A TRANSFORMAÇÃO DOS RELATOS QUINHENTISTAS EM DOCUMENTO HISTÓRICO NO SÉCULO XIX: O CASO DE VARNHAGEN

June 15, 2017 | Autor: Alexandre Belmonte | Categoria: Historiografía, Francisco Adolfo de Varnhagen
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A TRANSFORMAÇÃO DOS RELATOS QUINHENTISTAS EM DOCUMENTO HISTÓRICO NO SÉCULO
XIX: O CASO DE VARNHAGEN
Alexandre Belmonte[1]


O século XIX foi o momento de grandes transformações que deram a
tônica das sociedades modernas do século XX: transformações profundas na
organização do trabalho, na produção, na organização do poder político, nas
ciências, técnicas e artes[2]. Dentre estes, trabalho, poder e ciência
formavam uma base sob a qual se configurava claramente uma ideologia de
civilização e progresso.
A reflexão sobre a história é característica desse período, num
processo em que surge a figura do historiador como investigador,
desbravador do passado. Essa reflexão extrapola os moldes dos conhecidos
tratados filosóficos e ganha conotações explicitamente políticas,
vinculadas à questão nacional[3]. O pensamento sobre a história torna-se um
saber efetivo, identificado com a ação política. É nessa conjuntura que
Michelet, por exemplo, é afastado do Collège de France e dos Arquivos
públicos, por negar-se a jurar o império após o golpe de Napoleão
Bonaparte. Anos depois, foi impossibilitada na França uma segunda edição de
sua obra La Sorcière, finalmente reeditada na Bélgica em 1863[4]. É
evidente a relação entre esses homens que pensam as histórias nacionais e o
poder político, que ora possibilita, ora constrange a produção de
discursos. Parece ser nesse período que os discursos sobre a história
começam a se uniformizar, obedecendo a certas regras disciplinares.
A partir da segunda metade do século XIX, a narrativa histórica mostra-
se já bastante disciplinada, pelo menos dentro de uma visão historicista da
realidade. Emergindo da esfera privada da conjuntura histórica que antecede
o século XIX, a história encontra publicidade, torna-se aberta a todos,
pública, ainda que a um público restrito. De qualquer forma, enquanto um
saber aberto a todos, submete-se a uma ordem disciplinada e limitada. O
discurso desse novo 'profissional', o historiador, deveria estar dotado, em
sua conjuntura, de uma referência essencial aos possíveis leitores a que se
destinava. No caso da produção historiográfica no Oitocentos, esses
"leitores" são identificados com os próprios ícones nacionais, os símbolos
que representavam a nação debutante: poder político, reis, imperadores,
escola e biblioteca "nacionais", instituições de pesquisa etc.
No Brasil, o surgimento de um projeto de história nacional não é um
acontecimento isolado, mas encontra sentido dentro do conjunto de
transformações ocorridas desde pelo menos meados do século XVIII. Em fins
da primeira metade do século XIX, o Brasil encontrava-se em uma fase de
grande entusiasmo pela monarquia. A esse respeito, Joaquim Nabuco diz:


A Nação deixava-se suavemente deslizar para a monarquia.
Far-se-á uma acusação ao partido liberal de haver
apressado a maioridade. O que ele fez é o que todos
ansiavam. A Nação tinha a razão perfeitamente lúcida e
preferia um regime, quando mais não fosse, que procurava
acreditá-la como nação livre aos olhos do mundo.[5]

O inconformismo com o estatuto colonial do Brasil já era sentido desde
pelo menos a segunda metade do século XVIII[6]. Com a transferência da
corte portuguesa para o Rio de Janeiro, torna-se viável um projeto de
Império luso-brasileiro, já pensado e articulado nas décadas anteriores[7].
Na primeira metade do XIX, entretanto, parecia já existir plenamente um
ambiente social que acolhesse uma ideia de história nacional, e que
vislumbrasse uma possibilidade de história e identidade na ideia de uma
nação brasileira.
Varnhagen é um dos historiadores que pensam esse momento e essa ideia
de nação. Ele buscou escrever a história do Brasil, com "imparcialidade e
boa fé", não só para que a memória nacional não fosse apagada, mas para
que, de sua ciência, emergisse uma consciência mais profunda, ratificada
pela própria história. Sua proposta era um projeto de civilização, bastante
influenciado pelos ideais iluministas, buscando o esclarecimento das elites
acerca de sua própria história, despertando-as para aquilo que elas
próprias eram, para então estender-se o esclarecimento ao restante da
população[8].
Essa ideia era, de certa forma, comum em certos meios culturais no
Brasil. Já na proposta de criação de um Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, feita pelo marechal Raymundo José da Cunha Mattos e pelo cônego
Januário da Cunha Barbosa em sessão do conselho administrativo da Sociedade
Auxiliadora da Industria Nacional, percebe-se um pouco da influência de
ideais iluministas em alguns setores da sociedade: as letras, sobretudo as
que versavam sobre a história e geografia pátrias, eram necessárias ao
"esclarecimento de todos os brasileiros"[9].
Antes de reunir, catalogar, analisar documentos e mesmo decidir o que
era documento histórico, foi preciso que Varnhagen tivesse um projeto,
claramente vinculado ao Império. Não simplesmente um Império "tropical",
autóctone, sem relação com a Europa, mas um Império luso-brasileiro. Esse
vínculo com a Europa era suficientemente forte para dotar o Império de
civilidade, cultura e historicidade. Há um pacto império-igreja-civilização
que norteia o trabalho de Varnhagen, e ele próprio é herdeiro desta
tradição. É, portanto, no decorrer do processo de consolidação do Estado
Nacional no Brasil, pela via de tal Império, que surge o projeto de se
pensar a história brasileira de forma disciplinada e sistematizada.
O projeto de Varnhagen se inscreve dentro deste processo como um
projeto nacional. Varnhagen – político, militar, historiador, diplomata,
viajante – é ele próprio um indivíduo que transita pelo Brasil escravocrata
e pela Europa liberal. Dos oito aos dezesseis anos, estuda no Real Colégio
da Luz, em Lisboa, ingressando em seguida na Academia da Marinha. Já em
1838, colaborou em O Panorama, juntamente com Alexandre Herculano. Divulgou
o Diário de navegação de Pero Lopes de Sousa, fruto de suas primeiras e
consideráveis pesquisas sobre o descobrimento do Brasil. É nesse período
que Varnhagen, já licenciado do exército português, dirige toda a sua
atenção ao estudo da história do Brasil. Em 1840, ainda em Portugal, torna-
se sócio correspondente do recém-criado Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro.
O IHGB, criado em 1838, é um dos ícones desse período em que
desenvolvia-se um processo de gestação de uma identidade para o Brasil, e
de criação de um espaço social que acolhesse esse anseio. Contemporâneos do
IHGB são a Faculdade de Direito de São Paulo, a Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II e os Conservatórios Dramáticos e de
Música. Criava-se, assim, uma situação – não somente simbólica, mas
bastante evidente na materialidade dos monumentos que se erigem no período
– necessária para responder ao anseio de independência política de uma
nação que deveria ser autônoma e, ao mesmo tempo, herdeira da cultura
europeia.
Varnhagen vê essa herança europeia no passado colonial, tanto quanto
no Rio de Janeiro imperial. Mesmo a natureza, outrora exuberante, está já
inserida num mundo historicizado: Varnhagen vê o rio Sena espelhado na Baía
de Guanabara[10]. Seu olhar é cindido – vê um Brasil mestiço, mas estuda a
origem persa do idioma tupi. Parece realizar um trabalho de costura, unindo
partes separadas há tempos. Logrou encontrar similaridades linguísticas e
rituais entre os ameríndios e os antigos egípcios, fenícios, gregos e
romanos. Atribuía ao ameríndio algo de indo-europeu, via-o como uma criança
perdida, afastada da cena indo-europeia em virtude de antiquíssimas
migrações[11]. Desprezava, entretanto, a contribuição dos ameríndios na
formação dos valores morais da sociedade brasileira. Ironizava o indianismo
romântico de José de Alencar, chamando-o de "caboclismo".
A análise de sua obra como um todo nos revela uma preocupação com
questões bastante pontuais: Varnhagen buscava construir um passado para o
Brasil, buscava enxergar uma coletividade nesse passado, cujos valores
desenvolveram-se e chegaram ao século XIX na forma de um monumento: uma
nação. Coincidem, em sua obra, construção de memória e história e formação
do Estado nacional.
No decorrer de seus estudos, Varnhagen identifica-se profundamente com
os primeiros relatos sobre a América recém-descoberta. Estuda-os, compara-
os. Busca, a partir deles, construir uma filologia tupi-guarani. Escreve
uma "história" para os ameríndios, e para tal, utiliza-se de inúmeros
relatos escritos sobre o Brasil, passando por Thevet, Léry, Gabriel Soares
de Sousa, Gândavo, Vieira etc. Como uma bricolagem, tece uma história
plausível, passível de ser compreendida por um brasileiro culto do século
XIX, a partir dos testemunhos fragmentados dos viajantes, catequistas e
colonos. Mais que fragmentadas, utiliza-se de visões da alteridade
elaboradas no século XVI. Fia-se a elas, pois reconhece o Brasil e a
cultura brasileira como herdeira daqueles tempos, daquela cultura. Em que
pese seu já comentado lusitanismo[12], Varnhagen não deixa de identificar-
se, porém, com o Léry huguenote, com o Thevet franciscano, com o Claude
d'Abbeville capuchinho. Compreende-os, pois, na sua possibilidade de
ciência e consciência, como brasileiro culto do século XIX, já estavam
contidas as peripécias da história do cristianismo na Europa.
Varnhagen estudava não somente os costumes ameríndios, como sua
procedência, sempre vinculada a uma origem indo-europeia, quase sempre
remota, perdida, mas por vezes visível em algum nível:


Era o ódio excessivo contra os inimigos o principal
estímulo que os conduzia até à antropofagia, fato que,
segundo alguns historiadores, se dava igualmente no Velho
Continente, entre os Citas, dos quais pareciam
proceder.[13]


Entretanto, como fiel monarquista, e mais que simplesmente
monarquista, profundo admirador da coroa portuguesa, Varnhagen parece
buscar, para a história do Brasil, uma tradição de crônicas e relatos
particularmente lusitanos, como marcos do pensamento produzido no Brasil:
A única obra que nesse primeiro século se escreveu com
mais extensão sobre o Brasil, só ultimamente se imprimiu:
referimo-nos à do colono Gabriel Soares, cujo trabalho,
feito em 1587, foi o fruto da observação e residência de
dezessete anos na Bahia (...).[14]


Seu vínculo pessoal com Portugal é forte o suficiente para impor uma
direção ao seu trabalho sobre a história brasileira. Varnhagen é uma
espécie de português nos trópicos, e ao mesmo tempo, é o "natural de
Sorocaba" em Portugal. É talvez o mais rico representante desse intelectual
cindido. Acreditava num império luso-brasileiro, americano sem dúvida, mas
sem que houvesse ruptura com os valores europeus. O clima brasileiro é
outro, a terra é outra. O povo é outro. Mas Varnhagen tem a sede das
origens, da arqueologia de um modo de ser brasileiro. É, então, o
brasileiro falante do bom português, exortando sua pátria brasileira a
desenvolver-se acompanhando o curso histórico de que era irremediavelmente
herdeira: uma herança que transcende Portugal e a Ibéria, e se perde na
história da cultura greco-romana:


Lancemos as vistas para o nosso Brasil. Deus o fade
igualmente bem, para que aqui venham as letras a servir de
refúgio ao talento, cansado dos esperançosos enganos da
política! Deus o fade bem, para que os poetas, em vez de
imitarem o que leem, se inspirem da poesia que brota com
tanta profusão do seio do próprio país e sejam, antes de
tudo, originais – americanos."[15]


Em seguida, diz Varnhagen que esse americano deve ser o mesmo europeu que
aqui aportara séculos antes, transformado, porém, pelo clima, pelas cores e
odores do Novo Mundo:


Mas que por este americanismo não se entenda, como se tem
querido pregar nos Estados Unidos, uma revolução nos
princípios, uma completa insubordinação a todos os
preceitos dos clássicos gregos e romanos, e dos clássicos
da antiga mãe-pátria. Não. A América, nos seus diferentes
estados, deve ter uma poesia, principalmente no
descritivo, só filha da contemplação de uma natureza nova
e virgem, mas enganar-se-ia o que julgasse que para ser
poeta original havia que retroceder ao abc da arte, em vez
de adotar e possuir-se bem dos preceitos do belo, que dos
antigos recebeu a Europa."[16]


É, ele também, "catequista" dos novos negros "brasileiros": o
europeu, diz Varnhagen, dera-lhe alma, pois dera-lhe cultura religiosa. Não
uma religião idólatra e animista, mas a do logos que se fez carne em
Cristo. A religião, aliás, era uma condição da civilização, conforme
verifica Varnhagen:


Deu-nos Deus a inspiração poética para o louvarmos, para o
magnificarmos pela religião, para promover a civilização e
exaltar o ânimo a ações generosas (...)"[17].


Os discursos produzidos no Oitocentos sobre o perfil da nação
brasileira não são, evidentemente, idênticos. Dez anos depois de Varnhagen
criticar um certo patriotismo indianista[18], José de Alencar apresentava
ao público leitor a imagem de Peri, "cavaleiro português no corpo de um
bugre pagão". Atitudes bastante diversas no que se refere à visão do
ameríndio como partícipe da cultura brasileira. Ao contrário de Varnhagen,
Alencar parece ter a sede da ruptura com a cultura ibérica. Isso é muito
evidente nos prefácios que escreveu para seus romances:


A manga, da primeira vez que a prova, acha-lhe o
estrangeiro gosto de terebintina; depois de habituado
regala-se com o sabor delicioso. (...) O povo que chupa o
caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba pode falar uma
língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que
sorve o figo, a pera, o damasco, a nêspera?"[19]


Ao passo que, para Alencar, "[o] conhecimento da língua indígena é o melhor
critério para a nacionalidade da literatura"[20], Varnhagen assume postura
bastante diversa ao dizer o que é literatura. Não poderia haver literatura
sem civilização. Índios e negros estavam já excluídos do projeto nacional,
pois a noção de civilização lhes era alheia[21]. Não era, portanto, nos
ameríndios que Varnhagen buscava as origens das letras no Brasil. É certo
que estudou, ao longo da vida, línguas indígenas. Menos de vinte dias após
ter chegado ao Brasil, Varnhagen realizava uma de suas primeiras
comunicações no IHGB, justamente a respeito da importância do estudo das
línguas indígenas[22]. Tal tipo de estudo era, aliás, quase uma tradição
nas letras aqui produzidas, desde os jesuítas (catecismos em tupi-guarani,
dicionários etc). Na reconstituição de um modus vivendi ameríndio,
Varnhagen não se furta ao estudo dessas línguas. Era, entretanto, nos
europeus que ele buscava a origem das letras no Brasil, e os relatos de
viajantes e colonos lhe serviram de fonte. Ao analisar a difusão e
circulação das letras pelos jesuítas, ainda no século XVI, Varnhagen se
refere às cantigas religiosas como "monumentos da primitiva poesia
nacional"[23]. Os indígenas, por outro lado, não partilhavam desse
nacional. Eram estrangeiros perante os colonos. Começavam a entrosar-se com
a civilização e com a língua através das artes trazidas pelos colonos:


Na obra de Cardim se lê, também, como ouviram os índios
representar um diálogo pastoril em língua brasílica,
portuguesa e castelhana, língua esta que falavam com muita
graça.[24]


É interessante, na obra de Varnhagen, que, ao passar dos anos, cada
vez mais recua o historiador no tempo, naquilo que ele supunha serem as
"origens" do Brasil: dentre os sete livros que publicou entre 1865 e 1872,
apenas um não se referia a Colombo, Vespucci e às navegações. Varnhagen
debuta como historiador em 1839 trazendo a público uma das peças da chamada
literatura de viagens, e termina sua vida pensando nas mesmas viagens. Mais
que um dado curioso, nos coloca novamente a questão do encontro de
culturas, da Europa que, ao se expandir, fragmentou-se em modos de ser,
cindiu-se, gerando o que Sérgio Buarque de Holanda chamaria de "português
do Brasil" e "português de Portugal". De certa forma, a obra de Varnhagen
expressa como ele próprio entendia e vivia essa cisão.
No século XIX, dava-se muito pouco valor aos relatos dos viajantes.
Hoje esses relatos são vistos como "fontes" para a história dos
Descobrimentos e dos primeiros colonos europeus no Novo Mundo. O fato de
termos esses relatos hoje em dia sempre à mão, como fontes instrumentais,
não é algo acidental. Deve-se, em grande parte, aos primeiros estudos de
Varnhagen sobre o Brasil, ainda no início de sua carreira.
Compreender o momento de Varnhagen, com suas limitações e
relacionamentos com a realidade, significa também compreender de que forma
a recuperação de um mero relato pôde ser tão significativa para o
estabelecimento de um pensamento sobre a história no Brasil. A experiência
desse indivíduo nos fala um pouco da experiência histórica de uma
coletividade. Não era à toa que a questão nacional preocupava o jovem
Varnhagen, perseguindo-o durante toda a vida: ele lutou para construir não
só uma história para o Brasil, mas também uma história para si mesmo, para
a pessoa que necessitava ter uma pátria, necessitava pertencer a uma
coletividade, enxergar semelhanças para poder então compreender as
diferenças.
Em 1839, Varnhagen publica seu primeiro trabalho como historiador, as
Reflexões críticas sobre o escrito do século XVI...[25], onde, graças a um
senso muito acurado de investigação e método, restituiu a autoria,
identificada a Gabriel Soares de Sousa, a um códice publicado em 1825 pela
Academia de Ciências. Varnhagen debuta, portanto, nas discussões sobre a
história como "revelador" desses primeiros relatos. Vale dizer que o
tratado de Gabriel Soares de Sousa era já aproveitado por ingleses (Robert
Southey) e franceses (Ferdinand Denis), utilizados na construção de
"histórias" do Brasil na Inglaterra e na França. Varnhagen é, entretanto, o
"brasileiro" que se apropria de um relato luso, demarcando-lhe a
característica de constituinte da história brasileira. Dá início, assim, à
constituição de um corpus documental para a história do Brasil.
Segundo Clado Ribeiro de Lessa, talvez um dos maiores estudiosos da
vida e obra de Varnhagen, já na década de 1830, encontrava-se o futuro
historiador em perfeitas condições de ler e decifrar os documentos que se
amontoavam nos arquivos portugueses:


Graças aos conhecimentos de paleografia e de diplomática,
poderia ler e interpretar com facilidade os numerosos
documentos em cursiva processual ou cortesã, quase
virgens, que atulhavam os arquivos portugueses, cheios de
imprevistas informações sobre os primórdios do Brasil-
colônia."[26]


É interessante notar que esses documentos, até então localizados
somente em Portugal, são copiados e enviados ao Brasil por Varnhagen. Ainda
de acordo com Lessa, outros estudos de Varnhagen em Portugal,
especificamente seus estudos em Economia Política, habilitaram-no a encarar
as relações entre colonos e nativos por um prisma muito diverso do adotado
pelo "sentimentalismo romântico e piegas dos outros escritores brasileiros
seus contemporâneos"[27]. Varnhagen, aliás, no início de sua atividade
intelectual, chegou a identificar-se com o romantismo indianista que seria
característico de Alencar e Dias, narrando, em uma novela histórica baseada
na carta de Caminha[28], o amor entre um jovem português (Braz Ribeiro) e
uma índia (Ipeca). Esse romantismo, entretanto, parece ter sido desfeito
após sua excursão ao sul do Brasil, ainda em fins de 1840, ocasião em que
Varnhagen experimentou o contato com os "índios bravos". Suas impressões
foram posteriormente registradas em Os Índios Bravos e o Sr. Lisboa:


Confesso que desde então uma profunda mágoa e até um certo
vexame se apoderou de mim, ao considerar que, apesar de
ter o Brasil um governo regular, em tantos lugares do seu
território achavam-se (e acham-se ainda) um grande número
de cidadãos brasileiros à mercê de semelhantes cáfilas de
canibais...[29]


As Reflexões... foram publicadas pela Academia de Ciências, tornando-
se seu autor sócio-correspondente da entidade. São mais importantes, do
ponto de vista histórico, pelas informações "secundárias" que nos trazem, e
por nos ajudarem a responder às seguintes questões: quem eram os leitores e
interlocutores de Varnhagen no início de sua produção como historiador? Com
quem discutia a história do Brasil? Acaso seria o relato de Gabriel Soares
de Sousa parte da "história de Portugal", somente?
O fato de Varnhagen ter editado e comentado esse relato nos permite
tentar redimensionar o conhecimento sobre história, e as concepções de
memória e documento na primeira metade do século XIX. Iniciemos com algumas
questões: Esse relato compunha já as páginas da história da expansão
ultramarina portuguesa? Teria Varnhagen simplesmente "desviado" o relato,
apropriando-se dele para "compor" uma história para o Brasil?
A Correspondência Ativa de Varnhagen, compilada por Lessa em 1961, vem
a esclarecer-nos mais ainda essas indagações. Numa de suas cartas, datada
de 03 de julho de 1839, Varnhagen trava relações com o diretor da
Biblioteca de Évora, Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, durante o tempo em
que confrontava os apógrafos de Gabriel de Sousa[30]. É interessante que
Rivara somente entra em contato com os intelectuais portugueses de forma
mais expressiva a partir da amizade que estabeleceu com o historiador
brasileiro[31].
Enquanto, em Portugal, Varnhagen colhia os frutos de seu trabalho de
edição do tratado, fundava-se, no Rio de Janeiro, o Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. Varnhagen não tardou em por-se em contato com a
instituição, através do conselheiro da Legação do Brasil em Lisboa, Antonio
de Menezes Vasconcelos de Drummond, sócio-correspondente do Instituto, a
quem foi ofertada uma cópia das Reflexões... ,elogiada pela comissão[32].
Em novembro de 1939, Varnhagen publica seu segundo trabalho, a edição
do diário de navegação de Pero Lopes de Sousa[33]. É bastante digno de nota
o fato de seus dois trabalhos iniciais terem sido dedicados ao tema dos
descobrimentos e dos relatos produzidos no XVI sobre os sucessos ocorridos
na jovem colônia. É certo afirmar que a atenção de Varnhagen a esses
relatos lança novas questões acerca dos primórdios da historiografia
brasileira. Lessa afirma que "[a] estampa do Diário de Pero Lopes (...)
veio abrir novos rumos ao estudo das questões da história geográfica do
Brasil"[34]. Surgem vários elogios ao trabalho de Varnhagen[35], e também
algumas críticas, que, por um lado, nos mostram de que forma o historiador
encontrava pares nas discussões sobre a história do Brasil, e por outro
lado, marcam a especificidade de suas análises – o visconde de Santarém
discordou de Varnhagen quanto a alguns aspectos da história dos
descobrimentos[36]. Em uma de suas cartas, Varnhagen refere-se a ele como
seu "rival"[37].
Nota-se que Varnhagen começava, de certa forma, a estabelecer uma
posição autônoma de produção historiográfica sobre o Brasil, não
necessariamente identificada com a produção portuguesa. Através de uma
leitura "original" desses relatos, ele redimensiona a questão do
descobrimento. Vale lembrar que sua leitura era uma leitura "detetivesca",
já que antes de mais nada ele deveria buscar os relatos em meio a centenas
de documentos ainda virgens espalhados pelos arquivos portugueses[38].
Os anos 1838-1840 marcam o período inicial tanto da carreira de
Varnhagen como historiador, quanto da atividade do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, e também da relação entre ambos. Entre os documentos
anexos à 6a edição do Diário, em 1940, há um ofício datado de 04/07/1839,
em que o Ministro Drummond,


a fim de estimular o editor, e levá-lo à descoberta de
outros documentos interessantes, subscreveu, por conta da
nossa legação, dez exemplares do Diário, conforme
participou a Maciel Monteiro, então com a pasta dos
negócios estrangeiros"[39].


Inaugura-se um período em que o jovem Varnhagen copiava e remetia ao
IHGB documentos interessantes para a história e a geografia do Brasil. O
Instituto publicava-os tão logo chegavam. Em princípios de 1840, Varnhagen
decidiu voltar à terra natal a fim de garantir sua nacionalidade
brasileira, conforme comunicou ao imperador em requerimento:


[O] suplicante nasceu brasileiro e brasileiro quer morrer:
deseja conservar os foros a que seu nascimento e sua opção
lhe dão direitos: deseja, embora residente em terras do
Velho Mundo, ser americano.[40]


Talvez sua grande preocupação com a história do Brasil advenha, em parte,
do fato de ser ele um brasileiro de primeira geração. Pela leitura de
muitas passagens de sua obra, fica claro que Varnhagen buscava ser
brasileiro de fato. É notório o episódio em que D. Pedro, ao comentar o
porte físico do então jovem Varnhagen, atribuiu-o ao "sangue paulista"[41].
Herdeiro de uma tradição originada em outros climas e paisagens – pai
alemão e mãe portuguesa[42] – é no Brasil, entretanto, que Varnhagen leva a
cabo, efetivamente, sua própria transformação pessoal. Retorna ao Brasil
quase como estrangeiro.
É neste período que ele realiza sua experiência de descoberta de forma mais
ou menos parecida, guardadas as diferenças óbvias, a dos antigos
descobridores, com os quais, aliás, já se familiarizara por anos de
dedicados estudos. Sua identificação com os primeiros colonos e seus
escritos era tão forte que, em uma de suas cartas, Varnhagen chega a
empregar o termo novamente em acepção obsoleta, com o significado
seiscentista de recentemente, ao passo que, à sua época, o significado do
termo já correspondia a outra vez, de novo: "me lembro de que V. Sa. lhe
escreveu pedindo informações sobre os novamente descobertos Campos de
Palmas".[43]
Nesse reencontro com o Brasil, Varnhagen estabelece o grande reencontro
consigo mesmo, com tudo o que havia estudado e pesquisado sobre o Brasil e
sua história. Sua concepção de história do Brasil não é somente um discurso
estabelecido através da materialidade dos documentos de arquivo. Não
"escreveu" a história do Brasil como a fazemos hoje, trabalhando, como
sugere Certeau, nas margens de tudo o que já foi escrito[44]. Foi preciso
que, à distância, ele resolvesse o que seria documento. Evidentemente,
nessa decisão, sua via para tal concepção foi a via literária. Legou à
história do Brasil, e quiçá mesmo à historiografia desde meados do século
XIX, o estabelecimento de um cânone histórico-literário: o tratado de
Gabriel Soares de Sousa e o Diário de Pero Lopes de Sousa são os marcos
desse cânone, frutos de um tempo em que não existiam autores como se
conheciam no Oitocentos. Nesses relatos, a experiência da testemunha
presencial é que indica a possibilidade de conhecer. Também Varnhagen, de
volta ao Brasil, terá experiência parecida, vendo finalmente com seus
próprios olhos o cenário das histórias que desvendara em documentos vários
e narrara em tantos trabalhos.
Nessa ocasião, em que Varnhagen realiza sua própria experiência pessoal de
"descobrir" o Brasil, intensificam-se suas relações com o IHGB, onde o
historiador comparece durante o tempo em que esteve no Rio de Janeiro, e
com o qual mantém contato mesmo quando de suas incursões pelo interior do
país.
É interessante observar como sua escrita se transforma a partir de seu
regresso ao Brasil em 1840. Fala da alteridade observada no Brasil com
certo deslumbre – o arrebatamento dos primeiros colonos. É o que mostra uma
carta sua enviada a Rivara, datada de 20 de agosto de 1840:


Impossível me é numa carta breve descrever a comoção que
experimentei ao descobrir e entrar nessa baía, toda
rodeada de escabrosos morros de granito que infundem no
espírito uma espécie de pasmo e admiração que chega a ser
horrorosa ao mesmo passo que agradável"[45].


O primeiro período da produção intelectual de Varnhagen (1839-
1849) coincide com sua trajetória no sentido de recolher, selecionar,
analisar e, eventualmente, publicar os escritos a que hoje chamamos
"relatos de viagens", cujas balizas cronológicas situam-se entre os séculos
XV e XVI. Sua produção historiográfica identifica limites e possibilidades
de identidade nacional em meados do século XIX.
Desde o início de sua produção como historiador, ainda em Portugal,
Varnhagen suscitava já simpatias e animosidades. Foi notória sua
indisposição com o Visconde de Santarém em relação à atuação de Américo
Vespucci nas primeiras viagens de expansão europeia. No Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro, Varnhagen encontrou ambiente acolhedor às suas
indagações e pesquisas históricas.
O legado historiográfico de Varnhagen chegou ao século XX como a
história mais plausível e "verdadeira" para o Brasil, e ele próprio foi
tido como o grande pater historiae do Brasil. Vários autores dedicaram seus
estudos à obra de Varnhagen. Alguns desses autores, na verdade, dedicaram
quase toda a sua produção aos temas e questões lançadas por Varnhagen; é o
caso de Clado Ribeiro de Lessa, conforme o lembra Américo Jacobina Lacombe
em conferência pronunciada no Instituto em 30 de novembro de 1967:
Deveria estar ocupando esta tribuna, não tivesse sido
tão prematuramente arrebatado de nosso convívio, o
Dr. Clado Ribeiro de Lessa, que dedicou praticamente
a existência às pesquisas em torno de Varnhagen."[46]

A importância de Varnhagen e sua influência na historiografia
brasileira pode ser vista em Capistrano de Abreu, Oliveira Lima, Pedro
Lessa, Max Fleiuss, Basílio de Magalhães etc., até o momento em que está
plenamente consolidado o status de Varnhagen como o "maior historiador do
Brasil", isto é, a partir da década de 1940, com os trabalhos de Clado
Ribeiro de Lessa, e posteriormente os de Américo Jacobina Lacombe, José
Honório Rodrigues e Helio Vianna.
Compreender os escritos de Varnhagen em suas limitações históricas é
tomá-los em suas reais conquistas no campo do conhecimento. A partir de um
estudo de trabalhos de escrita da história, é possível uma reapropriação
criativa da investigação fundadora e norteadora de tais trabalhos, e assim,
tanto estabelecer uma nova via de acesso a fenômenos históricos passados
como descobrir novos fatos e novas interpretações da construção da
nacionalidade brasileira. A trajetória intelectual de Varnhagen,
especialmente sua visão de história do Brasil, nos permite imaginar como
era pensada a identidade nacional em meados do século XIX, período em que
ainda predominavam práticas e representações claramente eurocêntricas. Ao
transformar os relatos em fontes, Varnhagen estabelece para a história do
Brasil o primeiro cânone do que deveria ser considerado importante para o
estudo do passado nacional, inaugurando questões fundamentais na
historiografia brasileira.




BIBLIOGRAFIA


1. FONTES

Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, lata 141, doc no
2827.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (RIHGB), 1:1838.
(3a. ed., 1908).
RIHGB, t. II, 1840.
RIHGB, 223, abril-junho de 1954
RIHGB, 224:1954.
RIHGB, separata do v. 275, abril-junho de 1967
VARNHAGEN. Crônica do descobrimento do Brasil. in: O Panorama, tomo IV, 18
de jan a 28 de mar de 1840.
___________. Ensaio histórico sobre as letras no Brasil (1847). Rio de
Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, mimeo., p. 1. In: Florilégio da
poesia brasileira. Rio de Janeiro, ABL, col. Afrânio Peixoto, 1946.
___________. História geral do Brasil antes da separação e independência de
Portugal. São Paulo, Melhoramentos, 7a. edição, 1956.
___________. L'originne touranienne des américains tupis-carbies et des
anciens égyptiens indiquée principalement par la philologie comparée:
traces d'une ancienne migration en Amérique; Invasion du Brésil par
les Tupis, etc. Viena, Librarie I. et R. de Faesy & Frick, 1876.
___________. Os Índios Bravos e o Sr. Lisboa. Timon 3o, 1867.
___________. Reflexões críticas sobre o escrito do século XVI impresso com
o título de Notícias do Brasil no tomo III da Coleção de notícias para
a Historia e Geografia das nações ultramarinas – acompanhadas de
interessantes notícias bibliográficas e importantes investigações
históricas. Lisboa, Tipografia da Academia (de Ciências), 1839.


2. OBRAS GERAIS

ALENCAR, José de. Iracema. Porto Alegre, LP&M, 1997.
___________. Sonhos d'ouro. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1951.
CERTEAU, Michel de. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1982.
GRAMSCI, Antonio. El "Risorgimento". Buenos Aires, Granica, 1974.
GUIMARÃES, Manoel Luiz Lima Salgado, "Nação e Civilização nos trópicos: o
Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história
nacional" In: Revista Estudos Históricos, vol. 1, n. 1, 1988.
LESSA, Clado Ribeiro de. Correspondência Ativa – Francisco de Adolfo
Varnhagen. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1961.
MARQUES DOS SANTOS, Afonso Carlos. No rascunho da nação: inconfidência no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Col. Biblioteca Carioca, 1992.
MICHELET, Jules. A feiticeira: 500 anos de transformações na figura da
mulher. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império, v. I. São Paulo, 1949, p. 43,
apud RIHGB, separata do v. 275, 1967.
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de
Janeiro: ed. Campus, 2000.



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[1] Professor de História da América na Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas, Laboratório de
Estudos de Imigração e Archivo y Biblioteca Nacionales de Bolivia.
[2] A esse respeito, Cf. Karl Polanyi. "Cem anos de paz" In: A grande
transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: ed. Campus, 2000,
pp. 17-35.
[3] Gramsci chega a falar da história como 'biografia' da nação, nascendo
com o próprio sentimento nacional. Cf. Antonio Gramsci. El "Risorgimento".
Buenos Aires, Granica, 1974, p. 91.
[4] Cf. Jules Michelet. A feiticeira: 500 anos de transformações na figura
da mulher. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, p. 2.
[5] Joaquim Nabuco. Um Estadista do Império, v. I. São Paulo, 1949, p. 43,
apud RIHGB, separata do v. 275, 1967.
[6] Afonso Carlos Marques dos Santos. No rascunho da nação: inconfidência
no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Col. Biblioteca Carioca, 1992.
[7] Idem, Ibidem, pp. 141-2.
[8] Cf. Manoel Luiz Lima Guimarães, "Nação e Civilização nos trópicos: o
Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história
nacional" In: Revista Estudos Históricos, vol. 1, n. 1, 1988."
[9] RIHGB, 1:1838 (3a. ed., 1908, p. 5).
[10] Carta a Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, diretor da Biblioteca de
Évora, citado em Clado Ribeiro de Lessa. Correspondência Ativa – Francisco
de Adolfo Varnhagen. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1961.
[11] Cf. Varnhagen. L'originne touranienne des américains tupis-carbies et
des anciens égyptiens indiquée principalement par la philologie comparée:
traces d'une ancienne migration en Amérique; Invasion du Brésil par les
Tupis, etc. Viena, Librarie I. et R. de Faesy & Frick, 1876.
[12] Ver Clado Ribeiro de Lessa. Vida e Obra de Varnhagen. RIHGB, 224:1954,
p. 152-153 e 176-177.
[13] Varnhagen. História geral do Brasil antes da separação e independência
de Portugal. São Paulo, Melhoramentos, 7a. edição, 1956, p. 43.
[14] Varnhagen. Ensaio histórico sobre as letras no Brasil (1847). Rio de
Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, mimeo., p. 1. In: Florilégio da
poesia brasileira. Rio de Janeiro, ABL, col. Afrânio Peixoto, 1946.
[15] Idem. Ibidem, p. 3.
[16] Idem. Ibidem, p. 3.
[17] Idem. Ibidem. p. 3.
[18] "Não será um engano, por exemplo, querer produzir efeito e ostentar
patriotismo, exaltando as ações de uma caterva de canibais que vinha
assaltar uma colônia de nossos antepassados só para os devorar?" Idem.
Ibidem. p. 3.
[19] José de Alencar. Sonhos d'ouro.
[20]José de Alencar. Iracema.
[21] Manoel Salgado Guimarães. Op. Cit. p. 7.
[22] RIHGB, II, pp. 394-6..
[23] Ensaio histórico... op. cit. p. 5.
[24] Idem, ibidem, p. 5.
[25] O título completo da obra é Reflexões críticas sobre o escrito do
século XVI impresso com o título de Notícias do Brasil no tomo III da
Coleção de notícias para a Historia e Geografia das nações ultramarinas –
acompanhadas de interessantes notícias bibliográficas e importantes
investigações históricas. Lisboa, Tipografia da Academia (de Ciências),
1839.
[26] RIHGB, 223, abril-junho de 1954, p. 99.
[27] Idem, p. 99.
[28] Crônica do descobrimento do Brasil. in: O Panorama, tomo IV, 18 de jan
a 28 de mar de 1840. O conto foi editado posteriormente no Rio de Janeiro,
[29] Os Índios Bravos e o Sr. Lisboa. Timon 3o, 1867, pp. 37-38.
[30] RIHGB, 223, abril-junho de 1954, p. 101.
[31] Varnhagen convidou-o a colaborar em O Panorama, em carta datada de
17/08/1839. Cf. Clado Ribeiro de Lessa. Correspondência Ativa – Francisco
de Adolfo Varnhagen. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1961.
[32] RIHGB, t. II, 1840, pp. 109-112.
[33] O título da obra é Diário da Navegação da Armada que foi à Terra do
Brasil em 1530, sob a capitania-mor de Martim Afonso de Sousa, escrito por
seu irmão Pero Lopes de Sousa. Lisboa, Tipografia da Sociedade Propagadora
dos Conhecimentos Úteis, 1839.
[34] RIHGB, 223, abril-junho de 1954, p. 104.
[35] Correio de Lisboa, 20/11/1839; Diário do Governo, 02/01/1840 apud:
RIHGB, op. cit., p. 104.
[36] Réplica Apologética..., pp. 11-14.
[37] RIHGB, 223, abril-junho de 1954, p. 127.
[38] RIHGB, op. cit. p. 106
[39] RIHGB, op. cit., p. 105.
[40] Réplica Apologética..., pp. 6-7.
[41] RIHGB, op. cit., p. 92.
[42] Muitos biógrafos de Varnhagen acreditam, porém, que a mãe do
historiador tivesse tido antepassados no Novo Mundo, justificando a
afirmação do imperador supracitada.
[43] Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, lata 141, doc
no 2827, Apud: Idem, ibidem, p. 125. [grifos nossos].
[44] Michel de Certeau. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1982.
[45] Idem, ibidem. p. 112.
[46] RIHGB, separata do v. 275, abril-junho de 1967, p. 136.
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