A última sentença da Inquisição refere-se a Leiria

May 26, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Inquisition, Historia, História, Portuguese Inquisition, Leiria
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Estóriasda ossaHistória Ricardo Charters d:Azevedo

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I D. Manuel I de Portugal, no seu contrato de casamento com Isabel de Aragão e Castela, assinado em 30 de novembro de 1496, concordou com a "instalação" da Inquisição em Portugal, mas somente em 1515 a pediu ao Papa Leão X. No entanto, só depois de sua morte (1521) é que o Papa Paulo III a criou. Assim, a Inquisição Portuguesa começou formalmente só em 1536 com o pedido do Rei de Portugal, D. João III. A Inquisição tinha na sua liderança um "Grande Inquisidor", ou "Inquisidor Geral", nomeado pelo Papa, mas selecionado pela' Coroa portuguesa e sempre escolhido de entre um elemento da família real. A Inquisição Portuguesa esteve principalmente direcionada aos judeus sefarditas, a quem o Estado forçava a converterem-se ao cristianismo. A Inquisição realizou, em Portugal, o seu primeiro "auto-de-fé" em 1540. Os inquisidores portugueses preocupavam-se sobretudo com os cristãos-novos, ou seja, os judeus convertidos. Receavam que fossem fonte de perturbação junto dos "bons" cristãos e consideravam que quem não fosse bom católico não defenderia bem a monarquia e o seu rei. Entre 1540 e 1794, os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora queimaram 1.175 pessoas vivas, queimaram a efigie de outras 633 e impuseram castigos a 29.590 seres humanos. No entanto, a documentação de 15 dos 689 "autos-defé" desapareceu, de forma que estes números podem subestimar levemente a realidade. IJomal de Leiria 15 de Dezembro de 2016

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Em 15 de fevereiro de 1820, sem o saber, a Mesa do Santo Oficio da Inquisição de Lisboa decretou a sua última sentença. A ré foi Ana Joaquina da Encarnação, mulher solteira residente na Barreira (Leiria), filha do capitão de Ordenanças do lugar deCarvide, Agostinho Neto de Faria Pereira e de sua mulher Marinha da Guerra. Agostinho Neto ocupou o lugar de capitão de Ordenanças de Carvide a 25.1. 1790 e por sua morte o lugar foi ocupado por Joaquim Egídio da Silva Guerra, em 13.11.1813. Foi o confessor de Ana Joaquina que alertou o Santo Oficio que ela duvidava do perdão no

Sacramento da Penitência, bem como duvidava da existência do Inferno, declarando que não eram verdadeiros estes "dogmas capitais" da religião católica. No Tribunal da Fé as faltas foram julgadas "graves", ordenando que sacerdote "deverá persuadir a penitente que ela se não fará digna de Misericórdia sem que primeiro produza por escrito uma confissão especifica e circunstanciada" . Só depois dessa confissão, e depois de se assegurar da "sincera conversão da penitente e instruindo-a sobre todos e cada um dos Dogmas, a poderá a absolver, remetendo à Mesa a confissão, e tudo com inviolável segredo». Frei Domingos do Rosário assim o fez, pelo que Ana Joaquina, em declaração escrita pelo seu confessor, pois que "não sabia escrever. clara e desembaraçadamente", atestava, a 20 de abril de 1820, que descrera do perdão das culpas obtido durante o sacramento da penitência, e das penas do inferno destinadas a castigar os pecadores na eternidade, divulgando isso a outras pessoas. Assegurou que «estes erros e dúvidas não nasceram da lição de maus livros nem do trato com pessoas libertinas», mas da "corrupção do seu coração», e pedia perdão. A confissão sacramental era a principal fonte para o início do processo na Inquisição, bem como delações que, muitas vezes, por inveja ou vingança, chegavam ao Tribunal. Para este caso, em 1821, os tempos já não corriam de feição para o Tribunal da Fé e o processo foi arquivado, sendo o ultimo deste Tribunal. Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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