A Teia de Penélope: Encontros e Desencontros entre a Arte e o Artesanato na Época Contemporânea
Descrição do Produto
Inês Jorge
31 de Julho de 2016
Estrutura
Justificação do Tema
I. O Artesanato antes do Artesanato. Da
Crescente encanto da manualidade, apesar da aparente supremacia tecnológica, da velocidade e volatilidade da nossa “modernidade líquida” (Bauman 2000);
Techné Clássica à Ruptura Setecentista entre a Beleza e a Utilidade 1. O Artesanato no Enredo das Belas-
Belas-Artes Fine Arts
Artes e da Indústria 2. O Artesanato e o Feminismo no Enredo da Cultura de Elite e da Cultura
de Massas 3. Casos de Estudo: Artistas-Artesãos Contemporâneos
Artes Decorativas Artes menores Artes funcionais
“Persistência do artesanato” (Greenhalgh 2003) que não tem sido acompanhada por um suporte teórico e crítico que a enquadre e valorize historicamente; Subvalorização generalizada no âmbito académico.
•
Odisseia de Homero: tecelagem como metáfora de um acto (feminino) menos ardiloso ou conspiratório do que de resistência, amor e perseverança; Qual é o estatuto e significado do artesanato no âmbito da prática artística contemporânea? De que forma é que o artesanato se foi afirmando ao longo da Época Contemporânea, quer dizer, entre o período da Revolução Industrial e a actualidade?
Penelope and her Suitors, John William Waterhouse, 1912. Colecção da Galeria de Arte e Museus de Aberdeen
Techné
Idade Média Concepção Mental
Execução Física
≠
Artes Liberais
Artes Servis
Ars Renascimento
Século XVIII – fractura arte/ofício
Artista
Artesão
(Kant 1992 [1790], 89-267) – “invenção da arte” – fundação do “sistema moderno das belas-artes” (Kristeller 1951, 496-527; Shiner 2001)
Revolução Industrial
Era Digital
“(…) ao contrário daqueles que possam pensar que devemos definir o artesanato nos seus próprios termos, o artesanato enquanto categoria tem sido relacional desde o início, posicionado entre a produção industrial a montante e as belas-artes a jusante.” [grifo do autor] (Shiner 2012, 230-244)
Artesanato Realidade
“Esquecemo-nos de que a autonomia é um termo diacrítico como qualquer outro, definido em relação ao seu oposto, isto é, à sujeição.” (Foster 2002, 102)
High Art Low Art
Romantismo – “Arte pela Arte”
Socialismo Utópico + Arts and Crafts
Modernismo
Dadaísmo (readymade)
Artesanato
Indústria Werkbund
Primeira reinvenção do Artesanato
“Obra de Arte Total” Artesanato de Ateliê (Gesamtkunstwerk) (Studio Craft) African/Romantic Chair, design de Marcel Breuer e brocado de Gunta Stölzl, 1921
Bauhaus
Decoração de parede, Anni Albers, 1925. Seda, algodão e acetato
Pós-Modernismo Pop Art
Arte Conceptual Minimalismo “Desmaterialização da Arte”
Artesanato de Ateliê “Artesanativismo” (Craftivism) Feminista Cruzamento entre Belas-Artes, Artesanato e Indústria
(Chandler e Lippard 1968) Eliminação dos vestígios da mão
Cloud Series, Lenore Tawney, 1978. Cartão e fios de linho de cor azul
Artesanato de Ateliê Assimilação dos preceitos da História da Arte; Interpretação abstracta dos princípios da prática artesanal; Contestação da repetição, em benefício da originalidade.
Século XXI Expansão (do debate em torno) do artesanato Transversalidade
Especificidade
Práticas Subversivas e Locais
Práticas Mainstream e Humanidade Diversidade Cultural Comerciais Capacidade Autocrítica/ Realidade Envolvente
Progresso Técnico-científico Consumo Excessivo Esgotamento dos Recursos Naturais
Tableau Tablecloth, Maurice Scheltens para Droog, 2005. Algodão e impressão
#38, neoFOFO, 2014. Lã e tricô
Modernismo Conotação da cultura de massas e do artesanato com o feminino
Pós-Modernismo
Arte restrita a certa(s) elite(s)
Dadaísmo-readymade
Aliança utópica entre artesanato e realidade.
Werkbund, Bauhaus
Arte convergente com a vida e aberta às massas
Arte crítica dos dogmas modernos e da dicotomia cultura de elite/massas
Exploração da imbricação entre alta e baixa culturas. Pop Art, Artesanato de Ateliê, “Artesanativismo” Feminista
Linen Closet, Sandra Orgel, 1972
2.2. “Artesanato + O “Artesanativismo” Activismo = Feminista. Um (Novo) Artesanativismo” Lugar para o Artesanato na História da Arte
Pink M.24 Chaffee, Marianne Jørgensen, 2006
Subculturas sociais e artísticas
Mulheres
2.3. “Mudando o Mundo, Ponto por Ponto”: O “Artesanativismo” Actual Mulheres, pessoas LGBT, minorias étnicas e outros cidadãos desfavorecidos - “Comunidades digitais” à escala global
Modernidade e utopia: transformação social
- Espaço público vs domínio amador e doméstico - Projectos colectivos de autoria partilhada
- Conciliação entre autocrítica artística e crítica sociopolítica - Craftsman ≠ Crafter: Prática colectiva, dinâmica e fluida
Que analogias, derivações e enriquecimentos podem surgir a partir da análise destas obras,
África
Olaria
em relação aos assuntos discutidos?
PósColonialismo
Tecelagem
Quais os temas dominantes nestas obras e qual
Manual /Digital
é o papel do artesanato na sua concretização?
Communityspecific
Europa
Quão ambíguo e/ou versátil é o artesanato na prática artística contemporânea?
Vídeo Qual é a posição e o desígnio do artesanato na arte contemporânea?
América do Norte
Género
Local/ Global
Fresh and Fading Memories, El Anatsui, 2007. Alumínio e fio de cobre. Instalação no Palácio Fortuny, para a 52ª Bienal de Veneza
The Blanket / A Manta, Cristina Rodrigues, 2013. Adufes, fitas e rendas entrançadas. Exposição na Catedral de Manchester em 2014
Errant Behaviours, Anne Wilson, 2004. Instalação de vídeo e som, composição sonora de Shawn Decker, animação de Cat Stolen, animação de pós-produção e masterização de Daniel Torrente
Fabricmachine, Kathrin Stumreich, 20092013. Performance, têxteis, aparelho com dois rolos motorizados e sensores de luz
Noção de “artista”
Enquadramento histórico, teórico e institucional
ARTESANATO
Estatuto académico, artístico e social
“Sistema moderno das belasartes”
Legitimação institucional das “artes maiores”
(século XVIII) Exclusão do ornamento
Dicotomias mão/mente, funcionalidade/beleza
Exclusão da mulher
Identidade
Belas-Artes/Indústria
Discussão mão-mente-máquina
Aferir o papel do artesanato em Portugal
Artes Decorativas Criatividade e partilha vs individualismo e alienação
Artistas-artesãos portugueses modernos e contemporâneos
Rever metodologias historiográficas conservadoras
Tapeçaria (pormenor), Sónia Almeida, 2011. Tecido de algodão
“Trabalho afectivo” e auto-emprego vs crescente escassez, precariedade e desumanização laboral Ecletismo e identidade
BAUMAN, Zigmunt, Liquid Modernity, Cambridge: Polity, 2000. BORRIAUD, Nicolas, Relational Aesthetics, Paris: Les Presses du Réel, 2002 [1998]. BRATICH, Jack e BRUSH, Heidi, “Craftivity Narratives: Fabriculture, Affective Labor, and the New Domesticity”, International Communication Association, São Francisco, [Em linha] posto em linha a 8 de Maio de 2013 [24 de Maio de 2007], url: , [consultado em 04-10-2013]. CHANDLER, John e LIPPARD, Lucy, “The Dematerialization of Art”, Art International, vol. 12, nº 2, Lugano: James Fitzsimmons, Fevereiro de 1968, pp. 31-36. FOSTER, Hal, Design and Crime (and Other Diatribes), Londres: Verso, 2002. GREENHALGH, Paul (ed.), The Persistence of Craft: the applied arts today, New Jersey: Rutgers University Press, 2003. KANT, Immanuel, “Crítica da Faculdade de Juízo Estética”, Crítica da Faculdade do Juízo, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1992 [1790], pp. 89-267. KRISTELLER, Paul O., “The Modern System of the Arts: A Study in the History of Aesthetics”, Journal of the History of Ideas, vol. 12, nº 4, Outubro de 1951, pp. 496527. SHINER, Larry, “«Blurred Boundaries»? Rethinking the Concept of Craft and its Relation to Art and Design”, Philosophy Compass [Em linha], Volume 7, Nº 4, Abril de
2012, [consultado em 16-04-2013], posto em linha a 19 de Março de 2012, url: , pp. 230-244. SHINER, Larry, The Invention of Art: A Cultural History, Chicago: University of Chicago Press, 2001.
Obrigada!
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