A trajetória do Ditador/ The Dictator

July 27, 2017 | Autor: Círio Silva | Categoria: Literature
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AUTOR (AUTHOR): PAULO CÍRIO SILVA
GRADUANDO EM LETRAS/ INGLÊS (GRADUATING IN ENGLISH LANGUAGE AND LITERATURE)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO (FEDERAL UNIVERSITY OF MARANHAO)
CIDADE: SÃO LUÍS DO MARANHÃO (CITY: SAO LUIS OF MARANHAO/BRAZIL)

A TRAJETÓRIA DO DITADOR PARTE I

Em 1965, milhares de maranhenses saíram às ruas do Centro Histórico de São Luís para aplaudirem o mais novo governador do estado do Maranhão. A praça D. Pedro II estava em ritmo de alegria, eram milhares de pessoas gritando: "Viva o nosso novo governador! Viva Cabral!". Armando Cabral com 32 anos de idade se tornara o novo governador do estado, foi considerado por muitos o salvador que iria tirar o estado da pobreza e da miséria. O que o povo não sabe é que Armando se tornará o homem mais poderoso do Maranhão e de todo o Brasil. Todos estarão aos seus pés.
CAPÍTULO I
Armando Cabral nasceu em 1933 na cidade de São Luís, capital do Maranhão. O ano era 1943, o garoto havia completado 10 anos de idade e tinha um sonho, ser muito rico. Ele morava com o pai Manuel Cabral (um português que veio fugido da guerra na Europa) e com a mãe Angelina (uma dona de casa), além da irmã Beatriz de 5 anos de idade, na periferia da capital maranhense. A família Cabral vivia em um cortiço, onde viviam milhares de outras pessoas com graves situações financeiras. Já que não tinha brinquedos caros como os garotos da elite ludovicense (os nascidos em São Luís) o pequeno Armando brincava com seu famoso carrinho de madeira que ganhara do seu falecido avó paterno, que era carpinteiro.
Armando! Armando! Vem almoçar meu querido. Dizia Angelina ao chamar o filho em um dia de muito calor na cidade.
Já tou indo mãe! Respondia Armando com um sorriso no rosto.
Enquanto Armando corria para lavar as mãos antes de almoçar, Angelina arrumava a mesa à espera do marido Manuel que trabalhava em uma mercearia e que sempre ia almoçar, às 12 horas da tarde em casa.
Angelina! Já cheguei minha querida. Dizia Manuel com um sorriso no rosto ao chegar em casa.
Enquanto isso, os dois se abraçavam, era um casal muito feliz, não existia outro igual. Sempre que ia almoçar em casa depois do trabalho, Manuel trazia doces da mercearia para os filhos Armando e Beatriz. Manuel sempre chamava Armando de "meu campeão" e Beatriz de "minha princesinha". Todos estavam reunidos na mesa, era uma família humilde que vivia em um cortiço com todos os tipos de pessoas, isso incluía ladrões e contrabandistas, além de alguns portugueses, italianos e franceses. O sonho de Manuel era de comprar uma casa na área nobre da cidade, bem próxima ao Palácio dos Leões e da Prefeitura de São Luís, onde havia milhares de casarões caríssimos.
Durante o almoço Manuel observando o filho pensativo, pergunta sorridente:
E aí meu campeão, no que tu estás pensando?
Armando ao ouvir o pai perguntar, responde:
Eu tava pensando em ser que nem você, papai. Eu quero ter um comércio "grandão", uma "casona" e muito, muito dinheiro.
O pai ao observar o filho falando diz:
Não filho, não pense assim. Eu quero que tu sejas um grande advogado. Ser comerciante não é fácil, mas se tu fores um grande advogado, vai poder ter muito dinheiro e viver na capital do País, o Rio de Janeiro. Ou se quiser, pode até morar em Paris ou Londres.
Rio de Janeiro, Paris e Londres? Onde fica tudo isso pai? Pergunta Armando.
Ah Meu filho! Se soubesses como é Paris e Londres, tu te encantarias. São os melhores lugares para se viver na Europa. Eu passei por essas duas cidades durante a Primeira Guerra Mundial, mas, infelizmente, tive que voltar a Portugal. Muitas famílias da minha adorada Portugal queriam vir para o Brasil, pensando que iriam mudar de vida, eu tive esta mesma ideia. Muitos diziam que viver no Brasil significaria ganhar muito dinheiro, aí eu vim ao Brasil com muitos amigos. Trabalhei durante 1 ano no Rio de Janeiro, quando o dono de uma padaria disse que queria voltar ao Maranhão, terra onde ele nascera. Ele tinha me dito que São Luís era uma cidade muito bonita e agradável, dizia que a cidade era muito idêntica a Lisboa, e de fato é, então vim com ele e trabalhei pra ele aqui, o nome dele era Sebastião. Infelizmente ele morreu, mas dias depois descobrir que ele tinha me deixado a pequena padaria que montou quando veio pra cá. Daí, montei a mercearia com muito trabalho e conheci sua mãe. Quando esta bela mulher apareceu na mercearia e comprou dois sacos de café, me encantei por ela. E essa é a história Armando que nunca tinha dito a ti meu filho. O que quero dizer a ti é que tu sejas um grande homem futuramente, que sejas muito importante. Mas lembre-se, faça as coisas com honestidade.
O filho encantado com a história do pai deu-lhe um abraço e disse:
Pai, a história do senhor é bem legal. Agora eu quero ser advogado e viajar pra Paris, Rio de Janeiro e Londres.
Todos sorriem à mesa ao escutarem as palavras de Armando. Angelina diz:
Que tal almoçarmos agora? O almoço está delicioso, espero que gostem.
Depois das conversas e do almoço, Manuel volta ao trabalho. A rotina dele de segunda a sexta é assim: de sete ao meio-dia na mercearia, depois vai para casa almoçar e volta às duas horas ao trabalho. A "Mercearia do Manuel", como é chamada o local de trabalho de Manuel, é um dos locais mais cheios de clientes do Centro de São Luís e muito conhecida pela população. É de lá que seu Manuel tira o sustento da família, e é de lá também que Manuel compra os materiais escolares de Armando.
Ainda era 1943, Armando estava na quarta série do primário (Fundamental menor). Ele estudava em São Vicente, uma escola particular administrada pela Igreja Católica. Era considerada a escola mais cara da cidade e de grande prestígio. O garoto só conseguiu ganhar uma bolsa, porque seu pai tinha comprovado que a família era de baixa renda. E como todos os anos a escola matricula 10 alunos baixa-renda, então foi fácil seu Manuel conseguir uma vaga para o filho.
Armando é um garoto muito estudioso e sempre tira boas notas. Mas o garoto é muito discriminado pelos garotos da elite, ou seja, os "filhinhos de papai" que o humilham todos os dias. Na manhã de segunda-feira, às cinco horas, dona Angelina acorda Armando para tomar banho e ir à escola, enquanto que Manuel já se prepara para trabalhar. O pai sempre leva o filho à escola de bicicleta, já que Manuel não tem carro como os outros pais dos garotos ricos.
São cinco da manhã querido. Vamos acordar para tomar banho e tomar café para ir pra escola. Diz dona Angelina ao acordar o filho.
Eu posso dormir mais um pouco, mamãe? Pergunta Armando com o rosto sonolento à mãe.
Não querido, senão tu vai te atrasar. Responde dona Angelina.
Tudo bem mãe, vou me levantar. Diz Armando, que se levanta e vai direto ao banheiro para escovar os dentes.
O dia começa a clarear, os galos da vizinhança começam a cantar. Várias pessoas que moram no cortiço, começam a sair de suas casas para irem ao trabalho. Enquanto isso na casa da família Cabral pai e filho já estão prontos para saírem de casa, enquanto que dona Angelina começa a arrumar o lar como uma boa dona de casa. A pequena Beatriz é a única que pode dormir tranquilamente em casa, já que é uma garotinha de cinco anos de idade e não estuda.
Mesmo sabendo que é humilhado pelos colegas na escola, o pequeno Armando não conta aos pais o que está acontecendo. Enquanto isso, seu Manuel leva o filho de bicicleta à escola, que fica em frente à Beira-Mar.
Depois de muitas pedaladas, enfim, os dois chegam e seu Manuel diz:
Olha aqui filho, vou te dar cinco pratas pra que tu compres alguma coisa pra ti, tudo bem?
Tá bom. Abença pai. Diz Armando.
Que Deus te abençoe filho. Diz Manuel.
Os dois se abraçam, Armando entra na escola e Manuel vai direto à mercearia para trabalhar.
Ao entrar na escola, Armando é surpreendido por um dos garotos ricos, Luís Tavares, que o empurra e diz:
Aqui é uma escola de gente rica e não pra alguém, como tu, que vens do cortiço, onde tem ladrões e gente suja. O seu pai nem carro tem pra te trazer, e te traz de bicicleta, comum de gente pobre. Em seguida, depois de ter falado tudo aquilo, Luís vai para sala de aula, enquanto que Armando caído ao chão não responde a nada, mas pensa consigo mesmo: "Um dia eu serei rico, vocês vão ver".
Enquanto isso na Mercearia, Manuel pensa consigo mesmo sobre sair do cortiço e ir morar com a família em um lugar mais seguro. "A partir de hoje vou guardar dinheiro pra tirar minha família daquele cortiço nojento, não posso ver meus filhos morando em um lugar indecente, vou tirá-los de lá", pensa Manuel na mercearia.
É intervalo na escola São Vicente, mas Armando não gasta o dinheiro que o pai lhe dar. Armando quase não tem amigos, o único colega de turma que ele tem é Vicente, um garoto de classe média que não se importa de ser amigo de um garoto da periferia. Nesse dia, Vicente tinha faltado à aula, então para não ter que encontrar os perversos "riquinhos" da escola, Armando decidiu ir à biblioteca, pois adorava ler diversos livros. Por mais que sofra na escola, ele não perde a pose, pois foi o que seu falecido avô paterno tinha lhe ensinado: "nunca deixe que os outros o maltrate, seja esperto e pense com a cabeça e não com o corpo". O lugar mais incrível para Armando era a biblioteca da escola. Mas nesse dia, Armando descobriria algo que mudaria sua vida para sempre. Ele entra na biblioteca e sem querer descobre um livro que fala de três cidades europeias: Paris, Londres e Lisboa. Ao abrir o livro ele pensa: "olha, são as cidades que meu pai estava falando".
O intervalo, que dura em torno de quinze minutos, acaba e todos tem que voltar à sala de aula, inclusive Armando que se encantara com o livro. Como não poderá ler o livro naquele instante, ele fala com a bibliotecária irmã Lourdes, responsável pelo lugar:
Bom dia irmã Lourdes!
Bom dia rapazinho! Responde irmã Lourdes com um sorriso no rosto.
Irmã Lourdes, eu gostei muito deste livro, posso levá-lo para casa? Pergunta Armando entusiasmado.
Claro querido. Mostre-me a tua carteira da biblioteca. Diz irmã Lourdes.
Esqueci em casa irmã. Diz meio triste o garoto.
Bem querido, não poderás levar este livro sem ter que apresentar a carteira. Mas vou fazer o seguinte, reservarei este livro pra você e amanhã tu poderás levar, mas, claro, com a carteira da biblioteca. Não esqueça de trazê-la amanhã, tudo bem? Diz irmã Lourdes ao garoto.
Depois de ouvir as palavras da irmã, o garoto saiu meio triste, mas logo se animou ao saber que no dia seguinte poderia levá-lo para casa.
Então, até amanhã irmã Lourdes. Diz Armando.
Até amanhã querido. Diz irmã Lourdes.
Depois de toda aquela conversa, o garoto volta para sala de aula pensando: "como Paris e Londres são bonitas, um dia, como o meu pai disse, irei pra lá e serei muito rico, se Deus quiser".
Na sala de aula estão Luís Tavares e sua turminha, prontos para insultar mais uma vez o pobre Armando, que não tem culpa de morar em um cortiço na periferia de São Luís.
E aí, bicho do mato? Por que tu não voltas ao chiqueiro que viestes? Hahahahaha. Pergunta João Felipe, amigo de Luís, a Armando com um tom de agressividade.
Armando, coitado, só não chora para não se sentir ainda mais envergonhado e porque lembrara das palavras que seu falecido avô paterno lhe dissera enquanto estava vivo: "quando alguém te humilhar, nunca se rebaixe, mas nunca lute com os braços, somente com o pensamento, pois pessoas inteligentes pensam antes de agir". Por mais que fosse criança e tivesse dez anos de idade, o garoto era esperto, e tudo que seu avô lhe ensinara o tornava mais forte para aguentar qualquer situação difícil.
Para sorte de Armando, entrava na sala a irmã Dulce, professora de Latim, que pediu que todos abrissem os cadernos para que ela pudesse corrigir as atividades.
Depois de uma manhã de aula, Armando espera o pai na portaria da escola. Enquanto ele espera o pai, seus colegas vão para casa de carro, já que na turma dele era o único a ir de bicicleta para casa. Ele o tempo todo só pensava: "vou ser rico, vou ser rico". Quando de repente seu pai chega e o chama:
Armando! Armando!
Ele se assusta e avista o pai e sai da escola.
E aí filho, como foi à aula hoje? Pergunta seu Manuel.
Foi boa pai. Responde Armando meio triste.
Tem certeza, filho? Tu não pareces nada bem. Parece que estás triste. Diz seu Manuel.
Sim pai, estou bem. Responde Armando.
Pai, tenho algo pra dizer ao senhor. Diz Armando querendo confessar o que aconteceu de fato com ele.
Fale filho. Diz seu Manuel meio curioso.
Mas naquele momento Armando rapidamente lembrou o que o avô tinha lhe dito e em vez de contar a real razão de estar triste acabou falando do livro que encontrara na biblioteca:
Eu encontrei um livro que fala sobre Paris, Londres e a cidade onde o senhor nasceu... hum, esqueci o nome.
Lisboa filho, esse é o nome da cidade onde nasci. Completa seu Manuel.
Isso mesmo pai, Lisboa. Confirma o filho.
Mas cadê o livro filho? Questiona seu Manuel.
Bem pai, é que eu esqueci a carteira da biblioteca em casa, mas amanhã eu levo o livro pra ler em casa. Irmã Lourdes disse que vai deixar guardado pra mim. Responde Armando.
Que bom filho. Mas vamos, já é meio-dia e temos que ir pra casa. Vamos! Diz seu Manuel ao ver o seu relógio de pulso.
Naquele momento os dois sobem na bicicleta e vão para casa, pois aquele é o horário de almoço de seu Manuel que terá que voltar às duas da tarde para a mercearia, sua rotina diária de segunda a sexta feira.
Em casa, dona Angelina finaliza a preparação do almoço. Naquele momento chegam Manuel e Armando, cansados e famintos.
Angelina meu amor, o almoço já está pronto? Pergunta seu Manuel ao chegar em casa.
Sim Manuel, o almoço já está pronto. Mas lembrem-se, vocês dois terão que tomar um banho antes de irem comer. Responde dona Angelina.
Enquanto Armando e seu Manuel se preparam para tomar banho antes de almoçar, dona Angelina põe uma roupa limpa em Beatriz, a filha mais nova.
Mamãe, mamãe, o que a gente vai comer hoje? Pergunta Beatriz.
Hoje a mamãe preparou carne, feijão e arroz. E tá uma delícia. Respondeu dona Angelina carinhosamente à filha.
Depois todos se reúnem à mesa para almoçar. O dia passa e finalmente à noite chega. Alguns policiais chegam ao cortiço à procura de um homem que acabara de fugir da prisão. Eles entram na casa de todos que moram no cortiço, inclusive na casa de seu Manuel para saber se o fugitivo não tinha se escondido lá. As crianças se assustaram com a entrada daqueles homens fardados e com revólveres próximos aos quadris.
Olá senhor! Estamos à procura de um fugitivo. Ele é muito perigoso e pode agredir qualquer um. Temos mandado de prisão contra o sujeito. Diz o policial Almeida.
Tudo bem senhores, podem entrar e procurem à vontade. Diz seu Manuel ao policial.
Os policiais vasculham a casa de ponta a cabeça e não encontram o fugitivo.
Senhor, deixaremos este retrato falado aqui, caso vejas este fugitivo por aí. E lembre-se, ele é muito perigoso. Diz o policial Almeida.
Tudo bem senhor policial, se encontrarmos este bandido por aí, denunciaremos o sujeito pra polícia. Diz seu Manuel ao chefe de polícia.
Os policiais vão embora, enquanto isso seu Manuel conversa com sua esposa:
Querida, o que aconteceu hoje aqui me mostrou que devemos sair daqui e morar em um lugar mais digno. Veja como estão as crianças! Assustadas.
Dona Angelina ouvindo e observando o marido diz:
Querido, eu sei que tu estás muito preocupado com o que aconteceu ainda pouco, mas o que vamos fazer? O dinheiro que tu ganhas na mercearia mal dá pra pagar o aluguel neste cortiço, além de comprar comida, imagine pra comprar uma casa.
Eu sei meu amor, mas quero dar uma vida melhor a ti e a nossos filhos. Não aguento trabalhar tanto e não poder ajudar a minha família a sair deste buraco, desta pobreza. Quando me casei contigo, eu disse que iria dar as melhores coisas pra ti, nem isso pude cumprir. Desabafa seu Manuel com poucas lágrimas no rosto.
Eu sei querido, tu não tens culpa disso, aliás tu és um bom marido, o melhor companheiro que uma mulher poderia ter. Tu és o melhor e mais carinhoso pai que eu conheço. Se estou aqui contigo, é porque tu soube transformar minha vida, pois tu me deixas muito feliz, e é isso que importa. Nós estaremos juntos na alegria e na tristeza, lembra disso? Quando estávamos no altar da igreja quando eu disse sim para o homem que eu amo. Diz Angelina ao marido, que o segura na mão e a abraça dizendo:
Tu és a melhor esposa do mundo.
Todos se abraçam, mãe, pai e os dois filhos, e naquele momento Armando pensa: "Obrigado Senhor Deus por me dar pais tão especiais. Por favor Deus, nos ajude". Naquele momento todos foram dormir.
Durante toda a noite Armando dormia, dormia e sonhara com o seu pai. No sonho, Armando observava o seu pai indo para algum lugar distante. Tudo era iluminado, branco como um véu, o pai tentava abraçá-lo, mas parece que algo os distanciava cada vez mais. O pai dizia: "Armando, Armando, vem comigo filho! Vem comigo!" e de repente o pai desaparecera no sonho, foi quando Armando acordou espantado e todo suado. Armando não entendia o que aquele sonho dizia, mas ficou com medo de perder o pai. Eram três horas da manhã e ele voltou a dormir.
O dia começa mais uma vez e dona Angelina acorda para preparar o café da manhã, enquanto que Manuel se levanta dizendo:
Obrigado meu Deus por mais este dia. Depois de fazer o agradecimento, ele se levanta da cama e vai ao banheiro. Enquanto isso, Angelina acorda Armando dizendo:
Bom dia querido! Levante-se, já está na hora de escovar os dentes e tomar banho para ir pra escola.
Armando de repente abraça a mãe, mas não conta sobre o sonho que teve durante a madrugada.
Já eram seis e vinte da manhã, e seu Manuel estava terminando de tomar café para levar o filho à escola.
Manuel, quando vieres do serviço na hora do almoço, traga dois pacotes de açúcar e um pacote de feijão preto. Diz dona Angelina a Manuel.
Tudo bem Angelina. Responde ele.
Pai! Pai! Já estou pronto. Grita Armando animado.
Que alegria filho, o que o faz assim no dia de hoje? Pergunta seu Manuel com um sorriso no rosto.
É porque hoje vou trazer aquele livro que eu tinha falado pro senhor ontem. Aquele que fala sobre Paris, Londres e Lisboa. Responde Armando com animação.
Ah! Lembrei agora. Então tome o teu café pra irmos pra escola, já são quase seis e meia da manhã. Diz seu Manuel ao filho.
Depois de tomarem café, pai e filho vão à escola. Chegando lá, seu Manuel mais uma vez dar dinheiro ao filho, para que ele possa comprar merenda.
Tá aqui filho, mais umas pratas pra ti. Compre o que tu quiseres para comer, tudo bem? Diz seu Manuel.
Tudo bem pai. Responde o filho.
Agora vá filho, tu já estás quase atrasado, me dê um abraço. Diz seu Manuel ao filho.
Ao abraçar o seu pai, Armando sente uma angústia muito forte, o garoto não entendia o que estava acontecendo dentro de si, parecia um sinal de que algo ruim iria acontecer com o seu Manuel a qualquer momento.
Pai! Dizia Armando.
O que foi filho? Perguntava seu Manuel.
Nada pai. Tchau. Respondia o filho com o ar de triste.
Os dois se despediram, mal sabiam que aquele momento seria o último encontro entre pai e filho em vida. Seu Manuel foi embora, enquanto que Armando entrava tristonho na sala de aula.
Seu Manuel chega à mercearia para resolver alguns problemas. Trabalhava com ele, Miguel, um rapaz de 18 anos de idade, que neste dia não pode ir por estar doente. Vendo que não iria dar conta de trabalhar sozinho naquele dia, seu Manuel decidiu ir para casa, mas antes ele teria que pegar os dois pacotes de açúcar e o de feijão para levar para casa a pedido de dona Angelina. Naquele momento algo trágico iria acontecer, seria o último dia de vida do comerciante. Como a mercearia estava aberta, seu Manuel foi procurar nas prateleiras os pacotes de açúcar e feijão, quando de repente entra um homem dizendo querer comprar cigarros. Seu Manuel logo aparece para atendê-lo, apesar de ter que fechar a mercearia em poucos minutos.
Bom dia! Tu queres quantos cigarros? Pergunta seu Manuel ao cliente suspeito.
Naquele momento o homem saca uma arma contra seu Manuel dizendo:
Bora! Passa tudo que tu tem aí. Vamo! Vamo!
Era um momento de desespero para seu Manuel que calado entrega o dinheiro do caixa ao bandido.
Só isso seu "disgraçado"? Eu sei que tu tem mais dinheiro aí, vamo! Diz o bandido.
Só tenho isso jovem, por favor não me mate. Dizia seu Manuel desesperado pensando nos filhos e na esposa.
Ah! Tá de gracinha comigo seu velho português. Dizia o bandido a seu Manuel.
"Pow" "pow" "pow", eram sons de tiro. Todos que passavam pela rua, se assustaram e diziam: "É tiro!", "É tiro!". Outros diziam "Oh Meu Deus!". Mas ninguém sabia o que estava acontecendo.
Naquele momento na escola Armando assistia a aula, quando de repente se sente mal e desmaia. Aquele era o sinal de que algo tinha acontecido. Todos os seus colegas o viram atirado pelo chão e não entendiam o que estava acontecendo. A professora gritava: Ajudem-no! Ajudem-no!
Algum tempo depois Armando desperta do desmaio, e abre os olhos devagarzinho e ver sua mãe chorando. Ele estava na escola. Várias professoras o observavam com pena. Ele não entendia por que todos o olhavam, porque sua mãe chorava e perguntou:
Por que a senhora tá chorando mãe?
A mãe desesperada, não sabia como dizer ao filho o que acontecera.
A madre Magnólia, diretora da escola, conversou com o rapaz com toda calma ao dar a notícia triste:
Filho, tu terás que ser muito forte neste momento. A notícia que te darei é muito ruim. O seu pai, seu Manuel, está com Deus neste momento.
Com Deus? Como assim madre? Pergunta Armando sem entender de fato o que aconteceu com seu pai.
A madre com um olhar de pena e quase chorando explica ao garoto:
O seu pai meu jovem, morreu. Eu sinto muito.
Não! Não! Não é verdade. Meu pai não morreu. Meu pai não morreu. Gritava o garoto desesperado.
Cadê meu pai mãe? Cadê meu pai? Pergunta o garoto à mãe, que não tinha outra resposta senão aquela que a madre lhe dissera. Dona Angelina o abraça e diz:
Vai ficar tudo bem querido. Ele se foi, mas ele nos amava muito. Ele sempre estará com a gente querido.
Naquele momento, desesperado e chorando muito, o garoto pensava no sonho que teve durante à noite. No sonho o seu pai o chamava, mas o garoto não conseguia encontrar com ele. O pesadelo daquela noite se tornara realidade.

CAPÍTULO II
Oitos anos se passaram, e Armando está com 18 anos. Era noite, e todos os estudantes da escola São Vicente estavam presentes na cerimônia de colação de grau em um gigantesco salão. Armando já crescido e homem feito estava na cerimônia, pois era um dos formandos. Dona Angelina e Beatriz com 13 anos de idade estavam orgulhosas do rapaz. Milhares de estudantes eram chamados para receberem o diploma. Muitos eram aplaudidos, pois na época ser formar no ginásio era um privilégio. De repente Armando é o próximo a ser chamado, ele sobe às escadas devagar e recebe o diploma. Ele pede permissão à madre para dar algumas palavras e ela o concede dizendo:
Sim meu querido, pode falar.
Um pouco nervoso, mas com um sorriso ele agradece dizendo:
Boa Noite a todos! Gostaria de agradecer a uma pessoa que não está mais aqui, mas que foi responsável por ter me colocado nesta instituição de ensino, apesar de todas as dificuldades. Seu Manuel, o meu pai, que morrera há oito anos foi essa pessoa maravilhosa que me proporcionou isso. Gostaria de agradecer a minha mãe e a minha irmã, que preencheram meu vazio após a morte de meu pai, que foi brutalmente assassinado. Armando começa a chorar um pouco e continua: E finalmente, gostaria de agradecer a esta instituição que acolheu este pobre rapaz (falando de si mesmo) da periferia. Ah! Eu já ia esquecendo, quero agradecer ao Vicente, que foi o único da turma a se tornar meu amigo de verdade. Ele será o próximo daqui a pouco a vir para cá receber o seu diploma. Boa sorte meu amigo. E isso é tudo que eu tinha pra dizer. Boa noite!
Todos o aplaudem de pé.
Depois de ser aplaudido por milhares de pessoas, ele abraça a mãe e sua irmã dizendo:
Hoje é o dia mais feliz da minha vida mãe.
Eu sei filho, por isso tenho orgulho de ti a cada dia. Mas ficarei mais feliz quando entrares na faculdade de Direito. Diz dona Angelina, orgulhosa do filho.
Tu és o melhor irmão do mundo. Tenho certeza que será um ótimo advogado. Diz Beatriz, a irmã mais nova, sorridente.
Bem, vamos para casa filho, pois já está tarde. Bem, acho que podes ficar com seus amigos, mas tenha muito cuidado. Diz dona Angelina.
Tudo bem mãe. Irei para casa de Vicente. Haverá uma festa lá. Diz Armando.
De repente chega Vicente, que logo cumprimenta a mãe e a irmã de Armando, seu grande amigo:
Olá senhora Cabral! Olá princesa Beatriz.
Olá Vicente! Respondem as duas com sorrisos no rosto.
E aí amigão, vamos lá pra casa? Já está tudo pronto pra festa pós-formatura, hahaha. Diz Vicente animado.
Mãe já estou indo. Qualquer coisa é só ligar pra casa do Vicente. Diz Armando a dona Angelina.
Tudo bem filho. Mas tenha muito cuidado. Divirta-se! Ou melhor, divirtam-se! Diz Angelina sorridente.
Armando abraça a mãe e a irmã e vai para a festa do amigo Vicente. Depois Angelina sai com a filha, Beatriz, e pega um táxi para ir para casa.
Vicente, melhor amigo de Armando, mora em uma mansão no Centro Histórico com os pais. O pai dele se chama Alberto Castello, juiz do Tribunal de Justiça do Maranhão. Sua mãe, Magnólia Castello, é escritora e representante feminina da Academia Maranhense de Letras. Ela é conhecida no Rio de Janeiro por causa do seu título de grande escritora.
Eram nove horas da noite, quando Armando e Vicente chegam à mansão. Alberto e Magnólia estão de saída para um jantar importante na mansão do governador Villas Boas, muito conhecido pela sociedade ludovicense.
Boa noite senhor e senhora Castello! Diz Armando ao cumprimentar os pais de Vicente.
Boa noite jovem Armando. Ah! E meus parabéns pela formação na noite de hoje. Diz Magnólia.
Verdade, meu jovem. Tu foste genial ao falar aquelas palavras. Diz Alberto, que ao ver o relógio continua: Bem jovens, nós estamos de saída para um jantar. Por favor, não toquem fogo na casa, hahahahahaha, brinca.
Não ligue Armando, Alberto como sempre muito brincalhão. Diz magnólia.
Tudo bem senhora Magnólia, ele pode ser brincalhão, mas o admiro muito. Diz Armando sorridente.
Tudo bem pessoal! Vamos acabar com essa ladainha e entrar, não é Armando? Pergunta Vicente ao amigo com entusiasmo.
Mais uma vez, boa noite senhor e senhora Castello. Diz Armando.
Boa noite Armando! Dizem Alberto e Magnólia e saem logo em seguida.
Armando e Vicente entram na mansão. Vicente diz:
O pessoal já está quase chegando.
Um livro em cima de uma mesa chama a atenção de Armando. Curiosamente ele pega o livro e vira para Vicente e pergunta:
Que livro é esse?
Acho que deve ser da minha mãe. Ela adora escrever romances, talvez ela tenha esquecido aí. Responde Vicente.
Parece interessante. "A feminista brasileira", tema extraordinário. Comenta Armando.
Tudo bem amigo. Deixa o livro aí e vamos beber um pouco de uísque enquanto o pessoal chega. Diz Vicente segurando uma garrafa de uísque e segurando dois copos de vidro.
Tens razão. Comenta Armando, que deixa o livro em cima da mesa.
Vicente e Armando começam a beber os primeiros copos de uísque, quando buzinas de motos e carros começam a surgir em frente à mansão.
Chegaram! Chegaram! Vou lá abrir a porta. Exclamava Vicente.
Ao abrir a porta, Vicente se depara com os amigos que lhe cumprimentaram. Junto a eles havia várias mulheres lindas que fizeram parte da festa.
E aí amigo Vicente! Vamos entrar ou não? Pergunta Jorge, um dos amigos.
Todos entram na mansão dos Castello e começam a conversar, beber e se divertirem com as garotas que também participam da festa dos formandos. Jorge, um dos amigos de Vicente, é carioca e moro em São Luís há pelos menos quatro anos. Jorge é do tipo bonitão e muito mulherengo, além de ser muito divertido. Ele se aproxima de Vicente e pergunta:
Vicente, quem é aquele que estava com você quando nós chegamos?
Ele é meu amigo de escola. Acabamos de nos formar na escola São Vicente, o nome dele é Armando. Responde Vicente.
Hum, vou lá conversar com ele. Se ele é seu amigo, é meu amigo também. Diz Jorge, entusiasmado, que logo se aproxima de Armando.
E aí Armando? Sou Jorge, amigo de Vicente. Está se divertindo? Pergunta Jorge com o seu jeito malandro.
Bem, estou aproveitando quanto posso essa festa. Responde Armando.
Você mora aqui perto? Questiona Jorge.
Não. Moro em uma região mais afastada. Responde Armando, que logo questiona:
Tu não és daqui de São Luís, pois teu sotaque é diferente. Tu vieste de onde?
Sou do Rio de Janeiro. Vim pra cá pra passar férias e acabei ficando. Adoro essa cidade. Até parece que estou em Portugal, pois as casas e mansões daqui são bem parecidas com as de Lisboa. Responde Jorge.
Interessante. Diz Armando.
Bem, já que falei um pouco de mim, e você, como vive aqui? Pergunta Jorge com um tom de curiosidade.
Eu trabalho em uma mercearia, que herdei de meu pai. Ele morreu há alguns anos, ele era o meu melhor amigo. Eu moro com minha mãe e irmã de 13 anos. Bem, agora que me formei, pretendo fazer o curso de Direito, eu nem pensava em fazer este curso, mas comecei a gostar de ler livros sobre leis e também porque meu pai queria que eu fosse advogado. Adoraria que ele estivesse aqui vendo eu me formar, mas, felizmente, tenho minha mãe comigo pra me apoiar em tudo. E essa é minha história de uma forma resumida. Responde Armando.
Armando, adorei sua história. Sabe, meu pai nunca gostou de mim de verdade. Ele se casou com a minha mãe por interesse, é que descobri. Ela morreu e tive que suportá-lo durante algum tempo. Na verdade, não vim a São Luís somente para passar férias, mas pra me livrar dele. O deixei sozinho no Rio. Mas ele está muito bem sem mim, pois vive com uma mulher que só pensa no dinheiro dele. E isso vai fazer ele pagar por tudo que ele fez pra mim e pra minha mãe, quando ela estava doente. Enquanto ela estava em um hospital fragilizada, ele se divertia com milhares de mulheres. Descobri a poucos dias, através de um primo, que ele estava com tuberculose, mas que não era nada grave e que ele ia ficar bem, pois os médicos já estavam cuidando do caso. Mas tenho certeza que esse é o castigo que ele está recebendo depois de tudo que ele fez. Resumindo, meu pai nunca gostou de mim, mas do dinheiro de minha mãe. Responde Jorge com um jeito rancoroso.
A tua história é impressionante, mas não te preocupas, tu serás muito feliz, por mais difícil que seja. Diz Armando ao consolar Jorge. Depois de toda aquela conversa, Jorge e Armando se tornam grandes amigos. Naquele momento todos se divertem, vários garotos começam a se divertir com aquelas mulheres que foram convidadas para festa pós-formatura.
Naquela noite todos estavam muito bêbados, inclusive Armando. Já era madrugada, mas a festa não parou e todos continuavam a se divertir. As moças que também estavam na festa eram prostitutas que estavam ali para se divertir. Armando muito bêbado foi convidado a ir ao quarto com uma delas, Dalva, uma mulher loira, olhos castanhos e muito sensual. A bela mulher o seduzia aos poucos, beijava seu pescoço e sussurrava no seu ouvido dizendo:
Quero ir contigo até o quarto.
Armando não muito bêbado começava a sorrir e a beijava na boca e dizendo:
Quero sim, quero muito teu corpo. Quero que me mostre tudo de bom que há dentro desse vestido.
Dalva com um olhar sedutor, o beijou ferozmente várias vezes e disse:
Vamos subir! Nem precisa falar pro Vicente que vamos usar o quarto dele, pois ele é um rapaz muito liberal.
Armando muito excitado, diz:
Vou rapidinho conversar com o Vicente. Não saia daí.
Tudo bem garanhão. Responde ela.
Neste momento Armando se levanta do sofá e vai a encontro de Vicente. Em seguida ele pergunta ao amigo:
Vicente, eu posso usar o teu quarto pra eu deitar com a Dalva?
Vicente ao ouvir o amigo dizendo aquilo, começa a sorrir e diz:
Claro meu amigo. A casa é sua também. E não se preocupe, meus pais só voltam amanhã à tarde. Aproveite muito, pois a Dalva é uma mulher bem atraente.
Armando também rir e diz:
Vou levá-la pro quarto neste momento. E vou realizar todas as fantasias dela.
Dalva de longe sorrir para os dois. Em seguida, Armando volta a se encontrar com ela e diz:
Hoje tu serás minha, somente minha. E começa a beijá-la. Logo os dois sobem para o quarto de Vicente.
Armando sobe para o quarto com Dalva, os dois se beijam ferozmente. Ele entra no quarto junto com ela, fecha a porta e a joga em cima da cama. Naquele momento, Armando percebia que se tornara um homem de verdade e aproveitou todo aquele momento junto com aquela mulher. Dalva era muito sedutora e atraia com facilidade qualquer homem que estivesse à sua frente. Naquela noite Armando era um desses homens.
Após fechar a porta, Armando a observava com um olhar selvagem, desejando aquele corpo sedutor, que parecia chamá-lo. Dalva tirava o vestido levemente, aumentando a excitação de Armando que não aguentara e logo se jogou por cima dela. Os dois transaram loucamente, eles se beijavam e tocavam o corpo um do outro. Dalva muito excitada dizia sussurrando ao ouvido dele:
Me beije, me abrace, me faça sua mulher, porque serei sua por toda sua vida. Tu é meu homem nesse momento, um homem que tanto quis em uma noite assim.
Armando louco de paixão por aquela mulher dizia:
Tu é muito charmosa e muito bonita. Nunca vi uma mulher tão boa quanto você. Te quero durante toda essa noite, pois nunca vou esquecer essa bela transa que estamos tendo neste momento.
Depois de sussurros e sussurros, os dois terminam de transar. Em cima da cama por baixo de lençóis, os dois começam a conversar. Dalva pergunta:
Tu acabou de se formar?
Sim. Responde Armando.
Uau! Deve ser interessante se formar. Os homens formados sempre têm dinheiro. Diz Dalva.
Armando sorridente e com um cigarro nas mãos diz:
Não se engane Dalva, nem todos são ricos.
Por que diz isso? Pergunta Dalva
Porque sou formado, mas não rico. Responde Armando.
Pensei que tu fosses rico. Porque sempre deitei com homens muito ricos, a maioria advogados e juízes. Diz Dalva surpresa.
Armando ao ouvir Dalva falar daquele jeito pergunta:
Tu estás arrependida de ter deitado comigo?
E Dalva responde:
Claro que não. Só estou surpresa por tu não ser rico. Mas e compensação, tu és muito bom de cama. Tu me deixou muito excitada, coisa que muitos homens ricos não fazem.
Os dois começam a rir da conversa e logo depois se beijam. Depois do beijo, Armando começa a fumar.
Algumas horas depois, Armando e Dalva saem do quarto e descem às escadas. Vicente ao ver Armando cansado, o chama e pergunta:
E aí Armando? Como foi a noite com a Dalva? Foi muito quente?
E Armando responde sorridente:
Com certeza, amigo. Essa é uma noite que nunca vou esquecer.
Todos os amigos de Vicente e as outras mulheres estavam bêbados, a mansão parecia Sodoma e Gomorra, um verdadeiro lugar de pecado, onde homens e mulheres lindas se pegavam à noite toda. Já eram cinco da manhã e Jorge muito bêbado disse que queria ir embora, pois estava muito cansado, mas Vicente, que também estava bêbado disse que não era para o seu amigo se preocupar, pois seus pais só iriam voltar para casa por volta das cinco horas da tarde. Enquanto isso, Armando pergunta para Vicente:
Vicente, onde fica a cozinha? Preciso tomar um café bem forte.
E Vicente responde:
Vamos lá! Eu te mostro onde fica a cozinha, porque preciso beber um pouco de café também, pois estou muito bêbado.
Os dois vão até a cozinha para beberem café. Vicente diz não saber preparar café, já que quem faz o café da manhã, almoço e jantar são as empregadas da sua casa. Armando achando graça daquela situação diz sorridente:
Isso não me surpreende Vicente, pois tu sempre foi rico e nunca precisou nem lavar uma panela. Já eu aprendi a fazer isso quando meu pai morreu. Tive que ajudar a minha mãe várias vezes, e nessas várias vezes aprendi a fazer de quase tudo, até um simples cafezinho.
Por isso te admiro Armando. Tu és muito esforçado e tem de tudo para vencer na vida. Sabe de uma coisa: direi a meu pai para que ele possa conseguir uma bolsa de estudos na faculdade de Direito da capital. Diz Vicente ao amigo.
Armando ao ouvir Vicente falar aquilo fica muito entusiasmado, e diz ao amigo:
Vicente eu quero muito fazer o curso de Direito, tenho paixão por isso e ficaria muito feliz se seu pai conseguisse para mim uma bolsa, pois com o dinheiro que ganho na mercearia deixada a mim por meu pai não seria suficiente para pagar um curso tão caro como esse.
Vicente diz que irá conversar com o seu pai quando ele chegar da casa do governador Villas Boas. Ele ainda diz a Armando para que ele não se preocupe, pois sabe que seu pai irá conseguir essa bolsa para ele.
CAPÍTULO III
Dois dias após a festa, Armando volta à sua rotina na mercearia. Trabalham com ele Miguel e Patrício, dois grandes amigos da família que saíram de Salvador (Bahia) para morarem em São Luís. Esses dois ex- pedreiros eram grandes amigos do pai de Angelina, que também era pedreiro e morou algum tempo em Salvador antes de viver na capital do Maranhão. Para Armando, Miguel e Patrício são como pais para ele. Miguel é casado com Helena e Patrício com Celina, os casais moram no cortiço também. Enquanto os dois trabalham com Armando na mercearia, as suas esposas cuidam da casa, além de fazerem companhia a Angelina.
O dia começa a chegar ao fim e já eram cinco e meia da tarde, quando Vicente chega com as boas novas na casa de Angelina. Ele bate na porta da casa de Armando, "toc, toc, toc" e pergunta:
Olá! Dona Angelina, a senhora está aí?
Beatriz ao ouvir Vicente chamar, diz para Angelina:
Mãe! Acho que deve ser o Vicente batendo à porta.
Mais uma vez Vicente bate na porta e pergunta se há alguém em casa. Nesse momento Angelina ao ouvi-lo bater, responde:
Já estou indo Vicente. Só um minutinho.
Depois de um tempinho, Angelina abre a porta e diz:
Boa noite Vicente! Como tu estás meu filho?
Vicente sorridente responde:
Boa noite a senhora também. Estou aqui em sua casa porque trago boas notícias a Armando. E é uma ótima notícia e tenho certeza que irá gostar. Por isso vim até aqui, pois quero fazer uma surpresa ao meu amigo.
Então seja bem-vindo querido. Já jantastes? Pergunta Angelina.
Já jantei dona Angelina. Muito obrigado! Responde ele.
Bem, como tu já jantou, pelo menos coma um pedaço de bolo de chocolate que fiz durante esta tarde. Diz dona Angelina.
Tudo bem dona Angelina, não posso dispensar um belo pedaço de bolo feito pela senhora. Diz Vicente sorridente.
A noite vai passando e são sete horas da noite, horário em que Armando fecha a mercearia e vai para casa. Ele vai acompanhado de seus colegas de trabalho e também vizinhos, Miguel e Patrício que também vão para casa. Ao chegar na porta, ver o caso de Vicente estacionado ali e se pergunta em pensamento: "Por que será que Vicente está aqui?"
Então ele cumprimenta os amigos com uma boa noite e entra em casa. Lá estavam Vicente, dona Angelina e Beatriz, todos à sua espera com uma boa notícia.
Olá Armando! Diz Vicente entusiasmado ao ver o amigo.
Olá Vicente! Me desculpe, mas estou surpreso em te ver por aqui, já que tu não é acostumado a vim aqui neste horário. Diz Armando surpreso.
Dona Angelina ouvindo o filho falar aquilo, diz a ele com um tom de repreensão:
O que é isso Armando? Seu amigo veio até aqui trazer boas notícias e é assim que tu recebe ele? Por favor!
Mãe! Só estou surpreso por... E ele acaba sendo interrompido por Vicente que diz:
Não se preocupe dona Angelina, eu entendo a surpresa de Armando, mas o importante é que estou aqui com uma notícia que vai deixar todos nesta casa muito felizes. Armando, eu quero que sente na cadeira, na verdade, eu quero que todos sentem, pois o que venho trazer até aqui é algo que prometi para Armando. Armando querendo saber do que se tratava, sentou-se no sofá com sua mãe e sua irmã (Beatriz).
Vicente muito entusiasmado e ansioso falou do que se tratava:
Bem, eu falei com meu pai sobre aquela bolsa de estudos para o curso de Direito... Naquele momento Armando se lembrou do que se tratava e começou a ficar muito animado. E Vicente continua: ... e ele me disse que conversou com o reitor da Faculdade de Direito que é muito amigo dele. O reitor Fernando Brandão, que é advogado e professor de Direito disse que é para tu aparecer amanhã às oito e meia da manhã na faculdade, pois ele quer conversar contigo sobre essa bolsa de estudos. Finaliza Vicente.
Naquele momento dona Angelina e Beatriz ficaram muito felizes ao receberem junto com Armando essa boa notícia. Armando muito feliz agradece dizendo:
Muito obrigado Vicente. Não sei como te agradecer.
Que isso Armando, os amigos são para essas coisas. Diz Vicente.
Meu filho! Não sei como posso te agradecer por ter feito isso por Armando. Se o Manuel estivesse aqui, tenho certeza que ele ficaria muito feliz, pois era o sonho dele ter um filho advogado. Mesmo ele não estando aqui conosco, espero que ele lá do céu esteja pulando de alegria neste momento. Diz dona Angelina muito feliz.
Que isso dona Angelina, eu sempre admirei Armando, porque sempre convivi com ele desde o colegial. E espero que ele aproveite esta oportunidade e consiga ser um homem muito importante futuramente. Diz Vicente a dona Angelina.
Beatriz muito feliz por ter ouvido esta notícia, aproveitou para abraçar o irmão e disse com orgulho:
Armando, sei que tu serás um grande advogado. Espero que tu sejas o melhor advogado do mundo.
Ao ouvir a irmã falar aquilo, ele a beija no rosto e diz:
Nós seremos a família mais importante desta cidade Beatriz, eu prometo.
Naquele momento de alegria, Vicente se despede da família Cabral, mas dona Angelina pergunta:
Querido, tu não queres mais um pedaço de bolo?
E ele responde:
Desculpe dona Angelina, mas tenho que ir, pois terei que me arrumar para ir a uma festa daqui a pouco. Não se preocupe, adorei o seu bolo. Boa noite!
Boa noite querido, que Deus te abençoe. Vá com Deus! Diz dona Angelina.
Obrigado dona Angelina. Agradece Armando.
Então Vicente sai da casa de Armando e dar boa noite a todos e ao entrar no carro deseja boa sorte para o amigo. Armando, Beatriz e dona Angelina entram na casa e conversam sobre o assunto, Armando muito entusiasmado vai direto para o banho. Enquanto isso dona Angelina o chama e pergunta:
Armando! Tu esqueceu de dizer para Patrício e Miguel que tu não podes estar cedo na mercearia, por causa dessa entrevista que tu terás com o reitor. Tu queres que eu avise a eles para que abram sozinhos à mercearia amanhã?
Armando sai do banho e responde:
É mesmo mãe, eu estava tão entusiasmado com a notícia que nem lembrei de avisar a eles que tenho que sair cedo amanhã.
Então irei avisá-los que tu não pode estar lá amanhã cedo. Aí deixo as chaves da mercearia com eles. Diz Angelina, que sai em seguida para avisar a Miguel e Patrício a ausência de Armando na mercearia na manhã do dia seguinte.
A noite passa e os galos da vizinhança começam a cantar. Já são seis e meia da manhã. Armando acorda e se depara com sua mãe fazendo o café da manhã.
Bom dia filho! Cumprimenta dona Angelina.
Bom dia mãe! Que horas são? Pergunta Armando.
São seis e meia da manhã. É bom tu tomares banho, porque o tempo passa rápido. Responde a mãe.
Verdade mãe. Então já estou indo tomar banho. Diz o filho ao beijar o rosto da mãe.
Minutos depois Armando se arruma e em seguida toma o seu café da manhã. Neste momento Beatriz acorda e beija o rosto do irmão lhe desejando um bom dia e boa sorte na entrevista que ele terá com o reitor.
Dona Angelina, que é católica, reza para nossa Senhora da Conceição dizendo:
"Nossa Senhora, peço-lhe que proteja meu filho de todo o mal e que faça com que ele passe nesta entrevista para entrar na faculdade. É com alegria que lhe peço isso, pois era o sonho do meu marido que já se foi e agora se torna um sonho para mim e meu filho. Muito obrigada. Amém!"
Armando chama Angelina:
Mãe! Mãe! Já estou indo.
Dona Angelina escuta o filho chamar e logo se aproxima com um terço dizendo:
Antes que tu vás leve esse terço contigo. Coloque no bolso da calça, pois ele te livrará de todo o mal, porque nossa Senhora da Conceição já o abençoou. Boa sorte meu querido!
Obrigado mãe! Vai dar tudo certo. Vou indo, pois vou pegar um bonde. Agradece Armando abraçando a mãe. E assim, Armando sai de casa para a entrevista na faculdade de Direito.
A faculdade de Direito de São Luís é uma das mais importantes da cidade, fica próximo à Praça Gonçalves Dias, um dos pontos turísticos mais famosos da cidade. Armando que acabara de chegar próximo à faculdade, se depara com um prédio antigo e muito lindo construído no século XVIII. Ali será o ponto de partida para a carreira de Armando, o homem mais poderoso do Brasil futuramente.
Armando muito entusiasmado entra no prédio e se depara com o guarda na portaria que lhe cumprimenta:
Bom dia senhor!
Bom dia senhor guarda! Responde Armando ao cumprimento.
O senhor gostaria de falar com alguém? Pergunta o guarda.
Armando sorridente responde:
Sim. Eu tenho uma entrevista com o reitor daqui a meia hora.
Tudo bem senhor! Basta o senhor entrar e conversar com a secretária, que ela lhe guiará. Diz o guarda.
Muito obrigado! Agradece Armando ao apertar as mãos do guardar e logo em seguida entra no prédio.
Armando entra no prédio admirado, quando ouve o telefone tocar, era o telefone da recepção sendo atendido por uma moça linda. Ela tinha os cabelos lisos, pele parda e olhos castanhos, era uma mulher incrível, com uma voz doce que encantara Armando naquele momento.
Depois de ter sido atendido o telefone a moça cumprimenta Armando:
Bom dia senhor!
Boquiaberto ao ver a bela moça, Armando responde:
Bom dia!
O senhor gostaria de algo? Pergunta a secretária com um olhar meigo e sorridente.
Sim. Eu tenho uma entrevista com o reitor da faculdade daqui a pouco. Responde Armando sorridente.
Qual o seu nome senhor? Ela pergunta.
Meu nome é Armando Cabral. Ah! Não precisa me chamar de senhor. Responde Armando sorridente.
Desculpe senhor, mas esse é o procedimento, não posso chamá-lo de outra forma. Diz a secretária.
Ah! Desculpe. Diz Armando.
Tudo bem senhor Armando. Bem, vou comunicar ao reitor sobre sua vinda, só um momento. Diz a secretária, que logo em seguida liga para o gabinete do reitor. Ela aguarda a chamada e logo é atendida por ele. Ela comunica ao reitor sobre o comparecimento de Armando à faculdade para a entrevista. Em seguida, ela desliga o telefone e diz a Armando:
Senhor Armando, o reitor estar à sua espera no gabinete. Basta o senhor subir à escada e no corredor tem três gabinetes, e a última é a do reitor, onde tem escrito na porta "GABINETE DO REITOR". Tudo bem?
Tudo ótimo. Muito obrigado senhorita. Qual o seu nome mesmo? Pergunta Armando com um ar de curiosidade.
Sarah, senhor. Responde a secretária.
Então, muito obrigado senhorita Sarah. Diz Armando sorridente.
Sarah ao ouvir Armando agradecer, responde com um sorriso no rosto também dizendo:
De nada senhor. Boa sorte!
Depois de cumprimentos e agradecimentos, em fim Armando sobe à escada e vai direto ao gabinete do reitor. Ele para e diz:
Seja o que Deus e nossa Senhora da Conceição quiserem. Em seguida ele bate à porta do gabinete do reitor e diz:
Bom dia! Com licença senhor reitor.























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