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PERTEL, T. A tradução como processo comunicativo intercultural nas aulas de línguas estrangeiras. In: SCHEYERL, D.; SIQUEIRA, S. Nas trilhas da interculturalidade: relatos de prática e pesquisa. Salvador: Edufba, 2016. p. 133-152 ................................................................................................................................................................................

A TRADUÇÃO COMO PROCESSO COMUNICATIVO INTERCULTURAL NAS AULAS DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS Tatiany Pertel Sabaini Dalben

Introdução

As mais variadas definições de cultura e as mais recentes reflexões e discussões acerca de como abordá-la em sala de aula de línguas estrangeiras demonstram a evolução dos conceitos e uma necessidade de repensarmos as antigas práticas de ensino/aprendizagem de línguas. A compreensão de como ensinar língua e cultura deve se modificar com a nova era das comunicações em alta velocidade no século XXI e as mais facilitadas formas de locomoção, quando falantes de línguas estrangeiras de diversos países e culturas se encontram. Como afirmam Byram et. al. (1994, p. 39),

[...] não pode haver negociação de significados e compreensões do mundo se interlocutores se mantiverem no nível simplificado da decodificação dos seus próprios significados, sem buscar a compreensão das relações desses significados com os significados construídos pelos outros.

Dessa forma, toda e qualquer informação, conhecimento ou atitudes que digam respeito às culturas estrangeiras devem ser evidenciadas durante os estudos das línguas, numa preparação para o encontro

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com a outridade e com as mais novas características da própria cultura que florescem durante a comunicação intercultural. Ao compreender a tradução como processo comunicativo intercultural onde palavras, gestos, figuras, pinturas e silêncios interpretam e produzem significados, a leitura do outro se dá quando construímos íntimas conexões que podem se estabelecer entre palavras e contextos, identidades, idiossincrasias. Portanto, há muito em comum entre a tradução e a comunicação intercultural, pois, em primeiro lugar, a tradução sempre foi conhecida como uma prática entrefronteiras, uma atividade que envolve e (re)estabelece significados linguísticos e culturais. Assim, as informações através dela (re)construídas são fruto da busca pelo estabelecimento da comunicação, da compreensão, da possibilidade de leituras do mundo. Em segundo lugar, ambas as práticas – tradução e comunicação intercultural – buscam responder à mesma pergunta: como as pessoas conseguem se compreender quando não compartilham as mesmas línguas e culturas? Entretanto, embora a associação entre tradução e comunicação intercultural pareça óbvia, diversos aspectos e definições devem ser esclarecidos, uma vez que cada um pode ser compreendido de variadas formas. À vista disso, faremos, em primeiro lugar, uma discussão envolvendo conceitualizações acerca da tradução e da comunicação intercultural e, por fim, como esses dois se encontram na sala de aula de línguas estrangeiras.

Tradução: um processo comunicativo

Para iniciar esta discussão, é importante ressaltar a nossa visão primeira de que a tradução é um ato de comunicação (WIDDOWSON 1978; HOUSE, 1986; HATIM; MASON, 1997), compreendendo ‘comunicação’ como um fenômeno que pode ocorrer através de diversos

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meios: palavras, gestos, desenhos, figuras, pinturas, melodias, coisas materiais, comportamentos etc. E, embora tendamos a considerar as palavras como o principal meio de comunicação, “algo em torno de 80 a 90% da informação que recebemos é comunicação não-verbal e ocorre sem que percebamos”

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(HALL, 1991/1998, p. 53,

tradução nossa). A tradução é uma prática de leitura e interpretação que permeia toda e qualquer ação comunicativa do ser humano. Para entender melhor essa visão, partamos da definição tripla de tradução proposta por Jakobson (1959/2000). Ele estabeleceu uma distinção entre três formas de tradução. Segundo o autor de On linguistic aspects of translation, publicado originalmente em 1959, existem três tipos de tradução:

a) Tradução intralingual: ocorre quando há interpretação de signos verbais por meio de outros signos verbais da mesma língua. b) Tradução interlingual: compreende a interpretação de signos verbais por meio de signos verbais de alguma outra língua. c) Tradução intersemiótica: consiste na interpretação de signos verbais por meio de sistemas de signos não-verbais.

Assim, a tradução é um processo cognitivo que ocorre dentro e entre línguas, e como nos ensina Steiner (1975, p. 49, tradução nossa), “seja intra ou interlingual, a comunicação humana se equivale à tradução”.2 Nesse sentido, a tradução não ocorre somente em nível linguístico, ou somente através de textos escritos, mas envolve qualquer forma de expressão que, por sua vez, será sempre acompanhada por diferentes aspectos identitários, ideológicos, históricos e socioculturais. Assim, “[...] qualquer ato comunicativo, qualquer esforço de compreensão é tradução” (COOK-SATHER, 2006, p. 37).3 Já o tradutor não seria

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[…] anywhere from 80 to 90 percent of the information we receive is not only communicated nonverbally but occurs outside our awareness. 2 […] inside or between languages, human communication equals translation. 3 […] any act of communication, any effort at understanding, is translation.

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somente aquele que traduz um texto escrito de uma língua para outra, mas qualquer sujeito capaz de algum tipo de interação e interpretação da vida e da comunicação humana. Essa perspectiva de tradução difere completamente da visão tradicional e logocêntrica4 de tradução e a obsessão pelo lógico, pelo racional, pela questão da fidelidade entre o texto-fonte e o texto-traduzido. Esta tradição logocêntrica, que “rejeita tudo o que seja subjetivo, contingente e dependente de contexto” (ARROJO, 2003, p. 74), busca respostas para indagações científicas sobre o que seria mais aceitável numa tradução. Para tanto, têm-se como pressupostos: a. A noção de ‘imitação’, ‘literalidade’, tradução sem interpretações ou julgamentos que pudessem resultar em interferências do tradutor; b. Uma concepção de ‘originalidade’, ‘estabilidade’ e ‘imutabilidade’ do texto-fonte (compreendendo-se por texto-fonte qualquer forma de manifestação de comunicação humana, seja ela em forma de texto escrito ou falado, gestos, figuras, música, etc.); c. Uma compreensão de leitura como um processo neutro, inatingível por parte do interlocutor e seu contexto sociocultural e histórico.

As respostas que buscam os logocentristas atestariam o grau de fidelidade ou interferência do tradutor, sendo este considerado, portanto, um eterno traidor. Estas respostas, afirma Arrojo (2003) jamais foram e nunca serão encontradas, pois os pressupostos logocêntricos são baseados na crença sobre a possibilidade de haver objetos

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Tendência no pensamento ocidental, desde Platão, em buscar a centralidade da palavra (logos), das ideias, dos sistemas de pensamento, de forma a serem compreendidos como formas inalteráveis. As verdades veiculadas pelo logocentrismo são sempre tomadas como definitivas e irrefutáveis. Todas as teorias ligadas ao logocentrismo acreditam que “[...] é fora do sujeito/leitor ou receptor que se encontra a origem dos significados”. Isso quer dizer que “[...] a origem do significado é necessariamente localizada no significante (no texto, na mensagem, na palavra), nas intenções (conscientes) do emissor/autor, ou numa combinação ou alternância dessas duas possibilidades” (ARROJO, 1993, p. 35).

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independentes de sujeitos, de sua história, uma “verdade exterior ao desejo e ao olhar do homem”. Uma tradução como processo comunicativo, seja interlingual, intralingual ou intersemiótica, sempre se dará através de intervenções e manipulações, mesmo que involuntárias, pois língua e cultura não podem ser dissociadas. Como afirma Gudykunst (1998, p. 172), “cultura e língua estão intimamente relacionados. Nossas culturas influenciam as línguas que falamos, e a forma como usamos as línguas influencia nossas culturas”.5 Cada um dos vocábulos utilizados em traduções inter ou intralinguais, por exemplo, estará intrinsecamente envolvido em um contexto sociocultural, histórico, idiossincrático que se restabelece a cada leitura, pois, como afirma Benjamin (1996, p. 71, grifo do autor) “a palavra deve comunicar alguma coisa (além de si mesma)”.6 A tradução será sempre uma interpretação, mesmo que se tente realizar uma ‘operação de transferência puramente linguística’, no caso das traduções inter e intralinguais. Não há, pois, opções. O tradutor estará sempre diretamente envolvido com sua obra, uma vez que “qualquer tradução, por mais simples e despretensiosa que seja, traz consigo as marcas de sua realização: o tempo, a história, as circunstâncias, os objetivos e a perspectiva de seu realizador” (ARROJO, 2003, p. 78). Toda tradução é uma interpretação, uma leitura – de textos (falados ou escritos), gestos, figuras, discursos, pinturas, música, etc. – através da qual são revelados significados passageiros. Dessa forma, encontrar a “ideia do tradutor”, ou a “mensagem do texto original” são ações que jamais poderão ser realizadas, pois, “nossa tradução [...] será fiel não ao texto ‘original’, mas àquilo que consideramos ser o texto original,

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Culture and language are highly interrelated. Our cultures influence the languages we speak, and how we use our languages influences our cultures. 6 The word must communicate something (other than itself).

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àquilo que consideramos constituí-lo, ou seja, à nossa interpretação do texto de partida, que será [...] sempre produto daquilo que somos, sentimos, pensamos” (ARROJO, 2002, p. 44, grifo do autor). A tradução como ato comunicativo é um processo interpretativo composto por significados preservados, perdidos, ganhos, (re)criados da forma mais nova e pessoal, com texturas e ressonâncias diferentes, sendo, a marca essencial da tradução a transformação e a sua caracterização pela diferença e não pela equivalência. A tradução, assim, se desenvolve a partir e num contínuo de experiências diferentes e diferenciadas, estabelecendo-se como produto e produtora de interações e comunicações humanas que ocorrem não somente face-a-face, mas também através de textos escritos, num intercâmbio de valores, significados, objetivos. Dessa forma, a tradução é comunicação e transformação, não somente de textos, mensagens, pinturas, etc., mas de todos que participam do processo – tradutor, editor, leitor, pintor, desenhista, espectador, ouvinte, etc. –, bem como nos ensina Benjamin (1996, p. 70), “a tradução não se dá através de áreas abstratas e similares, mas sim de um contínuo de transformações”.7 Aceitar, desse modo, que as diferenças existem e respeitá-las, e que o contato inevitável com elas traz transformações pode ser o primeiro passo para compreender a tradução como processo comunicativo para além de uma visão logocêntrica e, em consequência, permitir que esta prática nos seja favorável e recompensadora, tornandose, sobretudo, uma fonte de aprendizagem intercultural. Essa aprendizagem se dá a partir da concepção de tradução como uma prática comunicativa maior, um processo inerente ao ser humano, interpretacionista, leitora, ao mesmo tempo promotora e condutora de significados, atitudes, habilidades e conhecimentos importantes à

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Translation passes through continua of transformation, not abstract areas of identity and similarity.

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compreensão do Outro, um processo de estabelecimento de comunicação intercultural. Partiremos, a seguir, para uma reflexão sobre o termo comunicação intercultural, numa busca pela compreensão de tal fenômeno que, acreditamos, ocorre em harmonia com o processo de tradução sob a perspectiva por nós defendida.

Comunicação intercultural e competência comunicativa intercultural O termo “comunicação intercultural” foi, inicialmente, utilizado por Hall (1959) quando trabalhava para o US Aministration for Native Americans8 e notou que malentendidos ocorriam com frequência entre pessoas de diferentes culturas, não através da língua, mas de outros fatores silenciosos, escondidos ou inconscientes, embora padronizados, ou seja, incompreensões geradas a partir de diferenças culturais (KATAN, 2009). De tais observações, podem-se gerar as seguintes interpretações iniciais:

a. Línguas e culturas não podem ser compreendidas a partir de conceitos estáveis, mas dinâmicos, flexíveis. Não se pode mais estabelecer fronteiras nacionais ou regionais delimitadas, pois o conceito de fronteiras está cada vez mais impreciso; b. No mundo globalizado, os interlocutores que se engajam na interação como membros de determinadas comunidades culturais trazem consigo identidades multifacetadas, pluralizadas; c. A comunicação através de fronteiras linguísticas e culturais precisa ser reconhecida como um campo frutífero onde emergem padrões linguísticos e culturais diferenciados que podem levar a conflitos;

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Departamento Americano de Administração para Nativos Americanos

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d. A comunicação não pode ser considerada um simples e sereno processo de transferência de mensagens. A expressão “comunicação intercultural” tornou-se fonte de inspiração para diversas perspectivas teóricas diferentes, podendo ser definido, num conceito mais geral, como um tipo de comunicação que ocorre quando indivíduos de diferentes culturas negociam significados durante a interação. Essa negociação, entretanto, segundo Hall (1998), exige do sujeito atenção a certas regras de comunicação e comportamento não-especificadas (unstated rules of behavior and communication), sem a qual haverá falhas que o levarão ao fracasso na comunicação. As falhas podem incluir:

a. Falta de domínio sobre os sistemas linguístico e cultural; b. Aplicação inconsciente das próprias regras em outro sistema (o que nunca poderá funcionar); c. Rejeição das regras do Outro deliberadamente. Saber lidar com a cultura do outro pode levar o sujeito a sobreviver, avançar e ganhar satisfação na vida (HALL, 1998).

Portanto, a comunicação intercultural é aqui compreendida como uma perspectiva interacionista que envolve pessoas de diferentes culturas, baseada na compreensão, apreciação e respeito9 às diferenças (BENNETT, 1998). A comunicação intercultural envolve mais do que a ciência sobre fatos e características gerais de determinada cultura, embora seja importante que o comunicador intercultural tenha conhecimento suficiente sobre a sua própria cultura, pelo menos, sendo, contudo, aberto às diversas possibilidades de reconstrução e relativização desse conhecimento. Assim, tal conhecimento deve servir apenas parcialmente e como ponto de partida para a (re)construção de hipóteses que deverão ser testadas durante a interação ou construção do texto.

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‘respeito’ significa ter consideração e apreciação pelo outro e valorizá-lo (BYRAM et al, 2013).

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De modo geral, os valores, as crenças, práticas e suposições culturalmente estabelecidos e conhecidos são considerados de forma generalizada, uma visão estereotípica ou até etnocêntrica do mundo, e questionados quando nos confrontamos com a outridade, com o estranho, o desconhecido. Dessa forma, a comunicação intercultural só poderá ocorrer quando, nesse confronto, geramos uma análise crítica das próprias experiências, práticas e conhecimentos e os relativizamos, construindo um novo conhecimento e uma nova visão crítica das variadas culturas, linguagens, sociedades, identidades. Assim, a comunicação intercultural se estabelece quando se constroem certas atitudes, habilidades, conhecimentos e compreensões necessários ao encontro com a outridade. Tais aspectos compõem o que Byram (1997, 2013) chama de ‘competência comunicativa intercultural’ (CCI), juntamente com as competências linguística, sociolinguística e discursiva, complementadas, ainda, por valores individuais que são parte das identidades sociais. As atitudes incluem curiosidade, abertura e disposição para observar a própria cultura e outras sem julgamentos pré-estabelecidos. As habilidades incluem interpretação e relacionamento, descoberta, interação e consciência cultural crítica. O conhecimento diz respeito aos grupos sociais e a seus produtos e práticas, e de processos gerais de interação individual e social (BYRAM, 1997). Essa competência é construída na comunicação (oral ou escrita) e nas interações construídas entre identidades culturais e sociais complexas que devem se estabelecer para além de realizações puramente linguísticas, mas através de exercícios de comparação e análise entre as diversificadas formas de falar, escrever e, sobretudo viver.

A competência comunicativa intercultural de um sujeito estará sempre em

construção, mas ela sempre pode ser enriquecida através de práticas que promovam encontros interculturais.

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A

tradução,

acreditamos,

pode

certamente

oferecer

campo

para

o

estabelecimento da comunicação intercultural e para praticar diversas ações que compõem as atitudes, o conhecimento, a compreensão e as habilidades interculturais, discussão à qual nos dedicamos a seguir.

A tradução e a CCI na aprendizagem de LE Na educação linguística, inevitavelmente, o professor se utiliza de pelo menos dois dos três tipos de tradução mencionados anteriormente: a tradução intralingual, quando, por exemplo, explica, utilizando-se de outras palavras, termos, temáticas e assuntos dentro da própria língua; e a tradução intersemiótica sempre ocorrerá quando, a título de exemplo, utiliza objetos para ilustrar palavras na língua que ensina, quando interpreta, através de palavras, a essência de uma pintura, de um filme, de uma imagem etc. Porém, muitos professores de línguas estrangeiras também fazem uso da tradução interlingual, aquela que ocorre entre línguas distintas. Esta última é a mais popular, na maioria das vezes a única forma de tradução conhecida. A prática da tradução (interlingual, intralingual ou intersemiótica) pode contribuir para a aquisição e/ou desenvolvimento das atitudes, habilidades, conhecimentos

e

compreensões

que

compõem

a

competência

comunicativa

intercultural. Tais características preparam o aluno para o contato com a diversidade identitária e sociocultural existente no mundo globalizado. Quando traduz, o aluno participa de um processo consciente e reflexivo de comparação e contraste entre a sua língua e cultura e as outras e pode desenvolver, consequentemente, tanto a competência linguística quanto a competência comunicativa intercultural. Esses processos de comparação e contraste levam o aluno a reconhecer características pessoais e coletivas da sua cultura e língua e da cultura e língua do Outro, a reforçar traços de referência, comportamentos comuns e

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diferenciados, trabalhar com valores compartilhados pela comunidade na qual vive e poderá buscar referências sobre as línguas e culturas com as quais estará em contato. Tal capacidade de negociação e relativização e a consciência sobre a sua própria identidade e sobre as identidades alheias são habilidades extremamente relevantes na relação social com o Outro no mundo contemporâneo. Elas são habilidades interculturais que podem ser abordadas durante o processo de tradução, preparando o aluno para a construção de uma análise crítica das experiências e das histórias individuais e coletivas. Portanto, a atividade de tradução pode auxiliar o aluno em sua contínua busca pelo estabelecimento de uma comunicação intercultural que permite o desenvolvimento dos cinco savoirs, (“saberes”), discutidos a seguir e que, segundo Byram (1997) compõem a competência comunicativa intercultural. Em primeiro lugar, o tradutor/aluno pode adquirir esses “saberes”, um amplo conhecimento que envolve também compreensão sobre grupos sociais diversificados e seus produtos e práticas e dos processos interacionais individuais e coletivos tanto da sua própria cultura e sociedade quanto da cultura e sociedade do Outro. Em uma atividade de tradução interlingual, por exemplo, com a escolha cuidadosa de gêneros e tipos textuais diversificados, esse conhecimento se inicia com a compreensão da diversidade da própria cultura e da heterogeneidade de todos os grupos sociais, pois o aluno trabalhará com sua própria língua e cultura e, ao mesmo tempo, se envolverá com a língua e cultura do Outro. Esse contato e as comparações e contrastes necessários à prática da tradução podem auxiliar o aluno a compreender a influência que sua própria cultura tem sobre sua compreensão de mundo e expandi-la ao pensar em seu leitor como um sujeito desconhecedor de tal conhecimento. Dessa forma, gera-se também a compreensão de que a língua

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com a qual construirá o discurso do texto traduzido não se equivale à outra língua, sendo cada uma, portanto, única em sua forma de expressar e organizar informações. A comunicação intercultural se estabelece no conhecimento e na compreensão de que os valores, discursos, produtos e as práticas e crenças de determinada cultura não podem ser manifestas de igual forma em outra língua. Em segundo lugar, a tradução, sob uma perspectiva intercultural, exige que o tradutor/aluno “saiba ser” (savoir être), ou seja, que possua atitudes interculturais que o levem a valorizar a diversidade cultural e o pluralismo de ideias e práticas. No contato com outras línguas e culturas proporcionado pela tradução – de uma língua para outra, ou mesmo em uma atividade de tradução intralingual – há, inicialmente uma curiosidade e uma abertura para aprender sobre orientações culturais diferentes. Cria-se um desejo em refletir sobre os próprios valores, crenças e comportamentos e relativizálos, sem presunções de que eles sejam os únicos corretos, pode-se perceber como eles poderiam ser vistos a partir da perspectiva do Outro, que possui um conjunto diferente de valores, crenças e comportamentos. O “saber ser”, portanto, através da tradução, é uma aprendizagem sobre o respeito, a valorização, a abertura e a relativização da própria identidade e sua relação cooperativa com a diversidade, com a pluralidade. Outro aspecto intercultural que pode de igual forma ser construído através de processos de tradução é um “saber compreender” (savoir comprendre). Esse saber reúne habilidades de interpretação e relacionamento como, por exemplo, a habilidade de interpretar e relacionar informações de outras culturas, saber explicá-las e relacioná-las a conhecimentos sobre a própria cultura, compreender que somos seres em contínua construção. Isso exige do tradutor a habilidade de compreender que uma determinada cultura não é fechada, e que as interações que o aluno constrói, em especial, em nosso caso, através das diversas práticas da tradução, criam sua identidade ‘transdimensional’. Pois, como

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nos lembra Bakhtin (1997, p. 27), “[...] é ainda em nós mesmos que somos menos aptos para perceber o todo da nossa pessoa”. A verdadeira essência da prática da traduzir é, pois, revelar o Outro, mas naturalmente, fazer florescer aspectos idiossincráticos do próprio tradutor, da sua língua materna e de sua cultura. A prática da tradução também pode auxiliar no desenvolvimento do “saber aprender/fazer”

(savoir

apprendre/faire),

pois

desenvolve

habilidades

de

descobrimento, interpretação e interação, tais como a habilidade de adquirir ou (re)construir conhecimentos sobre culturas e práticas sociais e ter a capacidade de lidar com elas. A prática da tradução auxilia no saber expor a informação, evitando-se construções indelicadas ou maliciosas para o Outro, construindo textos compreensivos e respeitosos para leitores/ouvintes que poderão ser de diferentes culturas, tendo, assim, um papel de intermediador entre culturas estranhas. Por último, a tradução pode auxiliar a adquirir um “saber se engajar” (savoir s’engager), referente à consciência cultural crítica, ou seja, saber avaliar criticamente e a partir de critérios explícitos, diferentes perspectivas, práticas e produtos da própria cultura e das culturas alheias. O resultado pode ser uma tradução coerente que estabeleça uma relação de respeito às diferenças na construção de um discurso integralizador, e não excludente. Portanto, a prática da tradução pode ser uma rica fonte de aprendizagem intercultural, oferecendo ao aluno a oportunidade de construção de características que levam à compreensão, apreciação e respeito às diferenças, tais como:

a) acesso e reflexão sobre os próprios construtos sociais e pessoais; b) acesso a diversas informações que levam à elaboração de conhecimentos plurais; c) comparação e contraste entre línguas e culturas;

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d) análise crítica das similaridades e diferenças entre línguas, culturas, indivíduos; e) debates sobre questões linguísticas, sociais, culturais, históricas e ideológicas; f) abertura para aceitar as diferenças; g) consideração de que os valores, normas, regras de comportamento etc. de uma cultura em particular não podem e não devem ser tomados como parâmetro para o julgamento ou avaliação de outra cultura; h) compreensão de que não há hierarquia entre as diferentes culturas; i) superação do etnocentrismo; j) recepção ao ‘estranho’, ao ‘desconhecido’; k) ampliação dos conceitos de língua e cultura.

A partir de tais ações, o tradutor/aluno poderá construir a fundação da CCI, que está nas atitudes do falante/escritor e mediador intercultural, quais sejam: curiosidade e abertura, uma disposição para relativizar seus próprios valores, crenças e comportamentos, e ter aptidão para ver como eles podem parecer aos olhos e perspectiva do outro que possui um conjunto diferente de valores, crenças e comportamentos (BYRAM, 1997). Para tanto, é necessário que o tradutor/aluno saiba que a complexa prática da contínua aprendizagem da tradução e da comunicação intercultural é, sobretudo, uma prática de leitura, de interpretação, que exige dele uma busca incessante por conhecimentos, por aprendizagens, por produções de significados aceitáveis. Há, portanto, que se compreender a interconexão entre tradução e comunicação intercultural como um campo aberto, onde a curiosidade guia os próximos passos, onde a responsabilidade no estabelecimento de compreensões mútuas fornece acesso e pede cuidados especiais no respeito às diferenças.

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Portanto, traduzir é muito mais do que transferência, uma vez que “se traduzir dependesse simplesmente de decorar algumas regras e de conhecer uma língua estrangeira, há muito tempo as máquinas de traduzir já teriam conseguido substituir o homem” (ARROJO, 2002, p. 78). A tradução deve ser compreendida como processo comunicativo intercultural inerente ao ser humano e, quando estamos conscientes de tal concepção, ela pode ser uma potencial ferramenta para a compreensão das pluralidades que compõem o mundo contemporâneo. No ambiente de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, conceber a tradução como processo comunicativo intercultural é perceber sua importância como processo interpretativo não somente de textos, mas também de pessoas. Nessa perspectiva, professores e alunos se engajam em um processo de busca e construção de novas línguas, culturas e identidades de forma consciente, exercitando as atitudes, habilidades, compreensões e os conhecimentos que compõem a competência comunicativa intercultural. O resultado, continuamente sob construção, compara-se a textos traduzidos, cuja característica principal é também a sua originalidade, pois jamais serão imitações dos ‘originais’, mas composições e (re)criações a partir de uma visão única, pessoal, criada a partir de uma tensão dinâmica entre o conhecimento antigo e o novo e entre as diferenças existentes entre línguas, culturas, identidades. A seguir, expomos algumas possibilidades de utilização da tradução em sala de aula de língua estrangeira de forma a construir a competência comunicativa intercultural.

Praticando a tradução como processo comunicativo intercultural

Nesta seção, partilhamos possíveis atividades e exercícios que poderiam servir a professores de línguas estrangeiras que queiram conscientemente trabalhar a tradução como processo comunicativo intercultural.

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Tais exemplos não se caracterizam como fórmulas ou mesmo se estabelecem como práticas pedagógicas inalteráveis. Pois, compreendemos que abordagens de sucesso não podem se suceder através de generalizações, guias ou prescrições, uma vez que se fazem dependentes de vários agentes, posições, concepções, ideias, capacidades, características. Como afirma Almeida Filho (2014), as práticas pedagógicas são suscetíveis a variações que têm o poder de levar a operação de ensinar e aprender línguas ao sucesso ou ao fracasso. Dessa forma, as atividades aqui expostas servirão apenas como exemplos, sugestões, dicas, ideias, ilustrações de possibilidades de desenvolvimentos de atividades.

Atividades de tradução interlingual:

a. Tradução livre 1: tradução de trechos de textos/ou textos inteiros (orais ou escritos) em língua estrangeira (LE) para a língua materna (LM) do aluno. b. Observação: a tradução escrita de trechos de textos/ou textos inteiros da LE para a LM é um meio especialmente eficaz para medir a competência de escrita do aluno e pode servir para testar sua compreensão de vocabulário, sintaxe, expressões idiomáticas, os diferentes registros etc., além de possibilitar a inserção do aluno na língua/cultura do Outro, verificando as diferenças e semelhanças tanto em nível linguístico quanto cultural. c. Tradução livre 2: tradução de trechos de textos/ou textos inteiros em LM para a LE. - Observação: Essa técnica funciona melhor quando o aluno já possui certo conhecimento de LE e depende, certamente, de uma escolha cuidadosa do material didático a ser utilizado, conforme o nível de proficiência do aluno.

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c. Reverse/Back Translation: tradução de trechos de textos/ou textos inteiros da LE para a LM. Em seguida, os estudantes traduzem de volta para a LE, sem o auxilio do texto-fonte. - Observação: Essa técnica também exige do aluno certo conhecimento das estruturas das duas línguas envolvidas, além da consciência sobre o íntimo relacionamento entre língua e aspectos socioculturais e históricos. d. Brincando com quadrinhos: traduzir quadrinhos; pôr a tradução dos quadrinhos em ordem; misturar os dois, etc. e. Combinação de discurso oral e traduções escritas: o professor prepara uma lista de traduções em LM de pequenos textos produzidos originalmente em LE. Após entregar um handout com as traduções dos textos para cada aluno, o professor pede que cada um sorteie (de dentro de uma caixa) um dos textos em LE e o leia em voz alta. Os outros alunos devem encontrar a tradução correta na lista de traduções escritas enquanto o colega lê o texto (trabalhando compreensão auditiva, fala e leitura).

Atividades de tradução interlingual, intralingual ou intersemiótica:

f. Tradução seguida de exame de traduções: consiste em solicitar aos estudantes de LE que façam uma tradução de um texto e que comparem com uma tradução existente, ou ainda, que comparem a tradução que fizeram com as que foram elaboradas pelos colegas. g. Exame de traduções: os alunos devem comparar e contrastar diversas traduções realizadas por tradutores diferentes. h. Jogos e atividades de aquecimento (warm ups): planejar jogos e atividades lúdicas de tradução que envolvam vocabulário, gramática, expressões idiomáticas ou assuntos temáticos para anteceder o processo de tradução.

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i. Legendagem: solicitar aos alunos que produzam legendas para comerciais, trechos de filmes, curtas, etc., tanto em suporte escrito quanto em interpretação oral. j. Tradução de músicas k. Tradução de poesias l. Produção e tradução de livros infantis m. Traduções escolhidas: o professor escolhe partes do texto em LE que suscitam discussões sobre estereótipos, crenças etc. e pede aos alunos para traduzir e refletir sobre eles. n. Tradução/Interpretação consecutiva: pedir que um aluno leia um texto em voz alta e os outros alunos façam a tradução escrita, de forma simultânea (primeiro o aluno pode ler o texto todo, para que os colegas apreendam o contexto. Depois, frases ou parágrafos).

Considerações finais

A discussão acima proposta abre caminhos para enxergarmos o processo de tradução de forma ampliada, iniciando uma percepção de que o processo de tradução (inter e intralingual e intersemiótica) e a comunicação intercultural compartilham diversas características. Tal perspectiva nos serve, de igual modo, para conscientizar professores e alunos do real valor da tradução e da necessidade de enxergá-la como uma prática comum nas nossas salas de aula de línguas estrangeiras. Dessa forma, poderemos retirar dela o que de melhor essa complexa prática tem a nos oferecer: sua verdadeira essência comunicativa intercultural e sua potencialidade em treinar interlocutores do mundo contemporâneo. A

tradução,

quando

compreendida

como

processo

interpretativista,

comunicativo, pode auxiliar os alunos de línguas estrangeiras a compreender a instabilidade, flexibilidade e dinamicidade das línguas,

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culturas e identidades com as quais interagem. A partir dessa perspectiva, essa prática, que ocorre dentro e entre línguas e culturas, descerra habilidades de negociação, relativização, compreensão e apreciação das diferentes formas de agir no mundo. Esperamos, assim, que alguns dos pontos de conexão aqui sugeridos abram, de fato, caminho para futuras e mais consistentes discussões envolvendo os Estudos da Tradução, a Linguística Aplicada e os Estudos Culturais mais especificamente, a Comunicação Intercultural.

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