A Symphonia Camoneana de Ruy Coelho — um centenário despercebido

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EDWARD LUIZAYRES D'ABREU

desconfiada e indiferenter?. Atâmbém comparação com os _ aproximação aos - seus "colegas" "modernistas,'r3 na pintura

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literatura, que alguns âutores elogiam,4, tornam-se tanto mais caricatas quanto inexistentes são quaisquer indícios de contâcto estético, ideológico ou sequer pessoal entre o compositor e os

4?2=?:;.+4=,Zr. Como não pudesse atribuir âs mesmas ambições a grande parte dos seus contemporâneos. pouco ficamos a saber a respeito da obra de Ruy Coelho, até porque o autor termina o apontamento com uma verdade de La palisse, >r. Até hoje, os diversos textos que chegam a citar o compositor caido em d,esgrcLça pouco ou nada acrescentâm a este (cles)conheci_ mento acritico e indocumentado. ,-3"**-

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âr?é*r4-*r,}-e- *?,-.égÇ-,-?á.*?_*_rhema propó_

sito deste caso. consiste na consagraçâo de Luiz de Freitas

Branco (r89o-r955) como '"introdutor," do ',modernismo,. na música portuguesa, ideia que vem sendo repetida pela musico_ grafia tradicional? e que em termos práticos consiste na atribui_ ção do dom da agitação das artes e das ideias a um arquivo_

mofto. De facto, as suâs obras ditas exemplares

"modernismo". como as TentaÇões fle

Sao

deste Frei Gí\, o Quarteto. o

Cíclo Maeterlínckiano (4). Vath,ek e Doíspoemas d,e Mallarmé. são estreadas, respectivamente, em 19285, de novo ry286, ry5o7 , 19618 e 19839. Z Z-ZaZ+ *-v-éé *ç=r*í-*?4{,{*Éé"*Z ,é":*ZS=.*aa lembra ainda efeitos

próximos )11, com o que parece aproximar se de uma inovadora análise de singular latência sinestésica.

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,Zê.**érA Z+*&ae* que Freitas Branco nos rào ervado ora de fulgor "romântico,,. ora de brio ..classi_

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tudo sempre entre virgulas-altas, recomende_se

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' r r_,âr'ece sobrar de "modernista" para além dos debuss,r,sÍos r:: rr r-,.roS de }ííroges. em r911, dos _Dez prelúclíos, estreados - - . = ,ir Pttraísos Artífi"cr.ais, poema sinfónico estreaclo em - . . .,,.a r,bra e. pois. segundo a tradição" a peça funda_ i ,r:- . lrrir.io do 'modernismo,'em portugal... mas é --

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vangu.ardistas da sua geração.

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BêgÉã,Â6§@

*&6Trsffia de um manuscrito inédito

reescrever a História do que foi oerbo e não gaveta? E pode uma go,veta contrariar um verbo apatentemente alheio às investidas dos seus contemporâneos, assumidamente filiado no Integra_ lismo Lusitano, declaradamente useiro e vezeiro de uma hnfr;a_ gem tonalíssima e tradicionalíssima em tantas outras obras da mesma época, anteriores e posteriores? Se não, seriabastante o

hoje célebre poema sinfónico, independentemente do

seu

impacto, com a sua famosa sobreposição dos acordes de láb maior e dó maior nos compassos frnais, a sua sintaxe pseudo-modal e a sua orquestração dita impressionista, para, enfim,

coroar o seu autor com os iouros gloriosos e exclusivos da van_ guarda porhrguesa?

6ama* *esriLru?€r qskyÂttqânÉyGe e sem mais delongas, se em conflito histórico nos não surgisse, com a sua aura rebelde de enfant terible, o controverso e inquietante nome de Ruy Coelho. É certo que a compreensão do qrl1 for"- os ânos dez do século K na música portuguesa e, muito especialmente, do que foi a "introdução" do "modernismo', não se esgotam na aqui esbo_ çada relativização do caso Freitas Branco - relativizaqão apenas. afinal, de uma narrativa póstuma -, nem na sua contraposição superficial com o caso Ruy Coelho cuja clarificaçao sO sára possivel depois de reconstituidos estes mitificados percursos biográficos e artísticos. Dada a profusão de dados que têm sido descobertosrS - os quais reforçam a necessidade de um esfudo meticuloso e global sobre as questões levantadas, de cuja análise o autor deste texto publicará resultados durante o próximo âno,6 - e porque estes breves apontamentos não servem senão para assinalar o despercebido centenário d,a Symphonia Camoneona. reservemos as necessárias conclusões para data posterior e perscrutemos alguns aspectos desta obra singular.

e {$*sfr§pçÃe & pÂffiT§Tijffie § sa}e Fm*FÊ?r§e ve{eçÃo

ftuv {axls.ão Ésy[i6&i., §fd *cm[.Iffi durante um período

de

cerca de quâtro anos, entre t9o9 e r9r3. Em data ainda não con_ firmada passa por Paris, onde contacta com paulVidal e conhece.

dentre outras personalidades que o marcariam de forma espe_ cial, o excêntrico Santa-Rita pintor. Na Alemanha esfuda com Max Bruch e Engelbert Humperdinck, estúltimo tam_bém pro_ fessor de Freitas Branco, que visitou aquela cidade prru

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breve e decepcionante estadia de pouco mais de quatro meses _ tendo então assistido, com Vianna da Motta, a 3o de A_bril de

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de Julho de

r9r3

r 9 r o, à entusiástica estreia berlinense da SonatarT p ara violino e piano de Ruy Coelho, como nos relata alllustraçdo Portugtezatq.

& pmrr*eame

ã&ffiücro que nos dá conta da composição do que se supõe ser a Camoneana é - nos revelado em cartâ,g ao seu amigo

Francisco Fernandes Lopes (rBB4-t969), . *e gmmíeeag sH6q#grdãEÉ mew#*Âffi-§E através da correspondência entre Ruy Coelho e o autor do argumento da sinfonia, Theophilo Braga (r 843 - r gz4)r,, incansável paladino das come morações do tricentenário de Camões, em rBBo, a propósito das quais vários compositores homenagearam o poetazz. À parte estas obras circunstanciais:3, sublinhe-se ainda a índoIe camorneana da Eçocaçã,o dos Lusíad,as, em fi97, e da sínfonía A Patna de Vianna da Motta, em r9o8 - esta última sendo com toda a certeza do conhecimento (e da crítica implacável) do jovem Ruy Coelhoz4. O que fez com que Theophilo, quase meio-século mais velho que o autor da Camoneana, se juntasse ao novel compositor para tão peculiar projecto?

'-.r.?'-r'',.:,,:,::.:;,:.:-,t--.-,:,..1 -

-.. --. -- lr r.l:tr:-- l= l--.t-,., t 1',1 t,:t,t' -:. r,-t.r,,, t|frtrade apc,i,:, ;.-,. ..r r,i.'. i. ii-,r. i r.j-,,tlilà ii já c, pianrt de uma obia 7.'t"-,57.=?--'7j?..-'zL?z-'.:.'11:21

Limatlesa,-l;t

:tIiL, lttar i:r:rniiada-1,ltr,,'-a,lr Lui7i,]er. tenta qr1e. segundo The,rphrlo. .. 1...1 ern nenhurla fórma de arte pode sertratado mais cornpleto e grandiosamente do que em musica [...] >ze . As cartas sucessivas atestam o entusiasmo de Theophilo por uma obra profética que se vai desenvolvendo gradualmente e para a quai contribui com a discussão do seu plano programático. O dom messiânico é-nos publicamente declarado nas notas de programaz7. quando Theophilo, citando o compositor. Iembra que, >. Êug 6gg*mm *, 16r§, rtrssr,ã?ÂF*eru?§, a promessa de solução para o que Theophilo considerava ser um lugar ainda vacante no panteão lusíada, que se esperâ preenchido, em pleno século K, quando todos os outros se consagravamjá num firmamento de há séculos. Deposita-se em Coelho a dupla missão de completar - depois dos profetas primevos e do Poeta máximo - o panteão íl

Crrec rivtno s seterúro

?or3

Iano ernEuríco, o Presbiterot Cf. Diário de Fernando Pessoa, a zr de \{arço de r9r3. 4l Llma r-ersào tmncada. simplifrcada e abrer'lada terá sido interpretada e gravada muito mais tarde. sendo para o caso irrelevante dada a sua distância do original. +1

48

(Os.oro.

fo.r-

ensaiados porAltonio Jovce.) t um cornposÍtor célebre. LlYraria Brazileira de Monteiro

4s COELHO, Ruv, Cartro

& C.a. r9r5. p. B relaçào entre Ruv Coelho e Pedro Blanch deteriorou se mas o grupo de amigos do primeiro tenia depois iuúá-los para um noro projecto que. âparentemente. não terá r.ingado . \tja se o maniíesto clirigido ao \risconr:le rle S. Luiz de Braga e a Pedro Blanch a favor da erecuqào de ttu,{rrnr o o o-s Sol dtdos de Pottugul (a propósito da Grande Guerra de r9r3 r9r8?). tarnbétn soble poenu de Tiieophilo Braga,
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