A transformação do Bom Retiro nas entrelinhas dos anúncios imobiliários (1930-1954)

July 12, 2017 | Autor: Liziane Mangili | Categoria: Urban History
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X SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO 8 a 10 de outubro de 2008 Recife - Pernambuco - Brasil

AS TRANSFORMAÇÕES DO BOM RETIRO NAS ENTRELINHAS DOS ANÚNCIOS IMOBILIÁRIOS (1930-1954)

Liziane Peres Mangili (EESC-USP) - [email protected] Mestranda do Programa de Pós Graduação em Arquitetua e Urbanismo da EESC-USP. Arquiteta e Urbanista pela EESC-USP, especialista em restaução de patrimônio histórico pela Universidad Alcalá de Henares, Espanha.

As Transformações do Bom Retiro nas Entrelinhas dos Anúncios Imobiliários (1930 a 1954).

Resumo Este texto analisa as transformações ocorridas no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, a partir do estudo de duas fontes documentais: os mapas cadastrais da cidade elaborados pelas empresas Sara Brasil e Vasp Cruzeiro respectivamente em 1930 e 1954, e os anúncios imobiliários, referentes ao bairro, publicados pelo jornal O Estado de São Paulo nas décadas de 1940 e 1950. A comparação dos mapas revela uma enorme mudança na estrutura física do bairro. Estas transformações estão retratadas nos anúncios imobiliários, e através deles é possível vislumbrar o que e como muda, e consequentemente aquilo que permanece. Transparecem, ainda, as transformações ocorridas na cidade de São Paulo no momento em que está se transformando em metrópole, como estas transformações são enfatizadas nos anúncios, e a desigualdade dos diversos territórios da cidade.

O processo de metropolização de São Paulo e as transformações no Bom Retiro Para a cidade de São Paulo, os anos de 1930 são marcados pelo início do seu processo de metropolização. Transformações sócio-econômicas, como a intensificação do processo de industrialização e o crescimento populacional, concorrem para a conformação da grande metrópole, repercutindo em transformações físicas e estruturais. A área urbanizada da cidade se expande; novos bairros surgem ao longo de antigos caminhos; pequenos povoados aos arredores da cidade se desenvolvem e são absorvidos por São Paulo. Os bairros próximos ao centro, configurando áreas já consolidadas da cidade, se adensam e se compactam, através da ocupação de loteamentos encravados em seu interior, da intensificação da taxa de ocupação dos lotes e da verticalização (LANGENBUCH, 1971). No processo de expansão urbana, a rede ferroviária, que havia sido a responsável pela estruturação de alguns bairros centrais, continuou a ser fator indutor da urbanização, através da ocupação de suas faixas lindeiras e da polarização dos subúrbios-estação, focos de estruturação e expansão urbana. O processo teria sido complementado pela circulação rodoviária, e pela expansão da área edificada sobre espaços suburbanos anteriormente não adensados (LANGENBUCH, 1971). A execução de obras viárias de vulto, realizadas a partir do final da década de 1930, tiveram importante papel para as mudanças em São Paulo e em algumas áreas próximas ao centro. Destacam-se as obras do Plano de Avenidas de Prestes Maia, que reestruturaram o sistema viário e são colocadas como importante fator para a intensificação da verticalização no centro e em bairros vizinhos (BONDUKI, 1998; MEYER, 1991; SOMEKH, 1987, SOUZA (1984); ROLNIK, 1997; LEME, 1999). A verticalização, iniciada na segunda metade do século XX e que até 1939 concentrou-se na área central da cidade, para usos comerciais, teria novos rumos após as transformações viárias. Nos anos seguintes, ela extrapola a área central, e passa a ser predominantemente residencial. (SOMEKH, 1987) Nos bairros centrais1 essas transformações ocorrem de diversas maneiras. Áreas mais consolidadas no interior desses bairros se adensam, através da maior ocupação dos lotes e, em alguns casos, da verticalização. As áreas ao sul e a oeste da área central são as mais atingidas pelas obras do Plano de Avenidas, que provocou a renovação das edificações e mudanças na estrutura fundiária nas áreas adjacentes às novas e modernizadas vias. Essas transformações, no entanto, não ocorrem de maneira homogênea para todos os bairros centrais. As obras viárias provocam diferentes situações, e as mudanças sócio-econômicas que se processam nesse momento em São Paulo refletem em diferentes configurações físicas no interior dos bairros. No bairro do Bom Retiro, dois processos de transformações físicas são destacados. 1

O termo “bairro central” foi usado para definir os antigos bairros que se conformaram no final do século XIX, ao redor do centro da cidade, e que até então pertenciam ao “cinturão de chácaras”.

Delimitado ao sul pela rede ferroviária, a oeste pela Avenida Rudge, ao norte pelo Rio Tietê e a leste pelo rio Tamanduateí e pela avenida Tiradentes, o Bom Retiro tem seus limites definidos já no início do século XX. É um bairro que se configurou espacialmente a partir do processo de loteamento das chácaras que, em meados do século XIX, pertenciam ainda à zona rural da cidade de São Paulo. A instalação do primeiro jardim público da cidade, o Horto da Luz, demonstra que a área era usada para lazer e, por sua proximidade do centro, também servia a moradores de outras áreas, vocação reforçada com a instalação de outras instituições públicas e de ensino, como a Cadeia Pública ou Casa de Correição, em 1852, o Liceu de Artes e Ofícios, em 1873, e o Grupo escolar Prudente de Moraes, em 1884. Em 1860 a instalação da rede ferroviária com a Estação da Luz e o conjunto de galpões, oficinas e armazéns que as abasteciam provocam a valorização das terras, que foram loteadas e vendidas. A presença da ferrovia atraiu para o local algumas fábricas, e a crescente demanda por moradias, vinda da massa de imigrantes que chegavam diretamente pela Estação da Luz, fez com que o bairro se configurasse como um bairro operário de imigrantes. Assim, o Bom Retiro se configura como um bairro industrial e operário, e na década de 1920 já estava consolidado, com seus limites definidos e seu traçado urbano estruturado. Assim, esses processos de transformação se dariam em dois sentidos: 1. adensamento da área edificada consolidada, através da ocupação do interior dos quarteirões e lotes, remembramentos e desmembramentos de lotes e verticalização, e 2. expansão do bairro para as áreas das várzeas dos rios Tietê e Tamanduateí. Colocadas como diretamente responsáveis pelo processo de verticalização ocorrido na cidade de São Paulo, como comprovam as teses de diversos autores (BONDUKI, 1998; MEYER, 1991; SOMEKH, 1987, SOUZA (1984); ROLNIK, 1997; LEME, 1999), no Bom Retiro as obras viárias tiveram um outro reflexo: permitiram que as terras antes alagáveis se convertessem em terrenos edificáveis, refletindo na expansão do bairro em direção a essas áreas. Estas obras atingem o Bom Retiro “pelas bordas”, ou seja, nos seus limites: em sua porção leste, com o alargamento da Avenida Tiradentes e abertura da Avenida do Estado e Avenida Santos Dumont, e na porção norte, com a retificação da calha do Rio Tietê. Distanciando-se das análises que privilegiam as transformações urbanas como decorrentes das obras viárias, este estudo busca identificar como se deu o processo de transformação ocorrido na cidade de São Paulo no período de sua metropolização, em uma parte de seu território pouco estudada: o bairro central do Bom Retiro. Pouco privilegiados como focos de estudos, os bairros centrais diferenciam-se do conjunto da cidade por manterem ao longo do tempo e até os dias atuais dinâmicas distintas das ocorridas na cidade. Como destaca um dos poucos estudos sobre eles, são bairros com a predominância da atividade industrial, “numa cidade que periferiza constantemente seus empregos industriais e terceiriza o centro, a locação como forma principal de habitação numa cidade dominada pela casa própria; e a proximidade domicílio-trabalho de

grande parte da população que neles habita num contexto de constante distanciamento dos percursos domicílio-trabalho” (FERNANDES, 1986, p. 68). A abordagem pretendida se dá através da análise de duas fontes documentais: os mapas cadastrais da cidade de São Paulo elaborados em 1930 e 1954 respectivamente pelas empresas Sara Brasil2 e Vasp Cruzeiro3, e os anúncios imobiliários publicados na seção de classificados do jornal O Estado de São Paulo nas décadas de 1940 e 1950. A comparação dos mapas dimensiona a escala de transformações ocorridas no bairro no período por eles compreendido, e a análise dos anúncios, além de ressaltar essas transformações, permite o entendimento da dinâmica imobiliária vivenciada pelo bairro no período, de que maneira essa dinâmica transformou seus espaços e evidenciou suas características mais genuínas.

Os mapas de 1930 e 1954: a dimensão das transformações ocorridas em apenas duas décadas O “Mapa Topographico do Municipio de São Paulo”, executado pela empresa Sara Brasil, foi contratado na gestão do prefeito José Pires do Rio. Arthur Saboya era o Diretor de Obras naquele momento, e o Plano de Avenidas de Ulhôa Cintra e Prestes Maia estava em elaboração. A única planta cadastral de que a cidade dispunha tinha mais de vinte anos, e a cidade havia sofrido um importante crescimento desde então. Nesse contexto foi contratada a elaboração do mapa topográfico em 1928, realizados os levantamentos no ano seguinte e publicado em 1930 na escala 1:5000. O “Levantamento Aerofotogramétrico” do Município de São Paulo, executado pelas empresas Vasp e Cruzeiro do Sul, foi fruto das propostas do relatório de Moses para a cidade de São Paulo4. Contratado na gestão do prefeito Armando de Arruda Pereira, o mapa vinha suprir a necessidade de uma planta oficial atualizada, uma vez que os levantamentos anteriores datavam de 1929 (mapa Sara Brasil). O mapa de 1930 mostra o Bom Retiro como um bairro bem consolidado. A densidade maior de construções dava-se no seu interior, nas áreas mais próximas à Estação da Luz, ao Jardim da Luz e à via férrea; nota-se que os quarteirões das bordas são os menos edificados. As terras das áreas de várzea não eram ocupadas, pois o rio Tietê com seu percurso serpenteante inundava essas áreas nas suas cheias. O percurso do rio Tamanduateí, ao contrário, já havia sido retificado, implicando numa incipiente ocupação de suas áreas lindeiras.

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Mappa Topographico do Municipio de São Paulo, executado pela empreza Sara Brasil SA, pelo método Nistri de aerophotogrammetria, de accordo com o contracto lavrado em virtude da Lei 3203 de 1928, quando prefeito o Sr. Dr. José Pires do Rio, sendo Director de Obras o engenheiro Arthur Saboya. 1930. Publicado pela Prefeitura Municipal de São Paulo. (Escala 1:5000) 3 Municipio de São Paulo. Levantamento Aerofotogramétrico executado por Vasp Areofotogrametria SA e Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul SA. Fotografias tomadas em janeiro de 1954 Autorizado pela Lei 4104/51. Iniciado na gestão do Prefeito Armando de Arruda Pereira. 1952-1957. Prefeitura Municipal de São Paulo. (Escala 1:2000) 4 Em 1950 a Prefeitura de São Paulo contratou o IBEC-International Basic Economy Corporation, instituto de Nelson Rockfeller. À frente dos trabalhos no Brasil ficou Robert Moses. (LEME, 1999)

O mapa de 1954 mostra algumas transformações em relação ao anterior. O rio Tietê aparece com seu percurso retificado, o canal do Tamanduateí é prolongado até atingir a nova calha do Tietê. Na porção leste do bairro vê-se a abertura de uma nova via, larga, que se origina na Avenida Tiradentes e cruza o Tamanduateí: a Avenida Santos Dumont. Este mapa revela, ainda que, à parte a abertura desta avenida, não houve outra transformação no tecido viário do bairro: ele permanece igual ao do mapa anterior. Através da sobreposição dos mapas, que permitiu identificar as transformações nas edificações e na estrutura fundiária do bairro, fica evidente que praticamente todas as edificações dos bairros passaram por alguma mudança: ou por demolição seguida da construção de nova edificação, ou por reforma e ampliação. No âmbito da quadra, as mudanças deram-se por remembramentos e desmembramentos de lotes, de forma menos intensa que as relativas às edificações, mas não menos significativas. Os limites da área edificada se expandiram, através da ocupação das áreas de várzea. Essa expansão se dá através de arruamentos e loteamentos; as novas vias, no entanto, seguem a estrutura do tecido viário consolidado, apenas prolongando-o, extendendo-o pelas bordas. Demolições em conjunto são observadas somente no limite leste do bairro, conseqüentes da abertura da Avenida Santos Dumont. As demais demolições ocorrem em vários pontos do bairro, de maneira dispersa. As novas edificações, conseqüentes tanto da ocupação das várzeas quanto das demolições, ocorrem também em lotes remembrados, de maneira dispersa por todo o bairro. Pela comparação dos mapas, evidenciam-se as seguintes transformações no Bom Retiro: 1. a expansão do bairro na direção das várzeas, conseqüente da drenagem dos terrenos possibilitada pela retificação do rio Tietê; 2. a massiva renovação do conjunto edificado, através de reformas, ampliações ou construção de novas edificações após demolições; e 3. as transformações na estrutura fundiária, através de remembramentos e desmembramentos de lotes.

Os anúncios imobiliários do Bom Retiro A análise dos anúncios imobiliários publicados nas décadas de 1940 e 1960, pelo jornal O Estado de São Paulo, revelam a uma só vez as condições do bairro no período e as mudanças pelas quais passaram a cidade de São Paulo e o bairro do Bom Retiro. Além das transformações tão claramente retratadas através da comparação dos mapas – as demolições, as reformas e ampliações, as novas edificações – os anúncios trazem os indicadores a respeito das condições do bairro em relação à cidade: 1. a sintonia com a dinâmica imobiliária da cidade; 2. o predomínio da forma aluguel sobre a forma venda, em contraste com a hegemonia da venda sobre o aluguel na cidade de São Paulo; 3. a verticalização – que, como retratado na comparação dos mapas, não se deu em função de mudanças na estrutura viária – e a modernização e “modernidade” dos edifícios; 4. a presença de infra-estrutura (pavimentação) e serviços públicos (iluminação pública, gás, telefone, água encanada, sistema de esgotos e sistema de transportes) no bairro, cujo destaque nos anúncios revelavam uma cidade desigual. Revelam, ainda, características intrínsecas ao bairro: 5. a presença de diversos usos (moradia, comércio e indústria) e de diversas tipologias de edificação (casa, apartamento, armazém + residência, loja + oficina, loja + apartamento) destacando o caráter da função industrial do bairro nesse período. Quanto ao primeiro item, os anúncios imobiliários levantados para esta pesquisa5 revelam, em primeiro lugar, que no Bom Retiro a dinâmica imobiliária estava em sintonia com as mudanças ocorridas na cidade de São Paulo. A escala dessa dinâmica, para a cidade como um todo, pode ser observada pela crescente quantidade de anúncios publicados no período: o jornal trazia, no ano de 1940, quatro páginas de anúncios imobiliários; em 1950 o número sobe para vinte e duas páginas e em 1960 para quarenta páginas6. Relativos ao bairro do Bom Retiro, o número de anúncios publicados por ano, na década de 1950, foi em média o triplo do número publicado por ano na década de 1940. BOM RETIRO 12x23m, Rua Anhaia, poucos metros da Alameda Nothman – dois prédios antigos, mas ainda em bom estado – ÓTIMO LUGAR PARA PREDIO DE 3 OU 4 ANDARES 5

A pesquisa foi feita por amostragem: foram selecionados dois meses ao ano, e para cada mês foram levantados dois dias. Como este jornal publicava seus anúncios aos domingos, consultamos dois domingos de cada mês, alternados. Os meses escolhidos foram fevereiro e novembro, e para cada um deles consultamos os primeiros e os terceiros domingos. Assim, tivemos no total 80 dias consultados ao longo do período de 1940 a 1960, o que corresponde a quatro dias por ano. Isso nos rendeu um total de 2400 páginas de jornal, considerando-se somente a parte dos anúncios imobiliários. 6 Nos primeiros quatro anos do período pesquisado, o jornal trazia em torno de três a cinco páginas de anúncios imobiliários, publicados na seguinte ordem: Casas – vendem-se; Apartamentos; Casas – alugam-se; Terrenos Urbanos; Armazéns e Depósitos; Terras – Sítios – Fazendas. A partir de 1945, o número de anúncios imobiliários publicados começa a crescer em ritmo acelerado: 6 páginas em 4 e 18 de fevereiro de 1945, 7 páginas em 4 de novembro e 11 em 18 de novembro do mesmo ano. No ano seguinte, atingiriam 12 páginas; em 1948, 14; em 1950, 22 páginas; 31 páginas em 1952 e 48 em 1954. No ano de 1955, a média de páginas diminui para 40, e vai se manter até o restante do período estudado.

(O Estado de São Paulo, 03/11/1946, Adelino Alves) TERRENO BOM RETIRO Rua Anhaia – 7x34,50. Com casa velha, vaga. Ponto comercial a uma quadra da Rua José Paulino. (O Estado de São Paulo, 05/11/1950, Waldemar Mesquita) TERRENO NO CORAÇÃO DO BOM RETIRO Vende-se demolido, para pronta entrega. (O Estado de São Paulo, 04/02/1951. Anúncio particular) RUA AMAZONAS Perto da Escola Politécnica. Prédio velho para ser demolido. (O Estado de São Paulo, 04/11/1951. Banco F. Munhoz Ltda) ARMAZEM NA R. BARRA DO TIBAGY Aluga-se um magnífico armazém de 100m², prédio novo, ponto comercial de grande movimento, rua Barra do Tibagy, 494 (Estado de São Paulo, 19/02/1950. Anúncio particular) ALUGAM-SE APARTAMENTOS Em prédio recém acabado, de 2 e 3 dormitórios, com quarto de empregados, de fino acabamento. Ver e tratar à Rua José Paulino, n. 752. (O Estado de São Paulo, 19/11/1950. Anúncio particular) CASA, ALUGA-SE Térrea, à Rua Amazonas (Bom Retiro), completamente reformada, 7 cômodos e grande quintal, aquecedor e fogão a gás. (O Estado de São Paulo, 15/02/1953. Anúncio particular)

O conteúdo desses anúncios comprova um dado extraído da comparação dos mapas: que a acelerada

atividade

imobiliária

no

bairro

do

Bom

Retiro

se

manifesta

através

de

desmembramentos e remembramentos de lotes, demolições, ampliações de edificações existentes ou reformas e implantação de novas construções. Esse movimento de substituição das edificações foi muito bem observado por diversos autores que escreveram na década de 1950 suas impressões sobre as intensas e rápidas transformações por que passava a cidade de São Paulo7. Renato da Silveira Mendes assim o descreve: “Mas essa febre de renovação e de reconstrução possui seu lado negativo: explica a presença de edifícios pobres e acanhados, sem nenhum sinal de reparo e conservação, cujos proprietários aguardam melhor oportunidade para vendê-los, embora em outros casos o fato se justifique por estarem alugados, com aluguéis congelados por fôrça de lei, o que impossibilita qualquer reforma ou melhoria.” (MENDES, 1958: pp. 200-201)

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AZEVEDO, 1958. (org); MONBEIG, 1958; MORSE, 1970.

Em meio aos anúncios imobiliários, a publicidade de empresa de demolição. Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/1951.

Em pesquisa em andamento, na qual foram levantadas as fichas de abertura de processos junto à Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de São Paulo, no período de 1940 a 1960, para uma das ruas mais importantes do bairro, a José Paulino8, observamos que a “febre de renovação e reconstrução” a que se referiu Mendes ocorreu ao longo de todo o período, de forma diferenciada: nos primeiros anos, ou seja, até 1943, houve predominância de reformas, e após esta data, de solicitações de licenças para novas construções. Em segundo lugar, os anúncios revelam que a relação entre venda e aluguel no Bom Retiro se dá de forma menos contrastante que nas demais áreas da cidade. A forma predominante de comercialização em São Paulo – se venda ou aluguel, pode ser observada quando comparamos, ao longo dos anos, o número de páginas publicadas pelo jornal para cada tipo de anúncio (de acordo com o tipo de imóvel anunciado). Na data de 03/11/1940, a seção Classificados ocupava 3 páginas com a seguinte estrutura: “Casas – vendem-se” (1 ½ página), “Casas – procuram-se” (2 anúncios), “Casas – compram-se” (3 anúncios), “Salas” (1/8 página), “Casas – alugam-se” (1/8 página), “Apartamentos” (9 anúncios), “Terrenos urbanos” (1/5 página), “Armazéns – depósitos” (7 anúncios), “Lojas” (2 anúncios) e “Terras – sítios – fazendas” (5 anúncios). Já em 20/11/1960, o número de páginas passa para 40, acrescenta-se à estrutura dos classificados as seções “apartamentos – alugam-se”, “apartamentos – vendem-se”, e “escritórios”, assim distribuídos os números de páginas: “Casas – vendem-se” (17 páginas), “Terras, Sítios e Fazendas” (1 ¼ página), “Escritórios” (1/4 página), “Lojas e armazéns” (2 ½ páginas), “Apartamentos – alugam-se” (2 páginas), “Casas – compram-se” (1/8 página), “Casas – alugam-se” (2 páginas), “Terrenos” (2 ½ páginas) e finalmente, “Apartamentos – vendem-se” (10 páginas). É evidente o predomínio dos anúncios de venda de casas, seguido pelo de venda de apartamentos, que reflete a preponderância da forma de moradia própria sobre a da moradia de 8

Pesquisa junto ao Arquivo Municipal de Processos da Prefeitura Municipal de São Paulo.

aluguel na cidade de São Paulo, fruto de mudanças estruturais na forma de provimento da habitação por que passa a cidade de São Paulo a partir de 1942. (BONDUKI, 1998). No Bom Retiro, tradicionalmente um bairro de uso industrial e operário, os espaços típicos de habitação da maioria da população da cidade, as vilas e os cortiços, configuram-se no interior do bairro. São formas predominantemente para aluguel. A condição do bairro de proximidade do centro e a presença de excelentes condições de infra-estrutura fazem com que “uma parte desse território seja readequada ao próprio crescimento da cidade”, através da verticalização iniciada nos anos 40. “No entanto, apesar da forma da habitação ter sido alterada, o aluguel continua ainda a ser a forma privilegiada de habitação”. (FERNANDES, 1986: 72) Em terceiro lugar, os anúncios revelam o intenso movimento de verticalização no bairro. Como já observamos, esse movimento não se deu, no Bom Retiro, em função de mudanças no sistema viário – a exemplo de outras áreas da cidade. O que os anúncios revelam para além das conclusões extraídas dos mapas é que este processo se dá em sintonia com o ocorrido na cidade, o da modernização da moradia, mas apresenta ainda uma característica peculiar ao bairro: a verticalização destinada a usos industriais ou comerciais. De fato, é nesse período que começam a se instalar no bairro as indústrias de confecções, muitas delas tendo no mesmo local a produção e a venda do produto (FELDMAN, 2008). Sendo assim, a verticalização no Bom Retiro vem, por um lado, atender a esta demanda. Erguem-se edifícios que misturam o uso comercial com industrial, residencial com comercial ou até mesmo os três usos, distribuídos nos diferentes andares. Alguns anúncios explicitam a verticalização destinada ao uso industrial e comercial: TERRENOS Rua José Paulino, no melhor trecho: entre as ruas Ribeiro de Lima e Silva Pinto. Armazéns antigos medindo 11x33,20m. IDEAL PARA CONSTRUÇÃO DE PRÉDIO COM ARMAZÉNS EM TODOS ANDARES. Preço: Cr$1.200.000,00 (O Estado de São Paulo, 17/11/1946. Adelino Alves) BOM RETIRO PRÉDIO DE RENDA 14% Entre as ruas José Paulino e Al. Ribeiro de Lima Recém construído, fachada de pastilhas, 4 andares, 6 amplas lojas, salas e salões (O Estado de São Paulo, 05/11/1956. Waldemar Mesquita) RUA ANHAIA – ESQUINA RUA JARAGUA Terreno – 10,50 x 37 Vende-se, ótima situação, com estudo e planta para moderno prédio com 5 grandes lojas e 30 apartamentos. Oportunidade para sólida renda e valorização no melhor ponto do Bom Retiro. (O Estado de São Paulo, 15/11/1953. Camargo & Palombo Imóveis Ltda)

BOM RETIRO PRÉDIO DE LOJA E DUAS SOBRELOJAS Excepcionais condições de pagamento Predio de 2 pavimentos, com elevador, vago, para entrega imediata. Ponto comercial de primeira ordem, a meia quadra da rua José Paulino. Instalações sanitárias, entradas independentes para loja e sobreloja. Sólida construção própria para maquinaria pesada. O telefone ficará. Preço Cr$ 2.300.000,00. Apenas Cr$ 500.000,00 de entrada e o saldo (...). (O Estado de São Paulo, 20/11/1955. Barros-Handley)

Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/1955.

O destaque para os elevadores, constante no anúncio abaixo, de 20/02/1949, bem como as descrições dos edifícios anunciados, nos anúncios de 05/11/1956, 19/11/1950 e 20/11/1955, remetem aos traços construtivos correspondentes ao “estilo modernizado”, do terceiro período da verticalização de São Paulo (SOMEKH, 1987). Segundo Somekh, ao período inicial da verticalização, de estilo eclético aos moldes europeus, segue-se o “estilo modernizado” para finalmente alcançar-se o estilo moderno. A construção no “estilo modernizado” está retratada nos anúncios. O concreto armado, naquele momento em disseminação na arquitetura, principalmente para a verticalização, era amplamente ressaltado. O “acabamento fino”, o uso de pastilhas e azulejos, eram elementos de destaque no edifício, mostrando que a arquitetura do bairro naquele momento seguia linhas da arquitetura moderna, e evidenciando que esses elementos estavam sendo usados nas construções. O próprio termo “moderno” era enfatizado nos anúncios.

ALUGAM-SE. Finíssimos apartamentos para pronta entrega, em prédio recém terminado, contendo cada: hall, 3 dormitórios sendo 1 duplo, uma ampla sala, banheiro completo, cozinha com armários embutidos, despensa, quarto de empregada e área com tanque. Gás ligado e dois bons elevadores. Rigorosa seleção de inquilinos. Rua Prates, 364. ônibus 71 à porta. – Tratar no – BANCO NACIONAL IMOBILIÁRIO S.A. Rua Álvares Penteado, 72 – Tel: 3-9192 Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/1949.

BOM RETIRO – RUA AMAZONAS Dois armazéns antigos em terreno de 20x37,25. Local ótimo para a construção de um prédio de apartamentos. Está situado a 30 m da rua 3 Rios e entre a faculdade de Farmácia, Colégio Santa Inês e a Politécnica. Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/1946.

Ao contrário do que ocorre em outras áreas próximas ao centro, onde a tipologia de apartamentos característica foi a da kitchenete ou do quarto-sala (ROSSETTO, 2002)9, no Bom Retiro os anúncios revelam que a verticalização deu-se no atendimento de duas demandas: a habitacional para a classe média, e a industrial, como vimos anteriormente.

Exemplos de anúncios de edifícios com as tipologias “kitchenetes” e “quarto-sala”, disseminadas em algumas áreas centrais. Fonte: O Estado de São Paulo, 20/11/1960.

Os anúncios revelam, por outro lado, a modernização da moradia. Os apartamentos possuíam “quarto de empregada”, “tanque”, amplos espaços, armários embutidos. “Nos anos 30, com a disseminação do uso do concreto, o prédio de apartamentos mostra-se definitivamente como solução de moradia coletiva, até então altamente rejeitada pelo gosto popular e pela classe média que associava os edifícios multifamiliares aos cortiços de pobres” (SOMEKH, 1987 apud LEME, 1979). A “rigorosa seleção de inquilinos” e a presença do quarto de empregada, colocados no anúncio de 20/02/1949, atesta que se tratava de edifício para uma classe média, e destaca quais seriam as características desses “finíssimos apartamentos”: o hall, a sala ampla, o banheiro completo, os armários embutidos da cozinha, à moda da época, a área com tanque. Os elevadores, importantes naquele ínterim, eram bons, e o apartamento era dotado ainda de gás ligado, uma conquista para poucas áreas da cidade. As preocupações com questões sanitárias, de luminosidade e ventilação das construções também está explicitada nos anúncios. Destacam-se, como fatores de valorização dos imóveis, as “instalações sanitárias independentes”, os espaços arejados e iluminados. Termos como “terreno totalmente aproveitável”, “face norte”, “ideal para prédio de apartamentos com direito à área de claridade externa”, “bem iluminada”, demonstram que os preceitos do Movimento Moderno em Arquitetura relativos à luz e ao ar eram tanto preocupação dos construtores quanto elementos de agregação de valor à arquitetura.

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Rosseto identifica a tipologia da kitchenete como predominante em alguns bairros próximos ao centro. A construção dessa tipologia, disseminada na década de 1950, teria sido um nicho de mercado encontrado pelo mercado imobiliário para suprir a demanda da classe média baixa, que não dispunha de alto poder aquisitivo para adquirir um apartamento, mas que ainda priorizava o habitar próximo às áreas de trabalho. (ROSSETTO, 2002)

Evidencia-se que além da “modernização” – adequação dos edifícios para instalação das novas indústrias – o bairro também vivia uma “modernidade”, através da incorporação de elementos da arquitetura moderna em seu conjunto edificado. Associado à verticalização, a importância do automóvel na metrópole moderna é explicitada: destacavam-se nos anúncios elementos como “entrada lateral para veículo”.

BOM RETIRO PRÉDIO DE RENDA 14% Entre as ruas José Paulino e Al. Ribeiro de Lima Recém construído, fachada de pastilhas, 4 andares, 6 amplas lojas, salas e salões (O Estado de São Paulo, 05/11/1956. Waldemar Mesquita) ALUGAM-SE APARTAMENTOS Em prédio recém acabado, de 2 e 3 dormitórios, com quarto de empregados, de fino acabamento. Ver e tratar à Rua José Paulino, n. 752. (O Estado de São Paulo, 19/11/1950, anúncio particular)

Em quarto lugar, os anúncios permitem perceber que as condições urbanas de que dispunha o Bom Retiro, usadas como apelo publicitário para a venda de imóveis, revelam uma cidade desigual no provimento de infra-estrutura básica a seus moradores. Ao se ressaltar a presença de “todos os melhoramentos” – água encanada, energia elétrica, instalação de gás, pavimentação, iluminação pública – revela-se também a presença de uma outra cidade, desprovida dos mesmos.

BOM RETIRO Vendemos ótimos sobrados em construção com todos os melhoramentos. (O Estado de São Paulo, 03/02/1952. Hertz) BOM RETIRO Excepcional terreno Rua Sergio Tomas, 18 m de frente. Com todos os melhoramentos, pronto para receber construção. Localização privilegiada. (O Estado de São Paulo, 20/11/1955. Waldemar Mesquita)

Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/1952.

Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/1953.

Por último, no que se refere às características intrínsecas ao Bom Retiro, os anúncios expressam a sua diversidade de usos: ao longo de todo o período foram encontrados anúncios de imóveis destinados a múltiplos usos: terrenos, “casas velhas”, casas, sobrados, armazéns, lojas, armazéns com residência, apartamentos e prédios com lojas, armazéns e apartamentos. Esta característica do bairro esteve presente desde suas origens. Nascido a partir do loteamento das propriedades que até o final do século XIX compunham o cinturão de chácaras que configuravam a zona rural de São Paulo, o Bom Retiro consolidou-se já na década de 1920 como bairro industrial e operário. A presença da rede ferroviária era fator duplamente favorável à instalação das indústrias: além da acessibilidade da matéria-prima e escoamento da produção que a proximidade da via férrea permitia, os terrenos eram mais baratos, atraindo os imigrantes que comporiam a mão-de-obra necessária às indústrias (PRADO JR, 1983; MOMBEIG, 1958, AZEVEDO, 1958). A proximidade da estação da Luz e a presença de equipamentos públicos municipais, como o Jardim da Luz, a Casa de Correção, o Liceu de Artes e Ofícios, o Grupo Escolar Prudente de Moraes e o Desinfetório Central da Cidade traziam grande movimentação ao bairro, que já possuía enorme vocação comercial. Assim, desde o início, o Bom Retiro configurouse como um bairro de uso industrial, comercial e habitacional. A característica do bairro como bairro que associa moradia, comércio e indústria aparece em diversos anúncios. Muitos imóveis anunciados podiam tanto comportar comércio quanto a “pequena indústria”, juntamente com residências. Observa-se como os anúncios seguintes destacam a característica “polifuncional” dos imóveis anunciados: BOM RETIRO PELO VALOR DO TERRENO Casa térrea antiga, com armazém nos fundos com 50m², própria para pequena indústria, ou para renda. Área total (terreno) 240m². (O Estado de São Paulo, 06/11/1955. Barros-Handley) BOM RETIRO VENDE-SE Área construída de 1000m². Rua Prates, próximo ao jardim, ótimo para garagem, depósito ou pequena indústria. Preço de ocasião.

(O Estado de São Paulo, 18/11/1951. Anúncio particular) RUA DOS ITALIANOS Imóvel para valorização e renda. Terreno de 9x54 com grande garagem, comercial e residência em cima. Aceita-se permuta por imóvel de menor valor nos bairros de Vila Mariana, Paraíso e Aclimação. (O Estado de São Paulo, 06/11/1949. Itaoca) TERRENOS BOM RETIRO – entre as ruas Jaraguá e Newton Prado, magnífico terreno para indústria ou grupos residenciais. Mede 50x100m (O Estado de São Paulo, 05/11/1950. Messina) VENDEM-SE OU PERMUTAM-SE RUA ANHAIA, 1018 AO 1042 Fazendo esquina com a Rua Sergio Tomaz onde brevemente passará a avenida Pacaembu, tendo do lado direito a Av. do Estado, nas redondezas já existem lindos edifícios e grandes indústrias. Na rua Anhaia 8 casas pequenas, sendo 5 em bom estado. Rua Italianos, 1012 a 1031. Metragem 3500m². A rua Sergio Tomaz vai ser recuada 19 metros, sendo assim, ficará, na Rua Anhaia 25 metros de frente. Rua Italianos 40 metros de frente (...) (O Estado de São Paulo, 04/11/1951. Banco F. Munhoz Ltda)

Considerações Finais A análise elaborada através de diferentes fontes documentais buscou mostrar como a as formas hegemônicas de reprodução da cidade de São Paulo estão refletidas numa porção de seu território, o bairro do Bom Retiro. De certo modo, as transformações ocorridas no bairro do Bom Retiro no período em tela estiveram em sintonia com aquelas ocorridas na cidade. Estiveram presentes no bairro dinâmicas ocorridas no conjunto da cidade: adensamento da área consolidada, através da ocupação do interior das quadras, expansão em áreas ainda não ocupadas, verticalização e modernização da moradia. No entanto, esses processos, no Bom Retiro, se reproduzem de forma diferenciada: ocorrem no sentido de destacar suas características mais tradicionais, de modernizar e adequar seu conjunto edificado para a nova função industrial que se instala no bairro nos anos de 1930. O conjunto edificado, que desde a conformação territorial do bairro abrigava diversos usos – industrial, comercial e habitacional – transforma-se modernizando-se, adequando-se às novas exigências sócio-econômicas do bairro: a instalação das pequenas indústrias de confecção, e do novo grupo de imigrantes que recebia a partir dos anos de 1930. Diante disso, o que predomina no Bom Retiro são formas não dominantes na cidade de São Paulo: a relação de proximidade entre local de moradia e de trabalho, o predomínio da moradia de aluguel, a mescla das funções industriais, de comércio e moradia no interior das quadras, do lote e da própria edificação. Relações predominantes numa cidade do passado, que nessa porção do território permanecem, no período estudado e até nos dias atuais, destacando esses territórios como bairros únicos, com personalidade própria, que se diferenciam no conjunto da cidade.

O estudo mais aprofundado desses territórios, de suas permanências e suas transformações, fazse necessário para entender a cidade de maneira distinta da contraposição centro-periferia, para repensar a suposta degradação a que geralmente se associam esses territórios, determinando de maneira mais consciente as propostas e políticas sobre esses espaços.

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