A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A DIVERSIDADE EM SALA DE AULA

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A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A DIVERSIDADE EM SALA DE AULA De Karen L. Currie, Departamento de Línguas e Letras, UFES Publicado em Letras Por Dentro1, pp 120-126, Vitória, ES: Flor&Cultura, 2004. Organizadores: Pedro J. M. Bisch, Júlia Mª Costa de Almeida e Wilberth C. F. Salgueiro

Resumo: A teoria das Inteligências Múltiplas desenvolvida pelo Prof. Howard Gardner da Universidade de Harvard, E.U.A., não é um assunto desconhecido pela maioria dos professores. Mas poucos procuram incorporar os conceitos da teoria na sua prática a fim de melhorar o processo ensino-aprendizagem. Apesar de reconhecer que seus alunos são “diferentes”, de acordo com todos os fatores sócio-econômico-culturais, o professor precisa encarar a diversidade na sala de aula, aprendendo utilizá-la como um fator enriquecedor no processo ensino-aprendizagem. Este artigo apresenta uma proposta simples para iniciar uma mudança de atitude por parte do professor: trata-se da “identificação” da diversidade na sala de aula. Palavras-chave: diversidade na sala de aula, ensino-aprendizagem, inteligências múltiplas.

Introdução Muitos professores conhecem algo da Teoria das Inteligências Múltiplas apresentada por Howard Gardner no seu livro Frames of Mind, publicado em 1983, e desenvolvida mais tarde de várias formas pela sua equipe na Universidade de Harvard através do Projeto Zero. Poucos professores sabem, entretanto, como aplicar esta teoria na sala de aula para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. No livro The Unschooled Mind (1991: 12), Gardner apresenta alguns dos conceitos básicos de sua teoria da seguinte forma: Eu acredito que todos os seres humanos são capazes de conhecer o mundo, pelo menos, de sete modos diferentes – o que, em outros textos, chamei de sete inteligências humanas. De acordo com esta proposta, somos todos capazes de conhecer o mundo através da linguagem, através da análise lógico-matemática, da representação espacial, do pensamento musical, da utilização do corpo para resolver problemas ou produzir objetos, assim como através da compreensão de outros indivíduos e [através] da compreensão de nós mesmos. Os indivíduos diferem um do outro de acordo com o grau de desenvolvimento de cada inteligência – o que chamamos de perfil de inteligências – e também de acordo com as diferentes maneiras em que as inteligências são invocadas e

combinadas para executar diferentes tarefas, resolver diversos problemas e progredir em várias esferas da vida.

Os professores, de modo geral, sabem que cada turma está composta de alunos que são diferentes uns dos outros. Cada aluno possui suas especificidades sociais, econômicas e culturais, cada um tem áreas de interesse diferentes, expressa-se de forma individualizada e apresenta diferentes pontos fracos e fortes com relação a sua capacidade de aprender, e agora, a partir da Teoria das Inteligências Múltiplas (doravante Teoria MI), os professores estão sendo alertados de que cada aluno apresenta também seu próprio perfil de inteligências. É claro que todos esses fatores precisam ser levados em consideração quando analisamos o processo de ensinoaprendizagem, mas de que forma o professor deve encarar tanta diversidade na sua sala de aula? A sala de aula “tradicional” tende a tratar os alunos como se fossem membros de um grupo homogêneo, com o professor apresentando os mesmos exercícios para todos os alunos na mesma hora, com a expectativa de que produzam as mesmas respostas dentro do mesmo intervalo de tempo. Espera-se que os alunos adquiram o conhecimento fornecido pelo professor, com a ênfase em aulas expositivas baseadas na utilização de linguagem e análise lógico-matemática. A maior parte do conhecimento acadêmico é apresentada para os alunos através de metodologias extremamente limitadas (ou limitantes) e a aquisição deste conhecimento é testada através de avaliações mecanizadas onde as melhores notas são atribuídas freqüentemente aos alunos que demonstram a melhor memória e capacidade de cópia. Howard Gardner contesta esta realidade, dizendo o seguinte (1991: 12-13): [...] o reconhecimento de que as pessoas de fato aprendam, representem, e utilizem o conhecimento de formas diferentes é importante para seus argumentos; [...] estas diferenças oferecem desafios para um sistema de educação que assume que todas as pessoas aprendem os mesmos conteúdos da mesma forma e que uma única medida universal é suficiente para avaliar a aprendizagem dos alunos [...] Ao contrário, eu acredito que um outro conjunto de suposições será muito mais eficaz com relação ao processo ensino-aprendizagem. Os alunos aprendem de maneiras visivelmente distintas. A grande maioria de alunos – e talvez a sociedade como um todo – seria melhor servida se as disciplinas pudessem ser apresentadas de formas diferentes e se a aprendizagem pudesse ser avaliada de diversas maneiras.

Os professores são conscientes da diversidade nas suas salas de aula. Sabem que é importante conhecer seus alunos para poder investir com mais eficiência no processo de ensinoaprendizagem, mas nem sempre sabem qual o conhecimento que seria mais relevante adquirir e de que forma este tipo de conhecimento pode ser obtido ou utilizado. Neste artigo, gostaria de sugerir que a Teoria de Inteligências Múltiplas de Howard Gardner pudesse ser utilizada como um primeiro passo para iniciar uma investigação acerca da diversidade que existe em qualquer sala de aula, de modo a conhecer melhor os pontos fracos e as áreas bem desenvolvidas de cada aluno com relação ao processo de aprendizagem.

Coletando dados sobre as Múltiplas Inteligências na sala de aula Para investigar a possibilidade de utilizar a Teoria MI na sala de aula, apliquei um questionário simples a um grupo de alunos de 1º semestre do curso Letras-Inglês da U.F.E.S. Este questionário está disponível na Internet no endereço http://www.ascd.org/pdi/inven.html. O questionário consiste de 10 afirmações relacionadas a cada uma das sete inteligências propostas originalmente na obra de Gardner de 1983 (a Lingüística, a Lógico-Matemática, a VisualEspacial, a Corporal, a Musical, a Interpessoal e a Intrapessoal). Cada aluno marcava as afirmações com as quais concordava fortemente. Por exemplo, algumas das afirmações relacionadas à inteligência Visual-Espacial são as que seguem:  Quando fecho meus olhos, vejo imagens com freqüência.  Sou sensível a cores.  Gosto de fazer quebra-cabeças, brincar com labirintos e outros jogos visuais. De acordo com o número de afirmações marcadas para cada inteligência, torna-se possível definir um perfil inicial de inteligências para cada aluno e conseqüentemente obter uma visão

geral das diferenças entre os alunos. Entretanto, queremos enfatizar que este tipo de questionário deveria servir somente como um ponto de partida no processo de conhecer os alunos de qualquer turma. A observação constante e a avaliação continuada devem ser utilizadas pelo professor como dois fatores essenciais para a construção, modificação e flexibilização permanentes do processo de ensino-aprendizagem, fornecendo dados que devem alimentar sempre sua atitude de educador / pesquisador. No seu livro The Whole Story: Natural Learning and the Acquisition of Literacy in the Classroom (1988: 122), Brian Cambourne compara o professor alfabetizador a um antropólogo clássico, dizendo o seguinte: [...] o professor se transforma em antropólogo clássico. Como um antropólogo, ele alterna entre observador participante, observador a parte e coletor de artefatos. Às vezes observa os ‘membros da tribo’ de longe, registrando as observações para uma análise posterior. Outras vezes faz perguntas de vários informantes sobre o que sabem e o que pensam e sobre as formas que utilizam para produzir seus artefatos, sempre registrando suas respostas. Seus registros se transformam no seu estoque de conhecimento. Deste estoque de conhecimento, ele tenta construir a realidade de acordo com a tribo ou a cultura que está observando. No caso de um professor alfabetizador que está montando um arquivo de conhecimentos sobre o desenvolvimento do processo da aquisição da leitura e da escrita, a realidade que está investigando deve refletir as modificações constantes que ocorrem através do tempo no conhecimento e na competência dos seus alunos com relação a sua capacidade de ler e de escrever.

Análise dos dados Uma análise dos dados obtidos do questionário é apresentada na Tabela 1. A partir dessa análise é possível identificar áreas bem desenvolvidas e menos desenvolvidas, tanto para cada indivíduo, quanto para o grupo como um todo. Inicialmente, é interessante notar que, em geral, cada aluno registrou um número diferente de afirmações. Por exemplo, aluno nº 23 marcou um número total de apenas 16 afirmações, registrando seu número máximo de pontos (5) na categoria de inteligência Corporal e seu número mínimo de pontos (1) na categoria de inteligência LógicoMatemática. Enquanto o aluno nº 5 marcou um total de 43 afirmações, com um máximo de 9 pontos sendo registrado na categoria da inteligência Musical e o mínimo de 2 pontos na categoria

Corporal, o que demonstra um campo muito mais amplo de registros em comparação com o aluno 23. Apesar da quantidade diferente de registros para cada aluno, é sempre possível identificar um número máximo e um número mínimo para cada um. Em etapa de análise subseqüente, os agrupamentos de registros máximos e mínimos podem ser comparados dentro do grupo. As duas inteligências mais desenvolvidas para este grupo parecem ser a Lingüística e a Musical. Ambas as áreas foram definidas como categoria de maior número de pontos por 9 alunos. A pontuação total do grupo para a inteligência Lingüística é de 123 pontos, e para a inteligência Musical 127 pontos – o maior número total de pontos obtido pelo grupo. Este resultado poderia ser considerado surpreendente, já que os alunos estão estudando línguas e não música. Mas se analisarmos ambas as disciplinas, descobrimos que elas têm muito em comum. Em primeiro lugar trata-se fundamentalmente da comunicação. Além disso, o estudo de línguas envolve o estudo de ritmo, acento e melodia (ou entoação) que são também conceitos básicos para o estudo da música. Assim sendo, talvez os professores de línguas deveriam estar mais conscientes da importância da música, e de estudos relacionados à música, quando montam estratégias de ensino para estimular a aquisição de uma língua estrangeira.

Implicações para o Processo Ensino-Aprendizagem Se qualquer professor pretende experimentar estratégias de ensino baseadas na Teoria MI, ele precisa estar consciente da importância em utilizar as áreas bem desenvolvidas de inteligência para adquirir conhecimento em outras áreas, talvez não tão bem desenvolvidas. Os alunos que apresentam uma área bem destacada com relação às outras, deverão utilizar seu conhecimento naquela área para investir no seu processo de aprendizagem, utilizando o que é mais familiar, uma área de conhecimento onde se sintam mais seguros, como ponto de entrada para áreas menos

favorecidas. Por exemplo, o aluno nº 7 demonstra sua força maior na inteligência Musical, registrando 10 pontos nesta área, enquanto sua pontuação para a inteligência Lingüística é de 6 pontos. Este aluno deve ser estimulado a utilizar seu conhecimento e interesse em música para desenvolver seu conhecimento na área da língua inglesa. Enquanto o aluno nº 19 registrou 10 pontos na inteligência Interpessoal, com uma pontuação de 6 pontos registrada na área Lingüística. Este aluno deveria ter oportunidades de desenvolver seu conhecimento da língua inglesa através de estratégias baseadas na inteligência Interpessoal, participando, por exemplo, em trabalhos de grupo. O aluno nº12 é um caso muito interessante porque sua pontuação máxima (de 9 pontos) é na área Intrapessoal enquanto sua pontuação mínima (de 3 pontos) está na área Lingüística. Neste caso é essencial estimular esse aluno a utilizar sua capacidade de introspecção e auto-análise para investir na sua aquisição de conceitos relacionados à área de Lingüística. Gardner acredita que o processo de aprendizagem funciona com maior eficiência quando vários pontos de entrada são utilizados para explorar conteúdos específicos. Para garantir isto, os professores precisam aprender a flexibilizar a apresentação do material em estudo a fim de criar oportunidades para todos os alunos da sala utilizarem suas áreas de inteligência mais desenvolvidas. É lógico que o professor não deve pensar em estimular todas as áreas de inteligência em todos os momentos de cada aula – seria quase impossível. Mas se o professor estiver familiarizado com o perfil de inteligências dos seus alunos, ele pode utilizar as inteligências que foram identificadas como as mais desenvolvidas para qualquer grupo específico para fundamentar suas estratégias de ensino, estimulando assim um processo de aquisição de conhecimento mais prazeroso e mais efetivo. Por exemplo, de acordo com os dados colhidos a partir do questionário inicial, o professor deste grupo de alunos deve construir suas estratégias de ensino, consciente de que a maioria do grupo tem as inteligências Lingüística e Musical muito bem desenvolvidas.

Entretanto, também é de extrema importância lembrar que existe um pequeno número de alunos neste grupo que não domina bem essas duas inteligências e esses alunos também precisam de oportunidades em sala de aula para utilizar as inteligências de sua preferência durante o curso. Os professores não devem observar somente a pontuação máxima obtida por cada aluno para descobrir pontos de entrada apropriados a fim de garantir uma aprendizagem mais eficaz, também precisam examinar a pontuação mínima de cada aluno para descobrir as áreas de inteligência que precisam de maiores investimentos durante o curso. No seu livro The Unschooled Mind (1991: 13) Gardner se refere ao seguinte ponto: Quando reconhecemos e utilizamos pontos de entrada múltiplos [no processo de aprendizagem] aumentamos as possibilidades de adquirir compreensão. Além disso, a maneira de conceituar a nossa compreensão também é ampliada. Há maiores chances de surgir uma compreensão verdadeira que é reconhecida pelos outros quando as pessoas dominam várias maneiras de representar seu conhecimento de um conceito ou de uma habilidade e são capazes de transitar facilmente de uma para outra forma, entre essas diversas formas de saber.

A pontuação mínima obtida pela maioria dos alunos (12 do total de 25) foi registrada na área de inteligência Lógico-Matemática. Entretanto, várias áreas diferentes apresentam uma pontuação abaixo de cinco para muitos dos alunos. Por exemplo, 19 alunos registraram menos de 5 pontos nas áreas de Inteligências Lógico-Matemática e Corporal, e 18 alunos, nas áreas Intrapessoal e Visual-Espacial, obtiveram os mesmos resultados. Qual o significado das pontuações baixas para este grupo de alunos? Bem, o significado mais importante é que existem muitas oportunidades para um investimento no desenvolvimento da aprendizagem de várias áreas diferentes. Todos os alunos registraram pelo menos 2 pontuações baixas, com 17 dos 25 alunos registrando menos de 5 pontos em pelo menos 4 áreas diferentes de Inteligência. Essas informações podem até servir para desenvolver uma atitude muito mais saudável por parte dos alunos com referência ao processo de aprendizagem. Ocorre freqüentemente na sala de aula, que os alunos identifiquem um pequeno número de “estrelas” na

sala, alunos que são considerados os “melhores”. Mas se os dados colhidos no questionário MI são analisados pelo grupo todo, deve ficar óbvio para todos os alunos que cada pessoa na sala possui áreas de inteligência menos desenvolvidas e mais desenvolvidas. Infelizmente, existem várias áreas de inteligência que normalmente não são exploradas numa sala de aula tradicional de línguas, mas se o professor tentar flexibilizar suas estratégias de ensino, acessando a matéria em estudo de forma diversificada, os alunos certamente perceberão que os “melhores” alunos detêm áreas de inteligência não tão bem desenvolvidas, enquanto que os alunos aparentemente “fracos” apresentam algumas inteligências muito bem desenvolvidas. Através da flexibilização das estratégias de ensino, e conhecendo melhor os alunos na sala de aula, deve ser possível investir no processo de aprendizagem de forma muito mais construtiva e cooperativa a fim de garantir resultados cada vez melhores.

Referências Bibliográficas CAMBOURNE, Brian. The Whole Story: Natural Learning and the Acquisition of Literacy in the Classroom. Aukland (N. Zelândia): Ashton Scholastic, 1988. GARDNER, Howard. Frames of Mind. Londres: Paladin Books, 1985. _________. The Unschooled Mind. N. Iorque: Basic Books, 1991.

Anexo: TABELA 1

Perfil das Inteligências de um grupo de alunos do Curso Letras-Inglês / U.F.E.S. Número Lingüística Lógicodo aluno Matemática

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Nº Total de pontos Resumo Final

Visual / Espacial

Corporal

Musical

Interpessoal

Intrapessoal

Total Nº de Pontos

03

03 # 01 # 04 04 07 * 05 * 07 03 * 07 * #0# * 03 * 04 04 04 06 03 04 06 * 10 * 02 * 06 * 04 02 06 03

03 * 03 * 02 02 03 # 04 # 04 04 05 * 04 * * 03 * * 09 * 03 05 06 04 03 * 07 * # 03 # #0# * 06 * 05 02 # 04 # 04

21 15 32 26 43 31 37 28 35 16 19 38 27 33 34 30 24 27 36 23 37 30 16 39 20

108

98

717

* 05 * # 01 # 08 04 06 * 05 * 06 04 04 02 # 02 # # 03 # * 08 * 05 * 08 * 05 * 05 * 04 06 05 * 06 * * 07 * 02 * 07 * * 05 *

# 01 # * 03 * # 01 # 04 08 # 04 # # 02 # # 02 # # 02 # 03 * 03 * 05 04 05 05 06 # 01 # 02 # 03 # * 06 * # 04 # # 03 # # 01 # # 04 # 02

03 02 06 03 08 # 04 # 04 04 05 01 * 03 * 05 # 02 # # 02 # # 02 # # 02 # 04 03 # 03 # 02 * 06 * 05 02 * 07 * # 01 #

# 01 # # 01 # # 02 # # 04 # 04 03 05 * 04 * # 02 # 05 # 02 # * 07 * 04 03 04 # 01 # 06 05 # 04 # # 03 # * 05 * # 04 # 03

03 02 * 10 * * 08 * * 09 * * 05 * * 10 * * 08 * * 07 * 02 * 03 * 07 04 05 03 * 07 * 03 04 05 03 05 # 03 # 02 * 07 * 02

123

84

89

88

127

12

03

04

13

05 09

* 03 *

07

11 10 02 09

03 08

08

Legenda: Pontuação máxima Área bem desenvolvida Resumo Número de alunos com esta inteligência bem desenvolvida Final

* *

Pontuação mínima Área pouco desenvolvida Resumo Número de alunos com esta inteligência pouco Final desenvolvida

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