A tecnologia como instrumento de mediação no Facebook de Anistia Internacional Brasil durante a Copa do Mundo

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A tecnologia como instrumento de mediação no Facebook de Anistia Internacional Brasil durante a Copa do Mundo

Adriana Cedillo Morales Moreira
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Resumo
Este trabalho faz uma análise sobre o emprego da tecnologia como instrumento de mediação entre Anistia Internacional Brasil e os internautas, a partir dos posts da página do Facebook da organização, de 12 de junho a 13 de julho de 2014. Para tal pesquisa foram abordados estudos na área de Comunicação e Tecnologia como Orozco (2003), Wolton (2007), Castells (2004) e Barbero (2003.) A metodologia adotada foi a Análise de Conteúdo, que possibilitou enquanto resultados as descrever as possibilidades comunicativas geradas a partir do suporte tecnológico Facebook.

Palavras-chave: Tecnologia, Comunicação, Protestos Sociais.
Introdução
Pensar o emprego da tecnologia como instrumento de mediação entre o ativismo e a sociedade é uma das mostras mais empíricas para defender algumas ideias que os otimistas tecnológicos têm defendido, pois isso permite criar uma ponte entre a comunicação que procura um mundo mais justo, equitativo, ecológico, entre outros, e os internautas que buscam formas de articulação para manifestar suas posições ou realizar algum tipo de trabalho pela transformação social.
Neste sentido, o presente trabalho é uma análise sobre como a organização não governamental Anistia Internacional Brasil (AI) empregou a sua página de Facebook para difundir informações e interagir com os internautas sobre os protestos que se realizaram em torno à Copa do mundo, de 12 de junho a 13 de julho de 2014. AI é uma organização independente, política e economicamente, que luta pelos direitos humanos no Brasil e no mundo, e atualmente conta com mais de 3 milhões de pessoas em mais de 150 países (AI, 2014.)
Assim, busca-se analisar como a tecnologia, neste caso uma rede social digital, foi empregada como um instrumento de mediação comunicativa entre Anistia Internacional Brasil e os cidadãos, internautas de Facebook, durante as datas citadas. O método de análise empregado é a análise de conteúdo (AC), porque é um procedimento que permite reduzir a complexidade de uma coleção de texto pela classificação sistemática, transformando uma grande quantidade de material em indicadores (BAUER, 2003, p. 191). Ao possibilitar a sistematização e objetivação do conteúdo das mensagens, a AC permitiu que fosse possível uma análise quantificada das características do texto. O ponto de partida de uma AC é a mensagem, e ao empregar essa ferramenta de análise, criam-se inferências para testar as hipóteses da pesquisa.
As categorias criadas para a Análise de Conteúdo estão diretamente relacionadas com o objeto da pesquisa, que, neste caso, é a página do Facebook da organização. As variáveis empregadas são o Tema do post, os Tipos de Interações dos internautas e a Fonte multimídia. Estas serão aprofundadas mais adiante.
O corpus de dados analisado é composto por 67 posts publicados na página de Facebook de Anistia Internacional Brasil de 12 de junho a 13 de julho, período da Copa do Mundo, o qual caracterizou-se por ter presença de manifestações sociais nas principais cidades do Brasil, contra o evento desportivo. Poucos meses antes do início da Copa do Mundo 2014 no Brasil surgiu o movimento conhecido como Não vai ter Copa, que foi uma forma de protesto contra o gasto nas construções de estádios e estruturas para abrigar o evento desportivo (FSP, 2014.)
Aos poucos e à medida que a Copa do Mundo se aproximava, cresceram os protestos e manifestações nas ruas do Brasil. Os movimentos contra a realização do Mundial no país, ganharam milhares de adeptos que durante a Copa das Confederações tinham se manifestado também contra o evento. Em pouco tempo, a página Movimento Anti-Copa de Decoração de Ruas foi criada no Facebook, atingindo mais de 15 mil curtidas em aproximadamente um mês (O TEMPO, 2014.)

Esta pesquisa é dividida em três partes. Primeiramente é apresentado um breve desenvolvimento teórico sobre a comunicação, mediação tecnológica e movimentos sociais na Internet, através de autores como Orozco (2003), Wolton (2007), Castells (2004) e Barbero (2003). Na segunda parte deste trabalho, são apresentados os dados empíricos da página da Anistia Internacional Brasil, identificando as frequências das variáveis estudadas. Nesta parte, realiza-se uma análise interpretativa dos dados obtidos. Finalmente, apresentam-se as considerações finais.

Comunicação, mediação tecnológica e solidariedade global
Quando Orozco (2004) fala sobre as mudanças tecnológicas que o mundo viveu nas últimas décadas, expõe a importância de pensar que a comunicação sofreu também câmbios no sentido de adquirir um novo instrumento para veicular as mensagens. Para ele, as mudanças tecnológicas supõem transformações substantivas nas práticas sociais que geram, dentro das quais logo têm lugar. Estas práticas comunicativas contêm alguns componentes dos quais se destacam dois: a sociabilidade e a ritualidade (Martín-Barbero, 1990, cit. em OROZCO, 2004:86.)
Esta sociabilidade pode ser afetada também, e de maneira importante, por uma mudança na tecnologia ou no meio de referência. De fato, numa grande mudança de época como a atual, a tendência vigente é a de afetar desde o tecnológico até quase todas as demais dimensões da vida individual e coletiva. O que eu prefiro chamar "mediação tecnológica" impacta claramente de variadas formas tudo aquilo que toca. Não se trata de negar nem diminuir ou simplesmente relativizar esse impacto. Trata-se de vê-lo como um impacto importante, mas que necessariamente compete com outros, em situações diversas, em diferentes cenários cujas consequências não são só causadas por ele (OROZCO, 2004:86.)

Esta última ideia de "mediação tecnológica" é muito significativa para a análise aqui desenvolvida, pois esta é uma característica dos tempos atuais, e a comunicação como processo quanto área científica não está isenta daquela mediação. Neste sentido, Orozco (2004) enfoca-se na sociabilidade que, aponta, "está sendo mais afetada com as determinações introduzidas pelas mudanças tecnológicas, já que, como afirma Echeverría (1999), os novos serviços on line pressupõem novas dependências dos usuários. Para exercerem com liberdade suas diversas "interatividades" eles têm de se conectar às grandes redes e infraestruturas, as quais não administram nem controlam, nem tampouco criam (OROZCO, 2004:88.)
Originalmente, o conceito de mediação no âmbito da comunicação social foi apresentado como propriedade exclusiva dos meios (Martín Serrano, 1982). Em inglês ou francês é mais simples ver esta derivação de mídia: "media-tion". Posteriormente para Martín Barbero (1987) usou o conceito com outra intenção e para significar a descentralização da comunicação das mídias, o que ele chamou de midiacentrismo neste campo de estudos. A cultura, então, veio a ser assumida como a mediação principal ou "mediação com maiúsculas" e posteriormente derivou em diversas mediações mais específicas (OROZCO, 2004:88.)
Para este autor entender o jogo atual da mediação pressupõe como ponto de partida abandonar a ideia de que as mediações vêm só de meios de comunicação tradicionais e que são de uma certa maneira, uma extensão deles. Portanto, é preciso entender as mediações como processos estruturantes que provêm de diversas fontes, incidindo nos processos de comunicação e formando as interações comunicativas dos atores sociais (OROZCO, 2004:88.)
Neste sentido, pode-se colocar a Internet como parte dos instrumentos tecnológicos que fazer parte desta mediação, no sentido mais material quando se fala do instrumento, e no sentido comunicacional quando se fala como mediador. Para Castells (2003) a Internet tem essas características e outras quando expõe que é um instrumento que desenvolve, mas que não muda os comportamentos; ao contrário, os comportamentos apropriam-se e potencializam-se a partir do que são. Isso não significa que a Internet não seja importante, mas os comportamentos que mudam a Internet (CASTELLS, 2003, 273.)
O autor vai além quando fala sobre os movimentos sociais e a manipulação comunicativa através da web, ao referir-se à Internet como um meio que não muda a sociedade, mas que é um reflexo sobre as posturas, visões e valores da mesma e portanto, os internautas não são tão facilmente manipuláveis. A bandeira de organização, comunicação e afirmação de um certo valor tem que ser estabelecida em termos do que se quer ser, pois os movimentos sociais que se constituem o fazem em torno daquilo que dizem ser, não se constituem de forma manipulada, atraindo pessoas para o que não são. A manipulação pode até acontecer, mas, em geral, manipulações não costumam prosperar (CASTELLS, 2003: 278)
Uma das características (dos movimentos sociais na Internet) é que, cada vez mais, o poder funciona em redes globais e as pessoas têm suas vivências e constroem seus valores, suas trincheiras de resistência e de alternativa em sociedades locais. O grande problema que se coloca é como, a partir do local, se pode controlar o global; como a partir da minha vivência de minha relação com o mundo local –que é onde estou, onde vivo-, posso opor-me à globalização, à destruição do meio ambiente, ao massacre do Terceiro Mundo em termos econômicos? Como fazê-lo? A Internet permite a articulação dos projetos alternativos locais através de protestos globais, que acabam aterrissando em algum lugar, como por exemplo em Seatle, Washington, Praga, etc., e que constituem, se organizam, se desenvolvem a partir da conexão da Internet, ou seja a conexão global de movimentos locais e de vivências locais. A Internet é a conexão global-local, que é a nova forma de controle e de mobilização social em nossa sociedade (CASTELLS, 2003, 279.)

Outra ideia sobre a Internet e a sociedade é a que desenvolveu Wolton (2007) numa perspectiva bastante crítica ao questionar as desigualdades sociais que gera seu uso, além de expor quais seriam as possibilidades que esta ferramenta teria para o futuro no sentido de construir uma sociedade mais articulada, mais comunicada. Em um mundo desprovido de utopias, onde o fim do comunismo apenas confirmou a vitória de um capitalismo que não tem nada mais a propor do que uma sucessão imprevisível de crises e fases de expansão. Por que não procurar outras fontes de solidariedade? (WOLTON, 2007, p. 88.)
A Net tem se tornado o suporte dos eternos sonhos por uma nova solidariedade, mesmo sendo, infelizmente, um pouco triste constatar a defasagem a qualidade das utopias e as atuações terrivelmente eficazes dos mercadores do templo, destas indústrias que instalam uma infraestrutura muito distante deste ideal de solidariedade (WOLTON, 2007, p. 88.)
Wolton (2007) coincide com Castells ao apontar que a Internet não muda a sociedade, pois a sociedade tem conhecimentos prévios que poderia empregar através da Internet e não precisamente adquirir através da rede. Para este autor "o limite é a competência". O acesso a "toda e qualquer informação" não substitui a competência prévia, para saber qual informação procurar e que uso fazer desta. Se é necessário não confundir novas técnicas e nova cultura, pode-se contudo salientar que este novo suporte facilita uma expressão cultural e de linguagens ainda em gestão, mas ainda é muito cedo para saber se serão finalmente uma ruptura cultural importante (WOLTON, 2007, p. 87.)
Nesta ordem de ideias, Barbero (2003), estuda os chamados fenômenos de globalização comunicativa. O autor afirma que o que está em jogo hoje é uma profunda mudança no sentido da diversidade. Até pouco tempo atrás a diversidade cultural foi pensada como uma heterogeneidade radical entre culturas, cada uma enraizada em um território específico, dotadas de um centro e de fronteiras nítidas (BARBERO, 2003:60.)
Qualquer relação com outra cultura se dava como estranha/estrangeira e contaminante, perturbação e ameaça, em si mesma, para a identidade própria. O processo de globalização que agora vivemos, no entanto, é ao mesmo tempo um movimento de potencialização da diferença e de exposição constante de cada cultura às outras, de minha identidade àquela do outro (BARBERO, 2003:60.)
Assim, a mundialização da cultura reconfigura também o sentido da cidadania, Barbero (2003) faz uma metáfora para explicar que a cidade passa a ser um caleidoscópio de padrões, valores culturais, línguas e dialetos, religiões e seitas, etnias e raças. Distintos modos de ser passam a concentrar-se e a conviver no mesmo lugar, convertidos em síntese do mundo" (O. Ianni). Ao mesmo tempo, aponta o surgimento de uma figura de cidadania mundial (W. Kymilcka), que inaugura novos modos de representação e participação social e política, pois também as fronteiras que constrangiam o campo da política e dos direitos humanos hoje não são apenas pouco nítidas, mas móveis, carregando de sentido político os direitos das etnias, das raças e dos gêneros (BARBERO, 2003:62.)
Como assinalou J. Keane, existe uma esfera pública, como mostram as organizações internacionais de defesa dos direitos humanos e as ONGs que, a partir de cada país, fazem a mediação entre o transnacional e o local. No esforço para entender a complexidade das imbricações entre fronteiras e identidades, memórias amplas e imaginários do presente, adquire todo o sentido a imagem/metáfora do palimpsesto: esse texto em que um passado apagado emerge tenaz, embora nebuloso, nas entrelinhas que escrevem o presente (BARBERO, 2003:61-62.)
Um aspecto muito importante sobre as possibilidades que a Internet deu aos internautas nos últimos anos e, que os autores citados, ainda não tinham estudado ao longo das suas pesquisas, foi a interatividade das redes sociais que veio a mudar o cenário comunicativo do século XXI, pois anteriormente as mídias tradicionais somente permitiam ter uma comunicação vertical e não dialógica, como agora admitem as redes sociais como Facebook ou Twitter. Assim, hoje em dia essas redes funcionam como ferramentas comunicativas para os jornais ou as organizações, gerando possibilidades de participação cidadã através da web.
Nos últimos anos, as redes sociais na Internet tem cobrado força como uma ferramenta no jornalismo, o qual tem tido que se adaptar à rápida evolução e influência da web na vida cotidiana. Canavilhas (2011) expõe que com o acelerado crescimento dos chamados Social Mídia os meios de comunicação tiveram que cambiar, melhorar seus sites web e oferecer aos usuários a possibilidade de fazer comentários. Neste sentido, Aroso (2013, p. 6) recorre a Catarina Rodrigues para explicar que "o número de utilizadores de redes como o Twitter e o Facebook permite equacionar questões fundamentais no jornalismo como o relacionamento com as fontes, a ampliação, valorização e distribuição de conteúdos, a fidelização dos leitores e a velocidade informativa" (RODRIGUES cit. em AROSO 2013, p. 6.)


Análise dos posts
Ao todo, foram analisadas nesta pesquisa 67 postagens publicadas no Facebook. Essas postagens são na sua maioria pronunciamentos sobre algum fato relacionado ao tema dos direitos humanos, tanto no âmbito nacional como internacional. Como já mencionou-se anteriormente, três variáveis foram criadas para realizar a análise. A primeira é o Tema do post, que identifica o assunto predominante na mensagem divulgada e está dividida em quatro categorias: 1) Protestos Sociais no Brasil, 2) Nacional, 3) Internacional e 4) Outros.
A segunda variável é Interação: a) Curtidas, possui um nível de interação baixo devido a que unicamente demonstra um interesse pela publicação do jornal; b) Comentários, possui um nível de interação médio ao realizar uma retroalimentação dos conteúdos do jornal, e c) Compartilhamentos, possui um nível de interação alto, pois se efetua uma reprodução dos conteúdos do jornal e, em alguns casos, produzem novos conteúdos quando o compartilhamento vai acompanhado de um comentário do usuário. Finalmente, a terceira variável é Fonte multimídia que é o tipo de fonte digital que emprega o post; está dividida em 1) Fotografia, 2) Vídeo, 3) Link.
A tabela a seguir mostra quais são os temas que apareceram com maior frequência durante a Copa do Mundo. Como é possível observar o tema que teve uma maior divulgação foi o Internacional que ocupou um 40,29% dos posts, enquanto que Protestos pela Copa do Mundo foi outro tema com uma aparição significativa com 35, 82%. Por outro lado, os temas com menor frequência foram o Nacional (14,92%) e Outros (8,95%) (Ver tabela 1 e gráfico 1.)
Tabela 1. Frequências de temas divulgados pelo Facebook de Anistia Internacional Brasil.
Tema
Frequências
% Frequências
Total


Protestos pela Copa do Mundo


24


35,82%

67 posts do Facebook de Anistia Internacional Brasil
100%
Nacional


10
14,92%

Internacional


27
40,29%

Outros

6
8,95%



Gráfico 1. Porcentagens de temas divulgados pelo Facebook de Anistia Internacional Brasil.


Uma outra tabela mostra a análise sobre a segunda variável, que é a Interação dos internautas com os temas dos posts. Atualmente a página do Facebook de Anistia Internacional conta com 86.476 seguidores. Nesta parte da análise, foi possível identificar que, embora que o tema Internacional foi o mais divulgado pela organização, foram os Protestos pela Copa do mundo aqueles que geraram uma maior interação e portanto, interesse dos usuários.
Tabela 2. Frequências e médias de interações dos usuários com os temas do Facebook de Anistia Internacional Brasil.
Tema
Curtidas
Média
Comentários
Média
Compartilhamentos
Média
Protestos pela Copa do Mundo
34443

1435,12
4134

172,25
57432

2393
Nacional

7465

311,04

774


32,25
9050

377,08

Internacional

10155


423,12

531


22,125
8620

359,16

Outros


1469

61,20

27


1,125
518

21,58

Total
53532

5466

75629


Assim, o tema Protestos pela Copa do Mundo tem 34443 curtidas (64.34%), 4134 comentários (75,63%) e 57431 compartilhamentos (75,94%). Os temas Internacional e Nacional tiveram interações variadas, pois o primeiro mostrou 10155 curtidas (18,96%), 531 comentários (9,71%) e 8620 (11,39%) compartilhamentos, enquanto que o segundo teve 7465 (13,94%) curtidas, 774 (14,16%) comentários e 9050 (11,96%) compartilhamentos. Outros temas ficaram com os percentuais menores ao ter 2,74% das curtidas, 0,49% dos comentários e 0,68% dos compartilhamentos (ver Gráfico 2 e Tabela 2 e 3.)
De acordo com os dados analisados, é bastante perceptível que o tema dos protestos sociais em torno à Copa do Mundo foi um tema que gerou interesse e participação entre os usuários do Facebook que seguem a página da Anistia Internacional Brasil, muito mais que outros temas difundidos pela organização. E que, no caso dos compartilhamentos, deram a possibilidade de divulgar entre muitos outros internautas.


Tabela 3. Porcentagens das interações dos seguidores do Facebook de Anistia Internacional Brasil com os temas.
Tema
% Curtidas
% Comentários
%Compartilhamentos
Protestos pela Copa do Mundo
64.34%
75,63%
75,94%
Nacional

13,94%
14,16%
11,96%
Internacional

18,96%
9,71%
11,39%
Outros
2,74%
0,49%
0,68%

Gráfico 2. Porcentagens de interações no Facebook de Anistia Internacional Brasil.


Finalmente, analisou-se a variável Fonte Multimídia que permite ver qual foi o suporte digital que empregou Anistia Internacional Brasil para divulgar as informações sobre os temas expostos. Assim, podemos observar que, em primeiro lugar, todos os posts contam com algum tipo destas fontes, e que as fotografias foram as que prevaleceram, enquanto que os vídeos e os links tiveram uma presença menor (ver Tabela 4.)



Tabela 4. Frequências das fontes multimídias dos posts de Anistia Internacional Brasil com relação aos temas.
Tema
Fotografia
Vídeo
Link
Protestos pela Copa do Mundo
23
1
0
Nacional

9
1
0
Internacional
20
4
3
Outros
6
0
0

Considerações finais
Primeiramente, é possível concluir que Anistia Internacional Brasil, como organização de defesa dos direitos humanos, realizou um ativismo cibernético permanente durante a Copa do Mundo, através da divulgação de conteúdos sobre os protestos sociais em torno ao evento desportivo, principalmente denunciando casos que transgrediram os direitos civis e políticos dos manifestantes. Assim, permitiu-se identificar o hashtag #Protestonãoécrime em muitos dos posts sobre o tema.
Quando se fala sobre ativismo cibernético, está implícita uma mediação tecnológica que se bem o uso de um suporte tecnológico (neste caso a Internet), poderia resultar comum demais em nossos dias, é bastante importante mencionar sua presença, pois é o emprego da tecnologia que abre possibilidades que anteriormente não tinha o ativismo por si mesmo. Hoje em dia, Anistia Internacional conta com 3 milhões de ativistas em todo o mundo e, de acordo com a página de Facebook do Brasil, pelo menos 86 mil pessoas seguem suas publicações.
Portanto, pode-se afirmar que, embora que a Internet não é um meio que tem conseguido criar um mundo mais solidário e comunicativo, como Wolton perguntou-se em seus estudos, sim é um meio, um veículo que tem permitido articular internautas que tem interesse pelas causas sociais. Neste caso, ao analisar as interações com os usuários permitiu-se observar que os ativistas sociais ou brasileiros que seguem a página da organização, mantiveram bastante interesse pelo tema dos protestos sociais, e muitos deles realizaram compartilhamentos dos conteúdos, o que gerou a reprodução do tema entre mais internautas dos que foi possível medir neste estudo. Este último aspecto é de vital importância porque em décadas anteriores, sem as redes sociais digitais não existiam oportunidades para os internautas de participar no ativismo social mediante estes meios, pois este devia se realizar nas ruas ou através de outros espaços físicos e não virtuais.
Assim, a Internet como as suas possibilidades de mediação tecnológica na sociedade é uma das características mais identificáveis da sociedade atual. No caso das organizações sociais, tanto nacionais quanto internacionais, permite formas de ação e organização. Tal como Castells (2003) já referiu a transmissão instantânea de ideias em um âmbito muito amplo possibilita a coalização e a agregação em torno de valores na sociedade.
Por último, pode-se dizer que a mediação tecnológica atual é um instrumento que facilita as articulações de movimentos globais, que se bem não atingem a toda a sociedade mundial, sim geram oportunidades de difusão, de debate, e vinculações entre as organizações os cidadãos através da comunicação nas redes sociais digitais, o que sem dúvida pode contribuir para a geração de mudanças sociais.
Referências
ANISTIA INTERNACIONAL, Quem somos, disponível em: http://anistia.org.br/direitos-humanos Aceso 14 de setembro de 2014, 14:30
AROSO I. As redes sociais como ferramentas de jornalismo participativo nos meios de comunicação regionais: um estudo de caso, Universidade da Beira Interior, 2013, Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/aroso-ines-2013-redes-sociais-ferramenta-jornalismo.pdf, acesso 20 abril 2014, 20:20:15.
BARBERO J. M., Globalização comunicacional e transformação cultural em MORAES D. (org.) Por uma outra comunicação Mídia, mundialização cultural e poder, Record, Brasil, 2003.
BAUER, M. W. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER, M. W. e GAKELL, N. C. (org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
CANAVILHAS, J. Del gatekeeping al gatewatching: el papel de las redes sociales en el nuevo ecosistema mediático" in Periodismo Digital: convergencia, redes y móviles, 2011.
CASTELLS M., Internet e sociedade em rede em MORAES D. (org.) Por uma outra comunicação Mídia, mundialização cultural e poder, Record, Brasil, 2003.
FOLHA DE SÃO PAULO, 'Não vai ter Copa', Brasilia, 24 de abril de 2014, Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/newyorktimes/163496-nao-vai-ter-copa.shtml Aceso 13 de setembro de 2014, 20:30
OROZCO GOMEZ, G. "Comunicação social e mudança tecnológica: um cenário de múltiplos desordenamentos". In: Dênis Moraes org. Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
O TEMPO, Movimento reúne pichações e arte contra a Copa do Mundo no Brasil, 2 de junho de 2014, disponível em: http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/copa-do-mundo-2014/movimento-re%C3%BAne-picha%C3%A7%C3%B5es-e-arte-contra-a-copa-do-mundo-no-brasil-1.856636 Aceso 13 de setembro de 2014, 18:30
WOLTON, D. Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.










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