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A sociologia não poderia prever Agora que somos todos ‘frequent flyers’ potenciais, eis o atentado do piloto suicida ao nosso imaginário coletivo. Levamos um susto antropológico POR JORGE DE LA BARRE
27/04/2015 0:00 / ATUALIZADO 27/04/2015 7:53
O suicídio não é mais o que era: desde 1976, seis aviões comerciais, incluindo o Airbus A320 da Germanwings (companhia low cost da Lufthansa) teriam sofrido crash intencional por seus pilotos, resultando na morte de 605 pessoas. Entramos na era do suicídioassassinato de massa. Com o crash voluntário do copiloto Andreas Lubitz que levou com ele todos os 149 passageiros, nosso sentimento de risco aéreo piorou: o perigo pode estar por dentro da cabine. Habitualmente, o perigo estava por fora: turbulência, falha técnica ou atentado terrorista (desde 11 de setembro). Se nosso imaginário coletivo associava o piloto (tal como o bombeiro salvavidas) à figura do herói, tudo isso mudou brutalmente: a cabine entrou numa zona de desconfiança. Daí o susto antropológico. O piloto sumiu? Não, pior ainda: ele está deprimido! Já estávamos — tristemente — habituados aos atentados suicidas. Bem sabíamos que, em certos casos, esse tipo de atentado tem apenas como objetivo obter atenção do mundo e ajudar a publicitar as causas pelas quais as organizações terroristas lutam. As circunstâncias do crash da Germanwings sugerem o oposto: nenhuma causa a defender por parte do copiloto Lubitz. Um suicídioassassinato de massa perfeitamente
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gratuito neste sentido, e talvez, um novo tipo de suicídio egoístico. Estudando as causas sociais do suicídio, Émile Durkheim revolucionava as concepções na sua obra pioneira de 1897 “O suicídio”, mostrando o quanto, numa ação tão íntima como o suicídio, podiam se esconder determinações sociais: falta ou excesso de integração (suicídio egoístico ou altruísta), falta ou excesso de regulação (suicídio anômico ou fatalista). O que o sociólogo francês não poderia ter previsto são os atentados suicidas, e menos ainda esse novo tipo envolvendo assassinato de massa, ambas formas extremas e paradoxais para seus perpetradores, de entrar na história saindo do mundo. Egoístico ou altruísta, o suicídio durkheimiano equacionava dois termos principais: indivíduo e sociedade. Por bem ou por mal, não existiam ainda as interfaces, plateias, representações ao vivo, mediações imediatas (belo oximoro!), nem aquela ideia de glamour, hoje tão naturalizada, de que “O mundo inteiro está assistindo.” Lubitz teria declarado à exnamorada, um críptico: “Vou fazer alguma coisa que vai mudar o sistema. O mundo vai conhecer o meu nome.” Tivemos um holocausto lowcost. Ulrich Beck, o sociólogo alemão da “Sociedade do risco” (1986), também não poderia ter previsto tal extensão do domínio do risco, para além dos riscos ambientais ou terroristas. Agora que somos todos frequent flyers potenciais, eis o atentado do piloto suicida ao nosso imaginário coletivo. Levamos um susto antropológico. Agora que o demônio pode estar por dentro da cabine, a nossa reflexividade societal vai ter que aprender a lidar com isso. O piloto não é mais o herói salvador, ele pode ser o vilão ou… apenas deprimido. Jorge de La Barre é professor da UFF e
pesquisador do LeMetro/IFCSUFRJ
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