou do “acima do país”, onde as necessidades da sobrevivência ou os laços pessoais destas comunidades pudessem existir de forma distante ou isolada da organização e das aspirações nacionais. Estas utopias e aspirações locais, mesmo sendo objetivamente restringidas e limitadas pelos interesses particulares de cada país, se bem orientadas, em uma visão de construção

de vínculos

de desenvolvimento

sustentável

e orientadas a

complementação na pautas e itens permeáveis aos interesses exógenos, trazem significativos ganhos e benefícios. Estes benefícios se materializam pela melhoria da qualidade de vida, a melhoria das relações bilaterais nacionais pelo exemplo do território contíguo

e/ou pela

possibilidade de avançar em políticas e estratégias de integração transnacional, através de experiências locais em ambientes delimitados, especializados e de melhor controle e gestão.

13 MARCOVITCH, Jacques (org.). Cooperação Internacional: Estratégia e Gestão. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 1994. Pag.24.

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As experiências e êxitos do ambiente de fronteira integrado e com sinergia, reforçam indiretamente os valores da soberania e do estado nação. Elas trazem em seu cerne, pelo o reconhecimento dos benefícios do exercício da hospitalidade, no seu melhor sentido, o do bem receber e do bem atender, o reconhecimento do diferente em suas peculiaridades, sem perder as características pessoais. Contribuem e constroem um ambiente de acolhimento cultural e estrutural, onde obtém-se um positivo ecossistema para a consecução dos efetivos avanços sociais para os locais e assim reais possibilidades de melhoria conjunta para ambos os países limítrofes nestes territórios.

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REFERÊNCIAS AEBR. LISTA DE EUROREGIÕES E PROCESSOS DE COOPERAÇÃO TRANSFRONTERIÇA NA EUROPA. Disponível em: http://www.aebr.eu/en/members/list_of_regions.php. Acessado em: 01 de agosto de 2016. AEBR. Member Listo f the AEBR. Disponível em: http://www.aebr.eu/en/members/list_of_regions.php. Acessado em 01 de ago 2016. CARDOSO, Fernando Henrique. Nova agenda. O Estado de S. Paulo, São Paulo, p. A2, 9 ago. 2003. Apud de MATIAS, EDUARDO FELIPE PÉREZ,1972 – A humanidade de suas fronteiras – 4.a ed – São Paulo: Paz e Terra, 2014, PAG. 454 EUROREGIO. Project Aims. Disponível em: Project Aims http://www.euregio.nrw.de/project_aims.html. Acessado em 16 de julho de 2016. EUROREGIO. LIST OF EUROREGIONS AND SIMILAR BODIES IN THE EUROPEAN UNION. Disponível em: http://www.euregio.nrw.de/links.html Acessado em: 01 agosto de 2016. FIGUEIREDO, Alessandro Farage. EUROREGIÕES E POLÍTICAS REGIONAIS. A Dinâmica Política das Regiões de Fronteira da Europa. – Dissertação Mestrado UFF. Niterói 2008.

INTERREG EUROPE. INTERREG EUROPE 2014-2020 - CCI 2014 TC 16 RFIR 001 - Cooperation Programme document - Final, 6 May 2015. Disponível em http://www.interregeurope.eu/index.php?id=183. Acessado em 16 de julho de 2016.

MARCOVITCH, Jacques (org.). Cooperação Internacional: Estratégia e Gestão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1994. Pag.24. SEITENFUS, Ricardo Antonio Silva. Manual das Organizações Internacionais. 5.a ed. Rev., atual. e amp. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed., 2008. 386p SEBRAE/PR. RELATÓRIO ANUAL 2014 DEMONSTRATIVO FÍSICO FINANCEIRO - PROJETO FRONTEIRAS COOPERATIVAS - Barracão (PR)– Dionísio Cerqueira (SC)– Bernardo de Irigoyen (ARG) – SEBRAE/PR, Assessoria em Cooperação em Internacionalização, 2016.

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