A substituição e exílio de bispos nicenos no Ocidente durante o governo do imperador ariano Constâncio II (337-361)

May 19, 2017 | Autor: Melissa Melo | Categoria: Late Antiquity, Exile Literature, Early Church Fathers
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Mestranda em História Social das Relações Políticas pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo. A autora é membro do Laboratório de Estudos Sobre o Império Romano (LEIR)/Seção ES. Esse artigo é um fragmento do projeto de dissertação com o tema "Identidade, poder e rede de sociabilidade na Antiguidade Tardia: a dinâmica das querelas religiosas segundo Hilário de Poitiers no contexto do conflito ariano ocidental (343-361)", orientado pela Prof. Dra. Érica Cristhyane Morais da Silva.
Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica, VIII, 13, 2) cita a atuação de Luciano de Antioquia e sua influência no pensamento de Ário. Luciano teria sido martirizado em 312, segundo Altaner e Stuiber (1972, p. 220).
Atanásio de Alexandria apresenta na obra Contra Arianos (10. 1.9) a negação da divindade do Filho como a principal característica do arianismo. O Filho não é eterno ou imutável e não tem uma exata visão, compreensão e conhecimento do Pai. Por ter surgido do nada, o Pai não foi sempre Pai. Por ser criação/criatura, o Filho não se assemelha à substância do Criador (WILES, 2001, p. 6).
Atanásio era a favor do distanciamento entre as esferas seculares e eclesiásticas, sendo que o imperador cristão deveria "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", já que essa interferência significaria uma apropriação da autoridade espiritual do episcopado.
No breve artigo Arianism as a Social Phenomenon – The Spreading of a Heresy Outside the Elites, Astrid Schmölzer (2016, p. 6) observa três estágios de popularidade em relação ao arianismo em seus primeiros anos. A primeira etapa é sobre "ser visto": reuniões e assembleias aconteceram nos âmbitos privado e público, em casas e em mercados. A segunda etapa é sobre "ser ouvido": temos sugestões de simplificações, músicas e explanações. A terceira etapa constitui-se em "ser apoiado", em que os concílios, eleições episcopais e mobilizações políticas podem ser vistos como atos de propaganda.
A respeito do início do desenvolvimento do conflito nas cidades orientais, Ramon Teja (1999, p. 153) afirma que o cristianismo egípcio tinha fortes origens influenciadas pelo gnosticismo e pelas doutrinas subordinacionistas. Apenas na segunda metade do século II que as igrejas egípcias, sob os esforços de Clemente de Alexandria e Orígenes, integraram-se às comunidades cristãs trinitárias de outras regiões do Oriente.
Claudia Rapp (2005, p. 254) ressalta que o concílio de Sárdica buscou também controlar o fluxo constante de bispos na corte imperial, regularizando que estes deveriam ser convidados pelo imperador. O cânone não foi cumprido e o fluxo de bispos continuou intenso.
"Nisso também pedimos a sua piedade: fim de todos que continuam detidos no exílio ou em lugares desertos para retornar à sua descendência, de modo que em todos os lugares possa haver liberdade e felicidade" (Adversus Valentem et Ursacium, 10).
A análise de Washburn (2013, p. 12) sobre as leis de banimento interpreta que estas baseiam-se nas reflexões das práticas governamentais da época e dos interesses dos imperadores em suas consequências para a infraestrutura do império. Sendo assim, enquanto as leis surgissem a partir dos desejos e interesses do imperador, seu conteúdo surgiria como o produto do processo. As promulgações frequentemente testemunhavam, portanto, uma preocupação coletiva a um determinado problema.
O priscilianismo foi uma doutrina do século IV pregada por Prisciliano e baseada nos ideais de pobreza e sobriedade. Gaudemet (1958, p. 281) conclui que o caso de Prisciliano, assassinado no exílio, foi excepcional.
A carta Epistola ad Orientales encontra-se em Adversus Valentem et Ursacium (9.2) de Hilário de Poitiers.
Esse fato é corroborado por Filostórgio em sua obra Historia Ecclesiastica (4.3).




A substituição e exílio de bispos nicenos no Ocidente durante o governo do imperador ariano Constâncio II (337-361)

Melissa Moreira Melo Vieira

O cristianismo multifacetado dos primeiros quatro séculos foi resultado de um processo lento e variado que se deu em tempos e lugares diferentes e por meio de grupos distintos e discordantes (CHEVITARESE, 2006, p. 164; CROSSAN, 2004, p. 58). A história do cristianismo na Antiguidade Tardia é caracterizada por controvérsias doutrinárias, cismas, concílios e credos que foram fundamentais para a definição da religião cristã e das formas em que a fé se desenvolveria ao longo dos próximos séculos. Delações, convites para o Tribunal de Justiça, inquéritos oficiais, provisões canônicas e sentenças de exílio tornaram-se parte do cotidiano da esfera político-religiosa do império. Conforme o quarto século avançava, tornava-se cada vez mais comum que as decisões finais sobre a política eclesiástica fossem tomadas pelo imperador (CHADWICK, 1980, p. 132). Pois nesta monarquia cristã é a sua pessoa sagrada que tende a se tornar cada vez mais o critério último da ortodoxia (MESLIN, 1967, p. 30).
Esses conflitos derivaram-se em grande parte de disputas sobre o trinitarismo, especificamente no que se referia à relação entre Deus Pai e Deus Filho (AYRES, 2004, p. 71). Dentro desses debates teológicos, os personagens envolvidos buscavam constituir uma legitimidade - ou seja, uma ortodoxia - em torno de um determinado conjunto de pensamentos, interpretações bíblicas e doutrinas (PAPA, 2009, p 28). As inúmeras disputas cristológicas ocorridas no século IV começaram com a evidenciação das diferenças religiosas entre clérigos e levaram a um envolvimento imperial que provocou mais conflitos do que qualquer luta cultural da época e tornou pequenos grupos teológicos em grandes comunidades autoconscientes (SCHOR, 2011, p. 8).
O conflito ariano surgiu a partir de Ário, presbítero de Alexandria e discípulo de Luciano de Antioquia, que negou a vinculação entre Pai e Filho, base da doutrina trinitária (TEJA, 1999, p. 76). As pregações de Ário desencadearam uma disputa ideológica em torno do poder imperial envolvendo suas concepções dogmáticas, onde cada partido procurou representar o outro como fora do limite de um cristianismo legítimo (FRIGHETTO, 2010, p. 120), de modo que a querela alcançou uma dimensão que nenhum outro debate doutrinário havia alcançado (ENTRINGER, 2009, p. 44). A controvérsia ariana pode ser dividida em três fases: a primeira fase inicia-se com as pregações de Ário até a morte de Constantino; a segunda fase parte da ascensão de Constante e Constâncio II ao poder e vai até a morte de Constâncio em 361; a terceira e última parte insere-se a partir da ascensão de Juliano até a tentativa oficial de supressão do arianismo sob Teodósio no Concílio de Constantinopla em 381. (CHADWICK, 1980, p. 133).
Os escritos de Ário foram perdidos e os fragmentos existentes de sua obra – que incluem três cartas e diversos poemas musicados, como a Thalia - são mencionados por Atanásio de Alexandria em Contra Arianos (MAGALHÃES, 2009, p. 105). Sendo assim, a teologia ariana nos é conhecida essencialmente por meio de tratados de bispos que condenavam a mesma. Dentre os bispos orientais envolvidos na querela em seus primeiros anos, Atanásio destacou-se como o principal opositor do arianismo no Oriente e também o principal alvo de acusações por parte dos arianos, o que o levou ao exílio por cinco vezes (ENTRINGER, 2009, p. 60, MAGALHÃES, 2009, p. 18). Por quase meio século, o bispo de Alexandria dedicou-se a refutar diversas doutrinas subordinacionistas orientais e a criticar a interferência imperial nos assuntos da igreja.
Após a primeira excomunhão de Ário em concílio, boa parte da comunidade cristã alexandrina – dentre centenas de virgens, bispos e uma multidão do povo – passou a apoiar o presbítero e a participar ativamente da defesa e disseminação do arianismo por todo o Oriente (MAGALHÃES, 2009, p. 107). O alvoroço gerou uma divisão entre os habitantes de Alexandria, que tomaram partido de um lado ou outro da contenda. O conflito ariano produziu uma ampla mobilização da população urbana e deve ser interpretado a partir da perspectiva de um movimento social, na medida em que os personagens envolvidos nas querelas utilizavam de todos os meios disponíveis – incluindo a violência simbólica e física – com o intuito de alterar a conjuntura político-religiosa na qual se encontravam (ENTRINGER, 2009, p 78). Essa mobilização – religiosa, social e política – incluiu imperadores, membros do episcopado e a população urbana, visto que as pregações do presbítero mudaram o modo com que diversos grupos cristãos concebiam Deus. Como sendo uma igreja multiforme, híbrida e heterogênea, a comunidade cristã sofreu divisões e suscitou um engajamento popular – inicialmente na cidade de Alexandria e posteriormente nas principais cidades do Oriente - a partir das discordâncias litúrgicas que foram surgindo a partir da década de 320 (MAGALHÃES, 2009, p. 106).
Em vista da crescente tensão dentro das comunidades cristãs e do perigo político que os dissensos religiosos constituíam - ao menos potencialmente – o imperador Constantino iniciou uma agenda político-religiosa para definir uma ortodoxia (CAMERON, 1994, p. 22; MONDONI, 2001, p. 50). Ele buscava, portanto, um consenso nos âmbitos religioso e secular, e essa concordância encontrava em sua pessoa o fator de unificação. O imperador estabeleceu em 324 que os assuntos da igreja seriam discutidos e resolvidos em concílios eclesiásticos, dando a si mesmo a jurisdição de apelação dos concílios e a prerrogativa de convocação dos mesmos. Os concílios, antes independentes, tornaram-se comissões de inquérito imperiais, sendo essa associação entre tais reuniões e o poder do Estado cada vez mais profunda nos anos seguintes (JONES, 1948, p. 108; MARVILLA, 2007, p. 95).
A convocação do concílio de Niceia por Constantino em 325 foi parte desse processo de oficialização das questões eclesiásticas como pertencentes à esfera política. Ao adotar a definição de consubstancialidade entre Pai e Filho no credo niceno, termo promulgado com pesar e sob pressão imperial por muitos bispos orientais que consideraram esse termo não-bíblico, o Concílio não consegue fechar o debate teológico, de modo que a doutrina de Ário continuaria em plena expansão dentro das comunidades orientais, agora por meio de divisões (ENTRINGER, 2009, p. 39). As diversas interpretações entre os signatários do credo e a falta de interesse de Constantino em garantir um acordo doutrinal entre os bispos na sequência do concílio tornou o credo de Niceia e o aparente consenso de 325 irrelevantes. (BECKWITH, 2008, p. 20).
Após o Concílio de Niceia, Atanásio e seus companheiros não estavam mais dispostos a buscar um consenso ou até mesmo comunicação com os arianos. É certo que os nicenos – inflexíveis e insociáveis em relação aos bispos arianos – tornaram-se um obstáculo à unidade e, portanto, objetos de ira do imperador (GADDIS, 2005, p. 62). Os bispos alinhados à figura do bispo de Alexandria geralmente não gozaram de apoio imperial após o Concílio de Niceia, em vista da resistência às contínuas tentativas de subscrição de credos favoráveis à causa ariana e a recusa de comunicarem-se com os bispos apoiadores da política religiosa imperial, principalmente o ariano Eusébio de Nicomédia, que exercia grande influência pessoal em Constantino e foi responsável pelas primeiras tentativas de deposição de Atanásio (AYRES, 2004, p. 77). Nesse contexto de tensão dentro do episcopado oriental, as questões doutrinais foram muitas vezes ofuscadas pelas rivalidades pessoais, deslocando políticas imperiais em um império dividido e marcado por manipulações do poder imperial pelos membros do episcopado (HESS, 2002, p. 95).
Constantino morre em 337 e segue-se um período de lutas internas pelo poder. Seus meio-irmãos e sobrinhos foram assassinados em Constantinopla poucos depois de seu falecimento e o império fica a cargo exclusivamente de seus filhos: Constâncio II, Constantino II e Constante (CARLAN, 2009, p. 5). Constantino II foi guardião do irmão mais novo Constante até a sua maioridade e, entre 337 e 340, a Itália, Trácia, Macedônia e África, pertencentes a Constante, eram controladas por seu irmão mais velho. A partir do momento em que Constante atinge a maioridade, Constantino II recusa-se a devolver os territórios antes resguardados a ele, afirmando que, por ser o primogênito, deveria receber uma porção maior do império. Em 340, Constantino II é assassinado e sua porção do império – Gálias, Britânia e Hispânia – foi entregue a Constante.
A partir do momento em que a notícia da morte de Constantino tornou-se pública, ganhar a confiança do novo imperador era crucial para a agenda clerical dos bispos nicenos e arianos e estes grupos passaram a agir para tirar o máximo partido das circunstâncias dessa transição imperial. Os eusebianos, que durante o governo de Constantino beneficiaram-se da proximidade e das conexões com o poder imperial, buscaram manter uma proximidade de Constâncio II de modo a consolidar a influência ariana no Oriente (GALVÃO-SOBRINHO, 2009, p. 125). Os bispos do Ocidente, governados por Constante, assumiram, em sua maioria, uma posição fiel ao credo de Niceia.
As Igrejas mais poderosas do oriente, no início do reinado de Constâncio II, foram trazidas sob a influência de arianos: Constantinopla, Heraclea, Hadrianópolis, Éfeso, Ancira, Cesareia, Antioquia e Laudiceia. Os bispos de Antioquia destacavam-se como predominantemente arianos, enquanto os alexandrinos, sob influência de Atanásio, adotaram uma posição majoritariamente nicena. No concílio de Antioquia em 341, marcado por diversas acusações aos bispos nicenos alexandrinos, o semiarianismo começa a tomar forma como um credo intermediário entre o nicenismo e arianismo. O partido dos semiarianos professava uma doutrina que se aproximava da nicena mas negava o termo ousia (substância), visto que acreditavam na semelhança da substância entre Pai e Filho em detrimento à consubstancialidade. A crítica dos semiarianos ao nicenos baseava-se na ideia de que o termo ousia denotava um significado que envolvia uma personalidade separada do Filho.
Poucos meses após a morte de seu pai, Constâncio enfrentou seu primeiro desafio na contenção de bispos recalcitrantes. A morte de Alexandre de Constantinopla em 337 desencadeou uma eleição episcopal que estabeleceu o presbítero niceno Paulo como seu sucessor. Constâncio retornava de uma reunião com seus irmãos na Panônia e, conforme assinala Sócrates (Hist. Eccl. 2.7) "o imperador chegou a Constantinopla, ficou muito zangado com a ordenação de Paulo e convocou uma assembleia de bispos arianos para depô-lo (σχολάζειν)". O afastamento de Paulo foi revogado por um concílio posterior, que poucos meses depois também foi anulado. As deposições e consequentes regressos do bispo de Constantinopla estenderam-se por anos, tendo este sido deposto cinco vezes, o que evidenciava uma dificuldade do imperador em conseguir apoio dos bispos durante os concílios no Oriente que revogavam constantemente as manipulações de Constâncio para exilar Paulo.
Todas as tentativas de cessar os conflitos político-religiosos durante os governos de Constante e Constâncio II falharam, sendo que entre 341 e 351, nada menos de sete credos diferentes foram proclamados e posteriormente revogados por sucessivos sínodos, com destaque para a reunião em Sárdica, que evidenciou a complexidade do conflito ariano e a dificuldade em alcançar um consenso entre orientais e ocidentais (MAGALHÃES, 2009, p. 110).
Com o apoio de Maximino de Trier e Ósio de Córdoba, o bispo Paulo de Constantinopla convenceu Constante a convocar um concílio em 343 na região de Sárdica para apoiar a causa dos bispos orientais nicenos exilados no ocidente (STEVENSON, 2015, p. 16). Dentre os objetivos da reunião, estava o desejo de resolver os inúmeros conflitos doutrinários e realizar o julgamento final de Atanásio de Alexandria, que estava exilado no Ocidente desde 339. Sárdica, na Dácia Mediterrânea, foi escolhida como o local de reunião por estar entre as duas divisões do Império (NEWMAN, 1908, p. 223). Enquanto Constante promoveu os interesses dos bispos anti-eusebianos – os mesmos que o persuadiram para a convocação deste concílio -, Constâncio II tentou fazer valer a sua autoridade enviando funcionários imperiais junto aos bispos da corte (AYRES, 2004, p. 123).
Os bispos ocidentais de Sárdica enviaram uma carta a Constâncio II solicitando que os juízes encarregados da direção das províncias e dos negócios públicos se abstivessem dos assuntos religiosos. Também pediram o fim do exílio dos bispos nicenos. O contato entre bispos orientais depostos e substituídos em suas sés – Atanásio, Paulo, Marcelo de Ancira, Asclepas de Gaza e Lúcio de Adrianópolis – aos ocidentais abertamente hostis à postura teológica oriental foi decisivo para que as redes de sociabilidades do partido niceno fossem fortalecidas. Por outro lado, Sárdica evidenciou a necessidade de Constâncio criar novas estratégias para lidar com o exílio de bispos proeminentes exilados, que poderiam de alguma forma recorrer a outros bispos influentes de regiões próximas e criar redes de apoio que poderiam seriam mantidas por cartas (STEVENSON, 2015, p. 16).
Com a morte de Constante em 350 e o fim da campanha contra o domínio de Magnêncio no Ocidente entre 351-353, Constâncio II assumiu um império não-dividido e suas investidas nos assuntos eclesiásticos potencializaram o conflito teológico e a tensão entre os bispos orientais e ocidentais. Motivado por sua agenda política, Constâncio intensificou as substituições e exílios dos bispos ocidentais atanasianos que defendiam a não-interferência imperial nos assuntos de ordem religiosa (BARNES, 1993, p. 109). Com o apoio dos "bispos da corte" – em destaque Valente e Ursácio – uma extensa rede de bispos favoráveis à política de Constâncio começou a ser expandida no Ocidente mediante uma política de substituição de clérigos nicenos pelos arianos (SILVA, 2003, p. 99). Em seus primeiros anos como imperador, Constâncio investiu um enorme capital político e esforço pessoal para remover e substituir os bispos divisivos de seu reino, o que, a longo prazo, apenas contribuiu para que a mobilização e divisão do episcopado fosse potencializada (STEVENSON, 2015, p. 17).
O estudo sobre as especificidades judiciais e políticas dos banimentos na Antiguidade Tardia, principalmente durante conflitos político-religiosos como o arianismo, ainda não representa um campo de pesquisa vasto. As fontes históricas referentes ao quarto século, um período de gradativo desenvolvimento da igreja, concentravam-se nos eventos que importavam à sua história, mas não necessariamente os que melhor caracterizavam o contexto (WASHBURN, 2013, p. 13). Nenhuma fonte antiga fornece um tratamento detalhado das práticas e do desenvolvimento dos exílios e, portanto, a análise e busca por padrões de comportamento imperial no que se referia aos banimentos não depende apenas da investigação de fontes que relatam casos de bispos exilados, mas também das estruturas judiciais que envolviam e legitimavam esse tipo de condenação (KELLY, 2006, p. 4).
Daniel Washburn, em Banishment in the Later Roman Empire (2013), oferece um panorama para a compreensão dos banimentos na Antiguidade Tardia, avaliando-os a partir da premissa de que essa decisão imperial se destinava a reeducar forçadamente e remover personas non gratas e indesejáveis ao projeto imperial de unificação da igreja. A partir do ponto de vista imperial, o exílio era a mais forma mais efetiva e não-violenta para punir disciplinarmente as autoridades eclesiásticas (FOURNIER, 2006, p. 166). Eric Fournier, em Exiled Bishops in the Christian Empire: Victims of Imperial Violence? (2006) propõe um exame dos banimentos dos bispos a partir deste conceito de violência imperial. O exílio ocupava um lugar bastante baixo no espectro de atos violentos, em comparação com alternativas mais duras, como tortura e execução, como ocorreu durante o conflito prisciliano. Um bispo poderia apenas ser deposto e exilado, jamais assassinado. Resultados mais violentos ou até mesmo fatais aconteceram como uma consequência indireta do exílio.
A tradição historiográfica – apoiada nos relatos de bispos nicenos, arianos e semi-arianos envolvidos na querela - perpetuou a representação de Constâncio como um religioso fanático, mas estudos recentes tendem a salientar a continuidade e observar um padrão entre as políticas eclesiásticas de Constantino e seu filho, bem como as inovações que Constâncio realizou para se adaptar às novas circunstâncias de seu governo. Dentre estas novas pesquisas, destacamos o artigo Exiling Bishops: The policy of Constantius, de Stevenson (2015) e a obra Athanasius and Constantius (1993) de Timothy D. Barnes, que serviram como suporte para esta análise.
Conforme nota Barnes (1993, p. 174), foi a partir de Constantino que os bispos ganharam uma relativa imunidade da coerção das autoridades seculares. Constâncio reafirmou explicitamente o princípio estabelecido por seu pai segundo o qual um bispo poderia ser condenado e deposto apenas por um concílio episcopal em qualquer que fosse a acusação. Sendo assim, sem apoio eclesiástico nenhum imperador poderia exilar um bispo (FOURNIER, 2006, p. 165). No entanto, as circunstâncias eram outras. A constante mobilização e estabelecimento de redes de apoio entre os bispos envolvidos na querela forçaram Constâncio a aplicar estratégias diferentes de seu pai no que se referia aos exílios clericais (STEVENSON, 2015, p. 7), visto que o mecanismo no qual os bispos deveriam ser julgados apenas por seus pares foi decisivo para que os bispos estabelecessem e cultivassem uma forte rede de apoio entre eles (FOURNIER, 2006, p. 166).
Os erros nas tentativas de banimento de Paulo e Atanásio em seus primeiros anos de governo exigiram de Constâncio novas estratégias para lidar com bispos indesejáveis, principalmente no que se referia ao local de exílio. No Concílio de Arles (353) o aliado de Atanásio, Paulino de Trier, foi banido para a Frígia por meio da instigação do imperador e cuidadosamente colocado em uma região cercada por bispos orientais leais a Constâncio II, eliminando as possibilidades de Paulino comunicar-se com outros bispos nicenos (GIRARDET, 1974, p. 65). A nova tática do imperador com Paulino mostrou-se eficaz: o bispo morreu no exílio em 358 sem causar mais interrupções na agenda de Constâncio II (STEVENSON, 2015, p. 17).
A partir de 355, Constâncio combinou dois precedentes para colocar em prática uma política madura em relação aos banimentos: enviar os resultados de Niceia para alguns bispos assinarem individualmente e, em seguida, apresentar o documento assinado a outros sínodos para subscreverem. Num processo que durou vários anos, os funcionários tomaram cópias das decisões de Sírmio, subscritas em Arles e posteriormente em Milão, a bispos individuais na Itália, e depois na Gália, na Espanha e na Grã-Bretanha e obrigaram-nos a acrescentar seus nomes por meio da ameaça de exílio (BARNES, 1993, p. 166).
Durante o Concílio de Milão, Constâncio pressionou os relutantes bispos ocidentais para que subscrevessem a condenação de Atanásio de Alexandria (BARNES, 1993, p. 118). Os bispos que não quiseram assinar foram exilados e substituídos de suas sés, dentre eles Dionísio de Milão, Eusébio de Vercelli e Lúcifer de Cagliari. Stevenson (2015, p. 18) corrobora com a observação de Barnes de que, diferente da forma gradual e cuidadosa que Constâncio lidou com o banimento de Atanásio por meio da atuação de seus agentes in rebus, os bispos ocidentais atanasianos foram banidos direta e vigorosamente e enviados a locais estrategicamente isolados de uma possível rede de sociabilidade nicena. As particularidades e semelhanças dos casos de exílio dos bispos ocidentais Dionísio de Milão, Eusébio de Vercelli, Lúcifer de Cagliari, Hilário de Poitiers e Libério de Roma são importantes para compreender como o imperador mudou suas táticas para lidar com os bispos rebeldes a partir das experiências anteriores com os bispos Paulo e Atanásio (STEVENSON, 2015, p. 22).
Os detalhes dos casos de Dionísio de Milão e Lúcifer de Cagliari dividem opiniões. Crouzel (1976, p. 175) aponta que não há dúvidas de que eles foram banidos por recusarem-se a assinar a condenação de Atanásio. O bispo de Alexandria, em relato na obra Contra Arianos (1.33) afirma que Constâncio II estava recolhendo pessoalmente as subscrições da sua condenação. Atanásio completa:
"O imperador chamou-os e ordenou-lhes que subscrevessem contra Atanásio e assim se unissem à comunhão com os hereges. E quando eles ficaram chocados com essa inovação e disseram que não havia nenhum cânone, ele respondeu imediatamente 'Seja o que for que eu prefira, que isso seja considerado um cânone. Os chamados bispos sírios me defendem falando assim. Ou vocês me obedecem ou serão exilados'"

Hilário de Poitiers (Ad Const. 8), por sua vez, descreve um episódio em que Lucifer de Cagliari propõe aos bispos presentes no concílio que assinem um documento demonstrando lealdade aos cânones de Niceia. Dionísio foi o primeiro a receber o papel e, enquanto assinava, Valente de Mursa tirou o papel de suas mãos. (STEVENSON, 2015, p. 18). Teodoreto de Ciro, sobre os acontecimentos do concílio de Milão, afirma que os bispos "disseram ao imperador em sua frente que o que ele havia ordenado era injusto e ímpio e, por esse ato de coragem, foram expulsos da igreja e condenados a viver nos limites mais distantes do império" (Hist. Eccl., 2.12).
Assim como Dionísio e Lúcifer, Eusébio de Vercelli foi exilado não apenas com base no seu partidarismo a Atanásio de Alexandria, mas também pela sua forte oposição aos bispos Valente e Ursácio e aos cânones do Concílio de Milão (STEVENSON, 2015, p. 20). Washburn (2009, p. 745) argumenta que Constâncio, agora atento às particularidades dos locais de destino dos bispos e seguindo o exemplo bem-sucedido do exílio de Paulino de Trier, cuidadosamente escolheu Scythopolis (atual Bete-Seã) - região tradicionalmente helênica e com a presença de bispos que mantinham uma firme posição contra Atanásio – para enviar Eusébio.
O cânone de Milão decretou também o exílio de Libério de Roma e o motivo para o decreto, no entanto, ainda é motivo de discussão pela historiografia. Amiano Marcelino relata que, devido à sua posição inflexível diante das investidas do imperador para a subscrição da condenação de Atanásio, o bispo de Roma foi preso e levado à corte imperial em Milão (STEVENSON, 2015, p. 21). A narrativa de Atanásio (Hist. Ar. 34–41) deixa suspeitas ao destacar a imagem de Libério como um herói que resistiu às investidas de Constâncio, visto que algumas cartas de Libério durante o exílio invalidam essa construção de Atanásio. Exilado na Síria sob a vigilância do bispo ariano Demófilo, Libério admite em sua carta que foi persuadido por Demófilo e assinou a condenação de Atanásio e a declaração da fórmula eusebiana. Stevenson (2015, p. 21) aponta que a condescendência de Libério ao assinar a condenação de Atanásio e declarar o credo ariano como ortodoxo estava mais ligada ao fato de o bispo temer a perda de privilégios como um bispo de Roma do que às suas diferenças teológicas.
Em 356, Constâncio seguia a sua agenda de suprimir seus inimigos políticos – ou seja, aliados de Atanásio – por meio do banimento. Contudo, o baixo comparecimento no Concílio de Milão em 355 fez com que a condenação de Atanásio não fosse assinada pela quantidade necessária de bispos. Constâncio, com o intuito de conseguir as assinaturas dos bispos da Gália, enviou bispos da corte para um dos sínodos bianuais de Beziérs. Hilário de Poitiers, intitulado pela literatura cristã posterior ao quarto século de "Atanásio do Ocidente" (BARNES, 1992, p. 129), foi exilado durante o concílio de Béziers junto com Rodânio de Toulouse pelos mesmo motivos que os bispos anteriores haviam sido banidos: a recusa à subscrição da condenação de Atanásio. Crouzel (1976, p. 141) afirma que a condenação de Hilário ocorreu por iniciativa dos bispos da Gália, liderados por Saturnino de Arles e apoiados por Valente e Ursácio, os bispos enviados por Constâncio II. Assim como Paulino de Trier e Dionísio de Milão, o bispo de Poitiers foi enviado para a Frígia, região em que os bispos eram majoritariamente contrários à fé nicena e à figura do bispo de Alexandria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma visão panorâmica dos principais casos de banimentos de bispos durante o governo de Constâncio II aponta para Atanásio como o centro de suas políticas de exílio. O bispo de Alexandria, exilado por cinco vezes em seu episcopado que durou 45 anos, era visto pelo imperador como um inimigo do Estado e causador do caos nas comunidades cristãs. A persistência de Constâncio em condenar Atanásio por meio da persuasão dos bispos nicenos ocidentais é retratada em Historia Arianorum, na qual ele constrói a representação de Constâncio como o precursor do Anticristo, assim como fez Hilário de Poitiers em Contra Constantium.
Os erros cometidos nos exílios dos bispos Paulo e Atanásio ensinaram lições importantes sobre como o imperador deveria agir no banimento de figuras populares e com uma grande rede de aliados. No caso de Atanásio, as tentativas de condenação ao exílio foram continuadamente revogadas e suprimidas pela imensa rede de apoio que Atanásio construiu no Ocidente, principalmente na região das Gálias, onde o bispo de Alexandria já havia sido exilado em 335. Além disso, o retorno de Atanásio à Alexandria em 337 demonstrou para Constâncio que uma vez que um bispo tinha uma ampla base de apoio e poder, ele não poderia ser devolvido à sua sé original, onde poderia utilizar de sua influência pastoral para fomentar uma oposição à figura do imperador.
O exílio de Paulo de Constantinopla, por sua vez, ensinou a Constâncio que não bastava apenas retirar bispos populares de suas sés e regiões de influência, mas também selecionar cuidadosamente um destino distante de potenciais aliados, bem como acompanhar o cotidiano e as possíveis tentativas de comunicação com outros bispos, como foi o caso de Hilário de Poitiers (GIRARDET, p. 90, 1974; STEVENSON, 2015, p. 27). Além disso, Paulo de Constantinopla havia sido eleito bispo por um concílio, deposto imediatamente depois por outro concílio, defendido por um terceiro, reintegrado por um quarto e posteriormente deposto e exilado. Esse caso, além de demonstrar que Constâncio não respeitava as sentenças conciliares de deposição, evidenciou a dificuldade do imperador em conseguir uma efetiva rede de bispos que atuassem em seu favor dentro das reuniões episcopais nos primeiros anos de seu governo.
Longe de encaixar-se na imagem de um imperador religioso fanático, Constâncio emerge como um político que inovou e foi gradativamente tornando-se pragmático em relação aos bispos, adaptando-se às novas circunstâncias exigidas durante o seu governo e não apenas reafirmando os precedentes que Constantino havia estabelecido anteriormente, como afirmou Barnes (1993, p. 132). Os esforços do imperador para exilar os bispos a partir de 355 apontam para uma estratégia política em evolução, na qual as redes de sociabilidades estabelecidas entre o imperador e os bispos não-nicenos ocidentais – em destaque Valente, Ursácio e Saturnino de Arles - foram decisivas para que a agenda político-religiosa de Constâncio fosse perpetuada dentro dos concílios. Além disso, as redes de sociabilidades estabelecidas entre os nicenos passaram a ser vistas por Constâncio como potencializadoras da oposição à sua imagem e da defesa de Atanásio e, a partir disso, o imperador começou a agir na dissolução das redes de bispos atanasianos por meio da deposição dos mesmos.




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