A UBER , O \"CARRO ZERO\" E A TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL Um Approach Neo Institucionalista by Ihering Guedes Alcoforado

June 30, 2017 | Autor: I. Guedes Alcoforado | Categoria: Sustainable Transportation, Uber
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A UBER , O "CARRO ZERO" E A TRANSIÇÃO SUSTENTÁVEL Um Approach Neo Institucionalista Ihering Guedes Alcoforado

Resumo Nesta nota qualifico duas trajetórias de transição sustentável no setor de transportes de passageiros: A trajetória estatista é representada pela proposta do "carro zero" e a privatista exemplificada pela UBER. Em ambos os casos constato evidências de redução do uso de recursos naturais por unidade de serviço de transportes, dado a intensificação do uso dos recursos disponibilizados no interior da firma e, da mobilização dos recursos ociosos externo a firma, configurando uma firma penroseana. O resultado é a redução do impacto ambiental quando percebido pela ótica da degradação dos recursos naturais, o que nos permite concluir que é pertinente considerar-se os novos modelos de negócios fundado na produção e no consumo compartilhado em geral, e, na área de transporte de passageiros, em particular, como um vetor da transição sustentável do setor de transporte, a qual é potencializada não apenas pelas inovações tecnológicas, mas também pelas inovações institucionais e organizacionais. PALAVRAS CHAVES: Uber, Produção Compartilhada, Consumo Compartilhado, Transporte Sustentável

INTRODUÇÃO A propriedade, considerada enquanto um feixe de direitos,

nos

permite modelar o atual regime de propriedade dos automóveis como um mecanismo de restrição de acesso de múltiplos usuários, confinando o uso ao proprietário. O resultado é o exercício do direito de uso por um único usuário, o proprietário cujo "ciclo de uso diário" se revela não só altamente ocioso (a maior parte do tempo o automóvel não presta qualquer serviço), além de demandar na sua ociosidade um serviço cada vez mais caro: o estacionamento. O enfrentamento desta ineficiência no âmbito das políticas públicas assume duas orientações: uma privatista e outra estatista. A privatista nos vem dos EUA e é representada por inovações disruptoras, a exemplo do UBER e, enfrenta resistência dos provedores privados dos serviços a exemplo das cooperativas de taxis, as quais mesmo promovendo o uso compartilhado de um mesmo automóvel, a forma mais eficiente de fornecimento do serviço de transporte público individual do ponto de vista do uso dos recursos escassos, não consegue mobilizar os recursos escassos fora do subsistema de transporte em tela. A ORIGEM DO CONFLITO O problema é uma decorrência da incapacidade do modelo de negócio fundado nos taxis, não só de fazer uso dos recursos ociosos (como faz a UBER), como ser obrigado a manter os recursos ociosos para poder ofertar o serviço no momento de pico de demanda, o que não acontece e o resultado é a degradação dos serviços. A vantagem competitiva do

modelo de negócio da UBER em particular, e, do consumo compartilhado em geral, deve-se ao fato de eliminar as ineficiências microeconômicas inerentes ao modelo de negócio fundado no consumo dedicado dos ativos, ao adotar uma estratégia de produção do serviço fundada em relações flexíveis, tanto com os provedores dos insumos com os usuários, graças a sua estratégia de precificação em tempo real por meio de um algoritimo , aumentando a eficiência no uso dos ativos próprios e dos parceiros.

A

nossa hipótese é

que o

avanço sobre

as

ineficiências

microeconômicas relatado acima, implica em última instância numa transição sustentável fundada no modelo de negócio estruturado a partir de um algoritmo, ou seja, numa “organização algoritma”. Mas, a despeito dessa evidência o estudo da transição sustentável foca, predominantemente, nas inovações tecnológica no âmbito da produção, e, mais recentemente no consumo, mas não na organização do processo em todo seu circuito. O resultado é que o arranjo organizacional em tela, a despeito de oferecer o serviço de transporte da forma mais eficiente no uso dos recursos, fica órfão de atenção e, consequentemente, de politica publica, seja ela governamental ou não, o que se explicação pelos conflitos que es estabelece em com os atuais provedores dos serviços em tela. A QUALIFICAÇÃO DO CONFLITO Em função do exposto acima entendo ser fundamental que se considere como objeto de estudo os novos arranjos organizacionais nos quais se ancoram a produção e o consumo compartilhado, tendo em

conta que o avanço desses novos modelos e negócios adotam duas trajetórias: uma estatista e outra privatista, as quais tem em comum a extração de mais serviços dos recursos incorporados nos seus artefatos, configurando-se como ambientalmente amigáveis. A alternativa estatista nos vem da Europa e é representada por inovações governamentais, a exemplo da política do “carro zero”, a qual aposta no uso compartilhado, e, na comoditização dos serviços de transportes de forma customizada, estabelecendo uma concorrência direta com a auto-mobilidade. Ou seja, no paradigma do “carro zero’, a concorrência é estabelecida com a auto mobilidade, e, não com as novas formas alternativas de fornecimento do serviço de transporte individual e, por isto, não foi objeto a fúria dos taxistas. alternativa se disponibiliza, em principio,

Nessa

apenas as margens do

mercado para os novos modelos de negócio fundado na produção e no consumo compartilhado privado. A ênfase no “carro zero” é, portanto, no

transporte

público

customizado,

o

qual

é

por

natureza

compartilhado. A alternativa privatista nos vem dos EUA e, é representada por inovações hibridas radicais (disruptoras) que se configuram, de um lado, por meio do uso de inovações tecnológicas que no caso se expressa no algoritmo de precificação, e, do outro, por meio de inovações organizacionais que explora as possibilidades postas pela nova tecnologia em tela. Na conjunção destas duas inovações, assentam-se os novos modelos de negócios, a exemplo da UBER, fundado não só no consumo compartilhado, mas também na produção compartilhado, já que mobiliza no seu processo de produção os ativos ociosos dos parceiros.

Tendo em conta as possibilidades acima, admito que a UBER é uma firma penroseana (Edith Penrose) que se expande potencializando sua capacidade de gerar serviços a partir não só dos seus ativos, mas principalmente dos ativos de terceiros, a depender das oscilações dos mercado. Esta evidência se revela no seu portfólio bastante nuançado de serviços, em cuja produção tanto pode adotar uma relação mais flexível com os provedores e os demandantes dos serviços, como uma relação mais rígida, a depender do serviço em tela. UMA CONVERGÊNCIA VIRTUOSA Como, em ambas trajetórias: a estatista e a privatista constata-se uma redução do uso de recursos naturais por unidade de serviço de transportes, dado a intensificação do uso dos recursos necessários a sua operacionalização, admite-se como premissa a

redução do

impacto ambiental quando percebido pela ótica da degradação dos recursos naturais, ou seja, a fração de recursos naturais para a produção de uma determinada unidade de serviço de transporte. PROPOSTAS Em função do exposto acima, julgo pertinente considerar os novos modelos

de

negócios

fundado

na produção

e no

consumo

compartilhado, em geral, e, na área de transporte de passageiros, em particular, como uma rede sócio técnica que no seu avanço configura um vetor da transição sustentável do setor de transportes e, que deve portanto ser tratado por meio de uma analise sócio técnica, tendo em vista

potencializar

sua

transição

sustentável,

explorando

as

possibilidade não só das inovações tecnológicas, mas principalmente

das inovações organizacionais e institucionais na produção de serviços com os recursos ociosos de terceiros. BIBLIOGRAFIA BERKOUT, Frans SMITH, Adrian & STIRLING, Andy, SocioTechnological Regimes and Transition Contexts IN ELZEN, Boelie, GEELS, Frank W, GREEN, Ken, System Innovation and the transition to Sustainability: Theory, evidence and policy. Cheltenham:UK, Edwad Elgar Pub., 2004, pp. 48/75 BRWON, Halina Szejnwald, VERGRAGT, Philip J, GREEN, Ken Green, BERCHICCI, Luca

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&

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